DEU NO PORTAL IMPRENSA – O grupo de humor Porta dos Fundos divulgou na última sexta-feira (10/10) um comunicado oficial sobre a decisão da Justiça Eleitoral de bloquear dois de seus vídeos no YouTube. Segundo os comediantes, a retirada dos esquetes caracteriza “censura da pior espécie”. Os vídeos removidos foram “Você me Conhece”, postado no dia 29 de setembro, e “Zona Eleitoral”, publicado em 2 de outubro. No primeiro, dois atores simulam uma propaganda eleitoral na TV estrelada por um assaltante e seu refém. No fim do esquete, o “candidato” pede voto para Anthony Garotinho – derrotado na eleição do último domingo (5/10) para governador do Rio de Janeiro.
Já o segundo vídeo, mostra Gregório Duvivier tratando a urna eletrônica como um console de videogame, reclamando de não encontrar nele nenhum candidato que o agrade. O personagem começa a digitar códigos para “destravar” novos candidatos. No fim, tecla o número 666, associado ao diabo, e lamenta: “Votei no Garotinho!”.
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro condenou o Google a retirar os vídeos do ar por entender que houve ofensa ao então candidato Anthony Garotinho. Segundo a Folha de S. Paulo, o Porta dos Fundos afirma em comunicado que “o grupo não poupa vítimas e todos os setores da sociedade são atacados democraticamente”.
“A retirada de ambos os vídeos, feita as pressas por um juiz que deveria estar regulando propaganda eleitoral, caracteriza censura da pior espécie. Assusta também a rapidez com que a justiça eleitoral age para proteger políticos, proporcional à lerdeza com que ela age para condena-los”, diz o grupo.
O Porta dos Fundos, que já recorreu de uma das decisões no Supremo Tribunal Federal e teve o pedido negado, afirma ainda que vai continuar trabalhando para trazer os vídeos de volta ao ar. “A justiça deveria servir para proteger a expressão de pontos de vista divergentes, ao invés de atacá-los. A alegação do juiz de que o vídeo denigre a imagem do Garotinho não procede: seria difícil tornar sua imagem mais suja do que ela já é. Acreditando nisso, vamos até o fim para trazermos os vídeos de volta para nosso canal”, conclui a nota.
O Prêmio Nobel da Paz de 2014 foi atribuído à paquistanesa Malala Yousafzai e ao indiano Kailash Satyarthi, ativistas dos direitos humanos “pela sua luta contra a opressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação”, justificou nesta sexta-feira (10) a Academia Nobel de Oslo, responsável pela escolha. Com o prêmio, Malala, de 17 anos, se torna a mais jovem ganhadora do Nobel, superando o cientista australiano-britânico Lawrence Bragg, que compartilhou o Prêmio de Física com o pai, em 1915, aos 25 anos.
No seu testamento, Alfred Nobel referia os contributos para o aumento da “fraternidade entre as nações” como um dos critérios para a atribuição do prêmio da Paz e foi nessa expressão que se escudou a decisão da Academia. “Apesar da sua juventude, Malala Yousafzai já luta há vários anos pelo direito das raparigas à educação e mostrou através do seu exemplo que crianças e jovens podem, também, contribuir para melhorar a sua própria situação. E fê-lo sob condições muito perigosas. Durante a sua luta heroica, tornou-se numa porta-voz fundamental para o direito das raparigas à educação”.
“Demonstrando grande coragem pessoal, Kailash Satyarthi, mantendo a tradição de Gandhi, encabeçou diversas formas de protestos e manifestações, todas elas pacíficas, focadas na grave exploração de crianças com propósitos financeiros. Ele também contribuiu para o desenvolvimento de convenções internacionais importantes no campo dos direitos humanos”, escrevem os responsáveis pela honraria concedida às vésperas do Dia das Crianças no Brasil, comemorado neste domingo (12). Embora a ONU reconheça o dia 20 de novembro como o Dia Universal das Crianças, a data varia entre os países.
Trajetória no ativismo
Malala Yousafzai, que também já recebeu um Prêmio Sakarov (do Parlamento Europeu), foi vítima de militantes do Taleban aos 15 anos, em 9 de outubro de 2012, no norte do Paquistão. Dois homens entraram na van que a levava para casa depois da aula, perguntando por ela. Depois de identificada, Malala foi atingida na cabeça. Segundo conta em sua autobiografia, amigas disseram que três tiros foram disparados, acertando ainda outras duas estudantes. Seis homens foram presos, ainda em outubro daquele ano, por ligação com o atentado.
A jovem se tornou alvo após ganhar notoriedade na luta pela educação escolar das mulheres no país. Em janeiro de 2009, o Taleban havia decretado a proibição de meninas frequentarem escolas, fechando mais de 150 instituições femininas e explodindo outras cinco no vale de Swat. Apesar disso, ela continuou seus estudos, mesmo com ameaças. A partir daí, aos 11 anos, ela passou a publicar, sob um pseudônimo, através da BBC local, um diário onde denunciava as atrocidades cometidas pelo Taleban contra meninas que iam à escola em áreas sob controle da milícia. Na sequência da publicação dos textos, o New York Times fez um documentário sobre a sua vida. Malala esteve em 2013 na ONU, onde proferiu um discurso que causou forte impacto.
