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Viva Salvador, a primeira cidade do Brasil

Louti Bahia*

Se ligue: Salvador não foi só a primeira capital do Brasil não, vú? Também foi a primeira cidade do Brasil e a primeira cidade planejada do Brasil. Quando o assunto é Salvador, eu só te digo uma coisa: não te digo nada.

Mas vou te explicar tim tim por tim tim.

Salvador foi a primeira capital do Brasil, fundada em 1549 por Tomé de Sousa. Antes dela surgir, Portugal tinha dividido o território em 15 capitanias hereditárias. O Rei deu cada uma a um donatário e disse: vá trabaiá, se pique, se vire, vá cuidar do próprio imbigo. Vá pra lá lutar com os indígenas e dê um jeito de povoar, proteger e produzir. Aí, deu xabu. Deu a maior m🙊rda. Confusão da p🙊rr😬. Teve donatário que morreu, fulano e sicrano que fugiu de volta pra Portugal e teve até capitania que não rendeu nenhum vintém. O Rei de Portugal, que era um pedaço de cavalo, pegô ar e acabou com as capitanias. Ele chamou Tomé de Sousa e disse assim: de hoje a oito você vai partir a mil para o Brasil. Vá por ali, ó: siga reto a vida toda e bote ordem naquela bagunça. Crie a primeira capital, seja o governador geral e mande na p🙊rr😬 toda.

Aí Tomé de Sousa disse: “partiu Banda Mel” e veio trazendo mil homens pra construir Salvador. Imagine aí esse povo todo em apenas seis barcos durante meses no mar sem tomar banho de água doce. Barril de mil, literalmente. E ainda teve gente que chamô raul.

Mas quando pisaram aqui, nem esperaram o sol esfriar: adiantaram o lado da primeira cidade do Brasil. Tomé de Sousa pegô no sono, deixou até a luz dormir acesa e quando acordô já tava tudo pronto. Botaram pra lenhar.

Oxe, oxe, oxe. É o quê, coisinho? Que papo é esse que a primeira cidade do Brasil foi outra? Quem le deu alta? Feche a cara e deixe de contar lorota pra enganar turista. Antes de Salvador, só tinha vila no Brasil. Vila não é urbana, não tem centro de poder, não tem comércio, serviço, educação, saúde e tudo mais. Quem tem tudo isso é cidade. Então, se plante: vila é vila e cidade é cidade.

Tanto é que aqui mesmo no nosso território tinha uma vila no lugar do Porto da Barra. Era a Vila do Pereira, erguida em 1536. Mas gente não conta nosso aniversário a partir dessa data não: só conta a partir de 1549. Tá ligado?

Então se oriente! O nosso nome original já dizia o que a gente era: a Cidade do Salvador. Até o Papa reconheceu isso com uma bula papal: era uma exigência na época.

E né querendo me gabar não, mas além de ser a primeira cidade de todas e a primeira capital, Salvador também foi a primeira cidade planejada do Brasil.

Vou largar o doce, que eu não sou baú. Salvador foi desenhada em Lisboa e as p🙊rr😬. O Mestre das Obras, Luis Dias, adiantou o lado e já veio com Tomé de Sousa trazendo o projeto prontinho. Só precisou escolher o melhor terreno e começar a construir. Mas tudo feito de tauba porque aqui não tinha pedra.

A história de Salvador é porradona: né pôca m🙊rda não. Nossa cidade foi criada a partir do Tratado do Desenho Italiano. Era a coisa mais avançada na Europa da época. Vou te dar a ideia: esse tratado foi criado a partir do Renascimento Cultural, a partir dos estudos do gênio Leonardo da Vinci. Ele criou o Homem de Vitrúvio depois que estudou a história desse antigo arquiteto grego. E essa criação dele até hoje é base para estudantes de engenharia, arquitetura e design no mundo inteiro. Ói de onde veio a base da teoria construtiva que deu origem à Cidade do Salvador.

Tá com inveja? Problema seu: não guenta vara, peça cacetinho.

Por isso que a nossa cidade nasceu com uma praça aberta pra um lugar muito bonito e sagrado. Esse conceito de praça assim foi criado pelos gregos com o nome de ágora. Essa praça é a nossa Praça Municipal que fica lá no de frente para a Baía de Todos-os-Santos. É boca de zero nove. Vá lá dar uma espiadinha.

