Uma imagem publicada no Twitter da fotojornalista Nadia Abu Shaban comoveu o mundo na última semana. O registro mostra um menino sírio de quatro anos que levantou as mãos, em um sinal de rendição, ao confundir a câmera fotográfica com uma arma. Na internet, a foto se tornou um viral e foi compartilhada milhares de vezes, além de virar notícia em vários jornais pelo mundo. Na legenda da foto publicada na última terça-feira (24/3), a fotojornalista que presta serviços para a agência de notícias AlJazeera, do Catar, relata que a criança pensou que o fotógrafo estava com uma arma quando apontou a câmera para clicá-la.
Segundo um usuário do serviço de hospedagem de imagens Imgur, o registro foi feito em 2012 pelo fotojornalista turco Osman Sagirli no campo de refugiados Atmen, na fronteira da Turquia com a Síria, e retrata o menino Adi Hudea. Ele teria perdido o pai no bombardeio a Hama – uma das maiores cidades sírias, no oeste do país, e uma das mais devastadas pelo conflito – e, depois, sido transferido para o acampamento com a mãe e três irmãos. A princípio, circulou pelas redes sociais a versão de que a foto seria de uma menina e teria sido feita neste ano.
O flagrante mostra a realidade da Síria, onde mais de sete milhões já deixaram suas casas e mais de 200 mil morreram desde o início da guerra civil iniciada em março de 2011. De um lado, o ditador sírio Bashar Al Assad luta contra rebeldes que são contra o governo. De outro, os jihadistas extremistas do grupo terrorista Estado Islâmico que quer instaurar um califado no país.
*Informações do Portal IMPRENSA e da Folha Vitória.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou nesta terça-feira (24) que o grupo extremista Estado Islâmico (EI) já treinou cerca de 400 crianças para combater na Síria, noticia a France-Presse. “Os jihadistas submetem as crianças, a quem chamam de `filhos dos leões do Califado”, a intensivos treinos militares e religiosos nos territórios que controlam na Síria”, afirma a Organização Não-Governamental com sede em Londres. “O chocante é que não escondem que usam crianças, ao contrário, se orgulham disso”, denuncia, por sua vez, Nadim Hury, diretor adjunto para o Oriente Médio da Human Rights Watch. Denúncias de tortura, estupro e emprisionamento de mulheres também vieram à tona. Apesar disso, cerca de 550 mulheres, segundo levantamento da consultoria de segurança The Soufan Group, com sede nos Estados Unidos e no Reino Unido, engrossam o exército dos terroristas na Síria e no Iraque.
A ação do grupo, que também recruta jovens na América Latina, deixou de ser algo distante e já se estende ao Brasil, de acordo com informações divulgadas no último domingo pelo jornal O Estado de S.Paulo. De acordo com a publicação, setores de inteligência do governo brasileiro teriam detectado tentativas de atração de jovens do país pelo Estado Islâmico (EI). O jornal apurou que o Palácio do Planalto recebeu relatórios de órgãos diferentes alertando para o problema e que os órgãos de inteligência vêm trocando informações. A estratégia do governo brasileiro é se antecipar aos possíveis movimentos do grupo, detectando as formas de cooptação. Fontes envolvidas afirmaram à reportagem que o tema foi alvo de discussão na última semana na Casa Civil, da qual participaram representantes de nível operacional do Ministério da Justiça e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Vários vídeos difundidos nas redes sociais, em contas ligadas ao EI, mostram crianças carregando escopetas, disparando e rastejando no chão em treinamento de guerrilha. Nas imagens, as crianças também são vistas estudando textos religiosos em torno de uma mesa redonda. O grupo radical sunita já utilizou dez crianças como terroristas suicidas na Síria. O diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, indicou que os adolescentes têm a possibilidade de se tornar combatentes pagos. “O EI tenta atrair as crianças com dinheiro e armas. Quando atingem a idade de 15 anos, esses meninos têm a opção de virar verdadeiros combatentes que recebem salário”, acrescentou, explicando que as crianças não são obrigadas a lutar, porém é o que acabam por fazer já que não vão à escola, nem trabalham. “Trata-se de uma lavagem cerebral”, completa o diretor.
Recrutamento de mulheres
Mulheres empunham metralhadoras em foto divulgada em uma rede social do EI – Foto: Reprodução/Twitter
O islamismo praticado no EI é interpretado como hostil às mulheres, de inteira submissão aos maridos e também aos líderes do próprio grupo terrorista, que muitas vezes determinam quando e com quais guerrilheiros elas devem se casar, de acordo com relatos de pessoas que escaparam da milícia. Apesar disso, o número de dissidentes ocidentais que se juntam ao grupo aumentou bastante nos últimos anos – em torno de 3.400, de acordo com autoridades do Exército americano, em balanço de fevereiro.
