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Março inicia com atentado a cinegrafista. Em fevereiro, sete jornalistas foram assassinados

O cinegrafista Hilton Costa Brito, de 36 anos, funcionário de uma afiliada da TV Bandeirantes, foi atingido por três tiros, dois na perna e um no abdômen, na tarde desta terça-feira, dia 4, em Pedreiras, a 245 quilômetros de São Luís, capital do Maranhão. Ele foi submetido a uma cirurgia no Hospital Nossa Senhora das Graças, e seu estado de saúde é grave, apesar de não correr mais risco de morte. O caso está sendo investigado pela delegacia de polícia de Pedreiras (MA), mas, até o momento, nenhum suspeito foi preso. A Polícia Civil desconhece os motivos e a autoria, mas suspeita de crime de encomenda.

Hilton Costa Brito foi baleado na frente da emissora enquanto filmava blocos carnavalescos/ Foto: Reprodução-TV Globo

O câmera estava em frente à emissora onde trabalha para fazer imagens de blocos de carnaval, quando um veículo com três pessoas parou no local. Em seguida, um dos ocupantes do carro teria saído e efetuado os disparos contra o cinegrafista. “Devem ter me confundido com alguém. Por que minha única explicação é essa. Os disparos são foram efetuados em minha direção mesmo, coisa que não entendo ainda, porque sou um cara que nunca me envolvi em brigas”, afirmou ao G1.

Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) manifestou repúdio, por meio de nota, ao atentado sofrido pelo cinegrafista: “É extremamente preocupante a escalada de violência contra jornalistas que, desde o início deste ano (2014), vitimou seis profissionais. A Abert apela às autoridades do estado do Maranhão para que apurem mais este crime, que não pode ficar impune”, diz trecho da nota.

Violência

O mês de fevereiro de 2014 foi o mais letal para a imprensa nacional. Em três semanas, foram registrados sete assassinatos de jornalistas, além de casos de agressão. O Brasil se tornou o país com o maior número de jornalistas mortos nas Américas, segundo o relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RFS). Em 2013, cinco jornalistas mortos no País; já em 2014, sete jornalistas foram mortos em apenas 20 dias.

No último dia 27 (quinta-feira), o corpo do jornalista Hélton Souza, de 28 anos, foi encontrado com sinais de estrangulamento, no Centro de Exposições da cidade de Valentim Gentil, região de Fernandópolis, no interior de São Paulo. O crime de latrocínio (roubo seguido de morte) já foi descartado pela Polícia Civil.

No mesmo dia, o jornalista e radialista Geolino Lopes Xavier, conhecido como Geo Lopes, de 44 anos, foi morto a tiros, por volta das 21h, na região  central de Teixeira de Freitas, cidade localizada a 900 km de Salvador (BA). Geo Lopes deixa mulher e um filho, o também jornalista Joris Xavier Bento. Geo Lopes era um dos diretores do portal N3 e foi assassinado no interior de seu veículo, que apresentava o logotipo do portal. Os criminosos atiraram de dentro de um carro, e ainda não foram identificados.

No dia 6 de fevereiro, o cinegrafista da Band Santiago Andrade, foi atingido por um rojão na cabeça, quando fazia a cobertura de manifestação contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro. O profissional teve morte cerebral.

Violência contra profissionais da imprensa cresce e intensifica debate sobre prevenção e o uso de equipamentos de segurança/ Foto: Fernando Frazão

O locutor de rádio Carlos Dias, e o proprietário de uma sucata foram assassinados a tiros no início da tarde do dia 17 de fevereiro, em Patu, no Rio Grande do Norte. O delegado titular da delegacia de Patu informou que os dois foram atingidos por vários disparos de armas de fogo vindos de um carro que passava na avenida principal da cidade.

Em 11 de fevereiro, o radialista Edy Wilson da Silva Dias, 34 anos, foi morto a tiros por dois adolescentes, durante o apagão que atingiu a cidade de Pinheiros, no Espírito Santo.  Edy era locutor na Rádio Explosão Jovem FM, em Pinheiros. Dois menores que foram identificados como os assassinos tinham registro na Polícia por roubo, furto e tráfico de drogas. A polícia investiga agora o mandante e a motivação do crime.

Em 13 de fevereiro, o jornalista Pedro Palma, de 47 anos, foi morto com três tiros, na porta de casa, quando chegava do trabalho. Dois homens passaram em uma moto, chamaram por ele e fizeram os disparos, acertando dois tiros no peito e um no ombro da vítima. Pedro Palma era dono e único repórter do jornal semanal “Panorama Regional”, que circula em dez municípios do Centro-Sul Fluminense. Nos últimos cinco meses, o jornal passou a fazer oposição à gestão do prefeito de Miguel Pereira.

Outro crime registrado em fevereiro foi o do câmera da TV Cabo Mossoró (TCM), José Lacerda da Silva, 50 anos,  morto a tiros na noite de domingo, dia 16, no bairro Belo Horizonte, em Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Relatório e medidas de proteção

O governo brasileiro vai anunciar um pacote de medidas para a proteção de jornalistas, inclusive no âmbito dos protestos que ocorrem pelo País. A defesa de jornalistas foi um dos pontos destacados no discurso da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), Maria do Rosário, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, na manhã de ontem (5). A ministra está em Genebra para reuniões na ONU, que vem criticando de forma permanente a violência contra jornalistas no Brasil e apontando para a impunidade como um dos fatores agravantes.

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A ideia é criar um protocolo de proteção a comunicadores, que vai incluir ações e recomendações para o governo, polícia e meios de comunicação. Um dos principais pontos do protocolo é o treinamento das polícias para garantir a proteção de comunicadores. Outra medida será a proibição de que as polícias confisquem ou destruam materiais de jornalistas, seja câmeras de vídeo, fotografia ou gravadores. Mas as recomendações também são direcionadas para os meios de comunicação, que serão orientados a garantir equipamentos aos jornalistas para que possam cobrir as manifestações.

A ministra informou que pretende lançar, ainda neste mês de março, um relatório que reunirá mais de 200 casos de agressões contra os profissionais de imprensa no Brasil. A SDH pretende criar um observatório para acompanhar os casos de violência contra os profissionais. Os dados do relatório sobre a violência estão sendo apurados pela SDH, em conjunto com o Grupo de Trabalho Comunicadores, do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH).

Informações da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), G1/MA, TV Mirante e O Estado de S. Paulo

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