Um estudo realizado pelo Instituto Verificador de Comunicação (IVC) apontou crescimento de 4% na circulação dos cinco maiores jornais do Brasil no primeiro semestre de 2015, em comparativo feito com o mesmo período do ano passado.
Segundo Meio&Mensagem, a versão impressa que mais cresceu foi a do Zero Hora, com 14%, seguido por Estadão (4%), Folha de S.Paulo (3,6%), Super Notícia (1,9%) e O Globo (0,8%). Ao todo, os cinco veículos circularam uma média mensal de 1,429 milhão de exemplares durante janeiro e junho. Em 2014, foram 1,375 milhão.
O comparativo ainda apontou que o crescimento do impresso foi impulsionado pela crescente apresentada nas edições digitais dos jornais. Somente na Folha, o digital já representa 43% de circulação, enquanto em O Globo representa 38% e no Estadão 33%.
A agência de comunicação carioca Goldoni Comunicação e Marketing lançou nos Estados Unidos o jornal semanal Imprensa News, para atender a comunidade brasileira que vive na região da Flórida. O veículo será produzido nas versões impressa e on-line, ambas em português. A primeira edição impressa do Imprensa News começou a ser distribuída no dia 23 de julho, em alguns pontos de circulação. A ideia da empresa é fazer com que cada edição do jornal tenha 15 mil exemplares.
A jornalista e editora-chefe do veículo, Kelly Goldoni, afirmou que a ideia apareceu depois de uma visita a Orlando. “Observei que os jornais locais eram pouco informativos e muito comerciais. Decidi, então, que ofereceria aos brasileiros que moram lá um jornal de verdade, ético e isento”, afirmou. De acordo com Kelly, os leitores terão acesso a notícias sobre o cotidiano da região, bem como colunas sobre imigração, turismo, política internacional, tecnologia, e outros assuntos. Ela diz ainda que a ideia da criação do jornal foi “bem recebida por empresas locais que se tornaram anunciantes”.
O Imprensa News contará com as mídias sociais para avaliar o retorno do público. As jornalistas Maria Augusta de Nóbrega e Marília Meira serão responsáveis pelo conteúdo na web. Ao todo, o jornal conta com uma equipe de dez pessoas. Entre elas estão as jornalistas Hellen Couto e Patrícia Vivas, os colunistas Paulo Paternes e Dênio Abreu e uma equipe técnica comandada pelas editoras Kelly Goldoni e Lene Costa.
*Informações do Portal IMPRENSA e Portal Comunique-se.
De todos os meios que compõem o sistema de comunicação do Brasil, o jornal é, talvez, o que mais sofre com as crises que abalam o setor desde o final dos anos 90. Jornais e revistas perderam audiência, enquanto a Internet e a TV por assinatura ganharam terreno. Mas, a credibilidade dos jornais ultrapassa o papel e se estende a outras plataformas, como a web, os tablets e os smartphones. Um estudo divulgado pelo Instituto Verificador de Comunicação (IVC) apontou que os cinco maiores jornais em circulação no país tiveram crescimento no primeiro quadrimestre de 2015, em comparação com o mesmo período do ano anterior. De acordo com a pesquisa, a migração dos veículos para o meio digital tem forte influência na queda da comercialização do jornal impresso, que segue como fonte essencial de informação e são a base dos posts nas redes sociais.
Segundo o levantamento, a Folha, líder entre os jornais do país, teve uma circulação média de 361.231 exemplares nos quatro primeiros meses do ano, o que configura uma alta de 6,4% na comparação com 2014. A circulação média de O Globo – o segundo colocado no ranking do IVC – registrou alta de 3,7%, alcançando o montante médio de 320.374 exemplares. Houve aumento também na circulação do Super Notícia, que atingiu média de 314.766 (um acréscimo de 1,7%) e no Estadão, que alcançou circulação média de 250.045 exemplares (alta de 5,5%).
