ABI BAHIANA

História da imprensa baiana é tema de aula na ABI

A Associação Bahiana de Imprensa recebeu, na manhã desta segunda (15), estudantes da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, para uma aula sobre a história da imprensa baiana, com os pesquisadores Luis Guilherme Pontes Tavares e Nelson Cadena, membros da diretoria da ABI.

A atividade foi uma iniciativa da disciplina História do Jornalismo, conduzida pelo professor Fernando Conceição. Uma vez a cada semestre, o docente promove a aula externa com alunos do primeiro período.

“Sejam muito bem-vindos. A casa é nossa. Aproveitem ao máximo e não se desconectem dessa casa, que é de vocês também”, disse o presidente da ABI, Ernesto Marques, já na recepção aos futuros colegas. “A ABI se orgulha de estar aberta para a sociedade como espaço de cultura e compartilhamento de saber.”

Além de histórias e curiosidades sobre a imprensa baiana e a própria ABI, os dirigentes abordaram temas importantes para a categoria, como formação, a luta pela volta do diploma, a farra na concessão de registros profissionais a pessoas sem qualificação. “Universidade é fundamental na formação de um bom jornalismo”, defendeu. Outro tópico relevante falou das diferenças entre as atuações da ABI e instituições como Sinjorba e Fenaj.

“Eu ainda não tinha deparado com uma palestra desse tipo. Estou no B.I. [Bacharelado Interdisciplinar], mas pretendo ir para Jornalismo. Não tinha de quando começou ser publicado o primeiro jornal.”

Caio César

“Eu gostei de saber da história dos jornais, do surgimento, como a Bahia foi pioneira nos jornais do Brasil inteiro.”

Ana Clara

“Achei muito interessante. Deu para explorar bem a proposta da matéria e enriquecer mais ainda o que a gente tem aprendido em sala de aula. Gostei de conhecer um pouco sobre os profissionais. Suas trajetórias geram inspiração e identificação.”

Nathalia Agatha

“Eu achei uma aula muito rica. É importante a gente se conhecer a história e também se aprofundar na futura profissão.”

Maria Karoline
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ABI BAHIANA

ABI aprova homenagens ao jornalista Jorge Ramos

Ao meio-dia desta quarta-feira (10), o único som ouvido na sala de reuniões da Associação Bahiana de Imprensa foi o ressoar do sino da Catedral Basílica de Salvador, localizada no Terreiro de Jesus. A Diretoria Executiva da ABI pausou a Reunião Ordinária e fez um minuto de silêncio em memória do jornalista e escritor Jorge Luiz Ramos, falecido no último dia 4. Os dirigentes aprovaram um Projeto de Resolução para homenagear o 2º secretário da instituição. 

Uma das iniciativas contempla o resgate do Prêmio ABI de Reportagem e o batismo do troféu com o seu nome, como explica o proponente Ernesto Maques, presidente executivo da Associação.

“Somos cobrados sobre o desejável retorno do prêmio, que mobilizou a imprensa baiana durante anos, até o início da década de 2000. As etapas mensais e a grande premiação ao final do ano deixaram muitas lembranças em quem tem mais de 45 anos e estava nas redações da época.”

Foto: Arisson Marinho

Marques destacou a contribuição do homenageado para o jornalismo baiano, justificando a proposta. “Nomear o troféu a ser conferido a quem vencer cada categoria da próxima edição do Prêmio prestigia a premiação e, ao mesmo tempo, reconhece a devoção de Jorge Ramos à Bahia e à nossa profissão”, afirma.

Uma comissão será formada para coordenar os trabalhos de pesquisa e sistematização de informações para trazer de volta a premiação.

Referência

Jorge Ramos teve atuação marcante nas mais diversas instituições por onde passou, sempre em defesa da cultura, do patrimônio histórico, da educação e da atividade de imprensa. Não por acaso, sua partida provocou homenagens de artistas, políticos, representantes de órgãos públicos e de entidades ligadas ao setor cultural e de mídia. 

Fonte: Arquivo ABI

Ele foi admitido como membro da ABI em janeiro de 90, perfazendo uma trajetória exitosa em todos os cargos que ocupou na Diretoria. 

Hoje, enquanto os olhares recaíam sobre a cadeira que ele costumava ocupar na Sala Afonso Maciel, o presidente da Assembleia Geral da ABI, Walter Pinheiro, falou sobre o amigo. Pinheiro relembrou momentos compartilhados com Jorge e mencionou o texto publicado ontem pela diretora de comunicação, Jaciara Santos, no qual a jornalista registra a inevitável dor pelo vazio do assento. 

“Lembrei do texto de Jaciara, que disse que naquela mesa está faltando ele. Eu não tenho dúvida de que as pessoas se lembrarão dele”, afirmou, emocionado. “Como manter isso vivo? É justamente por meio de ações como essas, que mostram para a sociedade quem foi Jorge. Se não houver um processo constante de lembrança, a memória vai se esvaindo”.

Moções

A reunião também aprovou três moções. 

Ernesto Marques indicou uma moção de congratulação ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) pela revitalização de sua sede, no Edifício Bráulio Xavier, na Rua Chile. De cara nova, o Sinjorba marcou evento de reinauguração para a próxima terça, 16 de abril, como parte das celebrações pela passagem dos 73 anos de fundação da entidade.

Wilson Midlej, suplente da Assembleia Geral da ABI, propôs uma moção de pesar pelo falecimento de André Luiz Peixinho. Aos 72 anos, o médico, psicólogo, professor, escritor e líder religioso foi vítima de um ataque cardíaco fulminante no final de março.

