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Antes de serem mortos, jornalistas e reféns foram torturados e enganados pelo EI

(New York Times via Folha de S.Paulo) – James Foley voltou para a cela que dividia com mais de 20 outros reféns ocidentais e explodiu em lágrimas de alegria. As perguntas que seus sequestradores haviam acabado de fazer eram tão pessoais -Quem chorou no casamento do seu irmão? Quem era o capitão do seu time de futebol no colégio?- que Foley teve certeza de que finalmente eles haviam estabelecido contato com a sua família.

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Foley teria sido obrigado a recitar ameaças contra os Estados Unidos antes de ser decapitado, como mostra o vídeo divulgado em meados de agosto

Era dezembro de 2013, e mais de um ano se passara desde que Foley, jornalista de 40 anos, havia desaparecido no norte da Síria. Finalmente, seus pais souberam que ele estava vivo, e seu governo, acreditava ele, em breve negociaria a sua libertação. O que parecia ser um ponto de inflexão foi, na verdade, o início de uma espiral descendente que terminou em agosto, quando ele, após ser forçado a se ajoelhar em alguma colina descampada da Síria, foi decapitado diante de uma câmera.

A história do que aconteceu na rede subterrânea de prisões do Estado Islâmico na Síria é de um sofrimento excruciante. Foley e outros reféns foram espancados e submetidos a afogamentos. Passaram fome e foram ameaçados de execução por um grupo de combatentes. Em seguida, foram entregues a outros, que lhes trouxeram doces e cogitaram libertá-los. Os prisioneiros se uniram, jogavam para passar as horas sem fim, mas, à medida que as condições se tornavam mais desesperadoras, eles se voltaram uns contra os outros. Alguns, como Foley, procuraram conforto na fé de seus captores.

O cativeiro de Foley coincidiu com a ascensão da facção que viria a ser conhecida como Estado Islâmico, criada a partir do caos da guerra civil síria. Ela não existia quando Foley foi sequestrado, mas lentamente cresceu para se tornar o movimento rebelde mais poderoso e temido na região. No segundo ano de seu cativeiro, os combatentes já acumulavam mais de 20 reféns e haviam concebido uma estratégia para trocá-los por dinheiro. Ele era um entre pelo menos 23 reféns ocidentais de 12 países, a maioria de nações com histórico de pagamento de resgates por seus cidadãos. Com o tempo, a jornada de cada refém começou a divergir em razão das reações de Washington, Paris, Madri, Roma e outras capitais aos sequestros.

CAPTURADOS NUM CYBERCAFÉ

Dois anos atrás, em Binesh (Síria), Foley e o fotojornalista britânico John Cantlie estavam indo para a Turquia quando pararam em um cybercafé para enviar seus trabalhos. Um homem entrou, segundo relata Mustafa Ali, tradutor sírio que acompanha ocidentais. “Ele não sorriu nem disse nada. Olhou para nós com maldade nos olhos.” O homem “foi até o computador e se sentou por apenas um minuto”, disse Ali.

EI usa jornalista para dizer que Kobane está controlada pelo grupo - Foto: Reprodução/Youtube
EI continua usando jornalista John Cantlie para fazer ameaças e demonstrar que áreas são controladas pelo grupo – Foto: Reprodução/Youtube

Foley, freelance americano que colaborava com o GlobalPost e a agência France Presse, e Cantlie, fotógrafo de jornais britânicos, continuaram transmitindo seus arquivos, segundo Ali, cujo relato foi corroborado por e-mails que os jornalistas enviaram naquele dia. Mais de uma hora depois, eles chamaram um táxi para percorrer os 40 km até a Turquia. Mas nunca chegaram. Os pistoleiros que saíram ao encalço do táxi não se intitulavam Estado Islâmico, porque esse grupo ainda não existia em 22 de novembro de 2012, o dia em que os dois homens foram capturados.

