Notícias

“Caneta de Ouro da Liberdade” homenageia jornalistas mortos no exercício da profissão

A premiação anual “Caneta de Ouro da Liberdade”, promovida desde 1961 pela Associação Mundial de Jornais e Editores, homenageia este ano 1.100 jornalistas mortos no mundo no exercício de sua profissão desde 1992. De acordo com o Jornal O Estado de S. Paulo, dados revelados pela entidade apontam que, dos 1.100, 51% eram jornalistas de impresso e 39% do total morreu em cobertura de conflitos e guerras. Os dados foram divulgados durante a cerimônia de abertura de uma agenda múltipla do setor, que agrega, até esta quarta-feira (3), o 67º Congresso Mundial de Imprensa, o 22º Fórum Mundial de Editores e o 25º Fórum Mundial de Publicidade, em Washington.

“A tragédia desse massacre é amplificada por uma estatística assombrosa: autores de nove entre 10 assassinatos de jornalistas não são punidos. Ultimamente, isso é o que alimenta as chacinas. A impunidade estimula os crimes, amedronta a sociedade com sangue e nega o direito à liberdade de imprensa”, disse ontem Marcelo Rech, presidente do Fórum Mundial de Editores e diretor executivo de Jornalismo do Grupo RBS. A premiação ocorre anualmente em reconhecimento a iniciativas individuais, de grupo ou institucionais em defesa da liberdade de imprensa. Este ano, a associação decidiu fazer uma homenagem às vítimas da violência. “Queremos enviar uma mensagem àqueles que tiram a vida dos jornalistas, assim como aos legisladores para que reforcem a proteção daqueles que lidam com notícias ao redor do mundo”, declarou em nota a associação.

Segundo um levantamento da associação, os países que mais oferecem risco aos jornalistas são o Iraque, com 166 mortes desde 1992, Síria, com 80, Somália, 56, Paquistão, 56 e México, 32. A pesquisa também aponta que quase 90% das mortes ocorreram no país dos próprios jornalistas. De acordo com a associação, os profissionais locais são provavelmente menos treinados, pagos e protegidos. Fazem coberturas em regiões onde jornalistas estrangeiros não conseguem mais ter acesso, ou para o qual seus empregadores não mais desejam mandá-los a trabalho. Além das guerras, as trocas de tiros registradas em ocorrências policiais ocupam o segundo lugar na lista das causas das mortes, com 224 baixas. “Não há liberdade de expressão sem proteção e segurança para a prática do jornalismo”, destacou Rech. “É por isso que estamos aqui, para celebrar a liberdade e para reafirmar nosso compromisso com todos aqueles mortos em campo. O sacrifício deles não foi em vão. Vamos batalhar pelos mais altos ideais do jornalismo, que é denunciar todas as formas de injustiça e ainda contribuir para um mundo mais livre e pacífico.”

A Associação Mundial de Jornais e Editorias tem sede nas cidades de Paris, na França, e Darmstadt, na Alemanha, e é formada por jornais e novas mídias, que representa 18 mil publicações, 15 mil sites e cerca de 3.000 empresas em mais de 120 países. Sua missão central é a defesa da liberdade de imprensa, bem como do jornalismo de qualidade e integridade editorial.

União Europeia quer reavaliação da condenação de Rafael Marques

Julgamento do jornalista e ativista angolano Rafel Marques

O caso do jornalista Angolano Rafael Marques condenado pelo tribunal provincial de Luanda a seis meses de prisão com pena suspensa no processo de difamação sobre a violação dos direitos humanos na exploração diamantífera com a publicação, em Portugal, em setembro de 2011, do livro “Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola”, vem tendo grande repercussão internacional. Após o Departamento de Estado norte-americano ter comunicado que está “profundamente desiludido pela condenação por difamação de Rafael Marques“, é a União Europeia (UE) que reage ao mais recente desenvolvimento do processo judicial. A União Europeia quer a reavaliação da condenação do ativista e jornalista angolano, sustentando que as leis sobre difamação não devem ser utilizadas contra a liberdade de expressão e o jornalismo de investigação.

