ABI BAHIANA

Debates e lançamentos editoriais encerram comemoração de 93 anos da ABI

Importância da diversidade nas redações, combate às fake news e um passeio pela memória. Esses foram alguns dos destaques do encerramento da programação pelo aniversário da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), que aconteceu neste sábado (16), no Auditório Samuel Celestino, localizado na sede da entidade, no Edifício Ranulfo Oliveira, no Centro Histórico de Salvador.

Ao longo de um mês, desde o dia 17 de agosto, a entidade vem promovendo eventos e debates para celebrar seus 93 anos. O último dia da programação batizada de “ABI, 93 anos vivendo a história do Brasil na Bahia” teve dois painéis do quarto eixo temático sobre Cultura, democracia e diversidade. A data também contou com o lançamento de uma edição especial da Revista Memória da Imprensa e do catálogo da exposição Ginga Nagô, que homenageia a obra do fotojornalista Anízio Carvalho.

>> Link para a gravação – https://www.youtube.com/live/FovFad8fJZc?si=W6jxo1h17UBjWh_W

“O encerramento da programação e o saldo para os dois painéis do sábado foram muito bons. Já havia, claro, uma expectativa grande com relação ao lançamento da revista e do catálogo. O resultado também deixou a gente muito satisfeito e nada mais gratificante do que ver a felicidade de Anízio, que tem a idade da ABI”, destacou o presidente da entidade, Ernesto Marques.

Depois de uma manhã de intensas atividades, convidados e participantes puderam acompanhar uma jam session promovida pela banda Rita Tavarez Quarteto. Além dos músicos, o momento foi aberto a contribuições de quem mais quisesse cantar ou tocar algum instrumento. Todo o evento foi transmitido em tempo real pelo canal da ABI no YouTube.

Diferenças

O dia começou com os acordes da guitarra de Gregory Baratoux, logo na abertura do evento, para a recepção do público. Em seguida, teve início o primeiro bloco, intitulado “Diversidade nas Redações: As redações refletem o perfil da sociedade? Como abordar as diferenças sem estigmatizar?”.

Este painel contou com a participação dos jornalistas Danila de Jesus e Jorge Gauthier, e do fotógrafo e podcaster Matheus Lens. O debate foi mediado pela 1ª presidente da ABI, Suely Temporal, que, a partir desta segunda-feira (18), assumirá o comando da associação como presidente interina.

Danila de Jesus, que é coautora de obras como “Guia Diversidade nas Redações – um guia para gestores(as), editores (as), jornalistas” e doutoranda em Cultura e Sociedade, destacou que a comunicação tem a mesma fotografia dos grupos de poder.

“Se comunicação é poder, a gente sabe que, no Brasil, a pobreza tem cor. Quando a gente fala de espaços de poder, a gente está falando que são espaços apartados dessa diversidade”, afirmou, citando também grupos como ciganos e indígenas, que estão na base das pirâmides das notícias. “É importante pensar diversidade como interseccionalidade”, acrescentou.

Já Jorge Gauthier, que criou o Me Salte, canal LGBTQIA+ do Jornal Correio, lembrou que não se trata apenas de apresentar números que mostram que empresas têm quadros diversos. “Onde essas pessoas estão? Elas estão em posição de direcionar o conteúdo jornalístico? Acho que mais importante até do que falar em diversidade é observar de que maneira os números estão sendo aplicados. Que mensagem a gente está passando para a sociedade?”, questionou.

O fotógrafo e podcaster Matheus Lens é responsável pelo “Fala Preto Podcast”,  que promove conversas protagonizadas principalmente por pessoas pretas, a respeito de tópicos como saúde, música, moda, empreendedorismo e política. No podcast, Matheus contou que conseguiu fazer comunicação da forma como acredita.

“Diversidade e inclusão são palavras que hoje em dia têm sido muito utilizadas, mas, na prática, não é assim. Tem o teste do pescoço, que é uma forma de análise de olhar para o lado. Existe de fato diversidade nos meios de comunicação? E não é só pessoa preta e branca, mas pessoa trans, pessoa com deficiência, indígena? Será que tem? Por que não tem? A falta dessas pessoas impacta demais na produção desses veículos”, pondera.

