ABI BAHIANA

Parabéns, mestre Flori!

Neste sábado, 8 de abril, o jornalista, poeta e professor Florisvaldo Mattos, o nosso querido mestre Flori, completa mais um ano de sua brilhante trajetória. Aos 91 anos, ele recebe homenagens da imprensa baiana por suas importantes contribuições para a cultura e o ensino do Jornalismo.

Florisvaldo Mattos desempenhou muitas funções no campo da comunicação, em mais de 50 anos no jornalismo profissional. Como professor na Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom), Mattos transmitiu ensinamentos para nomes de destaque na imprensa baiana.

Esse grande intelectual baiano nasceu na cidade de Uruçuca (antigo distrito ilheense de Água Preta). Florisvaldo teve uma trajetória de sucesso na escola e no ginásio. Ainda no colégio, passou a ler Gonçalves Dias, Fagundes Varela e Castro Alves e, depois, os poetas parnasianos.

O então estudante publicava seus poemas em revistas das cidades de Ilhéus e Itabuna. Em contato com o poeta Sosígenes Costa, foi apresentado a Walter da Silveira e Glauber Rocha. Flori também mantinha amizade com nomes como Paulo Gil Soares, Carlos Anísio Melhor e Antônio Guerra Lima. Surgiu, então, a famosa Geração Mapa, que contava também com Fernando da Rocha Peres, Calasans Neto, Sante Scaldaferri, Myriam Fraga, Guido Araújo e João Ubaldo Ribeiro.

Os integrantes da Geração Mapa formaram a primeira redação de jornalismo com feição moderna (norte-americana) no Jornal da Bahia.

O poeta graduado em Direito começava a sua frutífera relação com o jornalismo. Ainda bem!

Florisvaldo Mattos passou pelo Diário de Notícias, Jornal do Brasil e fez história no jornal A Tarde, implantando uma nova linha editorial ao suplemento literário.

É mestre em Ciências Sociais, membro da Academia de Letras da Bahia (ALB). Ex-diretor da Associação Bahiana de Imprensa, ele agora é membro do “Senado ABI”, um espaço de interação onde diretores veteranos se reúnem para trocar ideias e passar sua expertise para o corpo diretivo. Ao lado dos titãs Jorge Vital de Lima e Walter Lessa, ele segue na ativa, já propondo medidas para fomentar o relacionamento da ABI com os associados.

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Artigos

Flori faz 91 anos! Ave, Flori!

Simone Ribeiro*

Ave, Flori! Assim diria Sante Scaldaferri ao seu amigo e contemporâneo de Geração Mapa. Pois tomo de empréstimo a saudação do querido artista para expressar a minha gratidão ao professor.

Quando nada indicaria um sentido, primos em comum fizeram um casamento, e um dia lá falaram sobre família, profissão, cacau, Ilhéus e Itabuna. E eu fiquei com aquele nome de flor gravado. Conheci bem mais tarde o jornalista e poeta, o mestre, e voltei a ouvir coisas rurais contadas por ele, às voltas com a vassoura de bruxa.

Na Faculdade de Comunicação da Ufba, um professor ora cerimonioso, ora mais solto, fala de ética, técnicas de jornalismo, apresenta o lead, sugere vasta bibliografia. Rabiscasem dó em laudas de papel os textos imaturos de garotos e garotas mal saídos da escola.

Jornalista eu só me tornei quando entrei numa Redação. É quando reencontro Florisvaldo, mais leve, palavroso e contagiante na alegria de dividir uma bancada com muitos dos seus ex-alunos e alunas. Tenho as pautas que me presenteava nas férias que cobria no caderno ATARDE Cultural. Escritas a mão ou datilografadas, orientavam o repórter sobre como, o que buscar e quem entrevistar, sem titubeios, a respeito de determinado tema.

O Cultural era resultado de vários acertos. Além do planejamento com folga, da visão de humanista e esteta, experiência por veículos como editor-chefe do Jornal do Brasil e chefe do Diário de Notícias, o trânsito do jornalista, professor e ex-gestor da Fundação Cultural do Estado com fontes múltiplas dava-lhe a liberdade para descolar a pauta do hard news, solicitar a custo zero artigos nas fases de penúria da empresa e pautar reportagens raras.

Conheci o Cultural antes e depois da informatização do jornal ATARDE. As ferramentas digitais deram fôlego ao processo duro de artesania. Flori foi um entusiasta e curioso das novidades. Mas de nada adiantaria a tecnologia, não fosse o ambiente lúdico criado em torno do caderno, o carisma e espírito de liderança do editor, capaz de enxergar talentos e prestigiá-los. Não à toa o suplemento ganhou o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte em 1995.

Em 2011, ao anunciar sua demissão e se despedir por livre e espontânea vontade do cargo de editor-chefe do jornal A TARDE, foi uma comoção. Um farol havia se apagado. Não ouviríamos mais a risada nem os comentários com os contínuos (tratados mutuamente de “Catega”, corruptela de Categoria) sobre Vitória, Bahia, Barcelona e Real Madrid.

Em uma foto de 1958, que ele compartilhou faz alguns dias nas redes sociais, vemos o estudante com o canudo de Direito, topo alcançado para cumprir uma promessa ao pai. Mas como ele mesmo disse, “já havia optado por uma fatalidade, a de ser jornalista por toda uma vida”. Que sorte a nossa! Parabéns, Flori!

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*Simone Ribeiro é jornalista, conselheira fiscal da ABI.

Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI)
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ABI BAHIANA

7 de abril: Ei! Jornalista baiano, você conhece esse colega da foto?

