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CNN é impedida de continuar transmissão na Crimeia

Na edição do programa de notícias AC360º desta quinta-feira (6), a correspondente internacional da rede CNN na Crimeia, Anna Coren, relatou uma grave ameaça à liberdade de imprensa na Ucrânia. Responsáveis pelo hotel onde a jornalista estava hospedada, utilizado pela emissora americana como base para as transmissões sobre a crise naquele país, a obrigaram a interromper suas atividades sob ameaça de expulsão do recinto.

Anna Coren, correspondente internacional da CNN/ Foto: Reprodução CNN

“Realmente, é muito estranho. Há algumas horas o diretor do nosso hotel nos disse que tínhamos que interromper as transmissões e desmontar nosso equipamento, caso contrário, nos expulsariam. Perguntamos o motivo, mas não nos disseram. É muito incomum, basicamente nos disseram que parássemos de gravar ou nos expulsariam”, explicou a correspondente por telefone aos estúdios da CNN nos EUA, durante o programa comandado pelo jornalista norte-americano Anderson Cooper (confira o vídeo).

A jornalista afirmou que ela e sua equipe têm o “pressentimento” de que os diretores do hotel receberam “pressões da milícia local ou do novo governo da Crimeia do qual se sabe que é pró-russo”. Além disso, a correspondente relatou que quando algumas pessoas na Crimeia descobrem que eles são uma equipe da CNN, uma emissora americana conhecida no mundo todo, detectam “um alto grau de hostilidade”.

Saída diplomática

Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Vladimir Putin, mantiveram ontem (6) conversa telefônica durante cerca de uma hora sobre a situação na Ucrânia. O telefonema ocorreu horas depois de os EUA terem começado a impor sanções a dirigentes russos. O governo dos EUA ordenou o congelamento de bens e a proibição de vistos para os responsáveis, ainda não identificados, de ameaçar a soberania da Ucrânia.

Em nota emitida na noite desta quinta, a Casa Branca informou que “o presidente Obama disse que as ações da Rússia eram uma violação à soberania e integridade territorial da Ucrânia”, que provocaram várias “ações de resposta” dos Estados Unidos, “em coordenação com os parceiros europeus”.

O presidente estadunidense insistiu que ainda existe “um caminho para solucionar” a crise na Ucrânia por vias “diplomáticas”, informou a Casa Branca em comunicado. A solução proposta pelo líder americano a Putin inclui ainda a permissão de entrada na Ucrânia de observadores internacionais e o retorno das tropas russas na Crimeia para suas bases. Obama considera “ilegal” o referendo que os responsáveis pró-russos na península da Crimeia preveem realizar na região autônoma para ratificar sua adesão à Federação Russa.

O presidente russo ignorou o alerta feito por seu colega, afirmando que Moscou age de acordo com as leis internacionais. Também em nota, os serviços da Presidência russa informaram que Putin disse a Obama que as relações entre os dois países não deveriam ser prejudicadas pelos desacordos sobre a Ucrânia. “A Rússia não pode ignorar os pedidos de ajuda e age de acordo, em plena conformidade com a lei internacional”, disse o presidente, que ainda destacou a importância das relações entre os dois países para garantir a estabilidade e segurança no mundo.

Informações da Agencia EFE, CNN, Deutsche Welle e Agência Lusa

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Março inicia com atentado a cinegrafista. Em fevereiro, sete jornalistas foram assassinados

O cinegrafista Hilton Costa Brito, de 36 anos, funcionário de uma afiliada da TV Bandeirantes, foi atingido por três tiros, dois na perna e um no abdômen, na tarde desta terça-feira, dia 4, em Pedreiras, a 245 quilômetros de São Luís, capital do Maranhão. Ele foi submetido a uma cirurgia no Hospital Nossa Senhora das Graças, e seu estado de saúde é grave, apesar de não correr mais risco de morte. O caso está sendo investigado pela delegacia de polícia de Pedreiras (MA), mas, até o momento, nenhum suspeito foi preso. A Polícia Civil desconhece os motivos e a autoria, mas suspeita de crime de encomenda.

Hilton Costa Brito foi baleado na frente da emissora enquanto filmava blocos carnavalescos/ Foto: Reprodução-TV Globo

O câmera estava em frente à emissora onde trabalha para fazer imagens de blocos de carnaval, quando um veículo com três pessoas parou no local. Em seguida, um dos ocupantes do carro teria saído e efetuado os disparos contra o cinegrafista. “Devem ter me confundido com alguém. Por que minha única explicação é essa. Os disparos são foram efetuados em minha direção mesmo, coisa que não entendo ainda, porque sou um cara que nunca me envolvi em brigas”, afirmou ao G1.

Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) manifestou repúdio, por meio de nota, ao atentado sofrido pelo cinegrafista: “É extremamente preocupante a escalada de violência contra jornalistas que, desde o início deste ano (2014), vitimou seis profissionais. A Abert apela às autoridades do estado do Maranhão para que apurem mais este crime, que não pode ficar impune”, diz trecho da nota.

