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Se a internet não é confiável, por que a mídia a idolatra tanto?

O Globo prestou um enorme favor ao governo federal ao denunciar com enorme estardalhaço o monitoramento americano do conteúdo da internet brasileira (primeira página, 7/7). Ainda atrapalhado com a implementação dos pactos & pacotes para atender as exigências das ruas (sobretudo no tocante à reforma política), o governo federal – embora laico e secular – deve ter dado graças a Deus pela inesperada dádiva.

Outros governos haviam repudiado com veemência a interferência da NSA com base nos dossiês vazados por Edward Snowden, o ex-agente do órgão máximo da segurança americana ora confinado em um aeroporto de Moscou. Mas a menção específica ao Brasil no topo do ranking dos países mais espionados do continente acionou a arcaica usina de ressentimentos anti-ianques, um dos motores da política brasileira nos últimos setenta anos.

A revelação de Snowden teve o mérito, entre outros, de tornar público o descalabro que reina em nosso ciberespaço. E não apenas no tocante à proteção contra a xeretagem internacional.

Quando o ministro da Defesa, o embaixador Celso Amorim, confessa sem meias palavras, em audiência pública, que não usa a internet para assuntos importantes, ele oferece um duplo e arrasador atestado. De inconfiabilidade a um sistema que ninguém ousara contestar e de incompetência a todos os que, de alguma forma, administram a comunicação digital no Brasil. Tanto na esfera pública como privada.

O ministro não descobriu a pólvora – foi apenas inequívoco e sintético. Como ele, muitos militares, diplomatas, cientistas, ministros, políticos, empresários e autoridades policiais deixaram de usar a internet há algum tempo. Os delinquentes antes de todos.

Também nós, comuns mortais, usuários do maravilhoso mundo das conexões e da interatividade, começamos a enxergar as armadilhas embutidas no sistema. Nos dois últimos dias, este observador recebeu em sua caixa postal algumas convocações gravíssimas, todas fajutas, fraudadas, usando timbres e identificações de agências governamentais e poderes públicos que não poderiam ser violados. Mas foram.

Isso acontece todos os dias, com toda gente. Coisa de hackers pés de chinelo. Colegas chineses mais refinados violaram as contas dos cartões de crédito de Michelle Obama, primeira-dama dos EUA. Com um inocente pen drive, sofisticados agentes americanos contaminaram o sistema de computadores das usinas nucleares iranianas.

O hacker é filho dos relativismos da era moderna. Hackers que cansaram de ser hackers tornam-se denunciadores de graves violações de direitos humanos. Como Snowden. Outros preferem ganhar milhões como seguranças de sistemas digitais.

A mídia encheu a bolha e agora terá que conviver com ela vazia

A confissão-denúncia do ministro da Defesa pega em cheio nossa mídia, especialmente a “tradicional”, impressa ou eletrônica. Ao longo da última década, nossos jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão entregaram-se ao delírio digital, o nada admirável mundo binário, a mais formidável bolha da história da humanidade.

A mística de que redes sociais e aplicativos podem corrigir o mundo e salvar a humanidade começa a exibir suas insuficiências. A entrevista na Folha de S.Paulo com o militante europeu anti-Facebook Max Schrems   [ver aqui] está atrasada alguns anos. Poderia ter evitado que uma geração inteira abrisse mão de sua intimidade em favor de uma visão simplista de comunhão e comunidade.

Atrasada ou não, a entrevista é bem-vinda. Sinaliza uma mudança de atitude: da passividade genuflexa a um questionamento proativo. Na corrida novidadeira, mídia e mediadores não se deram conta de que convertiam ferramentas em divindades. Ferramentas em altares produzem panaceias e idolatrias.

Por Alberto Dines – Observatório da Imprensa

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Notícias

Jornalismo domina redes sociais em protestos por todo o país

O noticiário produzido por jornais, portais e TVs brasileiros dominou os compartilhamentos em redes sociais durante os protestos que pararam o Brasil em junho.

Entre 6 e 22 de junho, links da mídia brasileira responderam por 80% dos endereços de maior alcance nas principais “hashtags” das manifestações no Twitter, segundo dados do site Topsy. Só 5% eram postagens em blogs.

No Facebook, embora não seja possível analisar a composição dos links, a imprensa também multiplicou seu alcance. Levantamento no site SocialBakers mostra que triplicou no período o volume de pessoas que comentam e compartilham textos de jornais e revistas brasileiros.

Foi o que ocorreu com a página da Folha de S.Paulo no Facebook: de uma média de 200 mil interações diárias antes dos protestos, o conteúdo do jornal saltou para quase 600 mil interações de 20 a 22 de junho. Com 1,7 milhão de fãs, nos dias do protesto o site do jornal viu mais do que dobrarem as visitas vindas do Facebook.

Autoridade

Segundo especialistas, reportagens de jornais e portais compartilhadas em ferramentas como Twitter e Facebook tiveram o papel de embasar informações, opiniões e críticas dos manifestantes.

Fábio Malini, coordenador do Laboratório de Estudos sobre Internet e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo, diz que os levantamentos confirmam estudos do seu grupo: “As autoridades [informativas] têm se caracterizado por ser da imprensa”. Com isso, os usuários de redes sociais usam notícias para legitimar afirmações: “É um papel estratégico que a imprensa ocupou”.

Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, da Universidade do Texas, aponta a simbiose entre mídia social e jornalismo. “Apesar de ter sido articulado fora da mídia tradicional, o movimento se nutre do jornalismo. Este se torna ainda mais importante como instância verificadora, preparada para investigar e publicar fatos.”

