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Globo de Ouro 2018: A mulher que bancou o furo do Watergate

Todo estudante de jornalismo tem na cabeça um marco que materializa um exemplo profissional a se seguir: Watergate. E a maioria já quis ser como a dupla de incansáveis repórteres Bob Woodward e Carl Bernsteins – responsáveis por desvendar o caso de espionagem política que levou o presidente americano Richard Nixon a renunciar. Ou o editor que aguentava as pressões, Ben Bradlee. O que muita gente não sabe é que por trás desse grupo de jornalistas homens havia uma grande mulher que a história, assim como aquele roteiro, ignorou.

Quando o diretor Alan Pakula rodou em o clássico Todos os Homens do Presidente (1976), Robert Redford comunicou a Katharine Graham, proprietária do The Washington Post, que sua personagem não sairia no filme. “Ninguém entendia bem a função da proprietária e era complicado demais explicar (…). Para minha surpresa, me senti um pouco ferida porque prescindiram de mim totalmente”, conta Graham em sua autobiografia. Seu pai era o dono do Washington Post, mas quem herdou o posto, a princípio, foi seu marido. No entanto, depois de uma complicada história pessoal, foi Katharine, que assumiu as rédeas da empresa e transformou o jornal em uma referência no setor.

Agora, outra grande mulher, Meryl Streep, interpreta Graham em The Post, – A Guerra Secreta o filme sobre os papéis do Pentágono, outro marco do jornalismo. O filme recebeu seis indicações ao Globo de Ouro 2018, primeira festa de gala desde a sucessão de escândalos sexuais que abalaram a indústria cinematográfica e motivaram um protesto em que até o tapete vermelho da cerimônia se tingiu de preto contra o assédio.

A partir do dia 1º de fevereiro, quando a obra estreia por aqui, os brasileiros poderão conferir se Spielberg soube explicar, enfim, qual era a função de Katharine Graham e que ela mesma descreveu assim: “Minha função principal foi respaldar os chefes e repórteres, acreditar neles”. Provavelmente, o melhor, o mais jornalístico e o mais difícil dos papéis que se podia desempenhar naquele momento.

Confira o trailer de “The Post”:

*Informações de Mari Luz Peinado para o El País.

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O adeus a dois ícones do jornalismo mundial

Quem pode esquecer o escândalo que levou à renúncia um presidente estadunidense, em 1974? Ou a célebre foto que imortalizou o revolucionário socialista Ernesto “Che Guevara” por todo o mundo? Os dois responsáveis por esses trabalhos que marcaram a história recente do jornalismo mundial se despediram nesta semana. De um lado, a morte, nesta terça (21/10), de Ben Bradlee (93), editor-executivo do jornal “Washington Post” no caso Watergate – que fez cair o presidente Richard Nixon, mandatário da maior potência capitalista do mundo. Antes dele, faleceu em Zurique, nesta segunda, o fotojornalista suíço René Burri, autor da lendária imagem do jovem Che Guevara fumando um charuto.

Entre 1968 e 1991, período em que ficou no cargo, Bradlee fez com que o “Washington Post” se tornasse um dos jornais mais importantes dos Estados Unidos. No caso Watergate, ele deu autonomia para que os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein continuassem a buscar indícios do envolvimento do governo de Nixon com o assalto à sede do Partido Democrata. A investigação levou a 400 reportagens, publicadas em 28 meses. Com isso, o jornal ganhou o Prêmio Pulitzer, a maior honraria do jornalismo americano e a mais importante de sua história.

Ontem (21) à noite, ao comentarem a morte, Woodward e Bernstein descreveram Bradlee como um amigo verdadeiro e um gênio do jornalismo. “Ele mudou completamente nosso negócio e tinha um entendimento intuitivo da história da nossa profissão e do seu impacto informativo, mas foi original para traçar seu próprio caminho. Bradlee nunca será esquecido ou substituído nas nossas vidas”, disseram, em nota.

O presidente Barack Obama fez referência ao carisma e à coragem de Bradlee, a quem chamou de “um verdadeiro jornalista”. “O padrão que ele colocou de uma reportagem honesta, objetiva e meticulosa incentivou muitos outros a entrar nessa profissão”, disse o Obama, que no ano passado, concedeu ao ex-editor do “Washington Post” a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria civil do país.

Discípulo de Bresson

Considerado um dos mais importantes fotógrafos de seu país, René Burri teve como mentor o mito francês Henri Cartier-Bresson, eternizado por captar o que chamava de “instante decisivo”. O fotógrafo suíço começou a trabalhar para a agência Magnum em 1959 e deu a volta ao mundo, cobrindo os principais acontecimentos políticos mundiais. Não por acaso, suas imagens ajudaram a imortalizar não apenas Che Guevara, mas também outros grandes nomes do século XX, como o líder cubano Fidel Castro, o arquiteto francês Le Corbusier e o pintor suíço Alberto Giacometti. Sua primeira publicação, que o tornou famoso, foi uma série sobre a retrospectiva de Picasso, no Palazzo Reale de Milão.

Embora fizesse a cobertura de guerras, Burri não fotografava corpos. Em 2011, conquistou o Reinhardt von Graffenried Lifetime Achievement Award, um dos principais prêmios de fotojornalismo mundial. Ele vivia entre Zurique, sua cidade natal, e Paris. No ano passado, doou todos os seus arquivos – cerca de 30 mil fotos – para o Museu do Eliseu, em Lausanne, Suíça. Suas imagens foram exibidas em vários museus, em especial no de Zurique, em 2013.

*Informações da Folha de S. Paulo e France Press.

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