A nossa cidade foi construída na parte alta para facilitar a defesa e ter melhor ventilação e iluminação natural. Esse era o conceito de Acrópole, criado também pelos gregos. De lenhar, né? Apertei sua mente, não foi?

E a gente é soteropolitano porque sotero vem do grego sóter que significa “o salvador”. Poli em grego é cidade. Politano é o habitante da cidade. Então soteropolitano quer dizer “habitante da Cidade do Salvador”. É isso que a gente é, pivete. Pegue a visão.

Por isso que, em Salvador, quem menos anda voa.

Tá veno aí? Entendeu tudo mermo, seu bocó? Ou acha que eu tô falando grego?

Pois mande logo esse texto pruzoto, vú?

E respeite Salvador porque Salvador é ôtra história.

*Texto em baianês, escrito por Luciano ‘Louti’ Bahia, responsável pelo projeto educativo @amoahistoriadesalvador.

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Pesquisador de Cidades, especialista em Desenvolvimento Regional, Urbano e Ambiental.
Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI)
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Todo amor por Salvador

Chegamos à concentração e, depois daquele reconhecimento do grupo, descemos em direção ao Sulacap. A essa altura você deve estar esperando um relato pré-pandemia, de quando o Carnaval passava pelos quatro quilômetros de Circuito Osmar, com foliões percorrendo Campo Grande, Avenida Sete, ‘enchendo de alegria a Praça e o poeta’, antes de subir pela Carlos Gomes, num ‘verdadeiro enxame, chame chame gente’. Mas, neste 29 de março, vamos falar de uma outra história desta terra festeira. Para celebrar os 473 anos da capital baiana, a reportagem da ABI mergulhou em uma experiência pelos corredores da História e traz hoje uma Salvador pouco conhecida: de Louti Bahia, Anderson Simplício e Iuri Barreto.

Esses três apaixonados por Salvador encontraram na Comunicação sua realização profissional e uma poderosa ferramenta para resgatar o amor à cidade mais antiga do Brasil. Através de páginas na internet, esses filhos orgulhosos espalham conhecimento sobre o amado e acolhedor pedacinho de chão.

Publicitário e especialista em Desenvolvimento Urbano e Planejamento Ambiental, Luciano ‘Louti’ Bahia é responsável pelo projeto educativo Amo a História de Salvador, cuja página no Facebook foi criada em 2014, chegando depois ao Instagram. O trabalho desenvolvido levou o urbanista a montar um acervo com aproximadamente 4 mil imagens históricas. Aliadas a textos informativos, as fotos constituem um resgate do passado da “Cidade da Bahia”. E não para por aí. Louti toca pelo menos cinco projetos derivados: o curso online “Retratos da História”; o passeio “Navegue na História”, feito em escuna – do Farol da Barra até São Tomé de Paripe; o workshop de fotografias e patrimônio histórico “Memória Fotográfica” e o “Passeio na História”, uma aula de campo ministrada por ele no Centro Histórico de Salvador.

Salvador ‘é outra história’

Turma do “Passeio na História | Fotos: Louti Bahia e Joseanne Guedes

Salvador é a primeira capital do Brasil e isso escutamos sempre. Mas, você sabia que ela também é a primeira cidade brasileira? “Salvador nunca foi vila, já nasceu estruturada como cidade. Quando ela foi erguida em 1549, só existiam vilas na Terra de Santa Cruz”, explicou o pesquisador de cidades, durante a aula de campo acompanhada pela equipe da ABI. A maratona começou na Praça Municipal de Salvador, com direito a visita ao icônico Edifício Sulacap, e terminou no bairro do Santo Antônio, conhecido também como Santo Antônio Além do Carmo. Com profundidade e destreza, o urbanista foi detalhando os fatos que o fizeram amar a cidade.

De acordo com Louti, não tem sustentação a ideia de que a paulista São Vicente – fundada como vila em 22 de janeiro de 1532 – detém o título de primeira cidade brasileira. “Essa lógica que tenta tirar o protagonismo de Salvador é a mesma que despreza o 2 de julho de 1823 como a verdadeira data da Independência do Brasil e sustenta o 7 de setembro. A Independência do Brasil foi conseguida às margens do Rio Ipiranga (SP) apenas com D. Pedro erguendo a espada? Simples assim? Tudo resolvido no 7 de setembro de 1822?”, indaga. “Escreveram a história do Brasil diminuindo as realizações do Nordeste e criando protagonismos falsos”.