Mediando o debate, Suely Temporal trouxe o questionamento da estigmatização. Ela pontuou como é importante conquistar esses espaços sem estigmatizar as pessoas que alcançarem essas posições de poder.

Para Matheus Lens, o diálogo é a base para alcançar isso, mas é preciso perseguir o que ele chamou de inversão da pirâmide. De acordo com ele, seria o momento de trazer pessoas da base da pirâmide da produção para o topo. “Se vai um dia acontecer, não sei.  Mas estou esperançoso que possa ser refletido de forma igual”.

Além disso, outra forma de abordar o assunto seria o que Danila de Jesus chamou de “chamar para a roda”. “É pautar e chamar pessoas para conversar. É chamar para os processos de decisão, que estão até na reunião de pauta. Como é difícil pautar os nossos territórios na mídia tradicional? Será que no Calabar e no Alto das Pombas só tem criminalidade? Tem que trazer essa diversidade de corpos e territórios para dentro da redação. Não existe fortalecimento da democracia sem jornalismo diverso”, enfatizou.

O jornalista Jorge Gauthier, por sua vez, lembrou de um dos momentos que inspirou a criação do canal Me Salte. Há alguns anos, foi pautado para cobrir a “parada gay”, algo que lhe incomodou. “Voltei para a redação com um texto que dizia ‘a parada não é sobre gays, não existe parada gay’. As pessoas não entendiam ou não queriam saber que não é só de homens gays que se forma esse anagrama”, disse, referindo-se à sigla LGBTQIA+.”Só vai ter diversidade se os pensamentos forem diversos. Se não tiver pessoas da periferia, pessoas gordas, pessoas negras, essas pautas não vão aparecer”.

Digital

O segundo painel do dia, que teve como título “O PL das Fake News ameaça a democracia?”, contou com a participação do jornalista e professor Yuri Almeida e a mediação do jornalista e radialista Ernesto Marques, presidente da ABI.

Em sua exposição, Yuri reforçou que jornalistas têm um papel fundamental no combate às fake news. Ele explicou, inclusive, que ainda que muita gente associe fake news à tecnologia, elas já existiam muito antes disso, sob diferentes formatos.

“Nosso desafio é que as fake news têm compartilhamento muito maior do que as notícias. É impossível prever de onde isso vai sair. Você tem laboratórios no mundo inteiro criados para construir fake news”, explicou.

Embora elas sejam potencializadas pela inteligência artificial, ainda existem pessoas que atuam diretamente para a circulação desses conteúdos. Além disso, as empresas de tecnologia, como as big techs, têm dado respostas insuficientes para esse enfrentamento, ao passo em que as fake news tendem a se proliferar em ambientes de ódio.

“Às vezes, a gente fica muito descrente do papel do jornalismo. Como vou combater, se as notícias circulam mais rápido?”, lembrou, citando o exemplo das agências de verificação de notícias.

No Nordeste, não há nenhuma iniciativa do tipo atualmente – todas as experiências estão no eixo Sul-Sudeste. “Cadê nossa visão empreendedora para isso? Somos profissionais, sabemos fazer apuração e contar histórias. Existem algumas histórias que precisam ser desmentidas. Esse pode ser um caminho para o futuro”, concluiu.

História

Também na manhã deste sábado, o lançamento da quarta edição da revista Memória da Imprensa, em seu número especial de aniversário, fez parte do projeto “Memória da Imprensa – A História do Jornalismo Contada Por Quem Viveu”. Cada publicação conta histórias de jornalistas veteranos que foram importantes para a construção do trabalho de imprensa no estado. 

Nesta edição, leitores vão poder conferir os relatos de Lady Eva, Alexandre Seixas, Zé de Jesus Barreto, Nelson Cadena e Vitor Hugo Soares, além de artigos sobre a programação pelo aniversário da ABI. “Foi um desafio, realmente, mas o resultado foi gratificante.

