Pouco mais de um ano depois da canonização de Irmã Dulce, chega às mãos dos leitores a esperada biografia “Além da Fé – A vida de Irmã Dulce”, escrita pelo jornalista Valber Carvalho, membro do Conselho Consultivo da Associação Bahiana de Imprensa (ABI). A obra será lançada nesta quinta-feira (10), às 16h, no Shopping Barra, com tarde de autógrafos e música. O livro traz histórias e relatos inéditos de Santa Dulce Dos Pobres, resultado de um extenso trabalho de pesquisa do autor que realizou mais de 500 entrevistas e estudou 13 mil documentos para escrever a obra de 624 páginas, amplamente ilustrada com fotos, charges e reprodução de matérias de jornal. Exemplares estarão à venda no stand no L4 Norte, do dia do lançamento até o dia 24 de dezembro, durante todo o horário de funcionamento do shopping.
“Milhares de documentos escritos foram lidos e catalogados, informações primárias oficiais – de dentro e de fora da Igreja – ou outras publicadas em jornais de todo o país, serviram para embasar as informações valiosíssimas de centenas de relatos orais gravados, muitos deles completamente inéditos”, ressalta no texto “Uma biografia da Santa Irmã Dulce”, publicado pela ABI. No artigo (leia aqui), o autor descreve o árduo percurso de produção da obra, o que motivou a escolha da personagem e revela algumas fontes. A surpresa neste lançamento fica por conta da capa do livro, que só será conhecida no dia do evento. O local escolhido para a tarde de autógrafos, o Shopping Barra, exibe em sua fachada a imagem de Santa Dulce, num painel especial assinado pelo artista Eduardo Kobra.
Para inspirar
Os leitores terão a oportunidade de saber um pouco mais da vida e da personalidade da primeira Santa da Igreja Católica nascida em solo brasileiro, como também conhecer o contexto histórico e econômico da Bahia e do Brasil nos principais acontecimentos que marcaram a sua trajetória. A biografia começa antes de seu nascimento, a partir da história dos antepassados da sua família, passando pela influência de seu pai Augusto Lopes Pontes, a vocação desde cedo para as causas sociais, a iniciação religiosa e os principais momentos de sua vida até o ano de 1952, quando o “Anjo Azul dos Alagados” tinha 39 anos. Os outros anos de sua história, serão contados no segundo volume a ser lançado.
Para o autor, essa é uma obra que vai inspirar as pessoas, principalmente nessa época do ano, em tempos desafiadores. “As pessoas precisam conhecer a alma nobre de Irmã Dulce. Quanto mais descobrirmos sobre ela, mais vamos ser gratos por ter esse exemplo de amor e solidariedade na nossa história”, afirma Valber Carvalho.
Irmã Dulce morreu em 13 de março de 1992, aos 77 anos. A causa da Canonização de Irmã Dulce foi iniciada em janeiro de 2000. Foi beatificada pelo Papa Bento XVI, no dia 10 de dezembro de 2010, passando a ser reconhecida com o título de “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”. Em maio de 2019, o Vaticano anunciou que Irmã Dulce se tornaria santa, com a conclusão do processo de canonização no dia 13 de outubro de 2019.
Serviço:
Tarde de Autógrafos para lançamento do livro Além da Fé – A vida de Irmã Dulce, do jornalista e escritor Valber Carvalho
Após três anos de imersão na obra do crítico e cineasta Walter da Silveira, a jornalista Cyntia Nogueira vai lançar no próximo dia 3 de novembro o livro “Walter da Silveira e o Cinema Moderno no Brasil – Críticas, Artigos, Cartas, Documentos”. A publicação é o primeiro produto desenvolvido a partir do acervo de Walter da Silveira em posse da Associação Bahiana de Imprensa (ABI). O lançamento acontece às 19h, no YouTube da Fundação Cultural do Estado da Bahia (TV Funceb), durante o primeiro dia do Webnário Diálogos Audiovisuais, promovido pela Cinemateca da Bahia (Dimas/Funceb), em parceria com a Edufba, como parte das comemorações dos 50 anos de morte do intelectual considerado um dos mentores do Cinema Novo. O volume conta com fortuna crítica, seis ensaios inéditos, correspondências, fotografias e outros documentos históricos.
