Notícias

Jornalista é agredida com soco no rosto durante reportagem em Salvador

“Mirando em uma semana leve”. Foi assim que a segunda-feira da jornalista Tarsilla Alvarindo começou. Ela só não podia imaginar que, apenas duas horas depois do post sorridente em seu perfil do Instagram, seria ameaçada e agredida. A violência que vitimou a equipe de reportagem da RecordTV Itapoan, durante a cobertura de um acidente de trânsito, na Avenida Orlando Gomes, é o segundo caso de agressão contra a imprensa na capital baiana em menos de uma semana.

Leia também: Equipe da TV Aratu é hostilizada em cobertura na Barra                          

“Comecei o dia bem, mirando em uma semana leve, mas não foi o que aconteceu. Eu fui agredida há pouco, durante um link”, lamentou a repórter, através do Instagram Stories.

Imagens feitas pelo cinegrafista Joselito Gomes, da Rede Bahia, mostram o momento em que a jornalista é atingida pelo rapaz de camisa branca | Foto: Reprodução/TV Bahia

Tarsilla relata que, antes de entrar no ar, foi abordada por um familiar do motociclista morto no acidente, com o pedido para que a equipe não se aproximasse da ocorrência. “Eu falei que não ia mostrar. Estávamos de longe, respeitando a barreira da Transalvador, não focamos em rosto de ninguém. Inclusive, tinha uma viatura na frente. Só noticiei o fato, dando aquele serviço de trânsito. Fiz meu trabalho da forma cuidadosa de sempre”, explica a jornalista. Segundo ela, quando a equipe já tinha encerrado o link e se preparava para deixar o local, dois rapazes se aproximaram e um deles começou a gritar. “Tentei explicar que a gente não tinha mostrado ninguém, mas ele seguiu de forma agressiva. Quando eu vi, estava tomando um soco no rosto”.

Imagens exibidas pela TV Bahia mostram o momento em que Tarsilla, o cinegrafista George Luiz e o auxiliar Marcos Oliveira eram atacados pela dupla.

“O mais revoltante é que a Polícia Militar estava no local, deveria ter evitado que isso acontecesse, porque viu que os ânimos estavam exaltados. Só quando saí de lá e eles viram a repercussão, trouxeram os rapazes para a Central de Flagrantes”, se indigna a repórter.

Tarsilla Alvarindo registrou boletim de ocorrência e seguiu para o exame do corpo de delito.

O jornalista Ernesto Marques, presidente da Associação Bahiana de Imprensa, prestou solidariedade aos profissionais agredidos em mais um grave episódio de ataque ao exercício da atividade jornalística. “É lamentável que já nos primeiros dias do ano estejamos colecionando denúncias de violência contra a imprensa na Bahia. Estamos em contato com a Secretaria da Segurança Pública, junto com o Sinjorba”, disse o dirigente, adiantando as movimentações das entidades.

“Condenamos, veementemente, toda forma de violência, que, neste caso, não tem relação direta com os fatos políticos, mas, sem dúvida alguma, é uma das consequências da afirmação do discurso de ódio contra a imprensa. As pessoas estão se achando encorajadas a expressar, de forma violenta, a sua discordância com o trabalho da imprensa. Precisamos combater, com vigor”, completa Marques.

_

NOTA ASSOCIAÇÃO BAHIANA DE IMPRENSA

Terão fracassado as gerações de brasileiras e brasileiros ainda vivos, ou desaparecidos nas lutas contra ditadores, se agressões como a de uma semana atrás, contra colegas da TV Aratu, e de hoje, segunda-feira 16 de janeiro de 2023, contra uma equipe da TV Itapoan, forem banalizadas.

Expressões violentas do ódio semeado contra a imprensa estão brotando como joio querendo se impor num campo de trigo. Para além do repúdio, atos como os de hoje precisam ser tratados pela imprensa de maneira implacável.

Todo agente público envolvido no trato de ocorrências que tais deve ser acompanhado em suas ações, tratadas como informação de interesse público. Do registro da ocorrência, à audiência de custódia, inquérito, e, com base no trabalho policial, oferecimento de denúncia à Justiça, pelo Ministério Público.

Qualquer nível de condescendência no trato processual de crimes contra a imprensa precisa ser entendido como cumplicidade com autores materiais e intelectuais de crimes contra a democracia.

Em defesa da democracia, do direito à informação e do livre exercício do jornalismo, que profissionais e empresas respondam, hoje e sempre, a toda e qualquer agressão usando a melhor arma à nossa disposição: jornalismo.

