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CPJ destaca ação de terroristas e governos no aumento de crimes contra a imprensa

O confronto entre grupos terroristas e governos autoritários transformaram os últimos anos nos mais perigosos para a rotina dos profissionais de imprensa, é o que destaca o relatório anual “Ataques à Imprensa” divulgado pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), nesta segunda-feira, dia 27, em Nova York (EUA). “Dezenas de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas foram sequestrados, assassinados, ou permanecem sob vigília e censura em função do trabalho jornalístico”, afirma um dos trechos do documento, que reúne textos assinados por profissionais de imprensa. O estudo apresenta ainda dados sobre os riscos para o exercício da profissão em países da América Latina, como Paraguai e México, ameaçados pela atuação de narcotraficantes e contrabandistas de armas.

Os assassinatos de jornalistas de várias nacionalidades cometidos pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), especialmente na Síria e no Iraque, contribuíram para que o ano de 2014, tenha sido um dos anos mais violentos para a profissão, com 60 mortes de jornalistas confirmadas, aponta o relatório do CPJ. Ainda sobre o ano de 2014, o estudo mostra que entre os países da América Latina, o Paraguai registrou a morte de três jornalistas em função do exercício da profissão, e que Brasil e México registraram duas mortes cada. Na última semana, o CPJ divulgou um ranking dos 10 países que mais censuraram a imprensa. A lista é liderada pela Eritreia, seguida da Coreia do Norte e da Arábia Saudita. Cuba aparece em décimo lugar.

A jornalista Christiane Amanpour, do canal de TV CNN, que participou da apresentação do relatório da CPJ, ressaltou o crescimento dos casos de agressão e a falta de segurança para o exercício da produção em todo o mundo. “Atualmente, desde a segurança cibernética até a segurança física, há mais complexidade nos desafios enfrentados pelos jornalistas em regiões mais instáveis, como Oriente Médio, África e América Latina, e mesmo em países tradicionalmente mais estáveis localizados na Europa, Ásia e América do Norte”. Para Amanpour a busca pela informação vem se transformando, ao longo dos anos, em uma rotina ameaçadora e insegura. “A maior ameaça não parte apenas de um ou dois indivíduos, nem está confinada a um determinado país ou a determinado período. Uma batalha pela informação está em curso no mundo inteiro evoluindo de modo extremamente perigoso. A única constante é que nós jornalistas sempre estamos na frente de batalha”.

De acordo com o diretor executivo do CPJ, Joel Simon, os jornalistas estão presos em uma dinâmica de terror. “Nossos colegas sofrem ameaças de personagens não estatais e enfrentam restrições ao cumprimento de seus direitos civis e à liberdade de imprensa, até mesmo por parte dos governos reconhecidos internacionalmente”.

Mais violência contra a imprensa

Enquanto o relatório do CPJ era divulgado, nesta segunda (27), seis jornalistas foram espancados por manifestantes em Baltimore, nos Estados Unidos, durante a cobertura dos protestos pela morte de Freddie Gray, de 25 anos, que faleceu no domingo (26/4) após sofrer várias lesões, entre elas três fraturas no pescoço, ao ser detido. De acordo com o Daily Mail, durante o confronto, que foi marcado pelo confronto entre manifestantes e policiais, seis jornalistas ficaram feridos. Segundo os próprios profissionais, todas as agressões vieram dos populares. Essa foi a segunda manifestação pela morte de Freddie Gray. No último domingo (26/04), o repórter fotográfico do City Paper Baltimore, JM Giordano, foi espancado por policiais ao registrar imagens do protesto.

O cinegrafista Oliver Janney, da CNN, disse à agência Poynter que foi atacado enquanto filmava o protesto. “Eu tenho o nariz quebrado e três pontos no meu lábio superior esquerdo. Também tive meu celular roubado”. A repórter do jornal Baltimore Sun, Carrie Wells, afirmou, via Twitter, que foi atacada quando tentava tirar fotos do confronto. Ele ainda contou que teve que salvar, sem ajuda da polícia, seu companheiro de redação, Luckily Assaf, que estava sendo agredido por manifestantes. “Eu corri em volta de onde meu colega [Assaf] que estava sendo espancado e gritei para que a polícia ajudasse. Mas, ela realmente não ajuda”. Em seguida, Assaf foi encaminhado ao hospital com uma contusão no rosto.