Ele argumenta que os historiadores mais respeitados do país afirmam o pioneirismo de Salvador, trazendo à memória os estudos do professor e historiador Luis Henrique Dias Tavares. Outra curiosidade narrada por Louti é que Salvador nunca foi batizada com o tão repetido nome “São Salvador”, que chegou a ser eternizado em poesias e canções. Sempre foi “Cidade do Salvador” – do grego “soter” (salvador) + “polis” (cidade) – ou apenas “Salvador”. Segundo alguns pesquisadores, o erro pode ter acontecido por causa da Igreja Católica, que nomeou a “Diocese de São Salvador da Bahia”. Com o passar dos anos, as pessoas teriam confundido o nome da unidade episcopal com o da própria cidade.

“Pouquíssimos baianos sabem que Salvador foi o que foi. Uma cidade conhecida, visitada, era o principal porto do hemisfério sul. Tivemos aqui grandes expedições exploratórias e científicas. Charles Darwin esteve aqui, o Américo Vespúcio também, entre outros. E nossas crianças não sabem dessa história, nossos adolescentes não sabem, nós não sabemos”, constata ele, para em seguida lamentar a falta de apoio do poder público a projetos educativos e culturais.

Sérgio Manoel ensina detalhes sobre as construções religiosas do Centro Histórico | Foto: Joseanne Guedes

A ideia de criar o projeto veio quando o urbanista estava na Itália, pesquisando sobre o movimento de cidades slow – ideia que associa a lentidão ao desenvolvimento urbano sustentável e à qualidade de vida. “Lá, eu vi que os italianos, em todos os lugares, mesmo nas cidades pequenas, tinham orgulho da cidade, conheciam a história. Não temos isso em Salvador”. Nascido no Barbalho e tendo o Carmo como quintal, Louti só descobriu a grandiosidade da região quando começou a cursar Arquitetura, aos 17 anos. “Mudou completamente minha visão. Eu comecei a ver que morava dentro da história”, recorda o redator publicitário.

Nas aulas, Louti conta sempre com o suporte de um guia turístico profissional. Dessa vez, quem o acompanhou foi Sérgio Manoel, que é especialista em patrimônios de cunho religioso. Credenciado pelo Ministério do Turismo, Sérgio Manoel atua como guia há 12 anos. “É uma troca com o público, enriquece os meus conhecimentos. É maravilhoso falar da minha cidade. Desde criança, eu via pessoas explicando sobre Salvador e isso me instigou a curiosidade”, lembrou. Sérgio morou na Alemanha por 10 anos. Quando voltou, fez cursos profissionalizantes na área. “Tenho o maior prazer de exercer essa profissão. Que cada vez mais pessoas se interessem e busquem conhecer a história da nossa terra”, disse.

Foto: Christiane Peleteiro
Samira Branco | Foto: Joseanne Guedes

A empresária Christianne Peleteiro nasceu no Ceará, mas é oficialmente cidadã de Salvador desde que recebeu o título na Câmara Municipal, por seus serviços prestados através de projetos sociais e de sua atividade econômica. Casada com um soteropolitano, ela se rendeu aos encantos da “Soterópolis”. “A minha sensação é de pertencimento mesmo”, declara. A empresária, que participou do “Passeio na História” com a família, recordou fatos marcantes vividos em cada esquina, escadaria, rua e ladeira visitada. “Queria conhecer a história real. A gente ouve falar de tantas coisas e muitas são apenas lendas”.

Já a servidora pública Samira Branco, natural do Rio de Janeiro, veio visitar a cidade histórica que é cenário dos livros que leu, a exemplo de “Um defeito de cor”, da escritora Ana Maria Gonçalves. A obra narra a história de Kehinde, uma africana escravizada trazida à força para o Brasil, que desembarca na Ilha de Itaparica. “Um amigo indicou a aula e quis ver. Aprendemos a identificar também as marcas do passado colonial que fazem parte de Salvador”, avaliou.

Estereótipos x Pertencimento

Quem também vive para fortalecer a identidade soteropolitana e a sensação de pertencimento à cidade, através do resgate da memória e da valorização cultural, é o administrador Anderson Simplício, dono da página Belezas do Subúrbio, hoje com quase 500 mil seguidores entre Instagram e Facebook.