Dividido em seis capítulos, o livro apresenta um conjunto de críticas, teses e ensaios publicados por Walter da Silveira sobre o cinema brasileiro e baiano, além de uma seleção de seus artigos teóricos que visa introduzir e contextualizar alguns conceitos e métodos críticos adotados pelo autor. A publicação também reuniu um conjunto de 50 cartas trocadas com Alex Viany, Paulo Emílio Sales Gomes e Glauber Rocha, fac-símiles de documentos, fortuna crítica, linha do tempo e um dossiê com artigos inéditos sobre ação e pensamento do crítico cinematográfico.
“Além de lançar um olhar sobre sua ação e pensamento, também investigamos, através da obra de Walter, os caminhos traçados pelo cinema no Brasil e na Bahia, que resultam na tentativa de estruturar um cinema moderno no país”, comenta a organizadora do livro, Cyntia Nogueira, professora do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Cachoeira.
Cyntia Nogueira reorganizou os textos escritos por Walter entre as décadas de 1940 e 1970. Foram realizadas pesquisas em seu acervo pessoal, depositado pela família em 2015 no Museu de Imprensa da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), onde está também sua biblioteca, – e em outros arquivos e acervos na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo. “A pesquisa no acervo e na biblioteca de Walter da Silveira, bem como o acesso a outras publicações raras sob salvaguarda do Museu de Imprensa da ABI, a exemplo do único número da revista Recôncavo (1953) e dos seis números da revista modernista Caderno da Bahia (1949-1951), foi fundamental tanto para a seleção e localização dos artigos, teses, cartas e documentos publicados no livro, quanto para produção de artigos inéditos de historiadores e pesquisadores convidados a escrever sobre seu pensamento crítico e atuação à frente do Clube de Cinema da Bahia”, destaca a jornalista.
De acordo com Cyntia, a análise dos diversos documentos pesquisados possibilitou uma compreensão mais aprofundada da multiplicidade e alcance da trajetória crítica e intelectual de Walter da Silveira, orientando também a investigação em outros arquivos em Salvador, no Recôncavo da Bahia, na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. “O livro é resultado de três anos de trabalho e espero que possa contribuir para o reconhecimento da importância e do caráter pioneiro do pensamento e ação de Walter da Silveira na construção dos caminhos do cinema no Brasil e na Bahia”, afirma a pesquisadora. Sua expectativa é que o livro abra novas perspectivas de estudos sobre a obra de Walter da Silveira e sua atuação como crítico, agente de formação, historiador e intelectual engajado na construção de um campo cultural e artístico para o cinema produzido no país.
Veja a programação do webnário abaixo:
03/11 (terça-feira) – 19h
Mesa 1 – Lançamento livro “Walter da Silveira e o cinema moderno no Brasil”, organizado por Cyntia Nogueira (UFRB). Apresentação: Flávia Goulart Rosa (Edufba). Mediação: Rafael Carvalho (UNEB). Comentário: Euclides Santos Mendes (UESB)
04/11 (quarta-feira) – 19h
Mesa 2 – A crítica e os caminhos do cinema brasileiro: diálogos de Walter da Silveira com Alex Viany, Paulo Emílio Sales Gomes e Glauber Rocha.
Participantes: Arthur Autran (Ufscar), Adilson Mendes (Anhembi/Morumbi) e Cláudio Leal (jornalista). Mediação: Manuela Muniz
05/11 (quinta-feira) – 19h
Mesa 3 – Walter da Silveira, o Clube de Cinema e a invenção do cinema na Bahia
O livro apresenta os artigos de Walter da Silveira (1915 – 1970) sobre o cinema no Brasil e na Bahia, escritos entre 1943 e 1970. Ao lado de um conjunto relevante de críticas, ensaios, conferências e teses do autor, incluindo seleção de seus textos teóricos, estão reunidas na obra as cartas trocadas com outros dois grandes críticos e historiadores do cinema brasileiro, Alex Viany e Paulo Emílio Sales Gomes, e com o crítico e cineasta Glauber Rocha. Além disso, documentos, fortuna crítica e um dossiê de artigos inéditos visam apresentar e contextualizar a importância de suas ações e pensamento para o desenvolvimento das ideias sobre cinema independente e para afirmação da crítica e do cinema modernos.