O UOL coletou informações de estudos e opiniões de especialistas, divulgadas em entrevistas ou em artigos à imprensa, para explicar as razões e circunstâncias que levam algumas mulheres a escolher o caminho do extremismo. O site mostrou que, dentro de sua estrutura de recrutamento de estrangeiros, o Estado Islâmico possui diferentes estratégias para atrair as mulheres, e, muitas vezes usam a idolatria e a ingenuidade como ingredientes. Os militantes utilizam Twitter, Facebook e outras redes para criar uma relação de confiança com as jovens mulheres e coletar informações sobre elas, como a aparência física, utilizada como instrumento de motivação aos guerrilheiros solteiros, e o histórico de relacionamento das garotas com a família e pessoas próximas. Em busca de aproximar mulheres que queiram participar efetivamente do conflito armado, o grupo até sinaliza que elas podem fazer parte do exército –fotos de mulheres com metralhadoras aparecem eventualmente em postagens nos perfis ligados ao grupo nas redes sociais.
*Informações da France-Presse, Bahia Notícias, Estadão e UOL.
O Estado Islâmico, que já recruta jovens na América Latina, estende seu proselitismo ao Brasil. Setores de inteligência do governo brasileiro teriam detectado tentativas de atração de jovens do país pelo Estado Islâmico (EI), informa o jornal O Estado de S. Paulo. Os recrutados atuariam como “lobos solitários” — pessoas que não integram listas internacionais de terroristas e têm maior mobilidade para realizar atentados isolados em diferentes países. O jornal apurou que o Palácio do Planalto recebeu relatórios de órgãos diferentes alertando para o problema e que os órgãos de inteligência vêm trocando informações. A estratégia do governo é se antecipar aos possíveis movimentos do grupo, detectando as formas de cooptação.
Um dos objetivos dos relatórios é alertar a presidente Dilma Rousseff de que, apesar da tranquilidade até agora do governo brasileiro, há um “fator de risco” que não pode ser desprezado. Envolvidos na discussão dizem que “a luz amarela está acesa”. A principal preocupação da Casa Civil, responsável pela coordenação das discussões internas sobre a questão, é a Olimpíada de 2016. Fontes envolvidas afirmaram à reportagem que o tema foi alvo de discussão na última semana na Casa Civil, da qual participaram representantes de nível operacional do Ministério da Justiça e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Pelas investigações, apesar de o Brasil não ter histórico de terrorismo, o interesse do EI é ampliar o espectro de recrutamento de novos militantes, hoje concentrado na Europa, para a América do Sul. Policiais europeus já estiveram em Brasília no mês passado para troca de informações com o governo brasileiro. Conforme o Estadão, a Casa Civil confirmou, em nota, que a prevenção ao terrorismo foi tratada em reunião do grupo de trabalho de segurança pública em grandes eventos na semana passada. No entanto, o governo negou que o recrutamento de brasileiros pelo EI fez parte do encontro.
Hoje, milhares de europeus sem vínculo original com o islamismo participam de ações terroristas na Síria e no Iraque. Trata-se de uma espécie de fenômeno cultural maligno. Parece que o relativismo que tomou conta da cultura ocidental — ambiente que tende a considerar todas as escolhas justificáveis e igualmente válidas — empurra frações da juventude para a busca de um valor absoluto, ainda que seja o terror.
DEU NO G1 (da REUTERS) – O Irã realizou uma quantidade “profundamente perturbadora” de execuções no ano passado e não manteve a promessa de proteger minorias étnicas e religiosas, afirmou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira em seu relatório anual sobre a situação dos direitos humanos no país. O documento do escritório do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ao Conselho de Direitos Humanos da organização catalogou as preocupações da ONU com as violações de direitos humanos no Irã contra mulheres, minorias religiosas, jornalistas e ativistas.
Na lista de países com o maior número de execuções em todo o mundo, o Irã aparece em segundo lugar, atrás da China – Foto: MEHR
O relatório foi publicado no mesmo mês em que o Irã e grandes potências esperam selar um acordo preliminar sobre o programa nuclear iraniano, que Teerã diz que poria fim às sanções que sofre atualmente. Na segunda-feira, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, reclamou ao conselho sobre “dois pesos e duas medidas” e “uma compulsão quase incontrolável” para politizar temas.
Acredita-se que o Irã executou pelo menos 500 pessoas entre janeiro e novembro de 2014, e possivelmente muitas mais, afirma o relatório. A maioria das vítimas não teve um julgamento justo, e mais de 80 por cento dos executados estavam envolvidos com drogas, afirma o documento. “O secretário-geral continua profundamente preocupado com o ainda grande número de execuções, incluindo de prisioneiros políticos e de jovens”, declarou, repetindo um pedido da ONU de moratória à pena de morte e de proibição de execução de jovens. O relatório diz que o Irã não manteve a promessa de seu presidente, Hassan Rouhani, de “ampliar a proteção a todos os grupos religiosos e fazer emendas na legislação que discrimina minorias”.