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Imprensa baiana celebra os 125 anos de fundação do jornal “A Cachoeira”

Cachoeira é detentora dos títulos de “Cidade Histórica” e “Cidade Heroica”, um patrimônio brasileiro. Nada mais justo do que ser assunto de um jornal também histórico. O jornal “A Cachoeira” completou neste setembro 125 anos desde sua fundação e circulou em edição comemorativa. Idealizado em 1896, a marca do jornal é uma das mais antigas do país. Ao longo da semana, diversos veículos e jornalistas do estado lembraram o marco.

Matéria publicada pela Tribuna da Bahia, 24 de setembro de 2021

O município do recôncavo baiano já teve 141 jornais e revistas em circulação; assistiu ao nascimento e desligamento de cada um desses veículos. Em sua história, o “A Cachoeira” teve seus períodos de pausa, mas sempre se renova pelas mãos de um jornalista. Atualmente, esta é a tarefa do jornalista e advogado, Romário Gomes, diretor da Associação Bahiana de Imprensa (ABI). Gomes relata a história desse veículo, que começa ainda antes de 1896, com a iniciativa de seu bisavô, o italiano radicado Giaccomo Vaccarezza. 

“Meu bisavô se juntou com alguns companheiros, comprou as máquinas tipográficas, tudo para esse jornal sair e ser um defensor da república na cidade, que era muito cheia de homens ricos, donos desses sobradões enormes de Cachoeira. O jornal estava pronto, mas ele não o viu circular; morreu em 1894 e o jornal circulou em 24 de setembro de 1896. A partir daí já se via que o jornal deveria durar muito”, conta. 

Coluna de Levi Vaconcelos (Jornal A Tarde), 25 de setembro de 2021

Giaccomo e seus amigos eram membros da Associação dos Republicanos de Cachoeira. Foi em sua memória que o jornal foi lançado. Ele nasce como um veículo republicano, com circulação bissemanal, em substituição a outro título da cidade, “O Guarany”. Foi dirigido por José Antônio Antunes até 1917, quando houve uma pausa na produção do semanário. Em 1927, o médico Cândido Vacarezza, avô de Romário, retoma o veículo entregando – o à direção de Hermes de Assis Costa. 

Foi no ano de 1989, sob a direção do jornalista e grande persona de Cachoeira, Felisberto Gomes, tio de Romário, que o jornal sofreu seu maior revés com a enchente do rio Paraguaçu, que destruiu grande parte do seu acervo. 

Memória e influência

“Antigamente o rio começava a encher e levava cinco, seis dias para inundar a cidade. No caso de 1989, foi em duas ou três horas. Destruiu tudo, carregou todo o acervo do jornal e ficaram apenas duas máquinas que estavam presas no chão, cimentadas”, afirma Romário. As máquinas são relíquias históricas: a impressora manual francesa Alauzet, que possui mais de dois séculos, e a impressora elétrica alemã Offenbach, de 1928. Além desses, a oficina do jornal possui outros tesouros da imprensa antiga, entre tipos e componedores [instrumento para organizar os tipos para a impressão]. 

A impressora manual francesa Alauzet

Em 2020, os 90 anos da ABI foram comemorados com a reinauguração do Museu de Imprensa, um lugar para reviver e contar todos os dias a história da imprensa da Bahia. “A Cachoeira” foi um dos veículos homenageados pelo painel “Memória da imprensa e meios de produção”, com design assinado por Enéas Guerra. No painel, recorda-se a figura de Felisberto Gomes e a enorme prensa francesa, ambos parte importante da história dessa marca.

O jornalista e diretor de Cultura da ABI, Nelson Cadena, responsável pela pesquisa para o painel, reconhece o peso que o veículo teve para a sociedade cachoeirense. “Nenhuma cidade do interior tem um jornal impresso. E a marca ‘A Cachoeira’ é uma marca forte, porque, de qualquer forma, mesmo tendo uma circulação interrupta, teve influência política e influência na sociedade de Cachoeira”, recorda Nelson Cadena, diretor de Cultura da ABI. 

Por sua redação, passaram os ex-prefeitos de Cachoeira Anarolino Theodoro Pereira e Francisco Andrade Carvalho, e outros grandes nomes da região: o jornalista Cajueiro de Campos, o professor Antônio Rocha Pita e o jornalista Juvenal Paim. Como relata Costa Gomes, o jornal ainda exerceu papel decisivo ao atuar na eleição de três prefeitos e de alguns vereadores. 

Nas páginas há espaço para a cobertura política, os eventos, notícias esportivas, óbitos e homenagens às grandes figuras da região. Para Cadena, o que resta do acervo do veículo transformou-se na memória da cidade. “Quando você quer saber qualquer coisa, quando precisa pesquisar algum fato, você vai no acervo do jornal e encontra ali. Ele deixa de circular em alguns períodos, mas está sempre se renovando, como vai se renovar agora”, afirma. 