O curioso é que esse grande entendedor da “matéria” Subúrbio Ferroviário nasceu no bairro de Pau da Lima. Sua história com o território da Cidade Baixa é também uma história de amor e começou dez anos atrás, quando ele conheceu sua futura esposa, Taiane. Foi por causa da namorada que o então assistente financeiro passou a frequentar a região e a fazer imagens para compartilhar no próprio perfil. Em pouco tempo, o número de seguidores surpreendeu e Anderson decidiu criar a página.

“Não conhecia quase nenhum bairro. O que sabia eram as notícias negativas sobre a violência, que costumamos acompanhar pela TV”, lembra. A partir daí, ele iniciou um movimento de valorização da região, para combater o estigma e o preconceito que sempre ressaltaram os bairros suburbanos como perigosos e ruins de se viver. “Eu enfrento as notícias. Se o noticiário traz um assassinato no Parque São Bartolomeu, no mesmo dia eu posto uma foto da cachoeira, para mostrar as coisas boas também. Tento ocupar os lugares, mudar o roteiro turístico”, explica.

Há um ano, Anderson Simplício deixou o setor de Controladoria de um hospital de Salvador para se jogar nos trabalhos da página. Ele mesmo faz o clipping, produz as pautas, entrevista as pessoas e posta. É comum, inclusive, suas pautas virarem notícias na imprensa local. “Aprendi muito com o Belezas. Não tinha noção de fotografia, por exemplo, comecei a escrever textos, mostrar as pessoas”, destaca ele, que pretende fazer um curso na área de Comunicação.

Assumidamente suburbano, Anderson explora a localidade andando e puxa as pessoas para as ruas, aproveitando relatos orais, o contato com os moradores. Tudo o que é postado por lá tem sucesso garantido. Desde as belíssimas paisagens naturais, as dicas de onde comer bem, lojas do comércio local até uma conversa com algum morador antigo. “O Subúrbio é minha vida, faz parte da minha história, foi onde eu conquistei tudo. É um caso de amor. Eu levo para a página esse orgulho de ser suburbano, apesar de não ter nascido aqui”, se declara. “Salvador são as pessoas, a cidade é a nossa gente. O sorriso da galera, o acolhimento. Queria que os políticos olhassem mais para a cidade”, reivindica.

Sobre suas principais críticas à capital baiana, o agora comunicador e influencer é enfático ao apontar o quesito mobilidade. Uma queixa compartilhada, aliás, por outro soteropolitano, ou melhor, “soteropobretano”: o advogado Iuri Barreto, criador do “Guia de Sobrevivência” que inspirou o surgimento do Belezas do Subúrbio. De seguidor, Anderson se tornou amigo de Iuri. Juntos, eles compartilham boas histórias e vivências em Salvador.

Iuri critica a mobilidade urbana e a falta de segurança. Segundo ele, esse combo de deficiências causa o distanciamento das pessoas. “É o que feia a ocupação dos espaços, desertifica, limita o movimento das pessoas pela cidade e traz insegurança. É muito fácil chegar na internet e dizer ‘precisamos ocupar o Glauber Rocha [atual Cine Metha Glauber Rocha, na Praça Castro Alves]. E quem vai sair do trabalho para ver um filme lá, com término às dez da noite, e depois pegar um ônibus para casa, em Cajazeiras, Mussurunga, Suburbana?”, questiona.

Conhecer para amar

Foi justamente o movimento de circular pela cidade que motivou Iuri a começar o Guia de Sobrevivência do Soteropobretano. Ele conta que seus colegas da Faculdade de Direito da UFBA não conheciam a maioria dos lugares que ele postava em suas andanças. “No último semestre do curso, eu saía bastante, rodava a cidade e mostrava locais que estavan fora da bolha da galera. O ambiente que eu vivenciava na faculdade foi o maior responsável por criar o Sotero. Eu ia no Pelourinho e meus amigos não pisavam lá desde a época do colégio”, relata.

A página surgiu sob o slogan “Dicas para turistar nessa Salvador de gente alto astral, bonita e selecionada”. Era um sarcasmo com as festas que seus colegas frequentavam. “A gente sabe o que é esse ‘gente bonita’. ‘Não vai dar pobre’, era o que se dizia”, recorda Iuri. “Eu queria mostrar um circuito de Salvador que não era óbvio para meus colegas. Parecia que os shoppings eram a única opção de lazer”. O projeto nasceu com foco em programas acessíveis a quem queria pagar pouco, mas hoje o público do Guia é bastante diverso, assim como o conteúdo. “Tento trazer história, meme, fotos de sol e praia, dica gastronômica. Já é meio caminho andado para trazer uma diversidade para a página”, detalha. “Acredito que o Sotero já transformou a vida de algumas pessoas e isso já me deixa muito feliz. Seja de quem passou a conhecer a cidade, seja do comerciante que apareceu na página com seu pequeno negócio”.

