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Baianos se despedem do carnavalesco Orlando Tapajós

Dodô e Osmar são os pais do trio elétrico, com a criação da Fobica, em 1950. Mas, foi graças a Orlando Tapajós (85) que o trio virou o espetáculo que é hoje. Do simples caminhão às megacarretas, com geradores e amplificadores. Orlando colocou o mundo da eletrônica a serviço do Carnaval baiano e brasileiro. Não por acaso a morte do carnavalesco, neste domingo (17), causou tanta comoção entre os baianos, tendo ampla cobertura da imprensa. O construtor de trios elétricos estava internado em Salvador desde a última terça-feira (12), após sofrer um infarto. Seu corpo foi velado no Palácio Rio Branco, no Centro Histórico da capital baiana, e será sepultado na tarde desta segunda-feira (18), no Cemitério Jardim da Saudade, às 14h.

O corpo de Tapajós deixou o palácio no veículo do Corpo de Bombeiros e foi seguido por três trios elétricos. Durante a homenagem, o músico Armandinho, filho de Osmar (da dupla Dodô e Osmar), tocou o Hino ao Senhor do Bonfim na Guitarra Baiana. O cortejo de despedida seguirá pela Rua Chile, Rua Carlos Gomes, Casa d’Itália, retornando pela Avenida Sete de Setembro.

Foto: Arquivo/Rede Bahia

Em uma mistura de mecânico eletricista e engenheiro de som, Tapajós foi responsável pela revolução estética no trio elétrico. Tudo começou nos anos 60, quando ele foi modernizando os trios. Foi ele quem montou, pela primeira vez, a estrutura que deu origem ao modelo atual do trio com a Caetanave. Ela saiu pela primeira vez em 1972, no carnaval de Salvador, para homenagear Caetano Veloso, que estava voltando do exílio em Londres durante a ditadura militar. “Ele foi inventor das grandes transformações de performances de trios. Ele levou o trio elétrico para o Brasil, divulgando Salvador, trazendo turistas, desbravando”, afirma Paulo Leal, da Associação Baiana de Trios Elétricos.

Tapajós foi homenageado no carnaval de 2015, e no mesmo ano um circuito do carnaval de Salvador ganhou o nome dele. O circuito Orlando Tapajós compreende o trecho do Clube Espanhol ao Farol da Barra, no contrafluxo do circuito Barra-Ondina (Dodô). O circuito fica em operação durante as festas pré-carnavalescas como o Pipoco e Furdunço.

Comoção

Artistas, autoridades e estudiosos lamentaram a morte de Tapajós e lembraram o seu legado. Por meio de nota, o governador da Bahia, Rui Costa e o prefeito de Salvador, ACM Neto, se solidarizaram com os familiares de Orlando Tapajós e lembraram do legado deixado pelo carnavalesco. Artistas como Bell Marques e Daniela Mercury também homenagearam Tapajós. “Ele sempre foi inovador dos trios elétricos. Desenvolveu isso lindamente para a Bahia e faz parte da história dos trios”, reconheceu Armandinho em entrevista à Rede Bahia.

César Rasec, jornalista e pesquisador da música baiana, tem todos os LPs da banda Trio Tapajós. Ele ressalta a importância dessa figura fundamental para a projeção do Carnaval de Salvador. “Ao abrir espaços para os artistas, seu Orlando possibilitou que fizessem o seu som. O principal deles é Luiz Caldas, que foi diretor musical do Trio Tapajós, onde ele criou ‘acordes verdes’, a música que revolucionou a musicalidade da Bahia. Depois disso, Luiz vem com o disco ‘Magia’, quando ele deixa o trio e faz essa coisa maravilhosa, bonita, que é a axé music”.

*Com informações de Dalton Soares (Jornal da Manhã) e Thaís Borges (Correio*)

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SIP cobra punição para os assassinos de jornalistas do “El Comercio”

A reunião anual da Associação Interamericana de Imprensa (SIP), realizada no último final de semana, em Medellín, foi marcada pela indignação e pedidos de justiça para uma equipe de reportagem do jornal equatoriano “El Comercio”. O repórter Javier Ortega (32 anos), o fotógrafo Paúl Rivas (45), e o motorista Efraín Segarra (60) foram sequestrados e mortos por um grupo dissidente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Gustavo Mohme, presidente da SIP, falou sobre os casos de ataque à liberdade de imprensa na América Latina e, em entrevista à SEMANA, exigiu que os assassinatos dos profissionais não fiquem impune.

