A Associação Bahiana de Imprensa (ABI), instituição de 92 anos, segue tocando um projeto ousado e que faz jus à sua importância para a sociedade. O chamado “Projeto ABI 2.0″ tem promovido transformações estruturais na quase centenária Casa dos Jornalistas. Na reunião ordinária da Diretoria Executiva, realizada na manhã de ontem (11), foram apresentadas algumas inovações que se somam às modernizações em curso, desde a adesão a ferramentas tecnológicas, para otimizar o dia a dia da entidade e possibilitar presença efetiva no interior do estado, até reformas e adequações no edifício-sede e seus espaços culturais.
Uma das novidades é a campanha para ampliar o quadro associativo, aproximando a ABI das novas gerações de profissionais que atuam na imprensa baiana. Na sessão, foram admitidos nove sócios. A expectativa é que a cada reunião cresça o número de jornalistas e radialistas associados, com o objetivo de fortalecer a entidade.
Além das pautas previstas para a reunião mensal, a Diretoria aprovou uma moção de aplausos para o Poder Judiciário da Bahia, à Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e à Associação dos Magistrados da Bahia (AMAB), por causa dos temas que serão debatidos durante o XXIV Congresso Brasileiro de Magistrados, de 12 a 14 de maio, em Salvador. O mais tradicional evento da magistratura brasileira vai conversar sobre desinformação, notícias falsas e liberdade de expressão, reforma eleitoral, democracia e eleições na América Latina, dentre outros assuntos importantes para a atividade jornalística.
A reunião também aprovou uma moção de aplausos à Diretoria da Associação Brasileira de Imprensa, representada pelo jornalista Paulo Jerônimo de Souza, que concluiu seu mandato tendo como maior legado a reconstrução da importância da ABI para o Brasil. E ainda uma moção de congratulações aos jornalistas Octávio Costa e Regina Pimenta, respectivamente, presidente e vice-presidente eleitos para a nova gestão da entidade.
Homenagem
A reunião foi marcada por uma homenagem especial. O advogado Antônio Luiz Calmon Teixeira recebeu da instituição o Diploma de Sócio Honorário, título concedido à pessoa “de notório saber, que seja destaque em sua área de trabalho e ou conhecimento”, de acordo com o Estatuto interno. A outorga contou com a presença de familiares do homenageado, advogados e representantes de órgãos ligados ao Poder Judiciário.
Descendente da tradicional família Calmon, Antônio Luiz Calmon Navarro Teixeira da Silva possui 60 anos de carreira na advocacia. Formado pela UFBA, Dr. Calmon, como é chamado, já esteve à frente da presidência do Instituto dos Advogados da Bahia (IAB), assim como ocupou a presidência do Colégio de Presidentes dos Institutos de Advogados do Brasil, o Colégio de Presidentes, e o cargo de 2° vice-presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Ele representou a Associação Bahiana de Imprensa no processo de reintegração de posse do imóvel do Museu Casa de Ruy Barbosa.
O presidente da Assembleia Geral da ABI, Antônio Walter Pinheiro, explicou os motivos para referendar a honraria. Segundo ele, a homenagem se justifica pelos relevantes serviços prestados por Dr. Calmon Teixeira à ABI e à imprensa baiana. Pinheiro falou das qualidades de Calmon, não apenas como jurista, mas também como amigo de uma relação construída há mais de 40 anos. “Eu me sinto honrado por estar representando a Associação Bahiana de Imprensa neste ato de concessão, por tudo aquilo que significa este título e a figura do nosso novo confrade, esta presença tão representativa da nossa sociedade e do mundo jurídico”.
“Para mim, este momento e este título é um ápice da minha vida”, agradeceu Dr. Calmon. O advogado recordou a relação entre a advocacia e o jornalismo e a sua própria relação com a imprensa, desde o convênio ocorrido entre a ABI e o Instituto dos Advogados da Bahia. “A advocacia não é uma profissão, é um sacerdócio. E costumo dizer – e é uma verdade lapidar -, que a imprensa e a advocacia são irmãos e são dois sustentáculos primordiais do Estado Democrático de Direito. Sem o Estado Democrático não existe liberdade”, afirmou o advogado, acompanhado pelos filhos: o também advogado Antônio Luiz Calmon Teixeira e a administradora Stella Coelho Teixeira; e seu sobrinho Fernando Araújo Fontes Torres, procurador federal.
O jornalista e radialista Ernesto Marques, presidente da ABI, saudou com alegria a homenagem feita ao advogado e recordou o vínculo construído por ele com a entidade através de sua participação ativa. “Há muito tempo nós temos o Dr. Calmon frequentando nossas atividades, prestigiando a Associação Bahiana de Imprensa e, mais do que isso, colaborando efetivamente. O texto do novo Estatuto tem a assinatura de todos nós e tem também essa assinatura, que nos honra muito, que é a de Dr. Calmon”, enfatizou.
Além dos diretores da ABI, estiveram na sessão: O advogado e jurista Sérgio Schlang, vice-presidente do Instituto dos Advogados da Bahia; Cel. Cristóvão Rios de Brito, juiz da Venerável Irmandade do Senhor do Bonfim; Des. Valtércio Oliveira, ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT/Bahia); Taurino Araújo, jurista, advogado e escritor; a professora Cybele Amado, diretora-geral do Instituto Anísio Teixeira.
Defesa da liberdade de imprensa
Na presença de membros representantes do Judiciário baiano, entre colegas de Calmon Teixeira, Ernesto Marques aproveitou para recordar o avanço da violência contra jornalistas, principalmente as mulheres que exercem a atividade. Ele citou casos de grande repercussão e enfatizou a necessidade de união entre as classes jornalística e do Direito, a fim de que atuem juntos para frear os ataques à liberdade de expressão. “Se usa o Direito, se usa a Justiça, para tentar silenciar vários jornalistas e empresas jornalísticas”, afirma.
O presidente da ABI ressaltou que o colegiado da ABI é composto por distintas opiniões e posicionamentos políticos, mas que todos convivem respeitosamente. “Esse é o tema que a gente precisa manter: naturalizar o contraditório e não banalizar a violência de nenhum nível, de nenhuma espécie, especialmente a violência que, vestida de qualquer forma, tenta calar a imprensa. Nossa arma é a palavra”, disse.
Demonstrando preocupação com o clima que se desenha neste ano eleitoral, Ernesto Marques criticou a atuação das Forças Armadas e defendeu que as instituições estejam vigilantes na defesa da democracia. “Não esperamos que a posição da ABI mude o rumo das coisas, nem mesmo da Associação Brasileira de Imprensa. Mas não queremos que daqui a 50 anos, quem estiver na diretoria da ABI, vá propor uma retratação pelo fato da nossa entidade ter sido silenciosa e omissa enquanto as coisas se desenvolviam à vista de todos. Isso aconteceu em 1964”, recordou.
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