Os jornalistas do Daily Caller, Connor Wolf e Casey Harper, foram agredidos e afirmaram que encontraram “bandidos violentos dispostos a ir atrás de qualquer um”. Wolf teve seu nariz quebrado por um soco e Harper recebeu socos no rosto e teve uma concussão. O repórter Justin Fenton, também do Baltimore Sun, afirmou também ter sido atacado, mas conseguiu ser salvo por um membro da gangue americana Bloods. Além dos jornalistas, outros quinze policiais ficaram feridos, dois em estado grave.

*Informações do Portal IMPRENSA, Agence France-Presse e da Associação Brasileira de Imprensa

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Na África, imprensa é impedida de cobrir protestos. Na América Latina, repórter é ameaçado por pescadores

Às vésperas das homenagens ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado no próximo dia 3 de maio, dois fatos alertam para a situação dos profissionais da comunicação, comumente expostos à violência e tentativas de censura. A imprensa de Bujumbura, capital de Burundi, na África, foi obrigada a suspender a cobertura ao vivo dos protestos contra o atual presidente, Pierre Nkurunziza, candidato ao terceiro mandato, que muitos consideram ilegal. De acordo com a EFE, a Rádio Pública Africana (RPA), uma emissora independente, não pôde realizar a cobertura após dezenas de policiais, acompanhados por ministros do governo de Nkurunziz, cercarem a sede central e ameaçaram entrar à força no edifício.

Outras duas rádios locais, a Isanganiro e a Bonesha FM, também tiveram de interromper a cobertura sobre o confronto e suas transmissões foram cortadas em todo o país. Pelo menos três pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas após a polícia utilizar fogo para dispersar os manifestantes que se negaram a deixar as barricadas.

No poder desde 2005 e reeleito em 2010, Pierre Nkurunziza foi proposto pelo seu partido, o Conselho Nacional para a Defesa da Democracia-Forças de Defesa da Democracia (CNDD-FDD), como o candidato às próximas eleições. A oposição e vários setores da sociedade civil consideram que um novo mandato seria inconstitucional e colocam em cheque os acordos de paz de Arusha, que encerram a guerra civil no país, entre 1993 e 2006.

Intimidação

O cenário não é muito diferente na América Latina. De acordo com o Portal IMPRENSA, o repórter Lielson Tiozzo, da revista Pesca & Companhia, foi ameaçado por pescadores paraguaios no Rio Paraná, localizado na fronteira entre a Argentina e o Paraguai, nas proximidades de Yahapé, em Corrientes. A ameaça ocorreu quando uma lancha que o transportava se aproximou de uma embarcação de Cerrito, no Paraguai. Três homens que estavam nela manuseavam um espinhel para pesca. Ao perceberem que o repórter estava com uma câmera, iniciaram a intimidação. Um deles, que conduzia o barco, mostrou uma espingarda.

O guia que acompanha a reportagem, Horácio Zalazar, informou que a ameaça ocorreu porque os paraguaios estavam em águas argentinas, onde a pesca com espinhel é proibida e eles não estão licenciados para praticar qualquer tipo de pesca. O uso de armas serve ainda para intimidar a polícia naval argentina. Diversos paraguaios já foram detidos por praticar a pesca predatória no país.

