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Jornalista criadora da “Tia Má” formaliza denúncia contra ataques racistas

“Não me calo! Fui forjada no movimento negro, aprendi desde cedo a combater todas as formas de discriminação”, escreveu a jornalista Maíra Azevedo, em sua página no Facebook. A profissional, que integra a equipe do jornal A Tarde, usou a rede social para repudiar no dia 1º de maio as agressões raciais de que foi vítima no Youtube, onde é famosa pela personagem “Tia Má”. Nesta segunda, Maíra registrou ocorrência na 1ª Delegacia, nos Barris, e avisou que dará continuidade ao processo, mesmo com a dificuldade de identificação dos agressores escondidos por trás de perfis fakes (falsos).

As ofensas foram publicadas em seu canal, nos comentários de um vídeo sobre o episódio em que o deputado Jean Wyllys cuspiu em direção ao deputado Jair Bolsonaro, durante a votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ela foi chamada de “macaca”, “escrava do Bolsa Família” e “necroloide beiçuda”, entre outras agressões. Além do racismo, ‘Tia Má’ também foi alvo de comentários machistas e teve a honra ofendida. “Associar uma pessoa negra a um macaco é, talvez, a forma mais primária de exercer o racismo. É a tentativa de negar a humanidade dessa pessoa. Racistas não terão comigo a oportunidade de exercer seus podres poderes. Sigo com meus posicionamentos. Para os racistas, a lei”.

13123097_1330825140267638_1654592466245019885_oA jornalista destacou as barreiras para formalizar a denúncia. “A busca para denunciar um crime de racismo lembra uma maratona ou gincana. Além de ter seu emocional abalado, você precisa lidar com a falta de preparo dos agentes de segurança”, criticou. “Parece que é tudo feito para deixar passar, para que o crime não tenha punição”.

Ela esteve amparada por um grupo de advogadas durante o registro na delegacia. “Levei mais de quatro horas para conseguir fazer uma ocorrência. Os agentes que estavam lá tentaram assediar as advogadas que foram comigo. E, mesmo assim, eu resisti. É duro, mas seguirei no caminho em busca de justiça. Racistas não ficarão impunes. “Nenhum passo atrás. Com toda dificuldade, eu não vou desistir. Essa denúncia não é só minha, mas de todas as pessoas que dizem se indignar com posturas racistas”.

Visibilidade

Maíra começou dando conselhos na internet, através de vídeos irreverentes. Mas, de repente, se viu rodeada de milhares de “sobrinhos”. A personagem Tia Má, que surgiu por causa de uma cantada indelicada, tem quase 80.000 curtidas em sua fanpage no Facebook e uma legião de seguidores, já tendo participado inúmeras vezes do programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo. Com humor, seu alter ego milita pelo protagonismo da mulher, contra o machismo, racismo e faz outras provocações que fazem parte da pauta das dicas da Tia Má. Ela defende que ter negros ocupando esses espaços de visibilidade ajuda a combater o preconceito.

Ataques_Naira Gomes“O racismo nos une. Não fui a única vítima de crime de racismo na internet”, analisa Maíra, em referência ao caso da antropóloga Naira Gomes, uma das organizadoras da Marcha do Empoderamento Crespo, que foi agredida na página do jornal Correio*. O agressor usou um post sobre um evento convocado pelo movimento para atacar Naira. Posteriormente, ele editou os comentários, mas ela havia capturado a tela e denunciou. “Ele é uma pessoa publica, um músico. Agora, ele vai fazer um show é na delegacia”, conta Maíra Azevedo.

Além delas, outras figuras públicas foram vítimas do mesmo tipo de crime. A atriz Thaís Araújo e a jornalista Maria Julia Coutinho, a “Maju”, denunciaram situações semelhantes no ano passado. Jogadores de futebol também são alvos constantes desse tipo de crime.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) explica que, embora impliquem possibilidade de incidência da responsabilidade penal, os conceitos jurídicos de injúria racial e racismo são diferentes. “o crime de racismo é mais amplo do que o de injúria qualificada, pois visa atingir uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça”. Ao contrário da injúria racial, cuja prescrição é de oito anos – antes de transitar em julgado a sentença final –, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível, conforme determina o artigo 5º da Constituição Federal.

*Com informações do jornal A Tarde

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ABI BAHIANA Notícias

Brasil registra queda em ranking de liberdade de imprensa

Três de maio: Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Poderia ser um dia como outro qualquer, mas não. Em pleno século 21, é importante lembrar que ela existe. Ou que pelo menos deveria. Afinal, não fazem nem duas semanas que a Turquia mandou prender uma jornalista holandesa por ter criticado o chefe de Estado turco. A mais recente análise da ONG Repórteres Sem Fronteiras mostra que a opressão ocorre não somente em regimes repressivos e aponta declínio na liberdade de imprensa, inclusive, no Brasil, que aparece com “problemas reconhecíveis”. A entidade rebaixou o país mais cinco pontos em um conjunto de 180 países – caiu da 99ª posição para o 104º lugar, atrás de países como Uganda, Líbano, Serra Leoa e Nicarágua. O rebaixamento, porém, não ocorre por repressão de governos a jornalismo crítico, mas pela adesão de empresas de comunicação a uma “agenda política antidemocrática”.

