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Comitê diz que 90% das mortes de jornalistas continuam impunes

DEU DO ESTADÃO – Noventa por cento dos assassinatos de jornalistas cometidos entre 2004 e 2013 continuam impunes, em um círculo vicioso que estimula a violência e mina a liberdade de imprensa, com prejuízo para toda a sociedade, diz relatório do Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) divulgado nesta terça-feira, 28.

A organização identificou 370 casos em que jornalistas foram mortos nos últimos dez anos em represália direta pela realização de seu trabalho. Em 333 deles, ninguém foi condenado pelos crimes. Apenas nove foram concluídos com a condenação dos executores e seus mandantes. Nos outros 28, alguns suspeitos foram condenados, outros morreram durante o processo, mas muitos dos que ordenaram os assassinatos continuam livres, conclui o levantamento.

O resultado é a autocensura e o exílio, que se transformam em caminhos de sobrevivência para jornalistas ameaçados. “Os ataques direcionados aos meios de comunicação têm evitado que o mundo compreenda a dimensão total da violência que ocorre na Síria. Impunidade irrestrita suprimiu reportagens críticas sobre o tráfico de drogas no México, violência militante no Paquistão e corrupção na Rússia”, afirma o relatório.

O estudo do CPJ mostra que a impunidade aumentou de forma constante na maioria dos países em que ocorreram crimes na última década. “Em nove desses países – Bangladesh, Brasil, Colômbia, Índia, Iraque, Paquistão, Filipinas, Rússia e Somália – houve novas mortes em 2013, um lembrete alarmante de que, onde há impunidade, os jornalistas continuam sendo alvos, ano após ano.”

Os crimes seguem um padrão geral de “intimidação contra aqueles que revelam a corrupção, expõem a má conduta política e financeira ou informam sobre crimes”, afirma o CPJ. Segundo a organização, os atos se repetem porque “é muito fácil” ficar impune pela morte de um jornalista.

Apesar de ter registrado assassinatos em 2013, o Brasil melhorou sua situação graças a condenações em três casos, o maior número de punições em um único ano no período de 2004 a 2013 entre todos os países analisados. Ainda assim, o Brasil ficou em 11º lugar no Índice Global de Impunidade do CPJ de 2014, com nove assassinatos não solucionados nos dez anos anteriores. Segundo o relatório, a violência no País atinge mais jornalistas do interior do que da capital e envolve a cobertura de corrupção, crimes e política local.

Nos dez países que estão acima do Brasil na classificação, a impunidade aumentou em uma média de 56% entre 2008 e 2014. A deterioração mais acentuada ocorreu na Somália, onde o índice de casos não solucionados quadruplicou. Yusuf Ahmed Abukar foi o 27º jornalista a ser morto no país nos últimos dez anos. Ele cobria temas de caráter humanitário e foi assassinado em junho com a detonação por controle remoto de uma bomba colocada em seu carro.

O Índice Global de Impunidade abrange apenas países que tenham tido cinco ou mais casos não solucionados nos dez anos anteriores. Depois da Somália, o Paquistão foi o país que registrou o mais acentuado aumento da impunidade, seguido do México e das Filipinas. Os demais países que integram o grupo dos dez mais impunes são Iraque -líder absoluto-, Colômbia, Sri Lanka, Afeganistão, Rússia, México, Paquistão e Índia.
Apesar de aparecer em 11º lugar, o Brasil registrou a quinta mais acentuada piora no indicador nos dez anos analisados, com aumento de 70% da impunidade. A Colômbia está em terceiro lugar na classificação, mas viu seu índice de impunidade cair em um terço entre 2008 e 2014. Mas a mudança foi provocada não pelo aumento das condenações, mas sim pela redução da violência contra os jornalistas: a Colômbia registrou apenas dois casos de punições nos últimos dez anos.

*Por CLÁUDIA TREVISAN, CORRESPONDENTE / WASHINGTON – O ESTADO DE S. PAULO

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Comissão da Anistia entrega relatório sobre jornalistas perseguidos pela ditadura

A Comissão da Anistia entregou um relatório à Comissão da Verdade, Memória e Justiça dos Jornalistas de Santa Catarina, nesta terça-feira (28). O documento traça o perfil de jornalistas perseguidos, exilados e presos durante o regime militar, e faz um mapeamento das circunstâncias das perseguições e os nomes de agentes do Estado que participaram das violações.

O relatório conta a história dos jornalistas Lauro Pimentel, Sérgio da Costa Ramos e Paulo Ramos Derengovski, cujos depoimentos fazem parte do acervo de mais de 74 mil requerimentos de anistia política da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Os jornalistas escreviam artigos e militavam em partidos ou organizações de oposição do regime. Derengovski afirma que sofreu perseguição do Estado brasileiro até 1990, já depois da redemocratização.

“Os estudos mostram que a atuação política desses cidadãos na luta por seus ideais acabou gerando violações de direitos humanos pelo Estado, com implicações que se estenderam à vida pessoal e profissional dos perseguidos”, analisa Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia.

O documento será entregue durante a 88ª Caravana da Anistia, parte do I Congresso Internacional de Direitos Humanos, Barbárie ou civilização? Os 23 anos do Movimentos Alternativo. Os relatórios às comissões da verdade são fruto de um termo de cooperação entre a Comissão de Anistia, a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Este é o quarto relatório entregue a uma comissão da verdade regional.