 *Informações do Portal IMPRENSA e da revista Pesca & Companhia

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Polícia do Paraná constrange jornalistas a revelarem suas fontes

Embora o sigilo da fonte seja uma garantia fundamental da Constituição no Brasil, não são raros os episódios que o colocam em xeque. Após publicarem diversas reportagens expondo irregularidades da polícia local, jornalistas que cobrem segurança pública no Estado do Paraná começaram a sofrer constrangimentos da corporação para revelar suas fontes. Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), pelo menos cinco profissionais já foram intimados a falar sobre a origem das denúncias, tanto pela Polícia Militar quanto pela Polícia Civil. Os repórteres Felippe Aníbal, Diego Ribeiro, Albari Rosa e Mauri König, todos do jornal Gazeta do Povo, já foram chamados mais de 20 vezes, desde 2013, a depor como testemunhas em inquéritos e procedimentos. Os quatro jornalistas convocados sistematicamente são responsáveis pela série de reportagens “Polícia fora da lei”, que denunciou, em 2012, o uso de carros oficiais para fins particulares por policiais.

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Matéria da Gazeta do Povo denuncia uso indevido de veículos oficiais por policiais civis do Paraná – Foto: Reprodução/Jornal Nacional

O inquérito para o qual são convocados normalmente apura a irregularidade denunciada. Contudo, os repórteres afirmam que o foco do interrogatório é descobrir os informantes. Em alguns casos, policiais denunciados ou suspeitos de serem os informantes acompanharam o depoimento. “Fica muito claro que a intenção deles é forçar, de uma forma até intimidadora, que todos nós aqui revelemos as nossas fontes de informação, que nem são informações privilegiadas, são informações de interesse público”, contou o jornalista Mauri König, que coordenou a série, ao Jornal Nacional. Pelas mesmas reportagens, Konig recebeu ameaças de morte e, no final de 2012, precisou deixar o país com sua família por questões de segurança.

A notícia sobre ações inconstitucionais das autoridades junto aos repórteres do Paraná ganhou repercussão nacional e gerou o repúdio de associações e sindicatos da categoria. O SindijorPR, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj),a Federación de Periodistas de América Latina y el Caribe (FEPALC) e a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) iniciaram uma campanha para exigir providências. As entidades protocolaram e enviaram um ofício ao Ministério Público e para a Secretaria de Segurança Pública do Estado, com o objetivo de impedir a tentativa de policiais civis e militares de quebrar o sigilo de fonte dos jornalistas do impresso paranaense.

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De acordo com a reportagem, cúpula da PM também usava viaturas para fins particulares – Foto: Reprodução/Jornal Nacional

“Quando um jornalista sofre algum tipo de censura ou coação para ferir princípios éticos, a maior prejudicada é a democracia. Porque o que está em jogo é a garantia de que o jornalismo possa estar a serviço da sociedade, cumprindo o direito fundamental do cidadão de acesso à informação. Sem informação livre não é possível construir uma sociedade consciente, capaz de interpretar corretamente a realidade e agir para o bem comum. É inaceitável, para uma sociedade que busca fortalecer sua democracia, que jornalistas sejam sujeitados a este tipo de situação. É inaceitável que jornalistas sejam coagidos para revelar suas fontes”, afirma o SindijorPR.

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) declarou em nota que a ação atenta diretamente contra a imprensa brasileira. “A Abraji repudia a tentativa das polícias Civil e Militar de romper um dos pilares da liberdade de imprensa e da própria democracia: o sigilo da fonte. Constranger jornalistas da maneira como as corporações têm feito é atentar diretamente contra a imprensa brasileira e contra o direito de saber de toda a sociedade. A Abraji acredita que as polícias devem dedicar seu tempo e efetivos a identificar e punir os agentes cujas contravenções foram alvo de reportagens – e não os informantes que permitiram aos repórteres executar suas pautas”.

Sigilo de fonte – Outras reportagens que envolvem forças policiais, políticos e empresários também têm motivado intimações a jornalistas de todo o país. Em dezembro do ano passado, um juiz federal de São José do Rio Preto, no estado de São Paulo, decretou a quebra de sigilo telefônico do jornal Diário da Região e do repórter da publicação Allan de Abreu. A medida buscava determinar a identidade de uma fonte do jornalista, que estaria na origem do vazamento de informações confidenciais sobre um esquema de corrupção investigado pela Polícia Federal. A quebra do sigilo foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal no dia 9 de janeiro, depois de um recurso proposto pela Associação Nacional de Jornais (ANJ). Na decisão, o ministro Ricardo Lewandowski escreveu que “se está resguardando uma das mais importantes garantias constitucionais, a liberdade de imprensa e a própria democracia”.