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Sequestros realizados por grupos de combatentes que disputavam influência na Síria se tornaram mais frequentes desde então. Em junho de 2013, quatro jornalistas franceses foram feitos reféns. Em 4 de agosto do mesmo ano, o tradutor sírio Yosef Abobaker ajudou o jornalista americano Steven J. Sotloff a entrar no país. “Eles devem ter tido um olheiro na fronteira que viu meu carro e disse a eles [sequestradores] que eu estava a caminho”, disse Abobaker, que foi libertado duas semanas depois.

Em outubro, Peter Kassig, 25, técnico de emergência médica oriundo de Indiana, foi sequestrado em um posto de controle. Em dezembro, Alan Henning, taxista britânico que havia comprado uma ambulância na esperança de se juntar a uma caravana de ajuda, desapareceu em outra barreira de controle. Fazia meia hora que ele havia entrado na Síria.

Com a guerra civil, um crescente número de combatentes estrangeiros havia inundado a Síria, sonhando em estabelecer um “califado”. Esses jihadistas, muitos deles veteranos da “sucursal” da Al Qaeda no Iraque, tinham aparência e comportamento diferente dos rebeldes moderados. Eles usavam barbas compridas. Falavam com sotaques estrangeiros, do golfo Pérsico, do norte da África, da Europa e de outros lugares.

UM AMERICANO CHAMADO ABU HAMZA

“Dava para ver as cicatrizes nos tornozelos dele”, disse o belga Jejoen Bontinck, 19, que dividiu cela com Foley em Aleppo por três semanas, em meados de 2013. “Ele me contou como haviam acorrentado os pés dele a uma barra, que depois penduravam para que ele ficasse de cabeça para baixo”, disse Bontinck, que se converteu ao islã. “Aí o deixaram lá.”

Bontinck, que foi libertado no ano passado, está agora sendo julgado por suspeita de pertencimento ao grupo terrorista. Ele disse que, durante o tempo em que estiveram juntos, ele, Foley e Cantlie ficavam de pé sempre que escutavam o chamado à oração. Foley já havia se convertido ao islamismo logo após sua captura, adotando o nome de Abu Hamza, segundo Bontinck. Essa versão foi confirmada por outras fontes. “Eu recitava o Alcorão com ele”, disse Bontinck. “A maioria das pessoas diria: ‘Vamos nos converter para podermos ter um tratamento melhor’. Mas, no caso dele, acho que era sincero.”

Poucos reféns se mantiveram fiéis às suas próprias religiões, incluindo Sotloff, então com 30 anos, judeu praticante. Reféns recém-libertados contaram que, diferentemente dos prisioneiros sírios, que ficavam acorrentados a radiadores, Foley e Cantlie podiam se movimentar livremente em sua cela.

Bontinck disse que perguntou ao emir da prisão, um cidadão holandês, se os militantes haviam pedido algum resgate pelos estrangeiros. Ele disse que não. “Explicou que havia um plano A e um plano B”, disse Bontinck. Os jornalistas seriam colocados sob prisão domiciliar ou então recrutados para um campo de treinamento jihadista. Quando Bontinck foi solto, pensou que os jornalistas logo seriam libertados.

SURGE UM ESTADO TERRORISTA

O grupo extremista frequentemente realiza execuções nas áreas em que controla, afirmando que está fazendo justiça e alertando os moradores a obedecerem à organização - Foto: BBC
O grupo extremista frequentemente realiza execuções nas áreas em que controla, afirmando que está fazendo justiça e alertando os moradores a obedecerem à organização – Foto: BBC

A guerra civil síria, anteriormente dominada por rebeldes laicos e alguns grupos jihadistas rivais, estava se alterando de forma decisiva, e o novo grupo extremista havia assumido uma posição dominante. Em algum momento do ano passado, o contingente de Aleppo jurou lealdade ao então denominado Estado Islâmico no Iraque e na Síria. Outras facções armadas uniram forças ao grupo, que assim começou a acumular prisioneiros. Em janeiro, havia pelo menos 19 homens em uma cela de 20 metros quadrados, e quatro mulheres numa cela contígua. Todos, exceto um, eram europeus ou norte-americanos.