Já Kailash Satyarthi é o responsável por inúmeros projetos ligados à defesa dos direitos das crianças. O mais importante é o Global March Against Child Labour, uma plataforma que agrega Organizações Não-Governamentais de todo mundo que lutam contra o trabalho infantil. Originário da Índia, onde é visto como um herói, começou aos 26 anos a dedicar-se a esta questão, conseguindo salvar crianças de fábricas indianas. Atualmente, é reconhecido como uma das pessoas que está na linha da frente contra a exploração infantil mundial.
O ativista indiano já reagiu à decisão da Academia Nobel, mostrando-se “extremamente satisfeito” com o Nobel que agora recebe. “Isto é o reconhecimento da nossa luta pelos direitos das crianças. Estou grato ao comitê Nobel por reconhecer a situação de milhões de crianças que sofrem nos tempos modernos. A honra é para todos os cidadãos da Índia. Continuarei o meu trabalho pelo bem-estar infantil”, escreveu no Twitter.
Malala estava na escola quando os vencedores do Prémio Nobel foram anunciados. Ela e a sua família moram em Birmingham, no Reino Unido, desde que a ativista foi vítima do atentado à sua vida.
As apostas variavam entre um grupo de ativistas japoneses que lutam pela manutenção de uma norma da Constituição que impede o país de se envolver em guerras; Edward Snowden, o polémico ex-espião que revelou segredos de estado norte-americanos; um jornal de oposição russo; o ginecologista congolês Denis Mukwege, pelo seu trabalho com vítimas de abusos sexuais. Malala era também apontada como uma das favoritas.
*Informações de Observador (Portugal), Reuters Brasil e Uol.
DEU NA AGÊNCIA BRASIL – No último ano, foram registrados 173 casos de violência contra profissionais e veículos de comunicação no Brasil, entre assassinatos, agressões, ataques, ameaças, detenções, intimidações, censura e condenações. O número é 27% maior que o registrado no período anterior, quando foram identificados 136 casos. Os dados constam do Relatório sobre Liberdade de Imprensa da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), que será apresentado amanhã (9) pelo presidente da entidade, Daniel Slaviero, durante a 44ª Assembleia Geral da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), na Cidade do Panamá. O levantamento foi feito com dados que vão de outubro do ano passado até agora.
De acordo com o relatório, foram registradas 66 agressões no período, sem contar com os casos ocorridos durante as manifestações na Copa do Mundo, quando houve 35 casos de violência contra profissionais e veículos de comunicação. Desse total, 30 registros são de agressões e intimidações, a maioria cometida por manifestantes e policiais militares.
No último ano, foram assassinados sete profissionais da imprensa. Segundo a Abert, depois da morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, o governo reforçou as medidas para a segurança de jornalistas durante as manifestações, mas os equipamentos de proteção individual, como coletes à prova de balas, capacetes e máscaras antigás não fizeram parte do dia a dia das equipes.
“Isso é preocupante. A Abert tem cobrado das autoridades para que essas agressões sejam devidamente apuradas e não fiquem impunes. As liberdades de expressão e de imprensa precisam de vigilância permanente, para não haver retrocessos”, avalia Slaviero. O número de ataques ao patrimônio de veículos de comunicação chegou a 15 no último ano, cinco a mais que no período anterior. Sedes de rádios e de jornais, além de automóveis, foram incendiados ou depredados.
DEU NO PORTAL IMPRENSA – O Instituto de Imprensa e Sociedade (Ipsys, na sigla em espanhol) divulgou uma nota para denunciar a autocensura de jornalistas que atuam na Venezuela. No comunicado, o órgão afirma que os repórteres evitam publicar informações com receio de retaliações governamentais. Há também, conforme a entidade, possíveis sanções de veículos por matérias prejudiciais às autoridades do país.
Segundo o portal Venezuela Al Día, a entidade identificou o problema durante um levantamento para verificar as condições de trabalho dos comunicadores na região. “A conclusão […] é o reconhecimento da autocensura como um sintoma muito grave na situação dos jornalistas”, disse Marielena Balbi, diretora do IPYS, na apresentação de “A ordem é o silêncio”.
A investigação foi realizada entre agosto e setembro deste ano e foram consultados cerca de 225 jornalistas de meios privados (89%), comunitários (5%), estatais (3%) e independentes (3%). Os repórteres entrevistados trabalham em diversas cidades venezuelanas, como Miranda, Carabobo, Zulia, Aragua, Táchira, Lara, Mérida, Anzoátegui, Falcón, Portuguesa, Barinas, Bolívar, Monagas.
Dos comunicadores entrevistados, 29% reconheceu que se autocensurou depois que o veículo em que trabalha não divulgou uma informação. Já 28% revelou que o fez para evitar ameaças contra sua segurança e integridade pessoal, enquanto 26% fizeram isso para evitar sanções e novas leis sobre meios. Além disso, 23% disseram evitar publicar um dado por mera precaução.
O estudo constatou, também, que a censura é proveniente do poder Executivo em 34% dos casos. O relatório confirma as dificuldades vivenciadas pelos meios de comunicação na Venezuela. Além da autocensura, os veículos lutam para se manter em circulação diante da falta de subsídios para a compra de papel, o que resultou na deterioração dos jornais na região.