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Tribuna da Bahia comemora 45 anos de fundação

Quando a Tribuna da Bahia surgiu, em 21 de outubro de 1969, publicou que o mundo vivia o apogeu do império americano, que mantinha a América Latina sob controle total, através de ditaduras militares, e se aventurava no Sudeste Asiático (Vietnã) para confrontar o poderio russo. Um país chamava a atenção de todos por sua imensidão e pobreza e, agora, causa espanto pelo progresso, a China. Sempre conectada com os acontecimentos ao redor do mundo, a Tribuna da Bahia teve uma ação marcante na luta pela redemocratização do Brasil e continua exercendo o verdadeiro papel da imprensa livre. Hoje, o diário fundado por Elmano Silveira Castro comemora 45 anos e é parte do seleto time das organizações de jornalismo com mais de quatro décadas de impressão ininterrupta.

Em plena ditadura militar, o veículo surgiu disposto a revolucionar a cena da imprensa baiana - Foto: Reprodução
Em plena ditadura militar, o veículo surgiu disposto a revolucionar a cena da imprensa baiana – Foto: Reprodução

O editorial no número 01 da Tribuna da Bahia (foto), terça-feira, 21 de outubro de 1969, trazia uma informação impactante: “Milhares de políticos são inelegíveis”, revelando apreensões das classes políticas, diante da nova Carta Constitucional outorgada pelos Ministros militares. Enquanto o jornal estava chegando às ruas como um órgão de imprensa pioneiro em ousadia e independência na Bahia, vigorava o Ato Institucional Nº 05 (AI-5), o mais terrível instrumento da ditadura militar para reprimir a liberdade de expressão e a atividade política livre. Momentos marcantes da política, economia, cultura e comportamento social dos últimos 45 anos de história da Bahia e do Brasil são contemplados pelas edições do jornal.

O presidente da Tribuna da Bahia e da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Walter Pinheiro, ressalta a contribuição prestada pelo periódico à sociedade baiana e brasileira, e reconhece o trabalho de todos os profissionais que passaram pela TB. “É uma data marcante para nós que fazemos a Tribuna. Ao comemorarmos o aniversário, sempre nos lembramos das campanhas daqueles que empenharam na luta em prol do bom jornalismo, defendendo a liberdade de imprensa e a plenitude democrática. Daqueles que trabalham pelo aprimoramento cultural e socioeconômico do nosso povo. Esse propósito é o que nos enseja na responsabilidade permanente de manutenção da nossa Tribuna”.

Para Walter Pinheiro, um dos motivos para a permanência do periódico é a capacidade de se reinventar diante das dificuldades. “Sintonizada com os tempos modernos, a TB se aperfeiçoa cada vez mais, não apenas em sua versão impressa, como também na plataforma online, valendo-se de todos os canais disponíveis para oferecer seu conteúdo a leitores posicionados em qualquer parte do mundo, inclusive através das mídias sociais”, enfatizou o jornalista.

Parte da chamada “Geração TB”, o jornalista Sérgio Mattos recorda o Manual Interno “Escolhinha TB de Jornalismo”, produzido pelo então editor-chefe do jornal, o experiente Quintino de Carvalho e pelo núcleo formado por ele em meados de 1968. Nascia, pela primeira vez no Brasil, um manual de redação. “Era comum, nos anos 60 e 70, jornalistas trabalharem como assessores de imprensa em órgãos públicos e empresas, para complementar seus salários. O jornalismo era visto, então, como ‘bico’. A Tribuna começou a mudar isso, valorizando o profissional. Quintino [de Carvalho] elogiava, criticava, estimulava a todos. Ele era um líder nato. A TB formou uma geração de jornalistas na Bahia: A ‘Geração TB’, que passou a cuidar do jornalismo com ética e enxergá-lo como profissão. A contribuição dos primeiros anos de TB foi marcante e decisiva para minha formação”, afirma Mattos, que é autor do livro “Memória da imprensa contemporânea da Bahia”, onde ele conta as mudanças pelas quais passou a Tribuna e o jornalismo.