Ernesto Marques
Presidente da ABI

publicidade
publicidade
ABI BAHIANA

ABI recebe dirigentes da FENAJ e do Sinjorba

Nesta quinta (12), o jornalista e radialista Ernesto Marques, presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), recebeu na sede da entidade Samira de Castro, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Moacy Neves, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) e Fernanda Gama, vice-presidente do Sindicato. Os jornalistas conversaram, entre outros temas, sobre o papel do jornalismo no fortalecimento da democracia, o atual cenário político brasileiro e a atuação das entidades representativas no combate à violência contra profissionais da imprensa.

O encontro ocorreu na mesma semana em que pelo menos 15 profissionais de mídia foram agredidos, nos atos antidemocráticos praticados em Brasília, no último dia 8, durante a invasão e destruição do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto. Na avaliação de Samira de Castro, não se pode naturalizar o jornalismo como uma profissão de risco.

Na segunda-feira (9), um dia depois dos atentados, a Fenaj participou de uma reunião com o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, e outros representantes das entidades de jornalistas do Brasil, para discutir ações que garantam a segurança no exercício da profissão.

Precarização – Durante a visita à ABI, os dirigentes falaram da situação do mercado de trabalho e discutiram formas de impedir a precarização do ofício nas redações. “A gente está em uma categoria cada vez mais juvenil, feminina e branca. Com esse cenário, temos tido dificuldade de recolocação no mercado a partir de 40 anos”, aponta Samira.

publicidade
publicidade
Notícias

Equipe da TV Aratu é hostilizada em cobertura na Barra

“Ele veio atrás, pôs o dedo na cara de Davi e disse ‘você pensa que sua câmera é uma arma? Eu tenho minha arma’. Eu fiquei logo nervosa, perguntei se aquilo era uma ameça”. O relato é da jornalista Priscilla Pires, em entrevista a Beatriz Bulhões para o site Aratu On. Pires e o cinegrafista Davi Melo integram a equipe da TV Aratu que foi hostilizada na quarta-feira (11), enquanto cobriam uma manifestação de extrema direita no Farol da Barra, em Salvador.

De acordo com matéria publicada pelo Aratu On, os profissionais estavam sentados, à espera de que alguém aparecesse na manifestação, quando foram abordados por um homem que portava uma lata de cerveja. “Ele começou a falar piadinhas, dizia ‘rebanho de bestas, vou dar uma pauta para vocês: a manifestação vai ser o Vale das Pedrinhas, vão pra lᔑ, conta Davi Melo.

Os repórteres recorreram a uma viatura da Polícia Civil que estava no local e garantiu a segurança dos trabalhadores. Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba), as vítimas não registraram boletim de ocorrência.

*Com informações do Aratu On e do Sinjorba.

publicidade
publicidade
ABI BAHIANA Artigos

A festa do Bonfim na arte de Lygia Sampaio

Por Nelson Cadena*

Foto: Arquivo pessoal

A artista plástica Lygia Sampaio foi por muitos anos a museóloga da Associação Baiana de Imprensa (ABI), responsável pelo acervo que, enquanto serviu à entidade, cuidou com muito zelo. Até hoje o seu sistema organizacional favorece as pesquisas. Uma das técnicas desenvolvidas na catalogação de fotos, consistia em decalcar a imagem das pessoas em papel manteiga, numerando cada pessoa fotografada e identificando-as de acordo com o número.

Se não fosse esse sistema teríamos muitas dificuldades hoje em saber quem é quem. Em novembro de 2018 a ABI prestou uma homenagem à museóloga e artista plástica, então com 90 anos de idade. Lygia serviu a ABI a partir de 1974 – por praticamente três décadas – quando foi convocada por Afonso Maciel Neto para organizar o Museu de Imprensa, então de pequeno porte, com base no acervo doado, em 1972, pela família de Lulu Parola, pseudônimo de Aloísio de Carvalho.

Capa da Revista Brasileira de Folclore, assinada por Lygia Sampaio | Foto: Arquivo pessoal

Em 1966 a artista plástica foi convidada pela Revista Brasileira de Folclore do Ministério da Educação e Cultura (MEC), para ilustrar a capa da edição quadrimestral de janeiro a abril. Se inspirou na Festa do Bonfim. A Revista, fundada em 1961, era um órgão muito conceituado. Integravam o seu Conselho Editorial Edison Carneiro e Luís da Câmara Cascudo, dentre outros. Na edição ilustrada por Lygia outros baianos ilustres colaboraram com artigos: Renato Almeida, José Calazans, Marieta Alves e Dioscoderes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi.

_

*Nelson Cadena é jornalista, pesquisador e publicitário.

Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI)
publicidade
publicidade