A versão do futuro 

Edição do jornal, 19 de outubro de 2001

Romário Gomes adquiriu o jornal na década de 90. “Meu tio estava muito doente, me chamou em casa e disse: ‘Você é jornalista. Eu não quero que o jornal pare, eu vou lhe vender ele’. Eu comprei o jornal na mão de meu tio e mantive lá com trancas e cadeados”. Adquiriu também a marca e o que foi salvo do acervo, do qual cuida até hoje. 

Para celebrar os 125 anos desde sua fundação, Romário fez circular uma edição especial do jornal. Atualmente conta com uma equipe enxuta, composta por estudantes da UFRB, e pretende fazer o jornal impresso circular mensalmente e voltar com o website de notícias diárias. Segundo Gomes, é “difícil e caro” fazer jornalismo no interior, mas ele se recorda dos preceitos do bom jornalismo que guiaram o “A Cachoeira” ao longo dos anos. “Os fatos vão para as páginas dos jornais. Comigo não tem conversa. É notícia? Boto na rua”, completa. 

*Larissa Costa, estudante de Jornalismo, estagiária da ABI.
Edição: Joseanne Guedes

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Panorama Internacional Coisa de Cinema agita Salvador e Cachoeira

Mais de 1.200 produções foram assistidas pela equipe de curadoria do XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema, para definir as competitivas Nacional de Longas, Nacional de Curtas, Baiana e Internacional. O evento acontece em Salvador e em Cachoeira, de 8 a 15 de novembro, mantendo o formato já consolidado e esperado por um público sedento pelas novidades do cinema independente. A Competitiva Baiana reúne 26 filmes produzidos em Salvador e no interior da Bahia. Nas competições de filmes brasileiros, haverá debate com os realizadores após a maioria das sessões. Os ingressos para as exibições na capital baiana já estão disponíveis para compra. Já em Cachoeira, a entrada é gratuita.

Segundo os idealizadores do projeto, Marília Hughes e Cláudio Marques, “O Cinema no Centro” continua sendo o lema do Panorama. “No centro das nossas vidas e das nossas cidades. Salvador e Cachoeira contam com belíssimos cinemas em seus centros históricos. Com muita alegria, nós vamos ocupar esses cinemas de rua e ver milhares de pessoas caminhando pelas calçadas dos nossos Centros Históricos”, diz texto divulgado pela dupla.

O destaque desta edição serão as homenagens ao cinema nacional. Um dos nomes celebrados será o ator Paulo José, que completou 80 anos em março e fez cerca de 50 filmes ao longo da sua carreira. No dia 11 de novembro, será exibido o documentário “Todos os Paulos do mundo”, de Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, que debaterá o filme com o público após a exibição. A homenagem inclui ainda a exibição de Macunaíma e O Padre e a Moça, ambos de Joaquim Pedro de Andrade.

O Panorama também irá render homenagens aos cineastas Guido Araújo, Geraldo Moraes e Luiz Paulino dos Santos, todos falecidos este ano. Parte da trajetória de Guido será resgatada com a exibição dos episódios 1 e 5 da série “O Senhor das Jornadas”, dirigida por Jorge Alfredo. A obra de Geraldo estará representada por “A Difícil Viagem” e a de Luiz Paulino por “Índios Zoró – Antes, Agora e Depois?”.

Abertura

Grande vencedor do Festival do Rio e ganhador do Prêmio Especial do Júri do último Festival de Locarno (Suíça), o longa “As Boas Maneiras”, de Juliana Rojas e Marco Dutra, será exibido na abertura festival. A sessão acontece dia 8 de novembro, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, em horário a definir. Estrelado por Marjorie Estiano (melhor atriz coadjuvante no Festival do Rio) e Isabél Zuaa, o filme é uma fábula de horror que revela a força do cinema de gênero no Brasil.

Entre outros filmes, a escolhida pelo júri popular como melhor filme do último Festival de Brasília, a produção baiana “Café com Canela”, de Glenda Nicácio e Ary Rosa, aborda o reencontro transformador de duas antigas amigas. O longa ganhou ainda os Candangos de melhor roteiro e melhor atriz (Valdinéia Soriano). Dezesseis produções da Bahia, Pernambuco, Ceará, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais compõem a Competitiva Nacional de Curtas, que inclui o premiado Chico (RJ), de Eduardo Carvalho e Marcos Carvalho.

O cinema realizado em treze países, seja com produções individuais ou em parceria, está representado nos sete longas e 13 curtas da Competitiva Internacional. Entre os longas selecionados estão Rei (Rey), de Niles Atallah, premiado no Festival de Roterdã; e A Ciambra, de Jonas Carpignano, vencedor do Europa Cinemas Label do Festival de Cannes.