As páginas mostram uma Salvador pouco conhecida

Muito mais do que uma rota cultural alternativa, a página abriu novas possibilidades para Iuri, que abandonou sua área de formação e passou a atuar como produtor de conteúdo digital e consultor de marketing em empresas do setor turístico. Atualmente, a comunidade no Facebook tem quase 100 mil curtidas e mais de 200 mil no Instagram. Assim como Anderson e Louti, ele faz planejamento de conteúdo, pesquisa, produz os posts, administra sozinho os perfis. “Quero fazer uma pós em marketing, escrever um livro. Hoje, por acaso, eu amo o que faço. Aprendi tudo na prática”, diz ele sobre sua trajetória como comunicador.

Já o amor pela cidade, Iuri aprendeu com sua mãe, D. Raquel, uma soteropolitana do Nordeste de Amaralina. A professora de História foi a grande responsável pelos primeiros contatos dele com o cotidiano que ele tanto exalta nas crônicas da página. Apesar de ter nascido em Salvador, ele passou a infância em Lauro de Freitas. “Salvador para mim sempre foi um passeio. Nas andanças com minha mãe, eu aprendia sobre a cidade. Toda a minha natureza, personalidade, meu humor, meu olhar do mundo, minha curiosidade, vêm de minha mãe”, confessa. “Sempre tive fascínio por Salvador. Eu só amo a cidade porque eu busco aprender sobre ela, conhecer. Eu trato Salvador como uma pessoa, tenho muito respeito. Sua personalidade me encanta e faz parte de quem eu sou”, completa.

  • Separamos algumas curiosidades sobre 6 pontos turísticos de Salvador:

1 – Farol da Barra: Quando foi erguido, em 1536, o Farol da Barra era uma construção de madeira e palha. Originalmente nomeado de Forte de Santo Antônio da Barra, o farol foi a primeira construção militar do Brasil, realizada pelo donatário Francisco Pereira Coutinho.

2 – Elevador Lacerda: Primeiro elevador do mundo utilizado como meio de transporte urbano, o Elevador Lacerda surgiu como uma obra arrojada para o século XIX. Sua primeira torre foi construída dentro da encosta que divide a Cidade Alta e a Cidade Baixa.

3 – Praça Castro Alves: A Praça Castro Alves já foi chamada de Largo do Theatro por conta do enorme edifício do Theatro São João, presente na primeira foto. A maior casa de ópera do Brasil no século XIX foi destruída em 1923 por conta de um incêndio, que pode ter sido criminoso.

4 – Igreja de São Tomé de Paripe: Próxima à praia de São Tomé do Paripe, a igreja jesuíta foi construída naquele local por conta de uma história indígena, baseada na figura de São Tomé. Segundo se contava, Zomé ou Sumé, uma entidade barbuda e branca, teria sido vista pela última vez naquele lugar, onde teria descido o morro e caminhado até a praia, andando sobre as águas.

5 – Igreja de São Francisco: Assim como toda igreja da ordem franciscana, a Igreja de São Francisco conta com um cruzeiro em sua frente, cercado por um espaço chamado de adro, que era o local onde os franciscanos atendiam aos necessitados.

6 – Centro Histórico: Nas fotos, é possível avistar o prédio da ABI, na Praça da Sé, e o Terreiro de Jesus, local onde os jesuítas passaram a pregar ao ar livre, a fim de converter indígenas à fé cristã. Já a Praça da Sé ganhou esse nome por conta da antiga Igreja da Sé, maior templo de Salvador no século XVII. Foi demolida em 1933 e homenageada em 1999 pela Cruz Caída, um monumento que fica de frente para a Baía de Todos-os-Santos.

*Reportagem: Joseanne Guedes e Larissa Costa | Arte: Gentil/Bamboo Editora

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NOTA: ABI expressa indignação após incêndios no Museu Nacional e no Centro Histórico de Salvador

A Associação Bahiana de Imprensa – ABI se soma à indignação das demais entidades culturais e científicas do Brasil perante o incêndio que consumiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro e seu acervo de cerca de 20 milhões de itens. Não se pode admitir falar em surpresa para evento de natureza tão previsível, assim como não se pode admitir o mesmo risco que pesa sobre instituições como a Biblioteca Nacional, no mesmo Rio de Janeiro.