É a primeira vez que estou envolvida na produção e foi um dos trabalhos mais gratificantes de dizer que nasceu”, reforçou a diretora de comunicação da ABI, Jaciara Santos, responsável pela coordenação geral da publicação. 

Já o catálogo da exposição Ginga Nagô foi diagramado pela Bamboo Editora e entregue a todos os visitantes do Museu de Imprensa neste sábado. Desde abril, a mostra está disposta no museu, que fica no andar térreo do Edifício Ranulfo Oliveira.

A exposição traz registros fotográficos de momentos históricos da Bahia e do Brasil a partir das lentes do fotojornalista Anízio Circuncisão de Carvalho, que, tal qual a ABI, completou 93 anos em 2023. A mostra tem curadoria do jornalista de imagem Manu Dias.

“Graças a Deus, eu fotografei todos os eventos difíceis na Bahia. Fotografei a Rainha Elizabeth II, Martha Vasconcelos, Mãe Menininha, Mãe Stella…Fui um felizardo porque não tive tempo de ir à faculdade. Eu estudei o primário e o jornal me ensinou muita coisa. Graças a Deus, esse catálogo veio complementar meu resto de vida”, disse ele, que agradeceu nominalmente à ABI e ao presidente da entidade Ernesto Marques, durante o lançamento.

O fim da programação ainda contou com uma jam session para celebrar a existência da ABI. “Somos uma entidade de defesa corporativa e, nesse momento de defesa do jornalismo, estamos sempre a postos. Mas, para que a gente tenha ânimo nos momentos mais difíceis, é importante que a gente tenha também momentos como esse de confraternização e alegria”, ressaltou Marques.

No comando da jam session, a jornalista Rita Tavarez preparou, com o quarteto, um repertório especial, com clássicos da Música Popular Brasileira. “A gente pegou várias vertentes da nossa música e é um prazer muito grande estar aqui fazendo parte dessa dessa revitalização da ABI. Estou muito feliz”, comemorou.

A programação técnico-científica e cultural do ciclo “ABI, 93 anos vivendo a história do Brasil na Bahia” teve como parceiras incentivadoras as seguintes empresas e instituições: Tribunal de Contas do Estado da Bahia, Prefeitura Municipal de Salvador, Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – ABAF, Suzano Papel e Celulose, Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás, Sebrae Bahia, Assembleia Legislativa da Bahia, Governo do Estado da Bahia e o portal Bahia Notícias. A produção ocorre em parceria com a Empresa Júnior de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, a Produtora Júnior.

Assista no Youtube da ABI:

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ABI BAHIANA

ABI encerra programação de aniversário com debates e lançamentos editoriais e música

Neste sábado, dia 16 de setembro, a Associação Bahiana de Imprensa fecha a comemoração dos seus 93 anos com os dois painéis do quarto eixo temático – Cultura, democracia e diversidade, além de lançamentos editoriais: uma edição especial da Revista Memória da Imprensa e o catálogo da exposição Ginga Nagô, do fotojornalista Anízio Carvalho.

O evento gratuito e aberto ao público acontece às 9h, no auditório da entidade, na Praça da Sé, Centro Histórico de Salvador. Também será possível acompanhar pelo Youtube da ABI (@abi_bahia). O encerramento, às 13h, terá uma jam session conduzida pela jornalista Rita Tavarez (voz e violão), Estevam Dantas (teclado), Marcus Sampaio (baixo), Waguinho (bateria) e aberta aos participantes que quiserem cantar ou tocar algum instrumento. A ideia é permitir o improviso com a mistura de estilos musicais.

Desde o dia 17 de agosto, data de fundação da ABI, a instituição realiza semanalmente discussões sobre temas estratégicos para a comunicação no estado, além das atividades estatutárias, como reuniões e assembleia ordinárias. Já passaram pelo Auditório Samuel Celestino nomes de referência na cena nacional, com abordagens sobre a PEC do diploma, direitos autorais de jornalistas e fotojornalistas, assédio judicial, violência contra a imprensa, empreendedorismo, comunicação digital e IA, além do lançamento do livro do jornalista Jolivaldo Freitas.