Informações adicionais sobre o livro:
SUMÁRIO
ARTIGOS DO AUTOR (103 artigos escritos entre os anos de 1943 e 1970)
– O cinema como arte e a função da crítica (25 artigos)
– Perspectivas do cinema brasileiro (40 artigos)
– Origens do cinema baiano (38 artigos)
CORRESPONDÊNCIAS
Cartas para Alex Viany
Cartas para Paulo Emílio Sales Gomes
Cartas para Glauber Rocha
ARTIGOS INÉDITOS
– Walter da Silveira: um pioneiro, por Luís Alberto Rocha Melo
– Aspectos da crítica cinematográfica comunista no Brasil: o diálogo entre Alex Viany e Walter da Silveira, por Arthur Autran
– Walter da Silveira e Paulo Emílio: a plataforma de um cinema moderno no Brasil, por Adilson Mendes
– Walter da Silveira e o Clube de Cinema da Bahia, por Izabel de Fátima Cruz Melo
– Walter da Silveira e o I Festival de Cinema da Bahia (1951), por Cyntia Nogueira
– Afinidades eletivas: as trocas intelectuais e afetivas entre Walter da Silveira e Glauber Rocha, por Manuela da Silva Muniz
DOCUMENTOS
FORTUNA CRÍTICA
– Na Bahia a coisa é séria (1962), por Paulo Emílio Sales Gomes
– Perfis baianos (1962), por Paulo Emílio Sales Gomes
– Cinema na Bahia (1963), por B.J. Duarte
– Walter da Silveira e o cinema (1967), por Octavio de Faria
– Cinema Liceu, domingo de manhã (1970), por Glauber Rocha
– Cinema – Cultura – Bahia (1970), por Alex Viany
– Walter da Silveira: advogado do cinema (2010), por Orlando Senna
– Walter da Silveira: entre a solidariedade e a solidão (2010), por Luís Alberto Rocha Melo
“ABI – 90 Anos”, de autoria do jornalista e pesquisador Nelson Varón Cadena, acaba de chegar à sede da Associação Bahiana de Imprensa. O Dia Nacional da Cultura, 5 de novembro, foi a data escolhida para o lançamento do livro que comemora as nove décadas da instituição e do DVD em homenagem ao jornalista e professor Florisvaldo Mattos, como parte do projeto Memória da Imprensa. No dia em que nasceu o jurista baiano Ruy Barbosa, às 10h, a Associação apresentará o material comemorativo.
O vasto acervo documental da ABI foi a principal fonte de pesquisa da publicação de 166 páginas. O autor recorreu a atas, livros de funcionários, livros de contagem de dados, recortes de jornais, entrevistas. “Foi um projeto muito interessante e ao mesmo tempo dificultoso, porque o ideal seria ampliar as informações a partir de pesquisas nos jornais, nos centros históricos, nos jornais da Biblioteca Pública, e outras fontes, como os arquivos municipais, mas não foi possível porque a pandemia fechou todos os estabelecimentos culturais”, explica o atual diretor do Departamento de Cultura da ABI, Nelson Cadena.
“O livro narra a saga da instituição que conviveu 35 anos dos seu noventa de existência (1930-1945 e 1964-1984) com períodos de exceção e forte repressão a empresas e profissionais, o que exigiu da entidade uma constante atuação em defesa da liberdade de expressão”, afirma Cadena, escritor com 12 livros publicados e autor do livro de 50 anos da ABI. Para ele, a entidade chega aos 90 sem comprometer o seu legado e princípios, com uma intensa atividade em prol dos valores da cidadania e da preservação da memória. “O principal ganho com essa publicação foi reconstituir a história de uma entidade que é muito importante e representativa dentro da sociedade baiana. Conseguimos mostrar o que é a ABI, principalmente para gerações jovens, que não conhecem a instituição”, destaca.
Realização
O ex-presidente da ABI e atual presidente da Assembleia Geral da entidade, Walter Pinheiro, elogiou a “bela pesquisa” realizada por Cadena. “Estamos todos realizados”, declarou. Segundo ele, a publicação traduz os esforços de todos aqueles que se doaram ao fortalecimento da ABI. Pinheiro assina a apresentação do livro e é um dos sete perfilados, ao lado de figuras como Thales de Freitas, Altamirando Requião, Ranulfo Oliveira, Jorge Calmon, Afonso Maciel Neto e Samuel Celestino. “Padre Antônio Vieira já dizia que ‘O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive’. Neste caso, eu diria que o livro dos 90 anos da ABI é um relicário de uma bela história, reunindo nove décadas de atos e fatos de uma Instituição que se fez forte na sociedade baiana, sempre se posicionando pela defesa da liberdade de expressão, buscando a verdade através da prática do jornalismo sério”, disse.