Em 2011, o canal TV Tem também divulgou as mesmas informações publicadas pelo jornal Diário da Região e foi alvo de um inquérito aberto pelo Ministério Público Federal. A ação foi arquivada por um juiz, que alegou que ela violava uma norma constitucional e colocava “em risco a liberdade de informação, enquanto pilar do regime democrático”, de acordo com a organização Repórteres sem Fronteiras (RSF). O Brasil ocupa a 111ª posição (em 180 países) na Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa 2014, estabelecida pela RSF.

*Informações do Blog Jornalismo nas Américas, Sindijor-PR, Jornal Nacional e Abraji.

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Jornalista da Reuters é forçado a deixar o Iraque após denunciar crimes de guerra

O jornalista Ned Parker, chefe da sucursal de Bagdá da agência de notícias Reuters, foi forçado a deixar o Iraque no fim de semana, depois de ser ameaçado por um grupo paramilitar xiita, em reação a uma reportagem da Reuters sobre o linchamento de um suspeito sob a custódia do Estado Islâmico tinha sido assassinado em Tikrit pela polícia nacional iraquiana. De acordo com ABC News, Parker partiu em segurança do país, depois que seu nome e foto foram difundidos e publicados na internet por pessoas afiliadas às milícias xiitas que pediram sua expulsão ou morte.

Na semana passada, correspondentes da Reuters estavam presentes quando um suspeito do EI foi linchado até a morte por uma multidão de policiais nacionais iraquianos, que gritavam que estavam vingando um coronel morto pelo grupo terrorista. As ameaças contra jornalista Ned Parker começaram em uma página de Facebook iraquiano administrada por um grupo que se chama “The Hammer” e ligada a grupos xiitas armados, segundo fontes de segurança iraquiana. No dia 5 de abril, post e comentários subsequentes pediram a expulsão do jornalista. Um comentarista disse que a morte de Parker seria “a melhor maneira de silenciá-lo”.

As ameaças parecem ser parte de uma luta de poder mais amplo no Iraque. O país está dividido entre a sua maioria xiita, que agora domina o governo, e a minoria sunita, que dominou no âmbito do falecido ditador Saddam Hussein. O primeiro-ministro Haidar al-Abadi, um xiita moderado, está tentando derrotar Estado Islâmico – um ramo sunita radical da Al Qaeda que apreendeu grandes porções de território iraquiano – e, ao mesmo tempo que tenta fazer as pazes com a comunidade sunita mais amplo. Abadi está programado para reunir com o presidente dos EUA, Barack Obama, em Washington, nesta terça-feira (14) para discutir a campanha contra o Estado islâmico.

O assassinato do prisioneiro na frente dos jornalistas é um dos exemplos mais alarmantes dos tipos de crimes de guerra cometidos com aparente impunidade pelas Forças de Segurança iraquianas, como mostrou uma reportagem investigativa da ABC News, que foi ao ar em março. Michael Lavallee, um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, disse: “Nós condenamos todas as formas de intimidação e violência contra os meios de comunicação. A proteção das liberdades jornalísticas é um aspecto essencial de todas as sociedades democráticas”.

Lavallee disse que o Departamento de Estado tinha falado com o escritório do Abadi “para aumentar as preocupações com a atmosfera potencialmente perigosa criada por uma transmissão de editorial em uma rede de televisão iraquiana privada sobre o chefe do escritório da Reuters e do pessoal Reuters no Iraque”. O Departamento de Estado “vai continuar a acompanhar de perto o tratamento da mídia internacional no Iraque e levantar objeções a qualquer forma de intimidação que pode inibir a capacidade dos meios de comunicação para realizar seu trabalho”.

*Informações do Portal IMPRENSA, Reuters e ABC News

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