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Lygia Sampaio expõe no Museu de Arte Sacra 60 anos de trajetória

Dia 23 de outubro, às 19h, será a abertura da mostra que traz obras desta premiada artista baiana, única mulher a integrar o movimento de renovação das artes na Bahia e museóloga idealizadora do Museu de Imprensa da Associação Bahiana de Imprensa (ABI)

Nos anos 40 e 50, a Bahia passou por um movimento artístico que trouxe o experimentalismo estético definidor do modernismo nas artes visuais da cidade. No meio de artistas que viriam a se tornar renomados como Mario Cravo, Caribé, Rubem Valentim e Carlos Bastos, uma única mulher participou desse movimento renovador: Lygia Sampaio (86), que comemora 60 anos de trajetória com a exposição Lygia Sampaio 60 anos de pena e pincel, com abertura no dia 23 de outubro, às 19h, no Museu de Arte Sacra da UFBA.

Lygia-Sampaio-cover2A exposição reúne 58 obras, divididas em duas temáticas: Santas e Flores e Personagens e Cenas da Bahia. Na primeira, estão reunidas as Santinhas, nome carinhoso dado pela artista ao se referir as imagens de Nossa Senhora pintadas recentemente. Na segunda, pinturas como Cici e Vardete (1949), primeiro óleo pintado pela artista e a premiada tela Menina de Plataforma (1950). O ineditismo é uma característica dessa exposição, pois traz parte da coleção particular de Lygia, poucas vezes vistas em Salvador. Nesta mostra, o público terá acesso à riqueza e à diversidade de temas e técnicas que compõem a trajetória de mais de 60 anos de produção desta importante, porém pouco conhecida, artista plástica baiana. São trabalhos a óleo, aquarelas, desenhos a bico de pena e técnica mista, que datam de 1949 a 2014, muitos deles colocados  à venda pela primeira vez nesta exposição.

Lygia entrou na Escola de Belas Artes em 1948, aos 20 anos de idade, onde desafiou os padrões vigentes da sociedade, aventurando-se em lugares considerados impróprios para uma moça daquela época. Essa incursão na vida popular urbana de Salvador é visível nas suas pinturas. “No atelier da Barra mostrávamos o que fazíamos, era um ambiente alegre e encorajador. Por vezes saíamos juntos, conversando os nossos assuntos, passeávamos inocentemente  pela cidade, do Rio Vermelho a Ribeira e Plataforma, buscando uma intimidade maior, visual e sensitiva, com a cidade que era a nossa fonte de motivos e de inspiração”, relata a Lygia em depoimento registrado no catálogo da exposição de 1981. Devido ao academicismo da Escola de Belas Artes, a artista não concluiu o curso, transferindo-se para o curso de Museologia, área na qual se formou e passou a atuar profissionalmente até sua aposentadoria.

SERVIÇO: 

Exposição: Lygia Sampaio 60 anos de pena e pincel

Abertura: 23/10/14 (quinta-feira), às 19h

Visitação: 24/10/14 a 31/01/15 (segunda-feira a sexta-feira, das 11:30h às 17:30h)

Local: Museu de Arte Sacra da UFBA  Sala de exposições temporárias do MAS. Tel: 71 3283-5591

Rua do Sodré, 276 Centro Salvador – Bahia <[email protected]>

*Informações da Secult – Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.

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Liberdade de imprensa na América Latina retrocede e violência contra jornalistas aumenta, diz SIP

Os crescentes retrocessos da liberdade de expressão nos últimos anos e o aumento de agressões a jornalistas na América Latina e no Caribe foram denunciados neste domingo durante a 70ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que acontece até terça-feira em Santiago, no Chile. No total, 11 jornalistas da região morreram no último semestre, de acordo com a organização, que criticou as restrições crescentes ao acesso a informações em Venezuela, Equador e até mesmo nos Estados Unidos — principalmente após os vazamentos do ex-agente da CIA Edward Snowden. Alguns cenários de agressão a profissionais foram as manifestações que antecederam a Copa do Mundo no Brasil, os protestos em Ferguson, Estados Unidos, pelo assassinato de um jovem negro, e as manifestações estudantis no Chile. A violência e a insegurança são algumas das principais ameaças ao jornalismo na América Latina, segundo os relatórios da SIP.

