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Centro Histórico recebe programação tradicional neste São João

Com objetivo de valorizar a cultura do Nordeste, uma programação bastante tradicional promete esquentar as noites de São João do Centro Histórico de Salvador. Adelmário Coelho, Virgílio, Cicinho de Assis, Flávio José, Dorgival Dantas e Trio Virgulino são algumas das atrações que vão passar pelos palcos montados no Largo do Pelourinho, Terreiro de Jesus e no Cruzeiro de São Francisco, já a partir desta quinta (22). O festejo gratuito é mais uma alternativa para baianos e turistas que optaram por não viajar para as cidades do interior do estado. O “São João da Bahia”, que acontece também em Paripe (subúrbio ferroviário), segue até sábado (24), com mais de 50 atrações.

E tem forrozeiro já se preparando para a festa, como o cantor e compositor Targino Gondim, que se apresenta no Terreiro de Jesus, no dia 24. Trabalhando e levando o forró e a cultura do povo sertanejo para o País o ano inteiro, o São João tem, para o artista, um valor ainda mais especial.

“Fico sempre muito feliz de ser convidado e fazer parte desta festa em Salvador, porque o São João é o nosso palco, de todos os forrozeiros ligados à tradição. É muito legal quando estamos tocando e sentimos o público também, é um momento de muita alegria para ambos. E o Pelourinho já tem as cores, as luzes, preparado para receber as famílias, e a música vem dar esse toque final”, contou ao jornal Tribuna da Bahia.

Acidente

Nesta terça (20), o palco instalado no Terreiro de Jesus desabou, deixando feridos quatro pessoas que trabalhavam no local. De acordo com o Corpo de Bombeiros, os trabalhadores estão fora de perigo. Responsável pelo evento promovido pelo Governo do Estado, a Superintendência de Fomento ao Turismo (Bahiatursa)  informou que, após a liberação da perícia técnica, a montagem da estrutura foi retomada.

A previsão é de que a instalação do palco seja concluída até a tarde de hoje (22), o que manterá a programação da festa. “Foram adotadas todas as providências necessárias para garantir a retomada da montagem. A Bahiatursa, solidária, espera a pronta recuperação dos operários que sofreram o acidente”, diz nota divulgada pelo órgão.

*Com informações do jornal Tribuna da Bahia

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Opinião: Amar a cidade

Por Aloísio da Franca Rocha Filho*

Não se ama uma cidade apenas porque aí se nasce. O amor à pessoa, natural, precede o amor à cidade. O amor à cidade é um sentimento mais tardio. Chega com a idade da razão, a percepção, a inteligência e o sentimento do indivíduo antenados à vida prosaica urbana que estimula gostos por lugares naturais e espaços urbanos, o que neles se constroem ou não para o convívio social. Por isso, o amor à cidade jamais escapou dos laços afetivos dos indivíduos. Suas confissões públicas lotam a literatura, as artes, a filosofia, a arquitetura, a canção. O exemplo maior procede mais uma vez da Antiguidade e de duas cidades ícones e rivais: Atenas e Esparta.

Este tema – o amor à cidade – recentemente alimentou-se de uma boa nova que lhe deu asas. O Rio de Janeiro.  Primeira cidade do mundo a receber o título de  Patrimônio Artístico Mundial como Paisagem  Cultural, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Nada mais justo para o Rio, para os cariocas, e por que não para nós brasileiros que, de há muito, nos deleitamos com o Rio, ele mesmo uma paisagem, incrustado em belas paisagens. Talvez até um reconhecimento tardio desta obra de Deus que a mão do carioca ora conserva e melhora ora agride e mexe para baixo a sua beleza. Coisas próprias do ser humano atuando como uma “espécie de deus protético” (Freud),que deambula daqui para ali com suas criações na busca da felicidade, mas parece hoje não se sentir feliz com tal semelhança.

O Rio de Janeiro continua lindo. Com todos os seus problemas. A sua recente descoberta pelo olho mundial pós-moderno confirma o que o Rio fotografou de há muito no olho da tradição e entre nós: beleza e sedução.

Mas um pedaço da Bahia, o Centro Histórico de Salvador e nele encravado o Pelourinho, também  recebeu em 1985, o honroso titulo de Patrimônio Artístico e Cultural da Humanidade da mesma UNESCO. Menos pela passagem do dedo de Deus por ali (embora não Lhe faltem invocações),mas mais pelo reconhecimento do seu valioso acervo arquitetônico historicamente marcado pelos trabalhos do senhor e do escravo, do artesão e do homem livre, enfim, da carne na pedra.

Seus frutos: igrejas e conventos, sobrados e monumentos, praças e fontes, ruas e calçadas, calhas e esgotos. Ali circulavam homens, mulheres e crianças para seus trabalhos e lazeres, o comércio do suprimento e reposição de mercadorias, o sobe e desce das gentes da cidade alta para a baixa. O Centro Histórico e o Pelourinho eram um lugar de uso, de concentração de serviços, de equipamentos públicos  e também de odores.

