*Nelson Cadena
Quatro longos anos aguardou o Sindicato de Jornalistas da Bahia, a carta sindical, marco de sua fundação, em 14 de abril de 1951, setenta anos transcorridos neste mês. Desde 1947 o Sindicato reivindicara, junto ao Prefeito de Salvador Helenauro Sampaio, alguns benefícios para a categoria. Não as benesses de praxe (descontos nos transportes públicos, passagens aéreas, gratuidade nos cinemas), mas uma ação mais efetiva. Os jornalistas baianos pediram isenção do imposto predial e obtiveram. Na prática, o benefício demorou. Por não ter o referendo da carta sindical e a quitação do imposto pago pelas empresas jornalísticas, o que só ocorreu, em 1952.
O poeta Aureo Contreiras foi o idealizador e primeiro presidente do hoje Sinjorba, tendo como parceiros de diretoria Alberto Vita, liderança do partido comunista, tio do jornalista Fernando Vita e Mário Sandes. Contreiras foi um dos destacados integrantes da revista literária Samba, correspondente na Bahia do jornal Correio da Manhã e diretor da revista Luva, fundada por Severo dos Anjos, que teve entre seus colaboradores Afranio Peixoto, Mario Paraguassu e Carlos Chiacchio.
Na imprensa diária foi colaborador de A Tarde, sempre trazendo assuntos instigantes como o artigo publicado, em 1942, e reproduzido por outros jornais, “O valor dos cordões e das batucadas no Carnaval”. Foi fundador e diretor dos mais atuantes da Associação Bahiana de Imprensa, por mais de 40 anos. E foi o primeiro diretor, remunerado no caso dele, do Museu Casa de Ruy Barbosa. No tempo em que comandou o Sinjorba, além de diretor da Casa de Ruy, presidia a Assembleia Geral da Associação Bahiana dos Cronistas Desportivos-ABCD.
Em 1952, O Sinjorba promoveu eleições para renovação de sua diretoria, duas chapas disputaram, vencendo a encabeçada pelo jornalista Heron de Alencar no embate do voto contra Roschild Moreira, irmão da jornalista Zilah Moreira, correspondente do Estadão na Bahia, durante a ditadura militar. A eleição foi realizada no Museu Casa de Ruy Barbosa, sede provisória da ABI. Na chapa eleita, figuravam, dentre outros, os jornalistas Kleber Pacheco, Claudio Tavares, Walfrido Moraes e Edgard Curvelo, avô do atual secretário de comunicação do Estado, André Curvelo.
Em 1954, nova eleição de diretoria, convocada para ser realizada novamente nas instalações do Museu Casa de Ruy Barbosa da ABI. Desta vez não teve embate. Eleito para o novo mandato, Kleber Pacheco de Oliveira encabeçando a chapa que contava, na diretoria executiva, com Nelton França, Alberto Vita, Mário Sandes e Antônio Virgilio Sobrinho. Integravam, também, a diretoria, dentre outros, Luís Henrique Dias Tavares, Antônio Roberto Pellegrino (que mais tarde seria um dos presidentes do Sinjorba), Jorge Vital de Lima e Walfredo Reis. Inácio de Alencar sucedeu Kleber Pacheco, em 1956.
Nesses primórdios do Sinjorba a valorização do trabalho profissional foi uma das bandeiras do Sindicato. Uma das maiorias conquistas foi em 1956 quando a entidade obteve 50% de aumento salarial para a clase , em memóravel sessão no Tribunal presidida pelo desembargador, jornalista e celebrado músico (compositor e letrista) Carlos Coqueijo Costa.
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