SERVIÇO
O que: XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema
Quando: 08 a 15 de novembro
Onde: Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha / Cine Theatro Cachoeirano
Preço: Salvador: R$ 10,00 (inteira)/ R$ 5,00 (meia) avulso – R$ 40,00 passaporte para 10 sessões
Cachoeira: Gratuito

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Festa literária movimenta cena cultural de Cachoeira

A sétima edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), um dos principais eventos do calendário cultural do estado, agitou o Recôncavo Baiano entre os dias 5 e 8 de outubro. Mesas de debates, lançamentos de livros, oficinas literárias, saraus, apresentações teatrais, exibições de vídeos e shows musicais fizeram parte da programação, que contou com autores nacionais e internacionais, além da presença de pesquisadores, jornalistas, críticos, estudantes e do público interessado pelo universo da literatura.

Às vésperas de completar 75 anos, o escritor e jornalista Ruy Espinheira Filho foi o homenageado desta edição. O autor de mais de 20 livros abrilhantou o evento na noite de sexta (6). Durante a mesa “A Poesia em suas Infinitas Estações”, mediada por Mônica Menezes, ele recitou poemas e falou sobre criação, técnica, estilos literários e da influência paterna no despertar do seu amor pelo campo das palavras.

A curadoria da Flica esteve sob responsabilidade do também escritor e jornalista Tom Correia. As mesas foram compostas por nomes como Francisco José, jornalista da Rede Globo; Ricardo Ishmael, jornalista e apresentador da Rede Bahia; as blogueiras Jout Jout e Tia Má, a finlandesa de origem africana Minna Salami, Paula Chiziane, de Moçambique, Maria Valéria Rezende, Ricardo Lísias, Daniela Galdino, a poeta e atriz Elisa Lucinda, entre outros. Uma programação especial foi montada na chamada “Fliquinha”, para levar conteúdo voltado à literatura infantil.

Confira galeria de fotos aqui.

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UFRB garante funcionamento do Museu do Cinema em Cachoeira

A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) vai realizar um termo de cooperação entre o Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL/UFRB) e o Instituto Roque Araújo de Cinema e Audiovisual (IRA), para salvar o Museu de Equipamentos Cinematográficos (Museu do Cinema), situado na cidade de Cachoeira. Um encontro realizado na última sexta-feira (07) atendeu a um movimento iniciado nas redes sociais para expor o estado do equipamento, um patrimônio cultural de valor imensurável que estava prestes a se perder por falta de apoio. O museu, que conta a história do cinema em solo baiano, dispõe de um robusto e valioso acervo com o total de 4.990 equipamentos doados por cineastas, empresas produtoras de cinema e colecionadores.

Foi através de um desabafo do coordenador da unidade, o cineasta Roque Araújo, que os baianos ficaram sabendo da grave situação. O historiador e cineclubista Luiz Araújo (“Lu Cachoeira”) compartilhou, no dia 4, um vídeo em que Roque faz um apelo para manter vivo o maior museu de equipamentos cinematográficos do Brasil. Segundo Roque, depois da descontinuidade da parceria com a Prefeitura de Cachoeira, além de arcar com sua passagem, hospedagem e alimentação, ele seguia pagando funcionários com o próprio dinheiro. O cineasta também alegou a possibilidade de instalar o museu em qualquer parte do país, mas preferiu a Bahia porque “quis que os baianos tivessem o único museu específico de cinema e audiovisual”.

De acordo com Roque Araújo, a única instituição que continuava apoiando o IRA era o IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural, através da cessão do imóvel para a instalação do museu, que em três anos registrou nos livros de frequência aproximadamente 50 mil visitantes. “Eu faço o que posso para demonstrar a essa geração os equipamentos que geraram a sétima arte e falta suporte para mim”, afirmou o cineasta, que acompanhou todas as produções do Cinema Novo realizadas por Glauber Rocha, tornando-se um guardião e confidente de Glauber. Em quase seis décadas de ofício, ele guarda equipamentos usados em clássicos como “Redenção” e “Barravento”.

O vídeo levou ao engajamento de centenas de internautas, que comemoraram nas redes sociais a notícia da parceria entre o IRA e a UFRB. Segundo o diretor do CAHL, Jorge Cardoso Filho, o Museu servirá como fonte auxiliar na formação dos alunos dos Cursos de Cinema e Audiovisual, Museologia, Artes Visuais, Comunicação Social, História e demais cursos instalados na instituição. “Para nós, é importante que as ações que são realizadas pelo Instituto [IRA] se consolidem e continuem. Vamos construir um documento que atenda às demandas”, afirmou Jorge Cardoso, diretor do CAHL. Os trabalhos para viabilizar a reabertura do museu começaram já na manhã desta segunda (10).

*Com informações do Recôncavo Online

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