No passado recente projetos equivocados contribuíram para evanescer essa mobilidade. Hoje desértico, perigoso, um oásis da droga e do crime. Ao turista resta a foto-lembrança de um espaço público em decomposição. Contudo, lá sopra o que mais sutil se move e se reinventa: o vento fresco, colonial e  barroco da acrópole na cara dos passantes a rodopiar, ainda, as saias das mulheres baianas e das turistas.

Vivemos então em uma cidade também porque a amamos, e desejamos continuar neste território.  A perda de um espaço público dessa magnitude cultural debilita a sociabilidade, rebaixa a nossa auto-estima, cava um lugar de dor no nosso corpo.

Tanto mais quando uma cidade, ou parte dela, ganha foros de Patrimônio Cultural da Humanidade. Aí ela dá um salto. Ela que nunca foi só de seus filhos – muitos ainda pensam assim- mas, de todos os que a pretendem, se alarga.  Neste sentido, ela não se globaliza, se mundializa. Sem amor uma cidade não vive. Nem resiste.

Os atuais poderes público municipal e estadual conservam  este patrimônio da Humanidade na Bahia? Os futuros o revitalizarão?

Amar aqui é verbo transitivo. Amar a cidade. No plano da língua estamos salvos porque carece totalmente poder ao poder político a metamorfose do transitivo em intransitivo. Mas este poder político pode deixar morrer parte do Centro Histórico de Salvador (Pelourinho), espaço significativo da cidade e aqui objeto do transitivo amar. Se o poder político chegar até lá dolorosamente perguntaremos: amar o quê?

*Aloísio da Franca Rocha Filho é jornalista e diretor da ABI – Associação Bahiana de Imprensa. Originalmente publicado no Jornal A Tarde.

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ABI BAHIANA Notícias

ABI discute desafios da implantação do Memorial da Resistência

O ciclo “Três novos endereços de Cultura” está de volta. Dessa vez, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) vai realizar um debate para traçar reflexões sobre as dificuldades na implantação do projeto “Memorial da Resistência Carlos Marighella”. O evento, que será realizado no dia 12 de agosto, às 9h30, trará à sede da ABI o arquiteto Pasqualino Magnavita, a professora Maria Teresa Navarro de Brito Matos e o advogado Carlos Augusto Marighella, filho do militante Carlos Marighella (1911-1969) – um dos mais conhecidos opositores ao regime militar e defensor das liberdades democráticas no país.

O projeto para a criação do Memorial da Resistência é uma bandeira levantada há anos por diversos movimentos sociais e ganhou força em 2011, quando, por iniciativa de Carlos Augusto Marighella, foi encaminhado o pedido ao Governo do Estado da Bahia. Nos casarões de números 28 e 30 da Rua João de Deus, no Pelourinho, o governo estadual pretende implantar até o final de 2014 o Memorial da Resistência Carlos Marighella. O espaço vai guardar e expor documentos e obras daqueles que combateram a opressão na Bahia, desde lutas como a Revolta dos Malês (1835) e a Sabinada (1837-38) até embates mais recentes, com destaque para a oposição à Ditadura Militar.

Debater a situação em que se encontra o projeto e buscar meios para torná-lo realidade é o propósito do debate que será promovido pela ABI. “A ABI escolheu a data de 12 de agosto porque nesse dia, em 1798, os sediciosos contra o jugo português, contra a escravidão e a favor de um Brasil independente e justo com o seu povo panfletaram as principais vias da Cidade do Salvador com boletins em que expunham as principais reivindicações do movimento. A data nos pareceu apropriada para debater o projeto do Memorial de Resistência”, explica o presidente da entidade, Walter Pinheiro.

A discussão sobre o Memorial da Resistência dá continuidade às reflexões propostas pela ABI, com o apoio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). A primeira edição do evento abordou a situação da primeira sede do governo primaz da Igreja Católica, o Palácio Arquiepiscopal de Salvador, que passa por intenso processo de arruinamento. O debate iniciado no dia 22 de abril, com a palestra do arquiteto e professor Francisco Senna, foi retomado no dia 29 de maio pelo arcebispo de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger. No último dia 29, a Arquidiocese de São Salvador da Bahia e a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na Bahia apresentaram o projeto de restauração do edifício para implantação do primeiro Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil.

