ABI BAHIANA

Diretoria da ABI lamenta a morte do jornalista Eliezer Varjão

Na véspera do Dia do Jornalista, a imprensa baiana de despede de Eliezer Varjão, jornalista, empresário, ex-chefe de reportagem do jornal A Tarde e membro da Assembleia Geral da Associação Bahiana de Imprensa (ABI). Varjão morreu na manhã de hoje (6), aos 80 anos. De acordo com a redação de A Tarde, ele passou por complicações após dar entrada no Hospital Aliança, em Salvador, com um quadro de apendicite. Neste período, contraiu a Covid-19 e foi transferido em janeiro para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O jornalista deixa a viúva Ana Varjão, com quem foi casado durante 60 anos, e cinco filhos: Eliane, Léo, Elane, Elmar e Mauricio, sendo dois deles, Léo e Elane, também dedicados ao ofício do pai.

Eliezer Varjão completou 50 anos de jornalismo este ano. Do meio século dedicado à profissão, 33 anos foram no jornal A Tarde, onde chegou ao posto de chefe de redação. Ele se formou em Jornalismo na turma de 1971, a mesma do jornalista Tasso Franco, na antiga Escola de Biblioteconomia e Comunicação (EBC). Atuou como assessor de imprensa em diversos órgãos públicos, como a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) e a Secretaria de Recursos Hídricos, trabalhando com nomes como João Durval, César Borges e Antônio Imbassahy. Eliezer também foi assessor de imprensa da Universidade Católica do Salvador (UCSal), da CDL e da OAB-BA, trabalhou no jornal Diários Associados antes de integrar o time de A Tarde, notabilizou-se como repórter político. Junto com os filhos Léo Varjão e Elane Varjão, ele comandava a empresa Varjão Comunicação.

Ernesto Marques, presidente da ABI, falou com pesar da morte do colega. “Varjão marcou sua passagem pelo jornalismo baiano, seja na redação do A Tarde, onde fez história, seja na comunicação empresarial, onde seus clientes são o melhor testemunho do seu profissionalismo. Para nós, da ABI, ele deixa uma lacuna enorme e a saudade da sua verve, sempre muito franco e fraterno ao defender suas posições”, lembrou.

“Preocupávamo-nos com a saúde do caro companheiro. Acompanhamos o seu sofrimento, os esforços da família para salvá-lo e a sua disposição de lutar. Sempre foi guerreiro. Mas, um dia precisava descansar, e este dia chegou. Ficam as saudades, os seus bons exemplos que passam para a história da imprensa baiana e onde deverão ser cultivados. Que Deus acolha sua alma e conforte seus entes queridos”, disse Walter Pinheiro, presidente da Assembleia Geral da ABI, órgão deliberativo do qual Eliezer era membro.

Comoção

A jornalista e colunista do jornal A Tarde, Cleidiana Ramos, também comentou a morte de Eliezer. Segundo ela, foi uma decisão do jornalista que garantiu que ela fizesse o teste e conseguisse uma vaga na redação, mesmo tendo apenas 15 dias de graduada. “Eliezer Varjão era o chefe de reportagem quando entrei em A TARDE, em 1998.  Ele foi quem deu a decisão final para que eu fizesse um teste com apenas 15 dias de graduada. Na época não havia estágio em A TARDE. Esse teste virou 17 anos de atuação como repórter do jornal. Varjão era rígido. Tomei várias broncas, mas aprendi lições preciosas e que guardo até hoje como a de que não há pauta perdida, mas apenas uma correção da abordagem. Ao mesmo tempo tinha doçura e, passado o tempo em que, inclusive disse que me testou de todas as formas, sempre manteve comigo uma relação de carinho.

No grupo que reúne a diretoria da ABI, mensagens lamentam desde o fim desta manhã a partida de Varjão e relembram a convivência com o amigo. Leia abaixo:

“Ele dava dicas preciosas. São quase 50 anos de bem querer”. – Helô Sampaio

“Você [Helô] e Varjão foram meus mestres em A Tarde. Lamento imensamente a perda do nosso querido chefe, como o chamava. Marcou uma época, marcou em todos que passamos pelo jornal, na época líder no Norte/Nordeste” – Sara Barnuevo  

“Estamos muito tristes. Varjão sofreu muito nos últimos meses e recursos não foram poupados para preservá-lo. Mas, Deus sabe o que faz. Deixa saudades e exemplos a serem cultivados” – Walter Pinheiro

“Um amigo e colega que sempre me honrou com sua amizade e muitas lições de jornalismo, de vida e até de política, nos tempos de redação e até depois. Não há muito que dizer, só chorar! Nossa solidariedade a Ana, Leo, Elmar, Elaine e todos os familiares!” – Raimundo Marinho