A agenda de sábado começa com os painéis do quarto eixo temático – Cultura, democracia e diversidade. O primeiro bloco, “Diversidade nas Redações”, traz os jornalistas Danila de Jesus e Jorge Gauthier, e o fotógrafo e podcaster Matheus Lens; e “O PL das Fake News ameaça a democracia?”, com o jornalista e professor Yuri Almeida e mediação do jornalista e radialista Ernesto Marques, presidente da ABI.

Memória

O projeto “Memória da Imprensa – A História do Jornalismo Contada Por Quem Viveu” registra experiências de jornalistas veteranos cujas atuações marcaram a imprensa da Bahia. (Confira as três edições já publicadas)

A 4ª edição está pronta para dar voz a Lady Eva, Alexandre Seixas, Zé de Jesus Barreto, Nelson Cadena e Vitor Hugo Soares, e trazer artigos relacionados com as discussões dos painéis integrantes da agenda dos 93 anos da ABI. A publicação representa mais um ciclo do projeto, antes apresentado no formato de documentários.

Ginga Nagô

Com curadoria do jornalista de imagem Manu Dias, a exposição Ginga Nagô valoriza a genialidade de Anízio Circuncisão de Carvalho, ao disponibilizar ao público uma verdadeira aula de História.

As lentes desse baiano de Conceição da Feira eternizaram acontecimentos marcantes da história da Bahia e do Brasil, com destaque para as coberturas do período da ditadura militar e campanhas políticas, manifestações culturais e religiosas, além da cena artística e o cotidiano da vida baiana. Neste sábado, o público que visitar o Museu de Imprensa, no andar térreo do edifício-sede da ABI, receberá um exemplar do catálogo da mostra, diagramado pela Bamboo Editora.

A programação técnico-científica e cultural do ciclo “ABI, 93 anos vivendo a história do Brasil na Bahia” tem como parceiras incentivadoras as seguintes empresas e instituições: Tribunal de Contas do Estado da Bahia, Prefeitura Municipal de Salvador, Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – ABAF, Suzano Papel e Celulose, Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás, Governo do Estado da Bahia e o portal Bahia Notícias. A produção ocorre em parceria com a Empresa Júnior de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, a Produtora Júnior.

SERVIÇO

ABI, 93 anos vivendo a história do Brasil na Bahia – Eixo 4: CULTURA, DEMOCRACIA E DIVERSIDADE + Lançamento da 4ª edição da Revista Memória da Imprensa e do catálogo da exposição Ginga Nagô
Data: 16 de setembro
Hora: das 9h às 13h
Local: Auditório Samuel Celestino (8º andar do Edifício Ranulfo Oliveira – Rua Guedes de Brito, 1, Praça da Sé, Centro Histórico de Salvador)
Evento gratuito

  • Saiba mais sobre os convidados do dia 16/set:

Eixo 4 – VIDA REAL NO MUNDO DIGITAL – CULTURA, DEMOCRACIA E DIVERSIDADE

9h – Diversidade nas Redações. As redações refletem o perfil da sociedade? Como abordar as diferenças sem estigmatizar?

Danila de Jesus – Baiana, jornalista, mestre em Estudos Étnicos e Africanos, doutoranda em Cultura e Sociedade, pesquisadora Associada do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, ambos pela Universidade Federal da Bahia. Docente no ensino superior, também atuou como coordenadora dos cursos de jornalismo e publicidade, na graduação. É coautora do livro “Racistas são os Outros – contribuição ao debate lusotropicalista em África, Brasil e Portugal” e do “Guia Diversidade nas Redações – um guia para gestores(as), editores (as), jornalistas”, pela Énois Escola de Jornalismo.

Jorge Gauthier – Jornalista formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e ativista LGBTQIAP+, especialista em marketing (USP), marketing estratégico (UNIFACS) e jornalismo científico com ênfase em Saúde (UFBA). Já atuou em diversos segmentos da comunicação, com ampla experiência em reportagens especiais, chefia de reportagem, gestão de pessoas e projetos, além de produção de conteúdo impresso e digital.