Em declarações à agência Lusa, uma porta-voz da UE para a política externa afirmou que “A UE tem seguido de perto o caso contra o jornalista e ativista dos direitos humanos Rafael Marques, assim como outros casos, dada a importância que atribui à liberdade de imprensa e direitos humanos”. A porta-voz reforçou ainda, que “as leis de difamação não sejam utilizadas contra a liberdade de expressão e o jornalismo de investigação”, e que a questão dos direitos humanos é uma das matérias que fazem parte “do diálogo que a UE tem mantido com Angola”.

Começou a circular também um abaixo-assinado em defesa do jornalista angolano. Ao todo, são 72 signatários que pedem ao Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, que ordene “o fim do processo legal que envolve o jornalista Rafael Marques”. A lista foi promovida pela Index On Censorship, uma organização não governamental que atua na defesa da liberdade de imprensa. O texto é assinado por várias personalidades internacionais, a maior parte deles jornalistas, mas há também escritores, ativistas de todo o mundo e realizadores de cinema. Contam-se nomes como Steve McQueenm diretor de “12 anos Escravo”, vencedor do Oscar para Melhor Filme em 2014, Jimmy Wales, fundador da Wikipedia e Ali Ferzat, cartunista satírico da Síria. A Tiffany & Co., maior empresa do indústria diamantífera do mundo, também deixou a sua assinatura.

 *Luana Velloso/ABI com informações do jornal O Estado de S. Paulo, do Portal Imprensa, e do site O Observador.

publicidade
publicidade
Notícias

ONU adota resolução que condena violência contra jornalistas

O Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução que condena todas as violações e abusos contra jornalistas e lamentou com veemência a impunidade existente nestes casos. A resolução adotada por unanimidade, na última quarta-feira (27), convoca os Estados a tomar medidas adequadas para assegurar a responsabilização dos crimes cometidos contra jornalistas, profissionais da mídia e equipe associada em situações de conflito armado. O vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, observou o aumento “preocupante” do número de jornalistas mortos desde 2006 e a tendência dos grupos terroristas e criminosos de usá-los como alvos ou ameaçá-los. Ainda segundo ele, 90% dos casos de crimes contra a categoria ficam impunes.

A decisão lembra ainda que o trabalho da mídia livre, independente e imparcial constitui um dos fundamentos essenciais das sociedades democráticas. O Conselho reiterou sua demanda de que todas as partes do conflito respeitem as obrigações determinadas pelo direito internacional relacionadas à proteção de civis em conflitos armados, incluindo jornalistas, e pediu a liberação imediata de todos aqueles sequestrados ou mantidos como reféns.

Segundo Eliasson, os assassinatos recentes de jornalistas têm recebido ampla atenção em todo o mundo. “No entanto, não devemos esquecer que 95% dos assassinatos de jornalistas em conflitos armados envolvem jornalistas locais, que recebem menos cobertura da mídia”, pontuou. Eliasson cobrou dos Estados um maior compromisso na condenação de responsáveis por assassinatos de jornalistas em situações de conflito, organização de debates sobre sua proteção, incentivo a missões do Conselho de Segurança para averiguar a segurança de jornalistas e profissionais da mídia e garantias de que a liberdade de expressão e segurança dos jornalistas continue sendo parte integral dos direitos humanos e reformas jurídicas, bem como que apoiem o Plano de Ação da ONU sobre a Segurança dos Jornalistas e a Questão da Impunidade.

