Blog das vidas

Morre Geraldo Sarno, permanece sua arte

Aos 83 anos, faleceu nesta terça (22) o cineasta baiano Geraldo Sarno em decorrência de complicações causadas pela Covid-19. Sarno estava internado no Hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro, há um mês. O diretor e roteirista é um dos grandes nomes do cinema baiano, tendo impactado diretamente na produção moderna do Brasil. A Associação Bahiana de Imprensa lamenta profundamente sua partida e prestigia o legado deixado pelo cineasta. Ele completaria 84 anos no dia 6 de março.

Nascido em Poções, em 1938, e filho de imigrantes italianos, Geraldo Sarno retratou nas telas o chamado “Brasil Profundo”, da desigualdade social e da cultura popular e afro-brasileira. Dirigiu 17 filmes ao longo de sua carreira, entre eles, a sua segunda produção “Viramundo” (1965) o tornaria reconhecido. Ali, ele aborda o tema das migrações sertanejas para a metrópole de São Paulo. O sertão voltaria à baila de Sarno em sua última produção, “Sertânia” (2020), lançado no Festival Ecrã, que chamou a atenção dos críticos. No filme, o cangaceiro Antão, sobrevivente de Canudos, é ferido por jagunços que invadem a cidade de Sertânia e, em seu estado próximo da morte, ele rememora, em delírio, a sua vida. 

José Umberto Dias, cineasta e escritor, recorda a grandeza de Sarno para o cinema nacional. “‘Viramundo’, curta-metragem de Geraldo Sarno, é o porta-bandeira do movimento Cinema Novo. ‘Yaô’, média-metragem filmado na cidade de Cachoeira, constitui a âncora do cinema antropológico global”, declara. “Com ele se encerra um ciclo: o cíclico movimento de pensamento e ação. Geraldo conseguiu contribuir na mudança do cinema e na convicção de que o mundo é possível de se transformar com o acento da utopya poética”, completa, referenciando a obra de Thomas More. 

O jornalista e crítico de cinema Rafael Carvalho, membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), classificou a partida de Geraldo Sarno como “uma perda lastimável”. “Sua obra perpassa pela valorização da cultura brasileira e nordestina, de um Brasil profundo, seja nos documentários feitos no início de carreira por meio da Caravana Farkas [tempo de parceria com o fotógrafo Thomaz Farkas], como a obra-prima ‘Viramundo’ e ‘Viva Cariri’, seja nas obras de maturidade, como o longa ‘Coronel Delmiro Gouveia’, e desembocando na reinvenção do filme e do imaginário nordestino com ‘Sertânia’ (…). Cineasta dos mais lúcidos e perspicazes, capaz de lançar um olhar agudo para nossas mazelas, Sarno carregava um sertão dentro de si mesmo”. 

“O diretor Geraldo Sarno (…) pôs a civilização do Nordeste no centro de seu projeto cinematográfico”, afirma o jornalista Cláudio Leal. Em publicação em sua rede social, o crítico cultural recordou uma entrevista feita com o diretor sobre o último filme lançado. “(…) No ano passado, entrevistei-o para a ‘Folha de S.Paulo’ sobre o longa ‘Sertânia’, que trouxe para Sarno um merecido reconhecimento crítico. ‘Na tragédia brasileira, se tem alguém que é inocente, é o povo. Ele é vítima de todas as sacanagens terríveis’, ele me disse. É triste que se vá com a Covid”, completa o crítico. 

Geraldo Sarno foi homenageado com uma Moção de Pesar apresentada pelo presidente em exercício da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), Paulo Rangel (PT). O deputado recordou que o diretor é um dos grandes nomes do cinema baiano ao lado de Glauber Rocha.

O projeto Linguagem do Cinema vem trabalhando na construção de um acervo dos filmes e programas feitos pelo diretor. Você pode acessá-lo por aqui.

Com informações do portal G1 e da Folha de S. Paulo.

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ABI lamenta a morte do jornalista feirense Helder Alencar

A Associação Bahiana de Imprensa-ABI lamenta profundamente e comunica o falecimento do jornalista, advogado e historiador Helder Loyola Guimarães de Alencar, vítima de complicações provocadas pela covid-19, na madrugada de hoje.

Helder Alencar foi um destacado profissional da imprensa feirense, atuou em diversos veículos de comunicação da cidade. Como jornalista, foi editor-chefe do jornal Feira Hoje, tendo sido um dos primeiros editores do jornal. Helder Alencar foi o responsável por uma geração de repórteres da imprensa de Feira de Santana, através do jornal Feira Hoje.

Exerceu também a atividade jurídica na cidade. Foi procurador jurídico da UEFS, por várias décadas. Helder Alencar teve participação direta, na implantação da UEFS na década de 70. Foi também Chefe de Gabinete do Governo João Durval na gestão municipal de 1967-1971. Era torcedor do Fluminense de Feira e participou de diversas diretorias do Feira Tênis Clube.

O enterro de Helder Alencar será hoje (9), às 11h, no Cemitério Piedade. Não haverá velório, em virtude dos protocolos sanitários contra a covid.

A ABI presta a sua solidariedade à família, neste momento difícil pela perda do seu ente querido. Aos familiares nossos sentimentos, solidariedade e fé cristã.