Hoje, 7 de abril, é celebrado nacionalmente o Dia do Jornalista. Então, nós resolvemos contar um pouco da história do homem que idealizou a Associação Bahiana de Imprensa. Arrisca dizer quem é a figura da foto de capa desta matéria, sem recorrer ao Google?

Thales de Freitas era farmacêutico de formação e proprietário da Farmácia Americana. E, segundo as pesquisas do jornalista Nelson Cadena, diretor de Cultura da ABI, era “um sujeito afável, moderador, talhado para a vida associativa”. Ele não apenas idealizou a ABI como fundou, um ano antes de falecer (1947), o Clube da Imprensa.

Thales lançou junto aos colegas a ideia de retomar a criação do Círculo dos Repórteres, que funcionou dois anos apenas (1903-1905). Diretores e redatores de A Tarde, O Jornal, Diário de Notícias e Imprensa Oficial encamparam a ideia e constituíram comissão para visitar os jornalistas nas suas residências, ou locais de trabalho, que naquele tempo não eram as redações dos jornais.

A comissão se desfez aos poucos, ficando Thales de Freitas praticamente sozinho na tarefa de arregimentar associados.

Atuou na ABI como vice-presidente. Permaneceu na diretoria por 17 anos, ocupando os cargos de vice-presidente e secretário da Assembleia Geral.

Sua produção jornalística estava voltada principalmente para revistas. Foi um dos fundadores da revista A Rua, redator da Gazeta do Povo, dirigiu a Revista Festa e foi colaborador de vários jornais.

Para Cadena, o preconceito o impediu de ser reconhecido como jornalista. “A grande imprensa não foi nem um pouco generosa com ele. Referiam-se a ele como ‘o farmacêutico Thales de Freitas’, enquanto seus colegas eram chamados de ‘jornalistas’ e não pela sua formação profissional específica”, argumenta o pesquisador.

A ABI o homenageou em 10 de setembro de 1947, inaugurando seu retrato. Em 2022, o quadro foi transferido para o Salão Nobre da entidade, ao lado dos retratos dos ex-presidentes da Casa, para fazer justiça a Thales e honrar sua importante contribuição para a história da imprensa baiana.

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Notícias

Fenaj e sindicatos mobilizados pelo retorno da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo

A necessidade de uma formação sólida, que garanta conhecimentos teóricos, competências e habilidades técnicas e comprometimento ético ao profissional, é um dos argumentos da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) para retomar as ações pela obrigatoriedade do diploma. Ao lado de sindicatos distribuídos em todo o Brasil, a entidade encabeça a campanha “PEC do Diploma para Jornalista SIM”, como parte do calendário alusivo ao Dia do Jornalista, celebrado nacionalmente em 7 de abril.

A mobilização da categoria tem o objetivo de conquistar o apoio de parlamentares na votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) Nº 206/2012, que restabelece o diploma de graduação em Jornalismo como critério para o exercício da profissão.

Desde 2009, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou essa prerrogativa, as entidades representativas do setor alertam sobre o desmonte da profissão, o aumento da atuação de disseminadores de fake news, fraudes na contratação de profissionais, descontrole nos registros profissionais, redução salarial, entre outras mazelas.

A presidente da Federação, Samira de Castro, destaca que é o momento de as entidades representativas do segmento priorizarem a luta pela reconstrução dos direitos dos jornalistas, começando pela volta do diploma de nível superior específico como critério de acesso à profissão.

“A queda do diploma não só possibilitou a precarização do trabalho como reduziu a qualidade do jornalismo brasileiro, abrindo espaço para a desinformação e o discurso de ódio e interferindo no direito à informação”, analisa a dirigente nacional.

A PEC foi acolhida pelo Senado e está pronta para ser votada na Câmara dos Deputados. A batalha agora é convencer cada deputada e deputado federal a votar a favor da proposta.

Samira de Castro explica que, uma vez aprovada, a PEC não retroage para prejudicar quem obteve registro de jornalista entre 2009 até hoje. “Ela não cancela registros de profissionais não diplomados. Mas restabelece um critério único, impessoal e transparente para quem exerce o Jornalismo de maneira habitual e remunerada no país”, destaca.

Para o jornalista Moacy Neves, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba), é preciso garantir a sustentabilidade da produção jornalística. “Nós somos trabalhadores e precisamos reconstruir o jornalismo e a profissão de jornalista neste país. Reconquistar o diploma é uma questão de reparação histórica que valoriza a profissão, a qualidade, a responsabilidade com o jornalismo, uma atividade tão importante para a sociedade e para a democracia”, defende.

“A decisão do STF pela prescindibilidade do diploma foi em 2009. Um mês depois, nós já tínhamos articulado no Congresso Nacional as PECs, para reaver a exigência do diploma. Já são 14 anos nessa luta. Quase conseguimos a vitória em 2015, mas a situação política do país colocou essa pauta em segundo plano”, lembrou Moacy, durante a sua participação no programa Democracia no ar, da TV Atitude Popular, na manhã de hoje (6).

As ações coordenadas pela Fenaj foram iniciadas no mês de março, com a realização de tuitaço, instagramaço e lives temáticas. Agora, a Federação intensifica a campanha. Estão previstos debates, rodas de conversa, lives e outras atividades em conjunto com as faculdades de Jornalismo nos estados e municípios, além de mobilização permanente junto aos deputados federais nas suas bases e em Brasília.

>> Como parte da mobilização, foi instituído o Dia Nacional de Luta em Defesa da PEC do Diploma, na próxima quinta-feira, 13 de abril.

*Com informações da Fenaj, Sinjorba e TV Atitude Popular.

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