ABI BAHIANA

Exposição abre homenagens ao jornalista Jorge Calmon no Dia da Imprensa

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-Ba) inauguraram, na noite desta segunda-feira (1), Dia Nacional da Imprensa, uma exposição para homenagear o centenário do jornalista e professor Jorge Calmon (1915-2006), que esteve à frente da ABI entre os anos de 1970 e 1972. A exposição “100 anos de Jorge Calmon” reúne, no foyer da Casa do Comércio, 20 fotos que foram cedidas pela família e retratam momentos marcantes da sua carreira e sua atuação em diversos segmentos, com personalidades políticas nacionais e internacionais e também com a família. A exposição abre as comemorações alusivas ao centenário de Jorge Calmon – programados para ocorrer durante os meses de Junho e Julho deste ano –, e permanece aberta à visitação pública até o próximo dia 10, quando seguirá em caráter itinerante por shopping centers, casas de cultura e bibliotecas. A mostra teve a coordenação de pesquisa do jornalista Luís Guilherme Pontes Tavares e do fotógrafo Valter Lessa, diretores da ABI.

Os anfitriões do evento, presidente da ABI, Walter Pinheiro e o presidente da Fecomércio-BA, Carlos de Souza Andrade, recepcionaram os convidados e destacaram a importância do homenageado, que foi diretor redator-chefe do Jornal A Tarde por 47 dos seus 60 anos de carreira no jornalismo. “Jorge tinha um talento polifacetado, tendo participação fundamental na história de diversas entidades. Ele era muito respeitado e inúmeras foram as campanhas por ele promovidas, uma delas é “A Bahia não se divide”, postura contrária à divisão do estado. A ABI se sentiu comprometida em realizar não só esse, mas outros eventos para assinalar o centenário de Jorge Calmon. Para quem é da imprensa, nada melhor do que uma exposição de fotos, que, conforme dizia Confúcio, ‘uma imagem vale mais que mil palavras’. A gente pode sentir isso. As fotos falam, as fotos nos emocionam”. Carlos Andrade resgatou a memória de Pedro Calmon, pai de Jorge, comerciante e produtor rural, e seu conterrâneo da cidade de Amargosa. “Um homem de reconhecida idoneidade, que virou sinônimo de moeda numa época de recessão monetária no Brasil. Ele fabricava vales que eram entregues como pagamento a pequenos comerciantes”, lembrou.

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Os diretores da ABI, Luís Guilherme Pontes Tavares e Valter Lessa, e o presidente da entidade, Walter Pinheiro

Segundo o curador da exposição, Valter Lessa, o trabalho foi realizado durante quatro meses e envolveu pesquisas em jornais, bibliotecas e acervos da família e no seu arquivo pessoal. “Após cerca de 190 fotografias, foram selecionadas as 20 que estão expostas. São fatos marcantes que nós tivemos a visão de mostrar. Todas as outras são realmente importantes, mas algumas são fundamentais”, ressaltou. O jornalista Luis Guilherme Pontes Tavares destaca que a família de Jorge Calmon abriu as portas e o acervo pessoal de Jorge Calmon. Entre as imagens estão momentos como a entrevista com ex-presidente Getúlio Vargas, no Clube Bahiano de Tênis, em 1943, a visita ao Pentágono, em Washington, D.C., em 1956,  e também representando a imprensa brasileira na BBC, em Londres, em 1960. “O 1º de Junho celebra o dia em que Hipólito da Costa estreou, em 1808, o seu Correio Braziliense, reconhecido como o primeiro jornal brasileiro – apesar de impresso em Londres. A data não poderia ser mais oportuna, já que Dr. Jorge foi, sobretudo, jornalista”.

Jorge Calmon Filho falou do prazer e gratidão pela homenagem e definiu o pai como um “catalisador cultural”. Segundo ele, a família está muito agradecida à ABI e à Fecomércio pela iniciativa, principalmente tendo sido concretizada no Dia da Imprensa. “Nós viajamos junto com Valter Lessa e Luís Guilherme nessa aventura de descobrir as 20 fotos. Vimos mais de 2.500 fotos e cada uma traz uma recordação importante de uma fase da vida dele. Para nós, foi muito prazeroso. Meu pai foi um digno representante da imprensa baiana, sempre lutando em defesa da liberdade de imprensa e do crescimento do jornalista na profissão. Dentro da sua função principal, que na época era diretor do jornal A Tarde, ele buscava extrapolar para ajudar as instituições da Bahia em diversas áreas, como educação, cultura, saúde e esportes. Foi uma pessoa que deixou um legado muito grande de humanismo, de ética. Para a família, foi um paizão. Apesar dessas atividades múltiplas, tinha tempo para os seis filhos. Nos criou e educou maravilhosamente bem, junto com minha mãe, dona Leonor Calmon, que era o seu braço direito”.