*Luana Velloso com informações da ONU, Rede Angola e do site O Jornalista.

publicidade
publicidade
Notícias

Dois assassinatos de jornalistas em menos de uma semana no Brasil mobilizam entidades

Em menos de uma semana, dois crimes brutais ocorridos no Brasil – mas com ampla repercussão internacional -, chocaram o país. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) expressou nesta quarta-feira (27) sua profunda consternação pelo assassinato do jornalista investigativo da emissora comunitária RCA, Djalma “Batata” Santos da Conceição, que dirigia o programa “Acorda, Cidade!”. O presidente da SIP, Gustavo Mohme, pediu que as autoridades “atuem com urgência para identificar e punir os responsáveis materiais e intelectuais” tanto deste assassinato como do blogueiro Evany José Metzker, que foi decapitado em 18 de maio em Minas Gerais. Entidades ligadas ao segmento de mídia condenaram a sucessão de homicídios e outras violências contra profissionais de imprensa e alertaram para o clima de impunidade que contribui para a repetição de violações à liberdade de expressão e ao direito da sociedade de ser devidamente informada.

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) informou que o radialista Djalma Santos da Conceição, 54 anos, que apresentava um programa na cidade de Conceição da Feira, foi assassinado com pelo menos 15 tiros e seu corpo foi achado com sinais de tortura no sábado, um dia após ter sido sequestrado em um bar de sua propriedade por três homens encapuzados. Ele havia recebido ameaças por causa dos crimes que denunciava e pelas opiniões políticas que emitia em seu programa, o de maior audiência em Conceição da Feira. Sua última investigação foi sobre o assassinato de uma adolescente em uma favela, supostamente cometido por traficantes. O próprio radialista foi à favela ajudar a resgatar o corpo da jovem depois que a polícia se recusou a fazê-lo para supostamente evitar um confronto com os criminosos. O corpo do jornalista foi achado em uma valeta de uma estrada com a língua cortada e o olho direito arrancado.

Com sinais de extrema crueldade, o crime causou pavor no interior da Bahia – Foto: Reprodução

“Essa é a segunda morte registrada de profissionais de jornalismo em uma semana, uma vez que o corpo do jornalista Evany José Metzker foi encontrado decapitado e com sinais de tortura em Padre Paraíso (MG), no dia 18 de maio”, afirma um comunicado postado no site da ANJ. “Em face de mais este caso, a ANJ insiste junto às autoridades quanto à necessidade de imediato e cabal esclarecimento dos crimes mencionados, a fim de que os responsáveis sejam devidamente julgados”, conclui o comunicado.

O assassinato de Conceição também foi condenado em comunicado divulgado em Nova York pela organização não-governamental internacional Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). “Os assassinatos brutais de dois jornalistas brasileiros em menos de uma semana representam uma escalada preocupante de violência contra a imprensa no Brasil, que já é um dos países mais perigosos no mundo para ser jornalista”, afirmou Sara Rafsky, pesquisadora associada à divisão da CPJ para a América, citada no comunicado.

Leia também: Juiz determina sigilo sobre caso de jornalista decapitado em Minas

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) ressalta que a morte violenta de comunicadores fora dos grandes centros não é novidade. “Conforme esses cidadãos tomam para si a atividade de informar – e, muitas vezes, de revelar problemas e corrupção em suas regiões -, tendem a ser a maioria das vítimas de violência em um país que ainda guarda traços de coronelismo. Crimes como o de Conceição e de Metzker devem ser investigados com rapidez e punidos com rigor”, informa a nota divulgada pela entidade. Já o presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, Claudio Paolillo, lamentou que na mesma semana em que ocorreram os assassinatos uma comissão da Câmara dos Deputados descartasse um projeto de lei que “prevê a participação da Polícia Federal nas investigações de crimes contra jornalistas”.

A morte de Djalma ocorreu na mesma semana que a do blogueiro Evany José Metzker em Padre Paraíso, município no estado de Minas Gerais. Metzker, responsável pelo blog investigativo Coruja do Vale, foi achado morto na segunda-feira da semana passada, decapitado e com várias marcas de violência. O sindicato regional de jornalistas considera que seu assassinato está vinculado com seu trabalho de denúncia, que se centrava em crimes como narcotráfico, roubo de cargas e exploração sexual de menores e adolescentes. O jornalista estava desaparecido desde o último dia 13 e foi achado morto em uma área rural, em avançado estado de decomposição, decapitado, com as mãos amarradas e outras marcas de violência.