Mais preocupante foi o fato de os guardas francófonos serem substituídos por outros que falavam inglês. Foley os reconheceu como sendo os mesmos que o haviam chamado de “desobediente” durante as piores torturas em um local anterior. Os reféns os apelidaram de “Beatles”.

Os guardas instituíram um rigoroso protocolo de segurança. Quando se aproximaram da cela onde estava o fotojornalista polonês Marcin Suder, eles gritaram “arba’in”, o número 40 em árabe. Era a senha estabelecida para que o refém se voltasse para a parede, permitindo que os guardas entrassem sem que seus rostos fossem vistos pelo prisioneiro. Depois de meses mantendo reféns sem fazer exigências, os jihadistas elaboraram um plano para o resgate deles.

TRIAGEM E NEGOCIAÇÕES

Em dezembro, os militantes haviam trocado vários e-mails com familiares de Foley e dos demais reféns. Após as primeiras perguntas para uma prova de vida, Foley ficou esperançoso de que em breve estaria em casa. Como o seu segundo Natal longe de casa se aproximava, ele organizou uma troca de presentes, algo tradicional na família Foley. Cada prisioneiro deu ao outro um presente montado a partir do lixo. Foley recebeu um círculo feito com a cera de um toco de vela, para amortecer a testa quando se inclinasse para orar.

Conforme as semanas se passavam, Foley notou que seus companheiros de cela da Europa continental eram repetidamente chamados a sair para responder perguntas. Mas os norte-americanos e britânicos, não. Logo os prisioneiros perceberam que os sequestradores haviam identificado quais nações estavam mais propensas a pagar resgates, segundo um ex-refém. “Os sequestradores sabiam quais países seriam os mais propícios às suas exigências e criaram uma ordem baseada na facilidade com que eles julgavam que poderiam negociar”, disse um deles. “Começaram com os espanhóis.”

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À medida que as negociações sobre os prisioneiros espanhóis progrediam, os militantes se voltaram para os quatro jornalistas franceses. Os prisioneiros europeus passaram a gravar vídeos que seriam enviados às suas famílias e seus governos. Esses vídeos acabaram incluindo ameaças de morte e prazos para a execução, num esforço dos prisioneiros para obrigar suas nações a fazer os pagamentos.

Em um dos vídeos, os militantes colocam em fila os reféns franceses com berrantes uniformes laranja, imitando os trajes que os EUA dão aos seus prisioneiros na base de Guantánamo, em Cuba. Os sequestradores também começaram a praticar o “waterboarding” (afogamento simulado) em um grupo seleto, da mesma forma como os interrogadores da CIA haviam tratado prisioneiros muçulmanos durante a gestão de George W. Bush, contam ex-reféns e testemunhas.

Os três norte-americanos e os três britânicos foram escolhidos para o pior abuso, tanto por causa das insatisfações dos militantes contra seus países quanto pelo fato de Washington e Londres se recusarem a negociar. A pessoa que sofreu o tratamento mais cruel, segundo ex-reféns, foi Foley. Ele foi repetidas vezes submetido a execuções simuladas e ao “waterboarding”, que pode levar a vítima a desmaiar. “Quando não havia sangue”, disse um ex-colega de cela, “sabíamos que ele havia sofrido algo ainda pior”.

Em um porão, a única iluminação para os reféns era a fresta de luz solar que se filtrava sob a porta. Na maioria dos locais havia poucos cobertores e nenhum colchão. Alguns dos prisioneiros pegavam calças velhas, amarravam a ponta e enchiam as pernas das calças com trapos, criando travesseiros improvisados. Os prisioneiros começaram a se desentender. Brigas irromperam.