O índice leva em conta características como pluralidade de meios de comunicação, independência da mídia, transparência governamental, legislação e abusos contra jornalistas. “Com ameaças, ataques físicos durante protestos e assassinatos, o Brasil é um dos países mais violentos e perigosos para jornalistas”, diz o relatório. A corrupção é citada como uma razão para a deterioração da situação da imprensa brasileira. “Proteger repórteres [no Brasil] fica muito mais difícil devido à falta de um mecanismo nacional e a um clima de impunidade abastecido por uma corrupção onipresente”.

A organização destaca que a propriedade dos meios de comunicação no Brasil continua concentrada em mãos das famílias mais ricas, ligadas à classe política. De acordo com o documento, o problema dos “coronéis midiáticos”, que a RSF descreveu em 2013 em seu relatório “O país dos 30 Berlusconis” continua intocável. “Os ‘coronéis’ são usualmente proprietários de terras, industriais, que também são deputados ou governadores, e controlam a opinião pública em suas regiões através dos meios de comunicação. Como resultado, os meios de comunicação são fortemente dependentes dos centros de poder político e econômico”.

Só no ano passado (2015), 110 jornalistas, 27 pessoas que trabalhavam como jornalistas (não profissionais) e sete funcionários de órgãos de comunicação morreram por terem exercido a sua profissão. O advogado egípcio e ativista de direitos humanos Gamal Eid também é vítima da repressão. Ele está sendo processado no Cairo, acusado de “difamação de seu país”. “Estes são tempos sombrios para a imprensa e a liberdade de expressão e os direitos humanos em geral”, acredita. “Hoje é perigoso trabalhar como jornalista ou expressar sua opinião em um romance, na internet ou em um jornal”. Na Turquia, jornalistas que criticam o Governo são levados aos tribunais de forma sistemática, e páginas na internet são bloqueadas.

Tolerância Zero

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) exigiu nesta terça-feira (03.05.) “tolerância zero” para os que “ataquem jornalistas ou debilitem a liberdade de imprensa”, num comunicado divulgado a propósito do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Na apresentação de um relatório sobre a liberdade de imprensa no mundo, o presidente da FIJ, Jim Boumelha, declarou um “compromisso inabalável para processar todos aqueles que intimidem, ameacem ou ataquem” os jornalistas, bem como os seus “direitos e liberdades”. O estudo foi realizado a partir de uma sondagem feita aos filiados da FIJ e a maioria dos inquiridos indicou que a situação da liberdade de imprensa piorou nos seus países. O relatório revela ainda “uma generalização da autocensura como resultado da impunidade, dos ataques físicos e da intimidação dos jornalistas”.

Segundo Boumelha, o relatório constitui “um balanço preocupante das várias violações da liberdade de imprensa que enfrentam” os associados da FIJ, sindicatos de jornalistas, mostrando “a lamentável falta de vontade de numerosos governos e autoridades para agirem em defesa dos jornalistas”. “Em muitos países, as leis relativas ao direito de negociação coletiva são ignoradas ou infringidas pelos proprietários dos media e pelos governos”, refere o relatório. A FIJ representa cerca de 600.000 membros em 139 países.

Fonte: Deutsche Welle, FIJ, Terra

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Liberdade de imprensa está em seu nível mais baixo em 12 anos

A liberdade de imprensa diminuiu em todo o mundo em 2015, afetada pela violência contra jornalistas no Oriente Médio, a intimidação no México e as restrições à liberdade de expressão em Hong Kong, advertiu a organização não-governamental Freedom House. O estudo anual do grupo pró-democracia salienta que a liberdade de imprensa no mundo caiu para seu nível mais baixo em 12 anos.

O relatório dispara o alarme sobre o assédio, a intimidação e os ataques contra a imprensa no México. De acordo com uma recente avaliação de outra ONG, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), 92 jornalistas foram mortos e 17 estão desaparecidos no México desde 2000.

A Freedom House também expressa preocupação com Hong Kong, onde o desaparecimento em 2015 de cinco pessoas ligadas a uma editora local de livros críticos ao governo chinês “aumentou os temores de que Pequim está descumprindo o seu acordo de ‘um país dois sistemas'”. A investigação realizada em 199 países e territórios conclui que a percentagem da população mundial que vive em áreas onde vigora a liberdade de imprensa diminuiu 13%.

De acordo com a ONG, grande parte do problema é o “crescente partidarismo e a polarização” de opiniões e a intimidação e ataques contra jornalistas. “Estes problemas são mais agudos no Oriente Médio, onde governos e milícias pressionam jornalistas e meios de comunicação para que tomem partido, criando um clima de ‘ou está conosco, ou está contra nós’, demonizando quem se nega a ser manipulado”, destaca o informe.

Por outro lado, a China “é um dos locais mais restritivos do mundo para a prática do jornalismo” e a situação piorou em 2015, com o aumento da censura para bloquear informações sobre determinados temas, como o sistema financeiro e a poluição ambiental. No outro extremo, no topo da lista dos países que mais respeitam a liberdade de imprensa estão Noruega, Bélgica, Finlândia, Holanda e Suécia.

*Informações da AFP (via Zero Hora)

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