Segundo Mohme, é necessário que os governos da Colômbia e do Equador trabalharem juntos para solucionar o crime. “Uma das exigências que fazemos é que isso não fique impune. O extremo da covardia de se proteger em seus cadáveres para exigir espaços ou tréguas define seu desprezo pela vida. Essas pessoas não precisam fazer concessões. Pedimos um esforço binacional”, disse Mohme.

Ele ainda destacou a união dos profissionais da imprensa. “Vimos uma expressão muito interessante dos jornalistas colombianos e equatorianos que se reúnem para orientar, apoiar e participar da captura desses líderes e levá-los à justiça e submetê-los. Respeitando os Direitos Humanos, claro, que eles desprezam”. A SIP exige também maior proteção para a profissão. “Quando um jornalista morre é dito que há um duplo crime porque sua família chora e seus leitores, que são privados de informação”, completa.

No início de abril, um vídeo exibido pelo canal colombiano RCN mostrou as vítimas com algemas e correntes no pescoço. A equipe estava na região para uma matéria sobre as consequências dos ataques registrados desde janeiro, mas acabou sequestrada em 26 de março pelo líder de um grupo dissidente das Farc, Walter Patricio Artízala Vernaza, conhecido como “Guacho”. O sequestro aconteceu na  região em que forças armadas regulares dos dois países combatem os guerrilheiros que não aceitam o acordo de paz firmado entre o governo da Colômbia e as lideranças das FARC. Os sequestradores exigiam em troca da equipe equatoriana a libertação de guerrilheiros presos em Quito.

“Cairá vivo ou morto”

Lenín Moreno, presidente do Equador, estava em Lima, capital do Peru, para participar da Cúpula das Américas, mas partiu rumo a Quito. Ele anunciou ações militares na fronteira com a Colômbia, onde, segundo ele, o grupo do jornal foi sequestrado e assassinado. Na noite de quinta (12), Moreno havia dado 12 horas para que os sequestradores provassem que os reféns estavam vivos. O prazo expirou às 10h50 desta sexta (12h50, em Brasília). No cativeiro e acorrentados, os três foram executados a tiros, de acordo com fotos divulgadas pelos sequestradores. O governante confirmou na sexta (13) as mortes.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, assegura que os profissionais foram sequestrados e assassinados no Equador. Versões entre os governos diferem também na nacionalidade de Guacho, líder da Frente Oliver Sinisterra. Quito disse que o suposto responsável é de origem colombiana, já Bogotá afirma que Guacho é equatoriano.

Santos afirmou, ao fim da reunião da SIP, que prometeu ao presidente do Equador, Moreno, que o assassinato dos jornalistas “cairá vivo ou morto”. O presidente colombiano também admitiu que cartéis de droga mexicanos exercem influência na área de fronteira onde opera o grupo que matou os jornalistas e o motorista do jornal El Comercio.  “Prestamos todo o apoio e colaboração desde o primeiro momento e continuaremos até que capturem os responsáveis e se faça justiça”, disse o presidente colombiano, durante a Cúpula das Américas.

Nem o Equador e nem a Colômbia puderam determinar onde as mortes ocorreram. Os países pediram ajuda do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para localizar os corpos das vítimas.

*Informações de O Globo, JB e SEMANA.

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Morre em Salvador o jornalista Luiz Luzi, ex-repórter de A Tarde

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) lamenta o falecimento do jornalista Luiz Carlos do Espírito Santo (conhecido como Luiz Luzi), professor e ex-repórter do jornal A Tarde. O sepultamento será às 15h desta sexta (02), no cemitério Campo Santo, no bairro da Federação. Luzi estava internado há quase oito anos no setor de geriatria do Hospital Santo Antonio, unidade das Obras Sociais Irmã Dulce (OSIB), no Largo de Roma.

Ex-colega de Luiz em A tarde na década de 1970, o diretor da ABI, Luís Guilherme Pontes Tavares, lembra que “uma das missões de Luzi era cobrir o Aeroporto 2 de Julho”. Luzi foi assessor de Clériston Andrade, na Prefeitura Municipal de Salvador, e de Edivaldo Boaventura, na Secretaria de Educação (período do Governo João Durval).