Foley compartilhava suas parcas rações e ofereceu seu único cobertor a outro prisioneiro. Mantinha os demais entretidos, propondo atividades como o Risco, um jogo de tabuleiro que consiste em deslocar Exércitos imaginários sobre um mapa.

DESTINO SELADO

Já no primeiro semestre deste ano, os reféns foram transferidos para Raqqa, capital do autodeclarado califado do Estado Islâmico. Foley observou como seus companheiros de cela eram libertados mais ou menos a cada duas semanas. Era difícil se manter esperançoso, mas Foley, que fez campanha para o presidente Barack Obama, continuou acreditando que seu governo viria em seu socorro, segundo sua família, que ficou sabendo disso pelos reféns recém-libertados.

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Duas semanas depois da divulgação da decapitação do jornalista norte-americano James Foley, o Estado Islâmico cumpriu sua ameaça e acabou com a vida do também repórter Steven Joel Sotloff

Em 27 de maio, os poucos reféns remanescentes foram lembrados de que diferentes passaportes prenunciavam diferentes destinos. Os que haviam sido capturados juntos eram, geralmente, libertados juntos. Mas não foi assim para dois trabalhadores humanitários, um italiano e outro britânico, a serviço da pequena ONG francesa Agência de Cooperação Técnica e Desenvolvimento. Eles haviam sido capturados perto da fronteira com a Turquia, depois de distribuírem barracas num campo de refugiados.

No final de maio, o italiano Federico Motka soube que poderia sair, de acordo com um companheiro de cativeiro, supostamente depois de a Itália pagar um resgate -o que Roma nega ter feito. Mas seu colega britânico, David Cawthorne Haines, foi decapitado em setembro.

Quinze reféns foram soltos entre março e junho, graças a resgates no valor médio de € 2 milhões (R$ 6 milhões) por cada refém, segundo os ex-cativos e pessoas próximas a eles. Em junho restavam apenas sete prisioneiros -quatro americanos e três britânicos, ou seja, todos eles cidadãos de países cujos governos se recusaram a pagar resgates. Em um artigo publicado recentemente numa revista oficial do Estado Islâmico, os jihadistas descrevem os ataques aéreos comandados pelos EUA desde agosto como o fato que selou o destino dos reféns.

Em agosto, quando os militantes foram buscar Foley, o fizeram calçar sandálias de plástico. Eles o levaram de carro até uma colina sem vegetação nos arredores de Raqqa. Obrigaram-no a se ajoelhar. Ele olhou diretamente para a câmera, com expressão desafiadora. Em seguida, eles cortaram sua garganta. Duas semanas depois, apareceu no YouTube um vídeo semelhante, mostrando a morte de Sotloff. Em setembro, os militantes colocaram a execução de Haines na internet. Em outubro, mataram Henning.

Em toda a Europa, os que haviam sobrevivido engoliram em seco ao verem as imagens da morte de Foley: os chinelos de plástico barato que apareciam ao lado do corpo eram o mesmo par que os demais prisioneiros haviam compartilhado na prisão.

*Por RUKMINI CALLIMACHI para o New York Times. Título original: “Antes de serem mortos, reféns foram torturados e enganados pelo Estado Islâmico”.

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“Imprensa tem papel duplo” em relação aos direitos humanos, diz jornalista do Intervozes

DEU NO PORTAL IMPRENSA – Em outubro, o coletivo de comunicação carioca Intervozes lançou o “Guia Mídia e Direitos Humanos” em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. A obra faz parte do Ciclo de Formação em Mídia e Educação em Direitos Humanos, campanha do grupo que pretende acabar com os estereótipos no discurso da imprensa. A redatora do guia é a jornalista Iara Moura, integrante do Intervozes. Segundo ela, a obra faz parte de um projeto maior, que passou por cinco capitais brasileiras, com o objetivo de formar comunicadores no tema “direitos humanos”. “A imprensa tem um papel duplo: ela pode atuar tanto como defensora quanto violadora de direitos humanos. Caso de programas policiais, que não respeitam a privacidade de vítimas, a intimidade de crianças e adolescentes em conflito com a lei etc.”