As imagens sintetizam épocas da trajetória de vida de Jorge Calmon - Foto: Márcio Müller/ABI
As imagens sintetizam épocas da trajetória de vida de Jorge Calmon – Foto: Márcio Müller/ABI

O jornalista e presidente da comissão encarregada de organizar a programação do centenário, Samuel Celestino, que é presidente da Assembleia da ABI, falou da figura marcante que foi Jorge Calmon. “Ele foi o maior jornalista do Século XX na Bahia. 14 anos após entrar no Jornal A Tarde, ele já era redator-chefe, porque era um jornalista diferenciado. Jorge Calmon teve uma coisa incomum em todo o jornalismo brasileiro, permaneceu durante 60 anos em um único jornal. Viveu até os 91 anos produzindo, escrevendo para o jornal diariamente, apesar de já estar aposentado. A minha vida é marcada por Jorge Calmon. Ele foi meu mestre”.

O evento conduzido por Pedro Daltro, diretor da ABI e da Associação Comercial da Bahia (ACB), foi prestigiado por familiares do homenageado, pelo vice-presidente da ABI, Ernesto Marques, e demais diretores da ABI: Aloísio da Franca Rocha, Nelson de Carvalho, Agostinho Muniz, Sérgio Mattos e Raimundo Marinho. Participaram também o presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), Eduardo Morais de Castro; a presidente da Academia de Letras da Bahia (ALB), Evelina Hoisel; o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Inaldo Araújo; o ex-governador Roberto Santos; o secretário municipal Pedro Godinho; a diretora da Fundação Casa de Jorge Amado, Myriam Fraga; a superintendente do Acbeu, Athiná Leite; além de representantes outras entidades que tiveram a história marcada pela passagem de Jorge Calmon.

No dia 07 de Julho, às 10h, quando Calmon completaria 100 anos, haverá uma missa na Basílica de Senhor do Bonfim, concelebrada pelo arcebispo dom Murilo Krieger e outros sacerdotes, assim como a sessão especial da Academia de Letras da Bahia (ALB), na noite de 9 de julho.

*Por Luana Velloso/ABI

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ONU adota resolução que condena violência contra jornalistas

O Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução que condena todas as violações e abusos contra jornalistas e lamentou com veemência a impunidade existente nestes casos. A resolução adotada por unanimidade, na última quarta-feira (27), convoca os Estados a tomar medidas adequadas para assegurar a responsabilização dos crimes cometidos contra jornalistas, profissionais da mídia e equipe associada em situações de conflito armado. O vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, observou o aumento “preocupante” do número de jornalistas mortos desde 2006 e a tendência dos grupos terroristas e criminosos de usá-los como alvos ou ameaçá-los. Ainda segundo ele, 90% dos casos de crimes contra a categoria ficam impunes.

A decisão lembra ainda que o trabalho da mídia livre, independente e imparcial constitui um dos fundamentos essenciais das sociedades democráticas. O Conselho reiterou sua demanda de que todas as partes do conflito respeitem as obrigações determinadas pelo direito internacional relacionadas à proteção de civis em conflitos armados, incluindo jornalistas, e pediu a liberação imediata de todos aqueles sequestrados ou mantidos como reféns.

Segundo Eliasson, os assassinatos recentes de jornalistas têm recebido ampla atenção em todo o mundo. “No entanto, não devemos esquecer que 95% dos assassinatos de jornalistas em conflitos armados envolvem jornalistas locais, que recebem menos cobertura da mídia”, pontuou. Eliasson cobrou dos Estados um maior compromisso na condenação de responsáveis por assassinatos de jornalistas em situações de conflito, organização de debates sobre sua proteção, incentivo a missões do Conselho de Segurança para averiguar a segurança de jornalistas e profissionais da mídia e garantias de que a liberdade de expressão e segurança dos jornalistas continue sendo parte integral dos direitos humanos e reformas jurídicas, bem como que apoiem o Plano de Ação da ONU sobre a Segurança dos Jornalistas e a Questão da Impunidade.

*Luana Velloso com informações da ONU, Rede Angola e do site O Jornalista.

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