Violência

O mês de fevereiro de 2014 foi o mais letal para a imprensa nacional. Em três semanas, foram registrados sete assassinatos de jornalistas, além de casos de agressão. O Brasil se tornou o país com o maior número de jornalistas mortos nas Américas, segundo o relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RFS). Em 2013, cinco jornalistas mortos no País; já em 2014, sete jornalistas foram mortos em apenas 20 dias.

No último dia 27 (quinta-feira), o corpo do jornalista Hélton Souza, de 28 anos, foi encontrado com sinais de estrangulamento, no Centro de Exposições da cidade de Valentim Gentil, região de Fernandópolis, no interior de São Paulo. O crime de latrocínio (roubo seguido de morte) já foi descartado pela Polícia Civil.

No mesmo dia, o jornalista e radialista Geolino Lopes Xavier, conhecido como Geo Lopes, de 44 anos, foi morto a tiros, por volta das 21h, na região  central de Teixeira de Freitas, cidade localizada a 900 km de Salvador (BA). Geo Lopes deixa mulher e um filho, o também jornalista Joris Xavier Bento. Geo Lopes era um dos diretores do portal N3 e foi assassinado no interior de seu veículo, que apresentava o logotipo do portal. Os criminosos atiraram de dentro de um carro, e ainda não foram identificados.

No dia 6 de fevereiro, o cinegrafista da Band Santiago Andrade, foi atingido por um rojão na cabeça, quando fazia a cobertura de manifestação contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro. O profissional teve morte cerebral.

Violência contra profissionais da imprensa cresce e intensifica debate sobre prevenção e o uso de equipamentos de segurança/ Foto: Fernando Frazão

O locutor de rádio Carlos Dias, e o proprietário de uma sucata foram assassinados a tiros no início da tarde do dia 17 de fevereiro, em Patu, no Rio Grande do Norte. O delegado titular da delegacia de Patu informou que os dois foram atingidos por vários disparos de armas de fogo vindos de um carro que passava na avenida principal da cidade.

Em 11 de fevereiro, o radialista Edy Wilson da Silva Dias, 34 anos, foi morto a tiros por dois adolescentes, durante o apagão que atingiu a cidade de Pinheiros, no Espírito Santo.  Edy era locutor na Rádio Explosão Jovem FM, em Pinheiros. Dois menores que foram identificados como os assassinos tinham registro na Polícia por roubo, furto e tráfico de drogas. A polícia investiga agora o mandante e a motivação do crime.

Em 13 de fevereiro, o jornalista Pedro Palma, de 47 anos, foi morto com três tiros, na porta de casa, quando chegava do trabalho. Dois homens passaram em uma moto, chamaram por ele e fizeram os disparos, acertando dois tiros no peito e um no ombro da vítima. Pedro Palma era dono e único repórter do jornal semanal “Panorama Regional”, que circula em dez municípios do Centro-Sul Fluminense. Nos últimos cinco meses, o jornal passou a fazer oposição à gestão do prefeito de Miguel Pereira.

Outro crime registrado em fevereiro foi o do câmera da TV Cabo Mossoró (TCM), José Lacerda da Silva, 50 anos,  morto a tiros na noite de domingo, dia 16, no bairro Belo Horizonte, em Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Relatório e medidas de proteção

O governo brasileiro vai anunciar um pacote de medidas para a proteção de jornalistas, inclusive no âmbito dos protestos que ocorrem pelo País. A defesa de jornalistas foi um dos pontos destacados no discurso da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), Maria do Rosário, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, na manhã de ontem (5). A ministra está em Genebra para reuniões na ONU, que vem criticando de forma permanente a violência contra jornalistas no Brasil e apontando para a impunidade como um dos fatores agravantes.

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A ideia é criar um protocolo de proteção a comunicadores, que vai incluir ações e recomendações para o governo, polícia e meios de comunicação. Um dos principais pontos do protocolo é o treinamento das polícias para garantir a proteção de comunicadores. Outra medida será a proibição de que as polícias confisquem ou destruam materiais de jornalistas, seja câmeras de vídeo, fotografia ou gravadores. Mas as recomendações também são direcionadas para os meios de comunicação, que serão orientados a garantir equipamentos aos jornalistas para que possam cobrir as manifestações.

A ministra informou que pretende lançar, ainda neste mês de março, um relatório que reunirá mais de 200 casos de agressões contra os profissionais de imprensa no Brasil. A SDH pretende criar um observatório para acompanhar os casos de violência contra os profissionais. Os dados do relatório sobre a violência estão sendo apurados pela SDH, em conjunto com o Grupo de Trabalho Comunicadores, do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH).

Informações da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), G1/MA, TV Mirante e O Estado de S. Paulo

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