Matheus Lens – Fotógrafo e estudante de jornalismo, possui um podcast de entrevistas intitulado “Fala Preto Podcast”, cuja função é reunir em um espaço, conversas protagonizadas principalmente por pessoas pretas, abordando diversos assuntos como saúde, música, moda, empreendedorismo, política e outros. Trabalha com o empoderamento de pessoas pretas por meio da produção de editoriais que contam histórias.

10h30 – O PL das Fake News ameaça a democracia?

Yuri Almeida – Jornalista e professor. Mestre em Comunicação e Cultura (UFBA), especialista em Marketing (USP), Estratégia e Liderança Política (FESPSP), Psicologia Social e Antropologia (FAMEESP) e Jornalismo Contemporâneo (Unijorge).

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ABI BAHIANA

ABI promove encontro com apoiadores da agenda comemorativa aos 93 anos

Na manhã desta quarta-feira (13), a Associação Bahiana de Imprensa (ABI), localizada no Edifício Ranulfo Oliveira, no Centro Histórico de Salvador, promoveu um encontro com parceiros incentivadores da agenda comemorativa aos 93 anos da instituição. A programação de hoje incluiu a reunião mensal da diretoria executiva e um painel sobre IA e uso de dados no jornalismo, ministrado pelo jornalista e professor Yuri Almeida.

A reunião ordinária contou com um fato inédito na história da entidade: pela primeira vez, em 93 anos de existência, a ABI foi presidida por uma mulher. Na ocasião, a 2ª vice-presidente da entidade, Suely Temporal, abriu e conduziu os trabalhos da atividade estatutária.

Foi um prenúncio do próximo mês: a partir de segunda-feira (18), a entidade será presidida por Suely, que substituirá o presidente Ernesto Marques e o 1º vice-presidente, Luis Guilherme Tavares, ambos em período de férias. Na ocasião, Suely disse se sentir honrada com a confiança.

“É uma responsabilidade muito grande e eu fico grata. É também um marco que nós, mulheres, estejamos galgando esses espaços na ABI”, disse.

Tecnologia: vilã?

“Existem os lados positivos, os negativos e os lados que a gente precisa aprender a conviver. Olhar a tecnologia como uma vilã ou como algo que vai acabar com determinadas práticas jornalísticas não é muito inteligente”. Com essas palavras, o jornalista e professor Yuri Almeida reforçou a importância do uso das tecnologias e da inteligência artificial para o jornalismo.

Intitulado “Ética em tempos de comunicação digital e inteligência de dados”, o painel apresentado por Almeida integrou mais uma edição do Ciclo Temas Diversos, promovido mensalmente a cada reunião da diretoria executiva da entidade. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal do YouTube da ABI. (Assista aqui)

“Quando a gente fala de tecnologia, a gente está falando de humanidade. Se formos pensar nos principais pensadores da comunicação, a tecnologia é extensão do homem, como diz McLuhan”, destacou o professor, citando o teórico da comunicação eternizado pela máxima “o meio é a mensagem”.

Reprodução/Youtube

Yuri Almeida falou sobre aplicações e conceitos para a inteligência artificial. Segundo ele, diariamente, as pessoas entregam seus dados gratuitamente às plataformas digitais. Assim, os usuários acabam deixando um rastro de consumo.

“Antes, a gente tinha a família se reunindo na frente da televisão ou do rádio e se informando sobre temas comuns. Hoje, cada um tem um feed completamente individualizado e não necessariamente as manchetes dos jornais têm tanto impacto na formação da agenda pública, como tinham antigamente”, pondera ele, que é mestre em Comunicação e Cultura.

O presidente da ABI, Ernesto Marques, destacou a programação de mais um dia de atividades. “Tivemos um importante momento com o professor Yuri Almeida sobre as implicações éticas da comunicação digital e a introdução da inteligência artificial como recurso acessível para todo mundo, porque isso também impacta o nosso trabalho”, disse.