O que: Debate sobre o projeto do Memorial da Resistência

Quando: Dia 12 de agosto, às 9h30

Onde: Auditório Samuel Celestino da Associação Bahiana de Imprensa (8º andar do Edifício Ranulpho Oliveira – Rua Guedes de Brito, 01, esquina da Praça da Sé)

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Comunidade do Centro Histórico discute sustentabilidade social do Pelourinho

“Preservar o Pelô é um gesto de amor” foi a frase que estampou o tapete vermelho estendido da Cantina da Lua até a entrada do Museu Eugênio Teixeira Leal, onde o Projeto Cultural Cantina da Lua, a Associação dos Comerciantes do Centro Histórico de Salvador (Acopelô) e a Sociedade protetora dos Desvalidos e o Montepio dos Artistas promoveram uma reunião de urgência, para discutir a sustentabilidade social do Pelourinho. Na noite desta quarta-feira (30), o encontro, que abordou temas como segurança, mobilidade e combate ao uso de drogas, reuniu moradores, representantes de diversos movimentos sociais, órgãos da administração pública nos âmbitos estadual e municipal, além de outras entidades comprometidas com a revitalização da área.

Tapete estendido na rua da Cantina da Lua exorta comunidade a amar o Pelourinho - Foto: Joseanne Guedes/ABI
Tapete estendido na rua da Cantina da Lua exorta comunidade a amar o Pelourinho – Foto: Joseanne Guedes/ABI

O processo de expansão e ocupação territorial da cidade criou novos bairros, provocando o fenômeno de descentralização e perda de qualidade urbana no Centro Antigo, principalmente a degradação do Centro Histórico, que sofre com o encolhimento dos espaços econômicos. O resultado é um Pelourinho em estado de abandono e comerciantes locais com sérias dificuldades financeiras, moradores e visitantes com seu direito de ir e vir cassado pela insegurança. Apesar de se mostrar um ambiente com um fluxo razoável de pessoas nos períodos de alta estação, os efeitos das políticas públicas adotadas no local não se mostraram suficientes para manter um padrão mínimo de consumo e a consecutiva autossustentabilidade do “Pelô”.

A partir do debate dessas questões, será constituída uma comissão encarregada de elaborar um documento, para cobrar das instituições uma participação mais ativa nas ações sociais voltadas para a área. Segundo o coordenador do Projeto Cultural Cantina da Lua e dirigente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes, Clarindo Silva, é preciso implementar ações concretas para manter o Pelourinho vivo e ativo.

“Os problemas do Pelourinho vão muito além das obras de preservação, iluminação e requalificação de casarões e monumentos. Eu vou pessoalmente, de porta em porta, entregar os convites das reuniões e fiquei muito feliz com a representatividade desta, porque as pessoas estão descrentes com a revitalização do Centro Histórico. Elas não acreditam que as mudanças prometidas sejam possíveis, mas juntos podemos conseguir”, afirma Silva, que está no Terreiro de Jesus há mais de 60 anos lutando pela preservação do Pelourinho.

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Drogas

Pelas ruas do Pelourinho e em seu entorno, é comum encontrar jovens com idade entre 7 a 14 anos envolvidos com o uso ou tráfico de drogas, furtos e prostituição. Um dos precursores das ações em redução de danos na capital baiana, o médico psicanalista Tarcísio de Andrade coordena o programa da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para ele, um dos principais obstáculos é a falta de comprometimento da gestão pública com o atendimento eficaz ao usuário. “Não existe uma política do Estado nem do município para que haja um cuidado com os usuários de drogas. No CAPSad Gregório de Matos [Centro de Atendimento Psicossocial para Álcool e Drogas], tentamos fazer nosso papel, mas a descontinuidade administrativa prejudica o trabalho. Nesta gestão municipal, o número de profissionais para o atendimento dessas pessoas encolheu”.

Reunião teve expressiva participação de instituições comprometidas com a preservação do Pelourinho - Foto: Joseanne Guedes/ABI
Reunião teve expressiva participação de instituições comprometidas com a preservação do Pelourinho – Foto: Joseanne Guedes/ABI

“Frequento esse local desde a época colegial e, para mim, é dignificante participar de uma reunião para debater a área, mas eu fico triste em ver a situação difícil que encontramos aqui. Recolhi um jovem usuário de crack e depois de horas ele já estava nas ruas novamente. Essas crianças precisam de tratamento, porque não são criminosas, estão doentes. O policiamento nas ruas foi ampliado, mas o poder policial sozinho não pode muito”, afirma o comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar da Bahia, tenente-coronel Valter Menezes.

Participaram da reunião representantes das Secretarias de Segurança Pública, Saúde, Cultura e Turismo, a Fundação Gregório de Matos, Ministério Público, Delegacia de Proteção ao Turista, Cedeca, Abrasel – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Sindicato dos Guias de Turistas, Associação dos Taxistas, Conselho de Segurança do Centro Histórico, CONDER, IPAC, Centro de Culturas Populares e Identitárias, as Associações dos Moradores do Centro Histórico e dos Barraqueiros do Pelourinho e do Terreiro de Jesus, Associação dos Vendedores Ambulantes e outras entidades preocupadas com o Centro Histórico.

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