“Muito sentido. Aos 17 anos de idade iniciei no A Tarde, ainda na Castro Alves, e meus primeiros contatos foram Jehová de Carvalho e Eliezer. Grande amigo”.– Jolivaldo Freitas

Eliezer Varjão confraterniza com os amigos e diretores da ABI, no Auditório Samuel Celestino | Foto: Joseanne Guedes (2016)
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Artigos

Roberto Santos, um homem exemplar

Por Sérgio Gomes*

A vida física, infelizmente, tem prazo de validade. Isso vale para todos, mas deveria ser diferente para alguns, aqueles que contribuem para um mundo melhor, com ética, respeito ao próximo, e honestidade de propósitos. Mas, alguns, verdadeiramente, ficam para sempre, como Roberto Figueira Santos.

Permanecerá pelo legado de retidão e caráter tão difícil de encontrar em homens públicos. Dono de um currículo impressionante, Roberto Santos foi um político diferenciado para o padrão brasileiro. Ouvi uma vez, de importante comentarista nacional, o falecido Carlos Castelo Branco, que o Dr. Roberto deveria ser político na Suécia ou na Suíça. Comparava Roberto ao paulista Herbert Levy, também um homem público diferenciado.

A Bahia foi premiada por haver tido esse homem notável, e preparado, como governador. Realizou a melhor e mais profícua administração pública estadual, sem qualquer mácula de desonestidade na sua primorosa gestão. Tratava o emprego dos recursos públicos com probidade, ciência e exatidão.

Dirigiu o estado sem as arrogâncias e os arroubos que estiveram tão em voga, por um tempo, na vida pública baiana. Jamais perseguiu quem quer que fosse, por mais provocado que tenha sido. Tinha sempre uma postura altaneira, corajosa e firme. Nas escadarias do Palácio da Aclamação manteve o presidente Figueiredo, por longos momentos, dois degraus abaixo, com o braço firme que denotava o seu descontentamento com o general.

Em entrevista ao jornal O Globo teve a independência de afirmar que o regime militar se esgotara e que já estava na hora da mudança, antecipando, de certa forma, o futuro movimento das Diretas Já. Fora do poder, aliou-se às forças que perseguiam a redemocratização do país, como Waldir Pires, Rômulo Almeida, Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, gestores da Nova República.

Sua maior e importante obra, no Governo da Bahia, foi a implantação do Polo Petroquímico, em Camaçari, empreendimento que, por si só, coroaria toda uma gestão. Outra obra muito importante foi o Complexo de Pedra do Cavalo, no rio Paraguaçu, que garantiu, por essas últimas e, pelas próximas décadas, o abastecimento de água na Região Metropolitana de Salvador.

Antenado com a preservação ambiental, Roberto Santos criou o Parque Metropolitano de Pituaçú, sem dobrar-se à imensa pressão realizada pela indústria imobiliária que preferiria lotear a área verde para a construção de prédios residenciais e comerciais.

Espírito liberal e de visão social avançada, liberou os terreiros de candomblé do jugo e da permissão de funcionamento por parte da Secretaria de Segurança Pública. Nomeou, para a Prefeitura de Salvador, um negro, o professor e advogado tributarista Edvaldo Brito. Criou a primeira Secretaria de Comunicação, demonstrando o seu apreço às atividades de jornalismo e marketing político.

Por outro lado, a sua amada mulher e companheira, a saudosa Maria Amélia Menezes Santos, promovia um amplo trabalho em prol da cidadania, dirigindo um vasto programa de inclusão social, provendo documentação civil para muitos milhares de cidadãos até então invisíveis.

Tive a honra de fazer parte do secretariado desse homem exemplar no Governo da Bahia. Fui escolhido para acompanha-lo em todas as viagens nacionais a Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e outros rincões. Pude assim conviver com aquele homem de hábitos simples e cuja importância jamais lhe subiu à cabeça.

Uma vez, depois de irmos a reunião no BNDES, caminhamos pela avenida Rio Branco, no Rio, pois ele me disse que precisava buscar uma encomenda. Chegamos a uma sapataria de portugueses. Assim que chegou o dono do negócio gritou para o andar superior:

— Tragam o sapato do “seo” Roberto Santos.

O gajo nem imaginava que fazia sapatos sob medida para o governador da Bahia. Ele não dizia e muito menos eu o fazia. Talvez por isso ele gostasse de viajar comigo.

De outra vez saíamos de uma entrevista noturna à Tv Educativa, do Rio, e ele, que ainda não havia jantado, pediu para o motorista parar numa loja de lanches do Bob’s, onde comemos hamburgueres, quase na madrugada. Ao invés de ir a um fino e caro restaurante, o governador da Bahia preferiu comer em pé num balcão.

Esse era Roberto Santos.

