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Candidatos moveram 160 ações na Justiça contra a imprensa nas Eleições 2014

O primeiro turno das eleições deste ano terminou com números preocupantes no quesito liberdade de imprensa no Brasil, que acumulou 160 ações contra divulgação de informações. É o que revela um levantamento do projeto Eleição Transparente, da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). Desde o início do processo eleitoral, a entidade mantém o mapa interativo com a origem dessa luta judicial provocada por 64 candidaturas de 21 partidos contra 12 empresas de mídia e tecnologia. No ranking dos estados, a Bahia aparece em quarto lugar, com 11 registros de ações. O primeiro lugar ficou com o Paraná (28), seguido de Alagoas (21) e Roraima (16).

Reprodução/Abraji
Reprodução/Abraji

De acordo com Guilherme Alpendre, secretário-executivo da Abraji, os dados corroboram com uma conjuntura já existente em outros pleitos. “A gente, em eleições passadas, tinha notado que no Paraná já tinha bastantes casos de cerceamento em época eleitoral. Conseguimos comprovar numericamente que o Paraná é o principal estado em que isso acontece”, disse em entrevista ao O Globo.

O mapa interativo aponta ainda que a maioria dos autores pertence ao PMDB, com 36 ações ou 21% do total, seguido por PSDB, com 30 (18%) e PP, com 19 (ou 11%). Já o cargo que contabiliza mais autores de processos judiciais é o de governador, com 56% (94 ações). O candidato que mais acionou a Justiça — 14 vezes — foi Benedito de Lira, que concorreu pelo PP ao governo de Alagoas.

Alpendre afirma que o cargo de governador, ao mesmo tempo que possui mais representantes numéricos que o de presidente, permite que os candidatos fiquem mais em evidência. “Governador é o cargo com mais visibilidade com um número bem maior de candidatos. Por isso que é mais comum que as ações partam dos que concorrem a esse cargo”.

A base de dados do projeto, alimentada pela Abraji com a colaboração de representantes legais de empresas que foram intimadas pela Justiça, indica que a maioria esmagadora das ações é contra o Google. Sozinha, a empresa concentra mais de 120 ações, sendo que a maioria das ações catalogadas pede a retirada de vídeos do canal Youtube. Além disso, diversos blogs com conteúdo considerado difamatório pelos candidatos estão abrigados na plataforma Blogger, que também pertence ao Google. Bem atrás vem o instituto de pesquisas Ibope, que é réu em 16 processos.

Excesso de ações

Para Fabro Steibel, especialista em comunicação e política e membro do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, o Marco Civil da Internet, sancionado em abril deste ano, desestimula o acordo entre as empresas de mídia e os políticos, e acaba fazendo com que as disputas pela veiculação de conteúdos na web terminem na Justiça. “O Marco Civil, apesar de não proibir, desestimula isso [o pedido direto para a retirada de material] a acontecer. Isso é bem claro no Marco Civil. Ele incentiva as empresas a exigir uma ordem judicial. Isso deveria acontecer durante as eleições de forma muito clara. O que acontece no Brasil durante as eleições é que ocorre uma excepcionalidade nas garantias à liberdade”, argumenta ao jornal O Globo Steibel, para quem o Tribunal Superior Eleitoral não define claramente o que é propaganda irregular na internet.

Ele critica os critérios para que uma publicação seja considerada irregular. Fabro, acredita que, por causa da celeridade característica da Justiça Eleitoral, muitos conteúdos são barrados por liminares sem que haja uma reflexão profunda sobre sua natureza. “A liberdade de comunicação acaba comprometida, porque quem tem o melhor time de advogados ou de monitoramento das redes sociais acaba tendo um poder desigual. O entendimento nos Estados Unidos, por exemplo, é que é mais importante a democracia. Em vez de você impor restrições, o que você faz é com que mais e mais pessoas possam falar. Lá, a ideia é que quanto mais as pessoas falarem, mais dados bons aparecem”.

Por outro lado, o vice-presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-RJ, André Miranda, pondera que o histórico da Justiça Eleitoral não é de respaldar medidas de censura prévia e que ela foi criada para zelar pela manutenção da igualdade dos candidatos e da lisura do pleito. O advogado acredita que as ações dos candidatos são em geral legítimas, porque, segundo ele, o Google é um instrumento de divulgação como qualquer outro. “Você tem ali uma praça pública, e como tal, tem que ter alcançada uma tutela jurisdicional. Você hoje tem no Google um instrumento célere de divulgação de notícias. E a legislação eleitoral garante que você proteja o candidato contra notícias inverídicas, com divulgação infundada. A Justiça ajuda o candidato a obter a tutela adequada para se proteger desse veículo. Você tem cada vez mais esse tipo de pedido, dado o aumento progressivo do número de notícias que o Google divulga. A internet é o veículo que as pessoas buscam”.

*Informações do Portal Imprensa, O Globo e Abraji.