*Informações da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça e Correio do Brasil.

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Estado Islâmico decapita quatro e divulga novo vídeo de jornalista refém

Militantes do Estado Islâmico decapitaram quatro homens de uma tribo no leste da Síria acusados pelo grupo de serem combatentes inimigos e de receber treinamento militar de forças pró-governo, disse um grupo de monitoramento da violência no país. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede na Grã-Bretanha, disse que os homens pertenciam à tribo muçulmana sunita sheitaat, que tem enfrentado o Estado Islâmico na província de Deir al-Zor, na fronteira com o Iraque. De acordo com denúncia da entidade, as mortes aconteceram no domingo (26), na cidade fronteiriça de Albu Kamal. Dois dos homens foram mortos em uma praça pública e os outros dois em uma rotatória na cidade.

O Estado Islâmico, uma ramificação radical sunita da Al Qaeda, matou centenas de membros desta tribo em julho e agosto, acusando-os de serem combatentes inimigos e apóstatas, de acordo com moradores. O grupo extremista frequentemente realiza execuções nas áreas em que controla, afirmando que está fazendo justiça e alertando os moradores a obedecerem à organização.

Um desses alertas foi dado ontem (27), através de um vídeo em que o jornalista britânico John Cantlie, de 43 nos, diz estar em Kobane, cidade síria perto da fronteira da Turquia que é palco de combates entre os militantes islâmicos e forças curdas – que contam com o apoio de bombardeios de forças lideradas pelos Estados Unidos, desde que o EI conquistou porções de território na Síria e no Iraque, e matou jornalistas estrangeiros e trabalhadores de ajuda humanitária.

Cantlie, que trabalhou para grandes jornais britânicos, foi em novembro de 2012 para a Síria, onde foi capturado pelo grupo. Ele já tinha aparecido em outros vídeos, com uniforme laranja em uma sala escura, dizendo algumas “verdades” sobre o grupo jihadista. Desta vez, o britânico aparece ao ar livre, em um cenário aparentemente calmo e com alguns edifícios destruídos.

De acordo com a BBC, no vídeo, retirado do YouTube, ele parece ler um texto em que critica a postura do governo britânico para negociar com o grupo radical. “Sentimos que estamos presos entre vocês e o governo dos Estados Unidos, e estamos sendo punidos.”

O jornalista diz que a cidade está totalmente controlada pelo EI, “apesar dos contínuos ataques aéreos dos Estados Unidos”. Segundo Cantlie, os ataques aéreos dos EUA conseguiram prevenir que alguns grupos do EI usasse tanques para atacar a cidade. Mas, no lugar disso, eles estão entrando na cidade usando armas e entrando de casa em casa. “A Batalha de Kobane está chegando ao fim”, diz.

Segundo um comunicado do Observatório Sírio de Direitos Humanos, que não menciona as vítimas dos ataques da coalizão internacional anti-jihadista, em 40 dias a “Batalha de Kobane” fez mais de 800 mortos, incluindo 481 jihadistas, 302 combatentes curdos e 21 civis. 

Tortura 

Nas imagens, Cantlie afirma ainda que prisioneiros do grupo militante que tentaram escapar foram punidos com sessões de simulação de afogamento. Esta é a quinta gravação feita pelos jihadistas. O repórter também comentou sobre o tratamento punitivo do EI com os reféns. No fim de seis minutos de vídeo, o jornalista informou que mais mensagens estão por vir. A gravação foi publicada dias após a morte do pai dele.

Leia também:

Paul Cantlie morreu vítima de uma pneumonia depois de pedir ao grupo que libertasse o filho. No último dia 14 de outubro, a irmã do jornalista, Jessica Cantlie, falou pela primeira vez sobre o sequestro e implorou aos jihadistas que retomem contato sua família para iniciar um diálogo.

No começo de outubro, a família de Cantlie divulgou um comunicado em que implorou ao EI que retome o diálogo interrompido com a família. O apelo ocorreu depois de o EI decapitar quatro reféns: os jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff, o voluntário humanitário britânico David Haines, e outro britânico, Alan Henning, um taxista que transportava ajuda para a população síria.

*Informações do G1 e do Portal Imprensa.

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ABI BAHIANA Notícias

Obra biográfica conta trajetória do professor Edivaldo Boaventura

“Um Cidadão Prestante” é o título do mais novo livro do jornalista Sérgio Mattos. Em formato de entrevista biográfica, a obra conta a trajetória do professor Edivaldo Machado Boaventura, com o qual o autor compartilhou experiências enquanto trabalhavam na redação do jornal A Tarde. O lançamento ocorre no dia 4 de novembro, às 18h30, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador.

A publicação, lançada através da Quarteto Editora com apoio da UFBA, promete preencher uma lacuna da história do jornalismo baiano, sendo resultado da experiência profissional de duas personalidades com contribuições no campo do jornalismo e da educação.

Serviço

O que: Lançamento do livro “Um Cidadão Prestante”, de Sérgio Mattos
Quando: Dia 4 de novembro, às 18h30
Onde: Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) – Rua Augusto Viana, Canela.
Informações: [email protected]

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