Durante cerca de dez horas, 20 representantes da imprensa da América Latina detalharam a situação que enfrentam – e em pelo menos oito deles há motivos de sobra para inquietação. As situações vividas em países como Equador, Venezuela, Argentina, Cuba e Nicarágua “fazem do continente um mar de intolerância e degradação”, resumiu o presidente do Comitê de Liberdade de Imprensa da SIP, o uruguaio Claudio Paolillo. Além desses cinco, a situação é preocupante no México, na Bolívia e na Colômbia. Em todo o planeta, segundo ele, “só 14% da população vive em sociedades com liberdade de imprensa. Os outros 86% enfrentam restrições de todo tipo”. No balanço geral de seis meses feito pela SIP, 11 jornalistas morreram no continente por denunciar o crime organizado e criticar autoridades.

A leitura começou com a situação do Brasil, apresentada por Marcelo Rech, em nome da Associação Nacional de Jornais (ANJ) – e antecipada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo. O documento relata 84 episódios, principalmente de agressões e censura judicial. No intervalo das leituras, dois painéis trouxeram depoimentos sobre a qualidade da democracia no continente – um deles da colombiana Catalina Botero, que acaba de deixar a Relatoria da Liberdade de Imprensa da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), e outro do uruguaio Edison Lanza, que a sucedeu nesse posto.

Para o novo relator para a Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA), Edison Lanza, há alguns países com situações mais graves do que os outros, mas o cenário é comum a toda a região. “A situação da liberdade de expressão que se vive no cotidiano na região é de tirar o fôlego. Após 30 anos de restauração da democracia em nossos países, às vezes parece incrível como não podemos sequer discutir ou debater estas questões”.

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As palavras de Lanza foram corroboradas por José Miguel Vivanco, diretor da Human Rights Watch. Para ele, é “alarmante” que nos últimos anos tenha sido imposto na América Latina um processo de banalização de compromissos coletivos para promover e defender a democracia, os direitos fundamentais, as liberdades civis, a independência do Poder Judiciário e a liberdade de expressão. “Os casos da Venezuela e do Equador são emblemáticos sobre os riscos que existem para a liberdade de expressão na região. É importante termos um órgão com caráter, força, recursos, liderança, coragem e inteligência”.

Vigiados

Ao descrever a situação da imprensa na Argentina, aonde o governo vem pressionando duramente jornalistas e cerca de 80% da mídia está sob o controle do governo, o colunista Joaquin Morales Solá, de La Nación, disse que há no país uma perseguição constante, “que põe o jornalismo à beira da extinção, pois somos vigiados diariamente em nossos telefones e nossas casas. Somos insultados nas ruas por fanáticos do governo”. E completou: “Pouco importa se o governo foi legitimamente eleito. Na democracia o fundo é tão importante quanto a forma. O fundo é que é a forma na democracia”.

O jornalista chileno Genaro Arriagada relatou injustiças que sofreu e testemunhou, primeiro sob o governo comunista de Salvador Allende, que se preparava para calar a imprensa não governista, e depois da ditadura militar de Augusto Pinochet. Mas os desafios do presente são de outro tipo, afirmou: “O que vemos nos EUA, na Europa, na America Latina, em outras regiões, é um crescente controle também exercido por grandes corporações”.

Na Venezuela, foram 292 casos de violações de liberdade de expressão entre janeiro e setembro deste ano: um aumento de quase 67% em relação a 2013, quando se registraram 175 casos. A maior violação é a censura: foram 107 casos até agora, o que representa um aumento de 37,17% em relação a todo o ano passado. A SIP também destacou que mais de 30 veículos impressos são afetados pela escassez de papel, e 12 deixaram de circular, temporária ou definitivamente.

O relatório sobre o Equador, que repetiu o quadro de perseguições e proibições, detalhou duas normas recentes criadas pelo governo de Rafael Corrêa. Uma delas instituiu a figura do “defensor de audiência”, um funcionário que a empresa é obrigada a contratar, porém indicado pelas autoridades. É uma espécie de censor interno, que faz relatórios sobre os erros cometidos ao se publicar uma notícia.