“São violações constantes. E a gente entende que elas também são causadas por falta de conhecimento no tema”, explica a jornalista. O guia traz um índice de fontes, históricos de grupos sociais e étnicos que são constantemente vítimas de preconceito, marcos legais internacionais, entre outras informações, para oferecer aos repórteres uma base para tratarem corretamente do assunto.

Para a redatora do guia, porém, não é apenas uma questão de “ingenuidade” do repórter. Os veículos de comunicação também têm responsabilidade em difundir a ideia de que direitos humanos significam “direitos de bandido”. “A questão da formação é uma das dificuldades, mas não é só isso. As empresas de comunicação, a grosso modo, não têm interesse editorial em pautar esses temas. Mas há uma abertura, tem crescido muito a procura”, acrescenta.

O que demonstra essa crescente preocupação de jornalistas e veículos em tratar de maneira mais adequada questões de direitos humanos e minorias é a Parada da Diversidade do Rio de Janeiro (RJ). Evento que muitos jornais insistem em categorizar como “parada gay”, segundo Iara. “Se a gente pegar a cobertura de cinco anos atrás, era bem pior. Ela vem melhorando, pela própria pressão do movimento, mas algumas coberturas – não vamos generalizar – ainda tendem para o estereótipo, a destacar a questão da festa, deixando encobertas as pautas políticas”, diz Iara.

Para a jornalista, a informação fundamental desse tipo de movimento, que é a luta por mais direitos aos homossexuais, dificilmente chega ao público. Questões menos relevantes, como os shows populares de drag queens e o aumento de faturamento das redes de hotéis, por exemplo, acabam tendo muito mais destaque no noticiário.

Iara conclui dizendo que a construção de estereótipos ainda existe em diversos veículos de comunicação, mas que uma abertura para o fim dessa barreira já começa a ser notada. O “Guia Mídia e Direitos Humanos” foi lançado oficialmente no Rio de Janeiro (RJ) no dia 18 de outubro, como última etapa do projeto do Intervozes que circulou o Brasil. Uma versão em PDF pode ser encontrada para download neste link.

*Lucas Carvalho para o Portal Imprensa.

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Comissão da Anistia entrega relatório sobre jornalistas perseguidos pela ditadura

A Comissão da Anistia entregou um relatório à Comissão da Verdade, Memória e Justiça dos Jornalistas de Santa Catarina, nesta terça-feira (28). O documento traça o perfil de jornalistas perseguidos, exilados e presos durante o regime militar, e faz um mapeamento das circunstâncias das perseguições e os nomes de agentes do Estado que participaram das violações.

O relatório conta a história dos jornalistas Lauro Pimentel, Sérgio da Costa Ramos e Paulo Ramos Derengovski, cujos depoimentos fazem parte do acervo de mais de 74 mil requerimentos de anistia política da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Os jornalistas escreviam artigos e militavam em partidos ou organizações de oposição do regime. Derengovski afirma que sofreu perseguição do Estado brasileiro até 1990, já depois da redemocratização.

“Os estudos mostram que a atuação política desses cidadãos na luta por seus ideais acabou gerando violações de direitos humanos pelo Estado, com implicações que se estenderam à vida pessoal e profissional dos perseguidos”, analisa Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia.

O documento será entregue durante a 88ª Caravana da Anistia, parte do I Congresso Internacional de Direitos Humanos, Barbárie ou civilização? Os 23 anos do Movimentos Alternativo. Os relatórios às comissões da verdade são fruto de um termo de cooperação entre a Comissão de Anistia, a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Este é o quarto relatório entregue a uma comissão da verdade regional.

*Informações da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça e Correio do Brasil.