Associação Bahiana de Imprensa –ABI
Jair dos Santos Cezarinho
Presidente da Regional Norte/Nordeste

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Jornalismo baiano perde Cesar Barrocas

Faleceu na última sexta-feira (10) o jornalista baiano Cesar Barrocas, lembrado principalmente pela sua atuação como assessor de comunicação da Secretaria de Saúde do município de Salvador durante os governos Antônio Imbassahy e João Henrique. Formado pela Faculdade de Comunicação da UFBA, egresso da turma de 1987, Barrocas também foi repórter do jornal Tribuna da Bahia e também teve passagem pela Secretaria de Comunicação do Governo do Estado. De acordo com reportagem do jornal Correio, ele lutava há 11 anos contra um câncer de tireoide. Ele deixa esposa e um filho. O velório e cremação ocorreu no sábado (11) no Cemitério Jardim Bosque da Paz.

Nas redes sociais, amigos homenagearam Barrocas. “Um grande profissional, um colega atento que me ajudou e ensinou muito quando vim pra Bahia”, afirmou o apresentador Jhonatã Gabriel. Compartilhando uma foto com Barrocas rodeado de um grande grupo de colegas, Jorginho Ramos escreveu: “Despedidas são sempre tristes, mas… lembrar da última cena que vivenciamos com amigos leais e sinceros é algo que os mantém eternos”. Outra lembrança de reuniões de amigos veio de Bene Simões. “Nos conhecemos em meados da década dos anos 1980 na redação da Tribuna da Bahia. Desde então ele foi uma pessoa presente na minha vida e da família e, creio, sempre será, mesmo em outro plano”, lembrou. “Cesinha Barrocas, um amigo desde o cursinho pré-vestibular, da residência de Conquista até o Curso de Comunicação”, recordou Karde Mourão.  Emitiram nota de pesar a Faculdade de Comunicação e o Sindicato de Jornalistas da Bahia, o Sinjorba.

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Colegas e amigos recordam trajetória de Duda Mendonça

Um dos grandes marqueteiros baianos, Duda Mendonça faleceu na manhã desta segunda (16), aos 77 anos de idade. Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para tratar de um câncer cerebral. Em junho, contraiu covid e teve de ser intubado. 

Sua trajetória foi marcada pelo trabalho com políticos cujas imagens estavam desgastadas por escândalos, como Maluf, ou pela reputação de “radical”, como Lula. Elegeu ambos, Maluf em 90 e Lula em 2002. Duda também emplacou a candidatura de Pedro Lopes, ex-primeiro-ministro de Portugal. 

Colegas de profissão e políticos que trabalharam com Duda recordaram o papel que teve na comunicação política brasileira. O ex-presidente Lula (PT) o classificou como um “gênio”. “O seu trabalho na campanha de 2002 já está na história como uma das campanhas mais bonitas e sensíveis da nossa história. Em um momento em que o Brasil sofria com uma crise aguda, racionamento de energia e miséria, Duda Mendonça produziu filmes e mensagens de muita sensibilidade, de que a esperança venceria o medo”, afirmou em nota. 

Mário Kertész, radialista e ex-prefeito de Salvador, também credita ao publicitário a sua vitória nas eleições municipais de 85. “Duda saía do óbvio. Ele buscava o diferente. Não era aquele bolodório de ‘emprego e renda’. Era campanha feita com emoção. Ele era isso”, diz Mário Kertész em entrevista à Rádio Metro1.  A campanha de Kertész marcou a estreia de Duda no mundo da comunicação política. 

O coordenador do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, Robério Marcelo Rodrigues, afirma que a ausência de Duda será sentida por todos os comunicadores. “Conhecido por ser um dos grandes nomes do marketing político brasileiro e pelas suas memoráveis campanhas publicitárias, Mendonça foi um dos contribuintes para o reconhecimento do modo baiano de fazer comunicação”.

Para a Bahia, Duda deixa a herança de ter fundado a DM9, uma das principais agências brasileiras de publicidade, e de ter inspirado outros tantos profissionais da comunicação. “O editor deste blog perde um amigo e uma das maiores fontes de inspiração. Foi o genial Duda Mendonça que sugeriu, numa caminhada no Farol da Barra, o nome deste blog: ‘Amilcar, você não tem amigo nem inimigo, você é um repórter’. A partir daí nasceu este blog”, recorda o jornalista José Amílcar, Nem Amigo Nem Inimigo.

Para o Brasil, fica como legado a música “Cheiro de Amor”, gravada por Maria Bethânia. A letra, escrita por Duda em parceria com Paulo Sérgio Valle, foi originalmente formulada como um jingle para um motel. Bethânia a escutou durante uma visita à Bahia, se apaixonou pela canção e pediu a permissão de Duda para gravar. O resultado foi esse.

O cineasta e compositor, Jorge Alfredo, pensa nesse acontecimento como algo que sintetiza o modo como o marqueteiro trabalhou, com emoção e sensibilidade. “Aquele cara que fez um jingle de motel, assim; “de repente, ficou rindo à toa sem saber porque…”  , o mesmo cara que com a música de Vinicius de Moraes fez aquela campanha da Óticas Ernesto! O cara que elegeu um metalúrgico Presidente do Brasil! Você vivia a vida com a intensidade dos sábios”.

Informações do Correio* e rádio Metro1.

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