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Proibir imprensa de entrevistar candidatos é censura prévia, decide ministro do STF

DEU NA CONJUR – Proibir jornalistas, radialistas e integrantes dos meios de comunicação de entrevistar, mencionar, elogiar ou mesmo criticar candidatos inscritos na disputa eleitoral de 2014 é censura prévia, vedada pela Constituição Federal. Com esse entendimento, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liminar restabelecendo o direito de emissoras de rádio e TV do Sistema Beija-Flor de Comunicação, no Amapá, entrevistarem candidatos que disputam eleição no estado este ano. O Sistema Beija-Flor de Comunicação é formado por duas emissoras de TV e 16 rádios pertencentes à família de Gilvam Borges (PMDB-AP), que disputa uma vaga ao Senado Federal.

Ao julgar ação de investigação judicial eleitoral, o juiz substituto Carlos Tork, do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá, suspendeu, em liminar, o sinal das emissoras do grupo. Após Mandado de Segurança, o juiz eleitoral Vicente Pereira Gomes, do mesmo tribunal, proibiu as emissoras de comentar ou citar os nomes dos candidatos que disputam a eleição no Amapá, excluindo da decisão a exibição dos programas eleitorais gratuitos. O grupo ajuizou reclamação contra essa decisão alegando abuso no exercício da liberdade de imprensa.

Tal argumento foi levado em consideração pelo ministro Barroso. Segundo ele, a decisão do tribunal regional constitui censura prévia, que é vedada pela Constituição. O STF já decidiu que a liberdade de imprensa não pode ser objeto da restrição drástica imposta pela Justiça Eleitoral, de modo que eventuais excessos deveriam ser reparados pelos meios legais cabíveis. “A interrupção abrupta de toda e qualquer veiculação estaria em sentido diametralmente oposto ao que consagra a jurisprudência da Corte”, afirmou Barroso na decisão.

Barroso afastou a restrição imposta ao grupo e restabeleceu a liberdade de expressão, informação e imprensa. Isso não significa, segundo ele, “que as autoridades possam descurar do seu dever de fiscalizar e coibir eventuais direcionamentos indevidos”. Ele determinou à Justiça Eleitoral que fiscalize o cumprimento da legislação, assegurando tratamento igualitário aos candidatos.

Clique aqui para ler a decisão.

*Texto de Livia Scocuglia para a revista Consultor Jurídico. Publicado em 29 de setembro de 2014.

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CIDH critica governo da Venezuela por ataques à imprensa

DEU NA FOLHA – A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) divulgou nesta segunda-feira relatório que denuncia a “deterioração do direito de liberdade de expressão” na Venezuela. O documento surge em meio a crescente disputa entre governo e imprensa privada, acusada de conspirar contra a revolução bolivariana implantada pelo ex-presidente Hugo Chávez há 15 anos. A CIDH critica o governo atual, de Nicolás Maduro –que assumiu após a morte de Chávez, em 2013– por recorrer a pressão política e econômica contra a mídia.

Na semana passada, uma cartunista foi demitida do jornal “El Universal” por causa de um desenho que criticava a situação de saúde no país. Dois outros importantes veículos privados, a TV Globovisión e o jornal “Ultimas Noticias”, abandonaram a linha crítica ao governo após terem sido recentemente comprados por investidores.

Leia também: 

A CIDH também critica Maduro por ter ameaçado processar veículos que cobrem um surto de doença desconhecida em Maracay. O governo é acusado, ainda, de sufocar economicamente a imprensa ao restringir o acesso dos jornais aos dólares necessários à importação de papel.

Até o fechamento desta edição, o governo não havia se pronunciado. O governo venezuelano é crítico da CIDH já que a comissão é ligada à OEA (Organização dos Estados Americanos), órgão alinhado aos EUA.

*Texto de Samy Adghirni, de Caracas, para a Folha de S. Paulo do dia 23 de setembro de 2014.

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Servidor que mudou perfis de jornalistas a partir de rede do Planalto será exonerado

De acordo com nota distribuída pela Casa Civil da Presidência da República nesta quinta-feira (11), prazo final da apuração, a Comissão de Sindicância criada para apurar o uso de computadores do Palácio do Planalto para alterar os perfis dos jornalistas Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg na Wikipédia identificou o autor das mudanças. Durante o processo de investigação, o servidor Luiz Alberto Marques Vieira Filho, ocupante de cargo efetivo da carreira de finanças e controle, “assumiu a autoria das alterações”.

Leia também: Entidades repudiam uso de rede do Planalto para alteração de dados e críticas a jornalistas

Na época, ainda de acordo com o Planalto, o servidor exercia cargo de assessor da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e atualmente ele ocupa a função de chefe da Assessoria Parlamentar do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, cargo do qual já solicitou desligamento. A exoneração do referido servidor será publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira, 12.

O servidor pediu afastamento do cargo e um processo administrativo disciplinar (PAD) foi aberto para dar prosseguimento às investigações nos termos da Lei 8.112/1990, assegurados amplo direito de defesa e do contraditório. O PAD tem duração de 30 dias e, ao final, Luiz Alberto poderá perder seu cargo efetivo.

Segundo dados do Portal da Transparência, vinculado à Controladoria Geral da União (CGU), Luiz Alberto é funcionário de carreira do Ministério da Fazenda, desde abril de 2007. Em maio desde ano, foi cedido ao Ministério do Planejamento. O salário mensal do servidor é de R$ 22.065,61. Quando o caso veio à tona, entidades se manifestaram em repúdio ao caso e pediram rigor nas investigações.

 *Informações do Estadão e da ABI – Associação Brasileira de Imprensa

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