É com pesar que comunicamos o falecimento do jornalista e diretor da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Antônio Jorge Moura, aos 65 anos, vítima de infarto. A notícia foi dada no início da tarde de hoje (04/10) por sua irmã, Solange Moura. O sepultamento acontecerá nesta quinta (05/10), às 16h, no Cemitério Jardim da Saudade, Capela H.
A Diretoria da ABI está consternada com a partida do companheiro, que acabara de assumir a direção da Casa de Ruy Barbosa, importante espaço cultural da entidade. Antônio Jorge iniciou a carreira no jornalismo em 1973, tendo atuado na área de política, como editor do jornal Correio* e no Jornal do Brasil. “Tão tristes quanto surpresos, recebemos esta lamentável informação sobre o falecimento do jornalista Antônio Jorge Moura. Sempre o admiramos pela conduta ilibada no desempenho das atividades de comunicação, e notória era a sua dedicação aos assuntos da ABI, o que nos levou a nomeá-lo diretor da Casa de Ruy Barbosa recentemente, missão para a qual ele vinha se dedicando com muito afinco. O seu passamento, certamente, causa pesar aos que integram a imprensa baiana e fará falta nos trabalhos que se realizam na ABI. Aos familiares, manifestamos nossas condolências”, destacou o presidente da ABI, Walter Pinheiro.
“Rômulo Almeida” é o título do livro sobre o economista baiano que idealizou o Polo Petroquímico de Camaçari, o Porto e o Centro Industrial de Aratu – bases da industrialização do Estado. A obra de autoria do jornalista Antônio Jorge Moura será lançada nesta quarta-feira (26), às 17h, na Assembleia Legislativa da Bahia (Centro Administrativo) e, segundo ele, “abrange toda a vida de Rômulo, do nascimento à morte”. Como parte das comemorações do centenário de Rômulo Almeida, o livro cita o economista como um dos criadores da Petrobras, do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), entre outras instituições fundamentais.
Antônio Jorge escreveu também, cinco anos atrás, a série de três artigos “O construtor de sonhos”, na qual se refere à entrevista que, como jovem repórter, fez com Rômulo Almeida, na década de 70, sobre sua proposta de construção do Polo Petroquímico de Camaçari. Rômulo, segundo ele, foi “simples e profundo” ao responder-lhe sobre o questionamento quanto ao risco de poluição que haveria na região: “Pior é a poluição da miséria”. Hoje, o Polo representa 20% da economia baiana, tendo mudado o perfil do emprego na Região Metropolitana de Salvador.
Sua importância extrapola as barreiras estaduais. Rômulo era considerado o melhor coordenador de equipes de alta performance do Brasil. Primeiro no governo Dutra, depois com Getúlio Vargas, período em que ficou como chefe da assessoria econômica. Ele foi criador do Departamento Econômico da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Com ele, foram planejados a Petrobras, o Fundo Nacional do Carvão, o Fundo Nacional da Eletrificação e a Eletrobrás, que foi concretizada no tempo do Jango (João Goulart), a Rede Ferroviária Federal, a Superintendência Nacional da Amazônia, entre outras contribuições.
Precursor de ideias
“Os fatores fundamentais de instabilidade (na economia baiana) são a grande dependência da agricultura, agravada pela incidência da seca no território baiano”, e a “grande dependência do comércio exterior”. Cinco décadas depois, o diagnóstico de Rômulo Almeida é conhecido por muitos, mas pouca gente sabe que ele foi o primeiro baiano a planejar soluções para o problema.
Dos “Cadernos Rosas”, escritos por este baiano que completaria 100 anos no último dia 18 de agosto, surgiram as diretrizes para industrializar o estado cuja principal atividade ainda era a produção de commodities agrícolas para a exportação. O conteúdo foi republicado em forma de livro pela Secretaria do Planejamento do Estado, com o título Pastas Rosas.
O “rosa” foi incorporado ao nome das cartas porque Rômulo teve entre os poucos apoiadores o reitor da Ufba na época, o professor Edgard Santos, que lhe ofereceu duas salas na Escola de Enfermagem, e os papéis disponíveis eram daquela cor. Neles, o economista projetou a Bahia.
O professor de economia da Universidade Salvador, Fernando Pedrão, diz que o conjunto de cartas foi o primeiro esforço de planejamento em um estado brasileiro. “Ali, se apresentaram os elementos da estratégia que combinava a modernização da produção agropecuária com a de um desenvolvimento industrial sustentado por um núcleo de indústria pesada”, lembra.
“Rômulo Almeida é o tipo de pessoa que muda a história. Ele compreendia a Bahia como um estado que precisava crescer e conseguiu ordenar essa visão dele e colocar ao alcance de todos”, diz o secretário da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia. Ele destaca o foco do economista e advogado no desenvolvimento da cadeia de petróleo. “Ele defendia a estruturação de cadeias produtivas, e sabia que a Bahia, que era a grande produtora do petróleo brasileiro na época, ganharia muito com o aproveitamento interno disso. Daí o polo”.
O economista Antônio Alberto Valença, assessor-chefe da Secretaria de Planejamento do Estado, lembra ter convivido com Rômulo, “na condição de admirador”, e acredita que o idealizador do polo merecia ser mais homenageado. “Da cabeça dele saiu o futuro da Bahia”, diz. Valença acredita que o grande legado deixado por Rômulo Almeida é a cultura do planejamento.
Serviço
O que: Lançamento do livro “Rômulo Almeida”, de Antônio Jorge Moura
Quando: Dia 26 de novembro (quarta-feira), às 17h
Onde: Assembleia Legislativa da Bahia (Centro Administrativo)
As informações são do Bahia em Pauta, A Tarde e Jornal da Mídia.