*Informações da EFE e do jornal Estado de Minas.

publicidade
publicidade
Notícias

Jornalista é demitido após discutir sobre narcotráfico com ministra da Bolívia

Os países da América Central e do Caribe continuam sendo estratégicos como rotas do tráfico de droga para o norte e do contrabando de armas para o sul. As denúncias do envolvimento de autoridades com o narcotráfico é um fator que torna mais difícil qualquer mudança política ou socioeconômica na região, além de desencadear novos ataques à imprensa que traz à tona os escândalos. O jornalista Enrique Salazar foi demitido da emissora de TV Red Uno na última quarta-feira (20/5), após discutir, ao vivo, com autoridades do atual governo sobre a produção de cocaína na região de Cochabamba, zona eleitoral do presidente Evo Morales. De acordo com o El Comercio, o repórter lamentou que a Bolívia não seja produtora de trigo, mas sim de cocaína. A atual Ministra da Comunicação, Marianela Paco, ouviu o comentário no programa “One Red” e pediu explicações ao jornalista. Salazar e a ministra iniciaram uma discussão, que terminou com insultos à autoridade. Após a repercussão do caso, a emissora informou a rescisão do contrato do jornalista por má conduta profissional.

Na Venezuela, o regime de Hugo Chávez, chefiado desde sua morte por Nicolás Maduro abriga um dos maiores cartéis de drogas do mundo. Desde que militares colombianos capturaram o laptop de um líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), há oito anos, é fato sabido que Chávez deu refúgio a narcoguerrilheiros colombianos e permitiu a eles traficar cocaína da Venezuela para os Estados Unidos com a ajuda do Exército venezuelano. Mas quando um ex-segurança de Chávez, Leamsy Salazar, desertou para os EUA, em janeiro, a escala do que é conhecido como o cartel de Los Soles começou a ficar publicamente conhecida.

Leia também:

Leamsy Salazar vem cooperando com procuradores federais americanos que estão montando um caso criminal contra vários generais e funcionários de alto escalão do governo venezuelano, incluindo o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello. Um extenso relatório no Wall Street Journal na semana passada afirmou que o cartel de Cabello havia transformado a Venezuela num “centro de distribuição global do tráfico de cocaína e de lavagem de dinheiro”. Um dia depois da chegada de Salazar a Washington, o jornal espanhol ABC publicou uma matéria detalhando o caso emergente contra Cabello e, no mês passado, o repórter Emili Blasco, do ABC, deu sequência com um livro expondo as afirmações de Salazar e de outros desertores segundo os quais o regime comunista de Cuba e a milícia libanesa Hezbollah estão conectados ao tráfico.

Cabello respondeu com a tática mais familiar do regime: um ataque à imprensa. Ele moveu ações por difamação contra 22 jornalistas de três organizações noticiosas venezuelanas que publicaram matérias sobre a reportagem de Blasco, incluindo El Nacional, o único jornal venezuelano que restou no país. No começo de maio, um juiz aplicou a pena que Cabello buscava sem se dar o trabalho de fazer um julgamento, em uma demonstração de que o regime se apropriou do Judiciário. Os jornalistas críticos do governo foram proibidos de deixar o país e têm ordens de comparecer semanalmente ao tribunal. Além da repressão à mídia independente, o governo autoritário da Venezuela mantém aproximadamente 70 prisioneiros políticos – entre os quais o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e o importante líder da oposição Leopoldo López – e é acusado por grupos de defesa dos direitos humanos de detenções ilegais e tortura.

*Informações do Portal IMPRENSA, El País, Estadão e Último Segundo.

publicidade
publicidade