Entre os cinco primeiros do ranking, o maior crescimento foi do Zero Hora, que fechou o quadrimestre com circulação média de 201.178 (13% mais do que o registrado no mesmo período de 2014). O digital tem uma forte participação nesses dados. Em abril deste ano, 44,6% da circulação total da Folha já era composta por edições digitais. No Globo, a fatia do digital já corresponde a 37%. Esse crescimento pode ter a participação da inclusão das versões digitais, que em muitos casos formam combos com as assinaturas impressas compradas pelos assinantes tradicionais. Resta saber se são novos leitores ou são os mesmos leitores que compram dois produtos com o mesmo conteúdo.
Reinvenção ou Decadência?
Em todos os segmentos da mídia houve profundas transformações nos últimos cinco anos, e a convergência tecnológica continua sendo fator decisivo. Tarefa difícil é distinguir as fronteiras dos vários meios de comunicação. Apesar do visível impacto da convergência midiática nos processos de produção do jornalismo, até agora, nenhum jornal importante arriscou uma mudança mais radical, abolindo a apresentação da informação do dia anterior, mas quase todos têm aumentado o espaço dos colunistas, das seções de opinião, das análises e artigos explicativos publicados em forma de box ou como textos de apoio ao noticiário.
Para o professor Luiz Magalhães, editor do site Observatório da Imprensa, aprofundar o debate público, trazer ao leitor textos e reportagens que possam servir para reflexão sobre os temas, por exemplo, podem tomar o lugar da simples apresentação dos fatos do dia anterior, que o leitor já terá visto na televisão e Internet. “A reinvenção do jornalismo impresso depende de que os executivos dos jornais e os profissionais que trabalham nos impressos atentem para a velocidade das mudanças nas outras mídias – Internet e televisão digital à frente. Ou se reinventam e agregam valor ao noticiário, ou podem acabar perdendo a guerra, seja ela travada eletronicamente ou mesmo nas gráficas”.
A credibilidade dos jornais já ultrapassa o papel e se estende a outras plataformas, como a web, os tablets e os smartphones. Jornais continuam sendo fonte essencial de informação e são a base dos posts nas redes sociais, das conversas entre amigos e das reuniões de empresas. Também se mantêm fortes para lançar, fortalecer e renovar marcas e produtos, aumentando a visibilidade das campanhas publicitárias. As conclusões são de um levantamento feito pela agência de publicidade Lew’Lara/TBWA para identificar a imagem dos jornais junto a diferentes públicos, que será a base de uma campanha que a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a indústria jornalística lançam no 10º Congresso Brasileiro de Jornais, que termina hoje (19) em São Paulo.
O objetivo é mostrar aos leitores e ao mercado anunciante que a instituição “jornal” continua sendo um dos meios de comunicação mais fortes do mercado. — Os jornais impressos ainda são os campeões de credibilidade — diz Ricardo Pedreira, diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ). Pedreira cita uma pesquisa recente feita pelo Ibope, a pedido da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal, que aponta que 53% dos 18,3 mil entrevistados que leem jornais impressos confiam nas notícias publicadas e que 57% das pessoas que pesquisam notícias na web o fazem por meio de sites de jornais.
Segundo o diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais o leitor tem a percepção de que a informação impressa no jornal “é fruto de um trabalho profissional, com investimento de recurso e tempo”, diferentemente do conteúdo das redes sociais. Ele diz ainda que a credibilidade do noticiário também transborda para a publicidade veiculada nos jornais. — Quem está lendo o jornal acaba detendo mais sua atenção também nos anúncios, se dispersa menos — afirma Pedreira. Luiz Lara, chairman da Lew’Lara/TBWA, confirma que quando o anunciante quer dar mais confiabilidade à propaganda o meio escolhido é o jornal impresso.
Para o publicitário o mercado reconhece que a credibilidade dos meios mais antigos “é insubstituível”. A leitura de jornal está se renovando graças aos novos formatos criados com a expansão da internet, de acordo com quatro dirigentes de grandes veículos do país. Isso significa que os jornais nunca tiveram tanta audiência diante das diferentes formas de distribuição de conteúdo.