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Homenagem: Morre aos 76 anos o jornalista baiano Carlos Alberto Caó de Oliveira

Por Fernando Alcoforado*

O ex-deputado federal Carlos Alberto Caó de Oliveira morreu neste domingo (4/2), no Rio de Janeiro, aos 76 anos. Caó era jornalista e advogado. Ele também foi um dos grandes militantes do movimento negro brasileiro, na luta contra o racismo. Viúvo, foi casado com Teresa Maria Sarno de Oliveira, com quem teve dois filhos. Carlos Alberto Caó Oliveira dos Santos (assim registrado no início da década de 1980, por razões de identificação política, em substituição ao nome de nascimento, Carlos Alberto Oliveira dos Santos) nasceu em Salvador no dia 24 de novembro de 1941, filho de Temístocles Oliveira dos Santos e de Martinha Oliveira dos Santos. Iniciou sua trajetória política aos 15 anos de idade em Salvador, quando se tornou secretário da Associação de Moradores do Bairro da Federação, cargo que exerceu de 1956 a 1959 e, ao mesmo tempo, se engajava na campanha nacionalista O petróleo é nosso.

Caó atuou também como uma das grandes lideranças do movimento estudantil da Bahia quando era chamado por todos que com ele conviviam por “Betinho” de 1958 a 1964. Foi vice-presidente do Centro Acadêmico Rui Barbosa, do Colégio Estadual da Bahia. Em 1960, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e, em 1962, foi eleito vice-presidente de intercâmbio internacional da União Nacional dos Estudantes (UNE). Em 1963, no desempenho desta função, foi um dos organizadores do I Seminário Internacional dos Estudantes do Mundo Subdesenvolvido, realizado em Salvador.

No segundo semestre de 1963, assumiu a presidência da União dos Estudantes da Bahia (UEB), cargo que exerceu até 31 de março de 1964 quando ocorreu o golpe de estado que derrubou o presidente da República, João Goulart. Perseguido pelo regime militar instalado no país, Caó refugiou-se no Rio de Janeiro, onde passou a exercer a profissão de jornalista. Foi redator e editor político no jornal Luta Democrática até 1966 e trabalhou na Tribuna da Imprensa até 1968. Também trabalhou como tradutor na Editora Civilização Brasileira. Ainda em 1966, retomou o curso de direito na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde, em 1967, diplomou-se bacharel em ciências jurídicas.

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez, em seguida, o curso de extensão em direito tributário e o curso de extensão em ciência política e administração da Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A partir de 1968, ainda no Rio de Janeiro, trabalhou em O Jornal e na TV Tupi, também como redator e editor político. Foi um dos fundadores e primeiro secretário-geral do Clube dos Repórteres Políticos, entidade criada para enfrentar a censura imposta pelo regime militar.

Em função das suas atividades no movimento estudantil na Bahia na década de 1960, respondeu a inquéritos policiais militares junto com outras lideranças do movimento estudantil, entre os quais o autor destas linhas. Em fevereiro de 1970, foi submetido a julgamento na 6ª Região Militar, em Salvador, sendo condenado a dois anos de prisão. Permaneceu preso nesta cidade por seis meses e 15 dias, tendo sido libertado por decisão do Superior Tribunal Militar (STM), que considerou a pena prescrita. Logo que foi libertado, retornou ao Rio de Janeiro. Demitido da TV Tupi desde o seu julgamento, continuou a trabalhar como jornalista, tendo sido forçado, contudo, a abandonar a área política. Assim, transferiu-se para a reportagem econômica, indo trabalhar no Jornal do Brasil e, em 1974, na revista Veja.

Para escapar do rígido controle exercido pelo regime militar sobre o noticiário econômico, organizou com um grupo de jornalistas, no início dos anos 1970, a Associação dos Jornalistas de Economia e Finanças (AJEF), tendo presidido a entidade no biênio 1975-1976. Em julho de 1978, elegeu-se presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro, sendo reeleito em 1981, ano em que, a convite de Leonel Brizola, filiou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). Disputou as eleições de novembro de 1982, obtendo a segunda suplência do PDT na Câmara dos Deputados. Assumiu o mandato parlamentar em março de 1983, licenciando-se, no mesmo mês, para exercer o cargo de secretário de Trabalho e Habitação do primeiro governo Brizola no Rio de Janeiro (1983-1987).

À frente da Secretaria de Trabalho e Habitação foi responsável pela implementação do programa Cada família, um lote — uma política habitacional alternativa à do Banco Nacional de Habitação (BNH) e dirigida às classes menos favorecidas — e pela instalação de um plano inclinado nas favelas do Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, no Rio de Janeiro. Permaneceu no cargo até 1986, quando foi novamente suplente na eleição para deputado federal constituinte, em novembro. Ainda em 1986, passou a integrar o diretório nacional do PDT.