A segunda medida proíbe a autocensura dos jornais – mas o que a lei chama de “autocensura” é a decisão do jornal de não publicar uma “notícia importante para o interesse público”. Exemplo desse interesse: uma homenagem recebida pelo presidente Rafael Corrêa em uma viagem fora do país.

SIP condena atentados

Durante a abertura Assembleia-geral, na última sexta-feira (17/10), a entidade condenou recentes atentados contra jornalistas latino-americanos. O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da entidade, Claudio Paolillo, afirmou que desde o último encontro da SIP em Barbados aconteceram oito novos crimes no continente, três em Honduras, dois no México, um na Colômbia, um em El Salvador e um no Peru.

Entre os atentados recentes, a instituição citou o assassinato do repórter paraguaio Pablo Medina, do jornal ABC Color, na última quinta-feira (16/10). O segundo foi o desaparecimento, na quarta-feira (15/10) e a morte confirmada na sexta-feira (17/10) da ativista mexicana María del Rosario Rubio, jornalista-cidadã conhecida por denunciar as ações do cartel do Golfo, que controla as atividades do narcotráfico no nordeste do país.

Medina é o terceiro comunicador morto por narcotraficantes no Paraguai em apenas um ano. “A morte de Medina enluta o início de nossas reuniões, cujo propósito é justamente reavaliar como se exerce a liberdade de imprensa e o trabalho de investigar em nossos países”, disse Paolillo.

*Informações da AFP, O Globo e Agência Estado.

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SIP aborda violência e pressão política sobre imprensa na América

DEU NO ESTADÃO – A violência física contra jornalistas em alguns países e a crescente pressão econômica contra empresas de comunicação em outros continuam sendo os desafios mais urgentes para a imprensa na América Latina – e é desses temas que tratará, fundamentalmente, a 70.ª Assembleia-Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), com início nesta quinta-feira, 16, em um elegante hotel do bairro El Golf, em Santiago do Chile. 

“A imprensa do nosso continente continua chamando a atenção do mundo”, resume o representante brasileiro no encontro, Marcelo Rech, do Comitê Editorial da Associação Nacional de Jornais (ANJ). A agenda do encontro – que reunirá cerca de 400 profissionais e se estenderá por quatro dias – incluirá, segundo ele, “as questões específicas de violência, frequentes na vida de jornalistas no México e no Brasil, e também o agravamento da situação da liberdade de informação em países como Venezuela, Equador e Argentina”. Um balanço divulgado na semana passada, em Buenos Aires, dá conta desse agravamento: um estudo aponta que mais de 80% da mídia do país está hoje sob controle do governo argentino.

Os debates de Santiago foram divididos em quatro temas. O primeiro é o estado atual da liberdade de expressão no continente e seu ponto alto será a leitura, por representantes de cada um dos países, da situação da imprensa local. Depois de debatidos e votados, esses relatórios comporão o balanço final da imprensa na região.

Desafio digital

O segundo eixo será a análise dos “cenários complexos e em permanente evolução” da indústria dos meios de comunicação – leia-se, a busca de novos modelos de atuação numa sociedade cada dia mais mergulhada na cultura digital. “A velocidade do desenvolvimento do mundo digital não tem precedentes”, resume um dos textos de apresentação. Trata-se de um mundo novo em que a demanda de informação via telefones celulares “abre um novo formato para a difusão da informação”.

O terceiro tema abordará “os projetos editoriais e a geração de novas audiências”. No último deles se exporá o que se faz e o que se pensa, nos meios publicitários, para distribuir as mensagens com eficácia nos novos formatos digitais.

Esse pacote tecnológico incluirá a exposição sobre experiências bem-sucedidas de grandes ou pequenas empresas de comunicação, e não só na América Latina. Para tanto, a SIP convidou para as discussões estudiosos do tema em países europeus e nos Estados Unidos.

*GABRIEL MANZANO – O ESTADO DE S. PAULO

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