— O que queremos mostrar com a campanha é que as pessoas buscam a leitura do jornal nas multiplataformas pela mesma razão: credibilidade — afirma Marcello Moraes, diretor geral da Infoglobo, que edita os jornais O GLOBO, “Extra” e “Expresso”. Ele observa que esse contexto derruba alguns paradigmas, como o de que jovem não lê jornal. Moraes, que é membro do Comitê de Gestão da ANJ, lembra que a ideia de fazer uma campanha para mostrar ao mercado anunciante e ao público em geral as transformações que estão acontecendo nos jornais surgiu um ano atrás.
O primeiro passo foi fazer um diagnóstico da imagem que o meio tem entre diferentes públicos, por meio da pesquisa da Lew’Lara/TBWA.
— Após esse levantamento, nasceu o conceito “Jornal. Está em tudo”. A campanha terá um anúncio mostrando que a notícia do jornal é a mesma compartilhada nas redes sociais — explica Moraes.
O conceito multiplataforma já vale para todas as áreas, da redação ao relacionamento com assinantes e anunciantes, e os jornais estão se adaptando a essa nova realidade, desenvolvendo soluções específicas para cada meio. Mas o diretor-presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita, lembra que o jornal impresso continuará sendo, por muito tempo, a base principal do jornalismo de credibilidade.
— Em muitos casos, coisas que saem antes na web só se consolidam na versão impressa. Está ficando cada vez mais clara a força das marcas construídas ao longo de décadas. Em qualquer meio, a qualquer hora, as pessoas, em paralelo a ter informações de várias fontes, buscam aquelas reconhecidas para construir e validar sua visão e interpretação sobre os fatos — afirma Mesquita.
Na avaliação dele, num ambiente cada vez mais saturado de oferta informativa, o público — especialmente o mais qualificado — busca “portos seguros” para formar sua opinião. Por isso não há dúvida de que a formação de marcas de produtos e serviços está intimamente ligada a ambientes informativos de alta credibilidade, complementa Mesquita.
Assim como o mundo digital permitiu a cada pessoa ser um produtor e difusor de conteúdo, com circulação maior e mais rápida de informações, também trouxe a incerteza quanto à confiabilidade da mensagem, acredita Antonio Manuel Teixeira Mendes, diretor-superintendente do Grupo Folha. É nesse ponto que os jornais podem alicerçar suas posições no mundo digital, acredita ele:
— Somos e seremos relevantes porque produzimos informação crível. Este patrimônio é que nos permitirá, cada vez mais, rentabilizar nossas marcas e produtos no ambiente digital.
Segundo Antonio Manuel, várias medidas vêm sendo adotadas nas redações para consolidar a posição de veículo multiplataforma do jornal:
— Entre elas, posso citar a integração da redação, impresso e digital, em um único corpo. A composição de equipes multidisciplinares envolvendo tecnologia, redação, marketing e publicidade para o desenvolvimento de produtos. Além disso, há o contínuo investimento em tecnologia da informação e o alinhamento de campanhas publicitárias e comunicação, fortalecendo a marca do jornal, independentemente da plataforma.
Para Marcelo Rech, diretor-executivo de Jornalismo do Grupo RBS (que edita, entre outros veículos, o diário “Zero Hora”), a notícia publicada no jornal dá uma espécie de “certificação” ao que é veiculado na internet. Rech afirma que o leitor tem consciência de que o jornal levou décadas para construir uma marca sólida e sabe que essa reputação pode ser destruída rapidamente caso não haja zelo com a apuração das informações:
— Portanto, se o jornal está aí há tanto tempo, o leitor sabe que há um motivo para isso. E esse motivo é a credibilidade. É inevitável a relação que o leitor faz da credibilidade com o jornal.
* Com informações de O Globo via ABI – Associação Brasileira de Imprensa