Agradecimento

Além do painel, a agenda teve outro momento importante: um almoço com parceiros da ABI que apoiaram a celebração dos 93 anos da instituição. Como boa “bahiana com H” – como os diretores da Casa costumam frisar – a ABI ofereceu caruru e pratos típicos da terra, para agradecer o incentivo à programação técnico-científica e cultural que vem sendo promovida desde o dia 17 de agosto, data da fundação da entidade. Os representantes das empresas e órgãos apoiadores receberam placas de homenagem.

Entre os parceiros da ABI estão o Tribunal de Contas do Estado da Bahia, a Prefeitura Municipal de Salvador, a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – ABAF, Suzano Papel e Celulose, a Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás, o Governo do Estado da Bahia, a Assembleia Legislativa da Bahia, o Sebrae Bahia e o portal Bahia Notícias.

Representando a ABAF e a Suzano, a jornalista Yara Vasku expôs o ponto de vista das duas organizações, que veem sustentabilidade como um tripé entre economia, meio ambiente e pessoas.

Foto: Adilton Venegeroles

“Nos interessa sempre estar presente ou apoiar todas as iniciativas de interesse da sociedade, seja do ponto de vista da economia, do meio ambiente ou das pessoas. E nada melhor do que a imprensa, do que ter a informação circulando de forma correta e profissional”.

Já o presidente do TCE, Marcus Presídio, enfatizou a satisfação de representar o órgão, que completou 108 anos no mês passado. Ele lembrou que seu tio-avô, Joel Presídio, integrou a diretoria da ABI.

Foto: Adilton Venegeroles

“O TCE não poderia ficar de fora dessa homenagem justa e do reconhecimento da existência da ABI no sentido da preservação da história. A única coisa que eu gostaria também de registrar é a necessidade de os jornalistas mais jovens também estarem presentes e conhecerem a ABI, assim como a importância dessa entidade”, pontuou.

Foto: Adilton Venegeroles

Por sua vez, o editor-chefe do Bahia Notícias, Fernando Duarte, reforçou a contribuição da entidade para os princípios que regem a democracia e a república. “A ABI e os veículos são parte disso. Para o Bahia Notícias, é relevante entender o papel social de instituições como a ABI para que a gente mantenha a defesa dos princípios republicanos. Em 93 anos, ela já passou por muito da história do Brasil. Passamos por uma ditadura, passamos por um processo de redemocratização. A ABI é a preservação da nossa própria história enquanto povo”.

O diretor de Jornalismo da Prefeitura Municipal de Salvador, Luan Santos, e a jornalista Ana Vilalva representaram a secretária municipal de Comunicação, Renata Vidal.

Foto: Adilton Venegeroles

Prefeitura Também presente no evento e representando a Bahiagás, Fernanda Souza falou da importância histórica da ABI para a Bahia. “É muito valoroso ver profissionais jornalistas mantendo a história da Bahia. Sem sombra de dúvidas, a gente se sente muito orgulhoso de fazer parte. Certamente, estaremos aí com outros projetos”, finalizou.

Foto: Adilton Venegeroles

Próximo encontro

O ciclo “ABI, 93 anos vivendo a história do Brasil na Bahia” conta com a produção de estudantes vinculados à Empresa Júnior de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, a Produtora Júnior.

A programação de aniversário da ABI será encerrada no dia 16 de setembro (sábado), com os dois painéis do quarto eixo temático – Cultura, democracia e diversidade, além do lançamento de uma edição especial da Revista Memória da Imprensa e do catálogo da exposição Ginga Nagô, do fotojornalista Anízio Carvalho.

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ABI BAHIANA

Inteligência artificial e uso de dados no jornalismo são tema de painel promovido pela ABI

“Existem os lados positivos, os negativos e os lados que a gente precisa aprender a conviver. Olhar a tecnologia como uma vilã ou como algo que vai acabar com determinadas práticas jornalísticas não é muito inteligente”. Com essas palavras, o jornalista e professor Yuri Almeida reforçou a importância do uso das tecnologias e da inteligência artificial para o jornalismo.