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Estado Islâmico decapita quatro e divulga novo vídeo de jornalista refém

Militantes do Estado Islâmico decapitaram quatro homens de uma tribo no leste da Síria acusados pelo grupo de serem combatentes inimigos e de receber treinamento militar de forças pró-governo, disse um grupo de monitoramento da violência no país. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede na Grã-Bretanha, disse que os homens pertenciam à tribo muçulmana sunita sheitaat, que tem enfrentado o Estado Islâmico na província de Deir al-Zor, na fronteira com o Iraque. De acordo com denúncia da entidade, as mortes aconteceram no domingo (26), na cidade fronteiriça de Albu Kamal. Dois dos homens foram mortos em uma praça pública e os outros dois em uma rotatória na cidade.

O Estado Islâmico, uma ramificação radical sunita da Al Qaeda, matou centenas de membros desta tribo em julho e agosto, acusando-os de serem combatentes inimigos e apóstatas, de acordo com moradores. O grupo extremista frequentemente realiza execuções nas áreas em que controla, afirmando que está fazendo justiça e alertando os moradores a obedecerem à organização.

Um desses alertas foi dado ontem (27), através de um vídeo em que o jornalista britânico John Cantlie, de 43 nos, diz estar em Kobane, cidade síria perto da fronteira da Turquia que é palco de combates entre os militantes islâmicos e forças curdas – que contam com o apoio de bombardeios de forças lideradas pelos Estados Unidos, desde que o EI conquistou porções de território na Síria e no Iraque, e matou jornalistas estrangeiros e trabalhadores de ajuda humanitária.

Cantlie, que trabalhou para grandes jornais britânicos, foi em novembro de 2012 para a Síria, onde foi capturado pelo grupo. Ele já tinha aparecido em outros vídeos, com uniforme laranja em uma sala escura, dizendo algumas “verdades” sobre o grupo jihadista. Desta vez, o britânico aparece ao ar livre, em um cenário aparentemente calmo e com alguns edifícios destruídos.

De acordo com a BBC, no vídeo, retirado do YouTube, ele parece ler um texto em que critica a postura do governo britânico para negociar com o grupo radical. “Sentimos que estamos presos entre vocês e o governo dos Estados Unidos, e estamos sendo punidos.”

O jornalista diz que a cidade está totalmente controlada pelo EI, “apesar dos contínuos ataques aéreos dos Estados Unidos”. Segundo Cantlie, os ataques aéreos dos EUA conseguiram prevenir que alguns grupos do EI usasse tanques para atacar a cidade. Mas, no lugar disso, eles estão entrando na cidade usando armas e entrando de casa em casa. “A Batalha de Kobane está chegando ao fim”, diz.

Segundo um comunicado do Observatório Sírio de Direitos Humanos, que não menciona as vítimas dos ataques da coalizão internacional anti-jihadista, em 40 dias a “Batalha de Kobane” fez mais de 800 mortos, incluindo 481 jihadistas, 302 combatentes curdos e 21 civis. 

Tortura 

Nas imagens, Cantlie afirma ainda que prisioneiros do grupo militante que tentaram escapar foram punidos com sessões de simulação de afogamento. Esta é a quinta gravação feita pelos jihadistas. O repórter também comentou sobre o tratamento punitivo do EI com os reféns. No fim de seis minutos de vídeo, o jornalista informou que mais mensagens estão por vir. A gravação foi publicada dias após a morte do pai dele.

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Paul Cantlie morreu vítima de uma pneumonia depois de pedir ao grupo que libertasse o filho. No último dia 14 de outubro, a irmã do jornalista, Jessica Cantlie, falou pela primeira vez sobre o sequestro e implorou aos jihadistas que retomem contato sua família para iniciar um diálogo.

No começo de outubro, a família de Cantlie divulgou um comunicado em que implorou ao EI que retome o diálogo interrompido com a família. O apelo ocorreu depois de o EI decapitar quatro reféns: os jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff, o voluntário humanitário britânico David Haines, e outro britânico, Alan Henning, um taxista que transportava ajuda para a população síria.

*Informações do G1 e do Portal Imprensa.

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