Vítimas do corte de verbas para conservação e manutenção, instituições dedicadas à preservação da memória e ao desenvolvimento científico enfrentam crise sem precedentes, e o País não pode tolerar a recorrência de fatos semelhantes, como o incêndio no Instituto Butantã, em 2016, seis anos depois de também o fogo haver consumido grande parte de seu acervo de pesquisas.

A Bahia, guardiã de boa parte da história brasileira, é também parte do descuido nacional para com a preservação do patrimônio histórico e cultural brasileiro. Autoridades e instituições comprometidas com a cultura e com o futuro do Brasil precisam deixar a letargia e cuidar para que acontecimentos semelhantes não se repitam. Com tantas cidades-museus, começando por Salvador, alertada pelo fogo que atingiu os dois casarões na Baixa dos Sapateiros, enquanto bombeiros ainda fazem o rescaldo das ruínas da Quinta da Boa Vista, a Bahia não pode aguardar a próxima tragédia tão anunciada.

Salvador, 4 de setembro de 2018

Walter Pinheiro

Presidente da ABI

Leia também: 200 anos de história consumidos pelas chamas do descaso

Tragédia anunciada – Considerado Patrimônio Mundial desde 1985, o Centro Histórico de Salvador convive há anos com o abandono e a falta de atenção do poder público. Sua paisagem denuncia o estado dos casarões, marcados por uma linhagem de desprezo e em risco permanente de incêndios, deslizamentos de terra e desabamentos. O trágico incêndio ocorrido na noite desta segunda-feira (3), portanto, não causa estranhamento. Apenas um dia depois de o fogo consumir o Museu Nacional, a história se repete e, desta vez, com risco de confirmação de uma vítima ainda desaparecida: José Hunaldo Moura de Carvalho, 85 anos, é dono de uma das lojas destruídas na Baixa dos Sapateiros.

A situação degradante do Centro Histórico é alvo constante de denúncias por parte de instituições como a Associação Bahiana de Imprensa, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento da Bahia (IAB-BA), o Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia (CAU-BA), o Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado da Bahia (Sinarq) e outras. Entre as reivindicações mais frequentes estão a inexistência de uma política de preservação e a demolição de diversos imóveis, alguns sem apresentar risco de desmoronamento.

Em 2014, a ABI e o IGHB realizaram uma série de atividades para chamar a atenção para a região. Em uma delas, as entidades promoveram um abraço simbólico no Palácio Arquiepiscopal, hoje reformado, mas que no período sua notável beleza arquitetônica não conseguia disfarçar o avançado estado de arruinamento. O ato integrou o ciclo “Três novos endereços de Cultura”, com o propósito de reclamar o início da obra de restauração do prédio, monumento da arquitetura religiosa construído na primeira metade do século XVIII e que serviu de residência do arcebispado primaz do Brasil, tendo sido tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938.

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Salvador sedia Encontro Internacional de Jornalistas de Turismo

Debater a comunicação do turismo nas diversas plataformas e trocar experiências da comunicação do setor com o mercado nacional e internacional. Esse é o objetivo do I Encontro Internacional de Jornalistas de Turismo, realizado pelo FICET– Fórum Internacional de Comunicação de Ecologia e Turismo, de 22 a 26 de agosto de 2018, no Wish Bahia Hotel, em Salvador.

O evento reúne na capital baiana cerca de 100 profissionais de comunicação do turismo do Brasil e exterior, para discutir temas como a influência digital na comunicação do turismo, jornalismo literário, além promover visitas a estabelecimentos e instituições situados em pontos turísticos de Salvador e Região Metropolitana.

De acordo com a organização do evento, a presença dos jornalistas de turismo em Salvador resultará numa divulgação espontânea da cidade, através de reportagens e matérias veiculadas em jornais, revistas, rádios, TVs e Redes Sociais – blogs, sites e outros.  No roteiro das visitas estão a Cidade Baixa, o Corredor da Fé, os bairros do Bonfim, Ribeira, o Centro Histórico da primeira capital do Brasil e o município de Camaçari.

O encontro tem o apoio do CBTUR, Salvador Destination, Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador (Secult), Prefeitura Municipal de Camaçari, ABIH/BA, FBHA, Senac, SEBRAE e demais entidades do trade.

*Informações do site Jornal de Turismo

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