O tema foi debatido na manhã desta quarta-feira (13), em um encontro na sede da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), localizada no Edifício Ranulfo Oliveira, no Centro Histórico de Salvador. Como parte da programação pelo seu aniversário de 93 anos, a entidade vem promovendo, desde o dia 17 de agosto, debates e encontros sobre o fazer jornalístico e as lutas da imprensa.

Intitulado “Ética em tempos de comunicação digital e inteligência de dados”, o painel apresentado por Almeida, integrou mais uma edição do Ciclo Temas Diversos, promovido mensalmente a cada reunião da diretoria executiva da entidade. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal do YouTube da ABI.

“Quando a gente fala de tecnologia, a gente está falando de humanidade. Se formos pensar nos principais pensadores da comunicação, a tecnologia é extensão do homem, como diz McLuhan”, destacou o professor, citando o teórico da comunicação eternizado pela máxima “o meio é a mensagem”.

Além do painel, a agenda desta quarta-feira também teve outros momentos importantes: a reunião ordinária da diretoria executiva, presidida pela primeira vez por uma mulher, e o almoço com parceiros que apoiaram a celebração dos 93 anos da instituição.

O presidente da ABI, Ernesto Marques, destacou a programação de mais um dia de atividades. “Tivemos um importante momento com o professor Yuri Almeida sobre as implicações éticas da comunicação digital e a introdução da inteligência artificial como recurso acessível para todo mundo, porque isso também impacta o nosso trabalho”, disse.

Aplicações

Yuri Almeida falou sobre aplicações e conceitos para a inteligência artificial. Segundo ele, diariamente, as pessoas entregam seus dados gratuitamente às plataformas digitais. Assim, os usuários acabam deixando um rastro de consumo.

“Antes, a gente tinha a família se reunindo na frente da televisão ou do rádio e se informando sobre temas comuns. Hoje, cada um tem um feed completamente individualizado e não necessariamente as manchetes dos jornais têm tanto impacto na formação da agenda pública, como tinham antigamente”, pondera ele, que é mestre em Comunicação e Cultura.

De acordo com Almeida, ainda existe muita falta de conhecimento técnico e dificuldade para compreender o fenômeno da inteligência artificial, o que acaba levando a uma visão rasa de que robôs dominariam o mundo. Nos últimos meses, por exemplo, o ChatGPT despontou como um dos ícones da inteligência artificial.

No entanto, uma plataforma como ChatGPT, segundo ele, seria apenas a ponta do iceberg das possibilidades da inteligência artificial. É preciso, contudo, garantir que essas ferramentas sejam usadas com transparência. Daí a importância de os jornalistas também compreenderem o seu uso.

Alguns dos principais receios com a inteligência artificial incluem o medo de que essas tecnologias influenciem cidadãos a tomar atitudes contra si (a exemplo do suicídio), de que elas produzam fake news em larga escala e de uma chamada “alucinação das máquinas”, que é quando uma máquina começa a responder a comandos diversos dos definidos pelos humanos.

“Entra uma questão de que elas (ferramentas e empresas de tecnologia) precisariam de regulação. O capitalismo não vai resolver esse problema sozinho. Ainda existe gente impulsionando fake news e existe conteúdo malicioso circulando livremente. Se a gente acreditar que, sozinhas, as big techs vão regular isso, não vai acontecer”, sentencia o professor.

Ainda assim, Almeida acredita na possibilidade de que essas plataformas sejam usadas positivamente para o jornalismo. “Por que não usar a inteligência artificial para combater a própria fake news? Como a gente pode fazer isso para fortalecer o próprio jornalismo? Enquanto algumas pessoas enxergam como o fim do jornalismo, eu vejo como algo muito positivo para ser guardião da democracia. Precisamos entender melhor esses processos para a gente se apropriar deles, ganhar dinheiro, pensar novos negócios e garantir o princípio democrático”, acrescenta.

>> Assista ao painel “Ética em tempos de comunicação digital e inteligência de dados”, por Yuri Almeida:

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