Liderança

O relatório sobre Jornalismo Digital de 2013, divulgado na semana passada pelo Instituto Reuters, de Oxford, apresenta os brasileiros na dianteira mundial no compartilhamento de notícias.

Enquanto 44% dos brasileiros trocam e comentam reportagens via mídia social, só 8% dos alemães e dos japoneses o fazem. Os espanhóis chegam mais perto: 30%.

Realizada pela YouGov, a pesquisa ouviu 11 mil internautas de EUA, Reino Unido, França, Dinamarca, Alemanha, Itália, Espanha, Japão e Brasil. Os resultados “sugerem que a cultura de um país é o que define o engajamento com as notícias on-line”, segundo Nic Newman, ex-estrategista digital da BBC e coordenador do relatório.

A cultura brasileira “é muito social” fora da rede, comenta Newman, o que se reflete também no on-line.

Desmentir boatos

A imprensa teve outro papel nos protestos: o de validar ou desmentir informações desencontradas disseminadas por usuários das redes.

De um falso Jô Soares anunciando duas mortes em uma manifestação, no Facebook, ao alerta geral sobre um golpe militar, no Twitter, os boatos se espalharam sem controle naquele período.

Outro boato dizia que a presidente Dilma Rousseff havia declarado que desligaria a internet se as manifestações prosseguissem. A origem deste último foi identificada em sites de humor.

Mas os demais se perdem no emaranhado de versões que acabaram recebendo guarida em perfis do Facebook e contas do Twitter.

Um deles dizia que um dos depredadores da sede da Prefeitura de São Paulo seria a mesma pessoa que rasgou as cédulas de jurados na apuração do Carnaval de 2012, Tiago Ciro Tadeu Faria.

Na realidade o agressor era o estudante de arquitetura Pierre Ramon Alves de Oliveira, como revelou a imprensa.

“Você vai descascando, descascando, e é como telefone sem fio: lá atrás era outra coisa”, afirma Leonardo Sakamoto, professor de jornalismo da PUC-SP. Ele chegou a postar em seu blog no UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha, “os dez mandamentos para jornalista de Facebook e Twitter”. O primeiro é “não divulgarás notícia sem antes checar a fonte de informação”.

Por Marcelo Soares e Nelson de Sá, da Folha de S.Paulo

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ABI BAHIANA Notícias

ABI e os Anais do I Colóquio Memorial da Cultura Jurídica Baiana

No dia 04.07,  a Faculdade Ruy Barbosa, juntamente com os grupos de Pesquisa “Contando e Recontando Ruy Barbosa” e “Célebres Juristas Baianos”, a Fundação Orlando Gomes, o Museu Casa de Ruy Barbosa e a Associação Bahiana de Imprensa promoveram o lançamento dos Anais do I Colóquio Memorial da Cultura Jurídica da Bahia, o qual ocorreu no Teatro Eva Hertz da Livraria Cultura do Shopping Salvador.
Com a participação do Diretor da Faculdade Ruy Barbosa, Rogério Flores; do Professor, Jurista e Vereador Edvaldo Brito; do Escritor, Advogado e Jornalista Joaci Góes, da Advogada e Professora Christianne Gurgel, da Defensora Pública e Professora Andea Tourinho, da Doutora em Crítica e Literatura e Pesquisadora do Grupo de Pesquisa “Contando e Recontando Ruy Barbosa – Prof. Maria Helena Franca; da Advogada, Professora e Pesquisadora do Grupo de Pesquisa “Contando e Recontando Ruy Barbosa” – Prof. Ezilda Melo; do Juiz e Professor Rodolfo Pamplona.
Todos os participantes listados contribuíram efetivamente para a feitura do I Colóquio Memorial da Cultura Jurídica da Bahia, com a escritura de artigos, que compõem o material impresso dos Anais. Na noite do lançamento dos Anais do I Colóquio Memorial da Cultura Jurídica da Bahia, foram distribuídos exemplares gratuitamente, com a participação especial do Prof. Dr. Ricardo Aronne, da PUC-RS, que palestrou “De Ruy a Orlando: um Código na Contramão da História”.

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ABI BAHIANA Notícias

ABI prepara relatório sobre agressões de policiais a jornalistas em manifestações

Todos os jornalistas que foram vítimas da repressão policial na cobertura das manifestações participaram da audiência pública conjunta promovida pela ABI, OAB-BA, Sindicato dos Jornalistas, Sindicato dos Radialistas e Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos, na sede da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).

Sob a coordenação do presidente da ABI, Walter Pinheiro, as entidades ouviram os relatos detalhados de cada profissional que cobria as pautas. Representando a OAB-BA, o advogado Domingo Arjones lembrou do convênio firmado pelas entidades há cerca de 20 anos, para atuar nos casos em que estiverem em jogo, a liberdade de imprensa e o direito da sociedade à informação de interesse público.

Profissionais que cobriam a audiência acrescentaram testemunhos de situações semelhantes, no trabalho cotidiano. A presidente do Sinjorba, Marjorie Moura, explicou que o relatório vai incluir ocorrências anteriores às manifestações. Serão incluídas imagens da repressão contra os manifestantes, assim como o episódio em que um capitão ameaça atormentar a vida um casal em casa, “daquele jeito”. O flagrante contra a dupla de manifestantes entre os ditos “pacíficos” coincidiu com a circulação de um vídeo na internet em que um casal é torturado dentro de casa por um policial armado, que obriga a mulher, nua, a estender-lha as mãos para tomar “bolos” com um pedaço de madeira.

O relatório será entregue ao governador Jaques Wagner, conforme acertado na audiência da terça-feira 25, quando Jaques Wagner recebeu os representantes das entidades em seu gabinete.

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