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*Sérgio Gomes é jornalista e foi Secretário de Estado de Comunicação Social

Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI)

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Notícias

Comunicação baiana perde o cinegrafista José Raimundo Alves

Um grupo de aplicativo de mensagens instantâneas de ex-funcionários da TV Bahia, animado por centenas de mensagens diárias, congelou na manhã de hoje (5) com a notícia do falecimento do cinegrafista José Raimundo Alves. Boca de Piranha, como era apelidado pelos colegas, era um repórter cinematográfico experiente, com participações em diversos programas da Rede Globo, como Jornal Nacional, Fantástico e Domingão do Faustão, além de coberturas de grandes eventos, pela TV Bahia.

Zé Raimundo, xará do consagrado repórter baiano, estava internado num hospital de campanha de Salvador, mas não resistiu à violência do novo coronavírus por ser hipertenso e diabético, comorbidade que, associada a anos de exposição à radiação do visor da câmera de vídeo, lhe causou o comprometimento da visão. Ele deixa esposa e filhos.

Amigos e familiares utilizaram as redes sociais para prestar homenagens. Uma das manifestações foi feita pela jornalista e apresentadora Wanda Chase, amiga de Zé Raimundo. “Aos poucos, vou assimilando. Não posso ficar com a minha imunidade baixa. Mas que é cruel, é. A dor da perda”, lamentou.

Cristina Costa pela lente de José Raimundo Alves | Foto: reprodução

“Juntos (com João Castro) fomos uma equipe da TV Bahia durante um bom tempo. José Raimundo era um dos cinegrafistas com quem eu mais gostava de trabalhar. Ele sabia me aturar e às minhas loucuras. Ríamos muito. Tínhamos nossos códigos (uma boa equipe sempre tem) e nos entendíamos com poucas palavras. Zé, vai com Deus e muita Luz. Estou arrepiada escrevendo isto. Um texto que você já teria me mandado parar: -Bora, bora, bora”, escreveu a jornalista Cristina Costa.

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ABI BAHIANA

ABI lamenta a morte de Baga de Bagaceira Souza, jornalista e ativista LGBTQIA+

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) lamenta profundamente o falecimento de Baga de Bagaceira Souza, jornalista, performer, ativista pelos direitos LGBTQIA+ na Bahia, com forte atuação no Recôncavo. Nesta sexta-feira (10), Baga tornou-se uma provável vítima do novo coronavírus, já que, segundo informa o atestado de óbito, a causa da morte foi “Síndrome Respiratória Grave Aguda com suspeita de covid-19”. Aos 28 anos, Baga morreu por volta das 2h no Hospital Regional Dantas Bião, em Alagoinhas. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Jardim Paraíso da Saudade.

Baga de Bagaceira Souza Campos era mestre em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação – Mídia e Formatos Narrativos – da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na linha de pesquisa Mídia e Sensibilidades (Leia a dissertação “CHOQUEER DE MONSTRO: Tikal Babado e Pai Amor e os modos de sentir e perceber suas vestes em Cachoeira-Ba”). Possuía formação na área de Comunicação Social com ênfase em Jornalismo pela mesma Instituição (2017) e atualmente cursava doutorado em Cultura e Sociedade na UFBA. Amigos, familiares e professores manifestaram pesar nas redes sociais.

Em seu texto “Como a avalanche da fake news contribui para o ódio à população LGBTQ+”, escrito para este site, Baga falou das formas e usos da tecnologia nos embates antagônicos em que envolvem-se as opressões e os enfrentamentos às violências direcionadas à população LGBTQ+ e sobre como essa população vem usando as redes para expandir suas afetuosidades e reclamar por mais direitos, além de denunciarem casos de ódio.

Leia textos que Baga de Bagaceira escreveu para o site da ABI:

Baga de Bagaceira usava a arte como forma de expressão de sua luta pelos direitos LGBTQIA+ na Bahia | Foto: Reprodução

Performer, Baga usava a arte como forma de expressão de sua luta. Já realizou apresentações em eventos acadêmicos, entre as quais destacam-se as performances no IFBA, Unifacs (campus de Feira de Santana-BA) e UFS (campus de São Cristóvão-SE).

Integrava o grupo de Pesquisa Corpo e Cultura (CNPQ), coordenado pela professora Renata Pitombo Cidreira, desde 2014 na linha de pesquisa Corpo e Expressão. Era membro do Comitê de Acompanhamento de Políticas Afirmativas e Acesso à Reserva de Cotas (COPARC) da UFRB e do Coletivo estudantil Aquenda de diversidade sexual e de gênero. Era representante dos estudantes no colegiado do Mestrado em Comunicação/UFRB (gestão 2017-2019).

*Com informações de Jorge Gauthier para o “Me Salte” (Jornal Correio).

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