“Como será o livro do centenário da Associação Bahiana de Imprensa?” Penso nisso enquanto folheio o exemplar de ‘ABI – 90 anos’, de autoria do jornalista Nelson Varón Cadena, a quem a instituição encarregara, 40 anos antes, em 1980, a pesquisa e redação do livro do cinquentenário. Há diferenças entre as duas publicações, tanto na forma como no conteúdo”, analisa o jornalista e produtor editorial Luís Guilherme Pontes Tavares, vice-presidente da ABI empossado no início de setembro.
Com projeto gráfico de Mauro YBarros e reprodução das fotos pelas mãos de Nilton Souza, os 600 exemplares do livro do 90º aniversário da ABI foram impressos pela Empresa Gráfica da Bahia (Egba), com miolo em papel Offset 120g e a capa em papel DuoDesign 300g. O livro foi composto utilizando a família tipográfica Absara, desenhada por Xavier Dupré, em 2004.
“Tem tantas novidades que não me surpreenderá se a leitura inspirar novos textos a respeito da instituição”, destaca Luís Guilherme. “A leitura das primeiras páginas nos adverte que o segundo presidente da ABI, o jornalista Ranulpho Oliveira, que a presidiu entre 1931 e 1970, enfrentava, quando faleceu, o desafio de construir, em terreno doado no município de Mata de São João, o Retiro do Jornalista. Pretendia concretizar aspiração nutrida há anos no seio da ABI. Quiçá, no livro do centenário, em 2030, a obra exiba em suas páginas a foto do sonho que não desaparece da mente e do coração dos associados”, observa o jornalista.
O renomado restaurador José Dirson Argolo começa a recuperar o retrato de Ruy Barbosa em carvão sobre tela, do renomado artista plástico baiano Presciliano Silva (1883-1965). É uma das preciosidades do acervo do Museu Casa de Ruy Barbosa, criado pela Associação Bahiana de Imprensa em 1949, nas comemorações pelo centenário do nascimento do Águia de Haia.
Ao lado do busto do jornalista e jurista, única peça recuperada das 15 subtraídas em rumoroso arrombamento (out/2018), e de outra dezena emprestada ao Tribunal de Justiça da Bahia para as comemorações pelos 170 anos de Ruy, a obra de Presciliano é o retrato fiel da situação que opõe a ABI e o Centro Universitário UniRuy. O que está fora da Casa, está intacto.
A antiga Faculdade Ruy Barbosa, ainda sob o controle de seu fundador, o educador Antônio de Pádua, assumiu a gestão do Museu. Ao comprar a instituição, a UniRuy, manteve o convênio e assumiu a gestão da Casa em 2011, encontrando-a restaurada, limpa e arrumada.
Em visita ao Museu em junho de 2015, ao lado do então diretor de Cultura da ABI, Luis Guilherme Pontes Tavares, constatamos sinais preocupantes de abandono. Danos aparentes nas paredes sugeriam falta de manutenção do telhado (ver na galeria abaixo). A água infiltrada favoreceu a proliferação de colônias de fungos nos móveis e expositores, contaminando o acervo. Quadros raros de Ruy e familiares também danificados. Cobrado, o Centro Universitário fez reparos limitados no telhado. E só.
Como dito por este jornal, fundado por quem nos doou a Casa de Ruy, precisamos, de fato, crer na boa vontade e no decoro dos gestores do Centro Universitário. Mas, se é preciso ver para crer, basta passar pela frente do Museu há anos fechado para considerar crível a hipótese de abandono. Compreende-se, no entanto, a dificuldade de considerar tal possibilidade. Ainda mais em se tratando de estabelecimento de magistério superior que assume o nome de figura da magnitude do jornalista, jurista, político e diplomata.
Crendo na boa vontade e no decoro dos gestores desse estabelecimento, renovamos o crédito de confiança em 2015. Quem, com a responsabilidade que nos pesa sobre os ombros, arriscaria fazê-lo hoje, ao ver apenas a fachada do casarão? Apesar dos muitos pesares, seguimos à espera de algum sinal de boa vontade para entendimento mútuo. Começando pela restituição imediata da posse e pela pactuação justa e honesta de formas e meios restituição de imóvel e acervo, a nós confiados por Simões filho e pela sociedade baiana, nas condições encontradas pela UniRuy.
Antes disso, apostamos, como dito no editorial (16.09) deste jornal, na união de todos quantos possam contribuir para zelar pela memória de Ruy, como fez Pádua, a quem a ABI será para sempre muito grata. Cremos na Bahia de Ruy Barbosa.
>> Texto originalmente publicado pelo Jornal A Tarde do dia 25 de setembro.