ABI BAHIANA Notícias

Sessão especial na ABI exibe documentário sobre Horácio de Mattos

A Sala de Exibição Roberto Pires, da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), exibirá o documentário “Horácio de Mattos – Um Coronel Entre Dois Mundos”, em uma sessão especial, às 9h desta sexta-feira (4/11). Com roteiro e direção de Valber Carvalho, jornalista e diretor da ABI, a obra resgata a história de um dos mais importantes personagens políticos da Bahia durante a República Velha. O documentário de 56 minutos traz depoimentos de Walfrido Moraes, Cid Teixeira, Tácio Matos e outros, que ajudam a entender a vida do “Governador do Sertão”.

Quem foi Horácio?

horacio-de-mattosO cenário político do Brasil durante a República Velha foi dominado pelos coronéis, chefes políticos do interior do país, que controlaram a vida pública por décadas. Em seus vastos domínios, eles eram a lei e a autoridade máxima. Horácio Queiróz de Mattos herdou do tio, Clementino Mattos, o poder e as rixas que guiariam suas atitudes. Ele nasceu no dia 18 de março de 1882, na Chapada Diamantina, interior da Bahia. Ficou conhecido pelas muitas guerras que venceu contra outros coronéis, contra a Coluna Prestes e até mesmo contra o Governo Federal.

O coronel foi poderoso a ponto de controlar um território tão grande que era visto como um estado dentro da Bahia. Horácio foi assassinado em 1931, quando passeava despreocupado pelas ruas de Salvador, de mãos dadas com uma de suas filhas. O criminoso Vicente Dias dos Santos foi condenado no primeiro julgamento a 21 anos de prisão, mas, no segundo julgamento, dois anos depois, foi absolvido.

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ABI exibe documentário e debate racismo no Carnaval de Salvador

“Negro é a raiz da liberdade”. Os versos da canção “Sorriso Negro”, interpretada pela primeira-dama do samba, Dona Ivone Lara, ecoaram na sala de exibição cinematográfica da Associação de Imprensa (ABI), na manhã desta quinta-feira (26). A entidade recebeu jornalistas, pesquisadores, historiadores e artistas, para a apresentação do documentário “Racismo no Carnaval de Salvador”, dirigido pelo professor Nelson da Mata, com o apoio do Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio Americanos (CEPAIA) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Depois da projeção, os convidados debateram o tema, trazendo à mesa antigas críticas ao sistema de organização dos festejos momescos da capital baiana, em busca de novos caminhos que garantam a dignidade e os direitos do povo negro, responsável pela maioria dos espetáculos do Carnaval.

O filme traz depoimentos de acadêmicos, pesquisadores, além de personagens importantes para o cenário cultural e político da Bahia, dentre os quais estão o cantor e compositor Walter Queiroz; o cantor Raimundo Nonato da Cruz, mais conhecido como Chocolate da Bahia; o fundador do bloco afro mais antigo do Brasil, Vovô do Ilê Aiyê; o ex-secretário municipal de Reparação, Ailton Ferreira; e o cantor Márcio Victor, vítima do episódio de racismo que inspirou a pesquisa do professor Nelson da Mata, em 2011.

Segundo o professor Nelson Costa da Mata, o projeto sobre racismo no Carnaval foi iniciado no final daquele ano, no Centro de Estudos dos Povos Afro-índio Americanos (CEPAIA), unidade da UNEB. Já o documentário apresentado na ABI foi concluído em 2014, como um dos produtos da pesquisa que o professor desenvolve há mais de três anos. Ele adiantou que será produzido um segundo documentário, dessa vez com depoimentos de foliões. Na obra, o carnaval é abordado como mais uma expressão da hierarquia de classes pela antropóloga Goli Guerreiro. Já o ex-secretário Ailton Ferreira afirma que “o racismo está presente no Carnaval porque o racismo está presente na sociedade baiana”.

Os debatedores abordaram as diferenças entre os circuitos, os horários disponibilizados aos blocos afros, a distribuição do espaço, a violência policial, entre outros problemas. Em todas as falas, denúncias de que aqueles que desfilam esquecidos no circuito Batatinha, no centro histórico, aguardam há anos oportunidades de atravessar a passarela em horário nobre no Campo Grande – que, junto com a Barra, forma os dois grandes circuitos da festa, com farta cobertura da mídia e camarotes. Ao contrário dos trios e camarotes milionários, que atraem robustas verbas da iniciativa privada, os blocos afros vivem com verba mínima e orçamentos apertados. “Estou envolvido com esse assunto há pelo menos 30 anos porque acredito ser possível termos um Carnaval fraterno e democrático. Com que direito o espaço público é reservado a uma parcela privilegiada da população? Proponho que baixemos as cordas judicialmente e quero contar com o apoio da ABI”, conclamou o Walter Queiroz.

O vice-presidente da ABI, Ernesto Marques, esteve acompanhado dos diretores da entidade, Valter Lessa, Agostinho Muniz e Luís Guilherme Pontes Tavares. “Eu acho um absurdo que os camarotes ainda sejam montados na área pública e ninguém tome providências. Precisamos dialogar com as autoridades competentes e pensar novos formatos para o Carnaval”, afirma Marques, que, em atenção à proposta do cantor Walter Queiroz, vai incluir o assunto na pauta da reunião mensal da entidade.

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