A diretora Jaciara Santos sugeriu uma moção de congratulação pelo aniversário de um membro ilustre: o jornalista, poeta e professor Florisvaldo Mattos, ex-dirigente da entidade e atual membro do Senado ABI. Flori completou 92 anos no último dia 8 de abril.

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Fenaj e Sinjorba manifestam apoio ao Protocolo Antifeminicídio

Na tarde desta terça-feira (9), diretores da Associação Bahiana de Imprensa receberam na sede da entidade, no Centro Histórico de Salvador, a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro, e a vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba), Fernanda Gama.

Durante o encontro, as dirigentes conheceram o “Protocolo Antifeminicídio: Guia de boas práticas para a cobertura jornalística”, documento produzido pela ABI para orientar a apuração e a redação de notícias relativas a crimes contra a mulher.

Aprovado pela ABI em março deste ano, o material a ser lançado no final de abril – como parte das comemorações do mês do jornalista – vai funcionar como um roteiro de apoio ao trabalho jornalístico.

A publicação traz orientações para uma cobertura responsável e reforça a importância de os profissionais de imprensa conhecerem as consequências legais das distintas formas de violências contra a mulher, além do claro entendimento do que é o feminicídio.

Samira de Castro elogiou o documento e ressaltou a necessidade de aprimorar o noticiário sobre o assassinato de mulheres cometido em razão do gênero – quando a vítima é morta por ser mulher. Fernanda Gama citou alguns casos emblemáticos, para além dos abordados no protocolo e também reafirmou o apoio do Sinjorba à iniciativa.

A construção do protocolo veio do entendimento do papel que as mídias desempenham no registro dessas ocorrências, já que, muitas vezes, a forma que o assunto é noticiado influencia a opinião pública e causa discussões importantes na sociedade.

Para a Diretoria da ABI, em um cenário onde a informação é disseminada rapidamente, a responsabilidade do jornalista transcende a mera transmissão de notícias e abrange a compreensão profunda dos temas abordados.

Participaram da reunião o presidente da ABI, Ernesto Marques; a 2ª vice-presidente Suely Temporal, a 1ª secretária Amália Casal e a diretora de Comunicação, Jaciara Santos.

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“Naquela mesa tá faltando ele…”

Jaciara Santos*

Conheci Jorge Luiz Ramos, Jorginho, na primeira metade dos anos 1970. Chegávamos ao finalzinho da adolescência e nos encontramos na antiga Escola Técnica Federal da Bahia (ETFBa.), atual IFBa., no bairro do Barbalho. Ingressamos no curso básico, nível comum a todos, com um ano de diferença: ele em 1973 e eu em 1974.

Seguimos áreas diferentes – ele optou por Telecomunicações, guarda-pó verde; eu escolhi Geologia, guarda-pó azul. Não éramos próximos, uma vez que, nessa idade, meninos e meninas costumam se enturmar por gênero. Mas tínhamos uma saudável convivência de colegas.

Não posso precisar quando voltamos a nos encontrar, já adultos, jornalistas. Mas vêm à memória alguns flashes e a constatação de que estivemos sempre a meio caminho um do outro. Pra começar, nascemos no mesmo ano, 1955, em um dia 22: ele, em abril; eu, em setembro, embora minha certidão de nascimento tenha sido registrada em 1º de novembro. Cursamos jornalismo na Faculdade de Comunicação da Ufba. (Facom), ainda que em turmas distintas – ele se graduou na turma de 1980/1981, eu, 1982/1983. Trabalhamos no extinto jornal Diário de Notícias, em períodos diferentes. Ele foi subsecretário municipal de Comunicação; eu, repórter da Secom. Acompanhei sua trajetória à frente do Sinjorba, sindicato ao qual sou filiada.

Nas nossas andanças por aí, sempre lembrávamos do nosso passado na chamada “escola do mingau”. Porque a gente sai da ETFBa. , mas parece que a ETFBa. não sai da gente…

Nesse meio tempo, conheci sua Aninha, um casamento de almas. Sempre que os via juntos, pensava: “Não existe Jorginho sem Aninha, nem Aninha sem Jorginho”. Continuo pensando assim, mas em outra perspectiva: “Não existe Aninha sem Jorginho porque Jorginho continua existindo dentro de Aninha”.

A roda do tempo girou e quis o universo que eu e Jorginho voltássemos a dividir um mesmo espaço de aprendizagem: a Associação Bahiana de Imprensa. Desde 2022, fazendo parte do quadro de diretores e diretoras da ABI, nossos encontros se tornaram mais frequentes – por força regimental para reuniões mensais, participando de atividades culturais ou em eventos externos.

Jorge Ramos palestra no IGHB, 2023 | Foto: Arisson Marinho

Neste pouco mais de um ano de reencontro, pude conhecê-lo mais de perto. Não o profissional, o pesquisador, o literato, o intelectual, o cara brincalhão. Esse, todos conhecem. No dia a dia do trabalho, conheci uma figura conciliadora, agregadora, justa, avessa a polêmicas vazias e disputas imotivadas. A partida brusca de Jorginho abre um vazio não apenas no jornalismo e no ambiente acadêmico da Bahia. Cria uma lacuna difícil de ser preenchida, já que é incomum encontrar numa mesma pessoa tantas e tão raras qualidades.

As reuniões de diretoria da ABI não serão as mesmas daqui por diante. Parafraseando o jornalista e compositor Sérgio Bittencourt (1941-1979), naquela mesa sempre vai estar faltando ele. E a saudade dele vai estar doendo em todas e todos nós.

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*Jornalista, diretora de Comunicação da ABI. 

Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).
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