Retornou à Câmara em janeiro de 1987, antes do início dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, em virtude da morte do deputado Giulio Caruso. Empossado como deputado constituinte em fevereiro de 1987, foi um dos poucos parlamentares negros a participar da elaboração da nova Constituição, consagrando-se pela aprovação da emenda Caó, posteriormente regulamentada pela Lei Caó, que tornou a prática do racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão. Além desta, conseguiu incorporar aproximadamente mais 60 emendas à nova Carta. O direito de voto para cabos e soldados, a democratização dos meios de comunicação, a definição da ruptura da legalidade democrática como crime imprescritível e o amplo exercício do direito de greve foram alguns de seus projetos de lei homologados.

Participou dos trabalhos de elaboração da nova Constituição como titular da Subcomissão do Poder Executivo, da Comissão da Organização dos Poderes e Sistema de Governo; e, como suplente, da Subcomissão de Tributos, Participação e Distribuição das Receitas, da Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças. Nas principais votações da Constituinte, pronunciou-se a favor do rompimento de relações diplomáticas com países de orientação racista, da limitação do direito da propriedade privada, do mandado de segurança coletivo, da legalização do aborto, da remuneração 50% superior para o trabalho extra, da jornada semanal de 40 horas, do turno ininterrupto de seis horas, do aviso prévio proporcional, da unicidade sindical, da soberania popular, do presidencialismo, da nacionalização do subsolo, da estatização do sistema financeiro, do limite de 12% ao ano para os juros reais, da proibição do comércio de sangue, da limitação dos encargos da dívida externa, da criação de um fundo de apoio à reforma agrária, da anistia aos micro e pequenos empresários, da legalização do jogo do bicho, da desapropriação da propriedade produtiva e da estabilidade no emprego. Votou contra a pena de morte e o mandato de cinco anos para o presidente José Sarney.

Com o fim dos trabalhos constituintes em outubro de 1988, assumiu, no ano seguinte, a presidência da Comissão de Trabalho da Câmara, coordenando a elaboração da primeira legislação salarial sob a responsabilidade do Congresso Nacional. Ainda em 1989, obteve a aprovação do Congresso para a concessão a Nelson Mandela, líder negro sul-africano que se destacara na luta contra o apartheid, da comenda Grande Colar — honraria concedida pelo Legislativo a estadistas e personalidades que se destacaram na defesa dos direitos humanos. Em junho de 1990, chefiou a primeira missão parlamentar brasileira à África do Sul, quando Mandela e sua esposa Winnie Mandela foram convidados a visitar o Brasil. Ainda nesse ano, foi eleito primeiro-vice-presidente da Comissão de Trabalho Administrativo e Serviços Públicos, denominação recebida pela Comissão de Trabalho após a incorporação de novas funções.

Candidato à reeleição no pleito de outubro de 1990, não foi bem-sucedido, deixando a Câmara dos Deputados em janeiro de 1991, ao final de seu mandato. Com o retorno de Leonel Brizola, em março de 1991, ao governo estadual do Rio de Janeiro, foi convidado a ocupar mais uma vez a Secretaria de Trabalho e Ação Social do estado. No exercício deste cargo, foi responsável pela restruturação do Sistema Nacional de Emprego do Rio de Janeiro (Sine-RJ). Na condição de presidente do Fórum Nacional de Secretários de Trabalho (Fonset), participou da coordenação da segunda fase da “Ação da cidadania contra a fome e a miséria e pela vida”, comandada pelo sociólogo Herbert de Sousa, o “Betinho”.

Em abril de 1994, Caó desincompatibilizou-se do cargo de secretário para candidatar-se ao Senado no pleito de outubro. Com setecentos mil votos, foi derrotado pelos candidatos Benedita da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), e Artur da Távola, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Em 1996, tornou-se secretário-executivo dos movimentos partidários do diretório nacional do PDT. Carlos Alberto Caó teve, sem sombra de dúvidas, uma vida política extraordinária seja no movimento estudantil na Bahia e na esfera nacional com a UNE, seja como parlamentar e como gestor público no Estado do Rio de Janeiro deixando a marca de seu compromisso com as melhores causas do Brasil, sobretudo a luta contra o racismo do qual foi um dos grandes baluartes. Na condição de amigo e companheiro de lutas desde as lides estudantis, deixo aqui registradas minhas condolências para os familiares e amigos de Carlos Alberto Caó.

*Texto originalmente publicado por Fernando Alcoforado (Facebook, 04 fev 2018), sob o título “Morre no Rio de Janeiro o grande baiano e ex-deputado federal Carlos Alberto Caó de Oliveira, aos 76 anos”.

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