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“O jornalista é um contador de histórias”, diz Domingos Meirelles

Um contador de histórias. É assim que Domingos Meirelles se define. O premiado jornalista e escritor esteve na sede da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), no dia 7 de abril, para uma palestra em homenagem ao Dia do Jornalista. Meirelles, que é o atual presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), falou, para um auditório lotado, sobre as relações entre mídia e poder, a censura sobre a imprensa e a atuação do Poder Judiciário, além de transitar por questões como a obrigatoriedade do diploma e os desafios da profissão. O evento, que reuniu profissionais da comunicação, estudantes, representações políticas e autoridades, homenageou 50 cronistas esportivos que se destacam na profissão.

Domingos Meirelles acumula mais de 50 anos de atuação no jornalismo – desde que ingressou como estagiário no jornal Última Hora. A prática diária da reportagem foi exercida nos mais importantes impressos do país. Mas, foi através da televisão que ele alcançou projeção nacional. Em sua apresentação, o jornalista passeou pela história dos meios de comunicação, com destaque para o início da década de 70, quando as cores deram mais vida à “telinha” que ainda é o meio mais utilizado no Brasil.

aspasAutor de livros como “As noites das grandes fogueiras: uma história da Coluna Prestes” (Prêmio Jabuti de Melhor Reportagem de 1966) e “Os Órfãos da Revolução” (Prêmio Jabuti de Ciências Humanas de 2006), Meirelles lamenta o baixo índice de leitura do brasileiro. “Talvez, a maior tragédia deste país seja a perda do hábito da leitura. Não há quem escreva bem sem antes ter sido um leitor voraz”. No entanto, diz receber com cautela os prognósticos que apontam o fim da mídia impressa.

“Ela soube com muita competência enfrentar as transformações provocadas pelas novas tecnologias”. Para ele, o leitor, alvo principal, não se deixou levar pelo afã midiático e tecnológico, e citou como prova o estancamento das vendas de e-books. “Um exemplo disso é a biografia oficial de Steve Jobs. O lançamento do livro digital foi um desastre”.

Crise

dia do jornlaista (2)Domingos fez duras críticas às gestões das empresas de mídia. “O insucesso dos jornais está ligado à sucessão equivocada de seus fundadores. Quem assume, entende muito de negócios, mas nada de jornalismo”. E não poupou os profissionais da área. “Essa profissão é paixão. Não é para qualquer pessoa. Exige que o profissional se coloque no lugar do outro. E isso acabou. Nós temos redações frias”, desabafou. Segundo ele, o jovem já entra na redação com o vírus da autocensura. “Sai da faculdade domesticado. Isso é péssimo porque a marca dessa profissão é justamente a audácia”.

Durante a passagem pela capital baiana, o jornalista visitou algumas instalações e disse ter a sensação de estar “em um velório”, devido à falta de envolvimento entre os colegas. “Cada jornalista isolado em sua mesa, com o seu computador. O texto de hoje é frio, seco, sem vida. Dá para ver se foi feito por telefone, e-mail ou ao vivo”. Ele acredita que, independentemente do problema da censura, o jornalismo sofre hoje com a falta de qualidade. “Eu presenciei a precarização da profissão”.

Justiça

O vice-presidente da ABI, Ernesto Marques, falou dos pontos de conflito na relação entre o Judiciário e a imprensa, e abordou a judicialização da mídia como um dos principais desafios enfrentados pela classe, porque, de acordo ele, reforça as ameaças ao livre exercício da profissão. O dirigente relembrou processos recentes e seus impactos na atividade jornalística, como as ações contra o jornalista baiano Aguirre Talento, as disputas que colocam em xeque garantias constitucionais como o sigilo da fonte, ou ainda o caso dos repórteres do jornal paranaense Gazeta do Povo, que foram alvo de mais de quarenta ações movidas por juízes e promotores daquele estado.

Domingos Meirelles demonstrou preocupação com o fato de juízes de primeira instância estarem acolhendo processos que contrariam o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), de que o trabalho da imprensa não pode ser inviabilizado. “O Judiciário não tem se colocado a serviço do interesse público. E a imprensa está muito vulnerável”, constata o jornalista, que é defensor declarado da imprescindibilidade do diploma para o exercício da atividade. “Eu acho fundamental o diploma. Foi um absurdo o que aconteceu [a retirada da exigência]. Eu sou de uma época em que profissionais com anos de atuação recebiam registro. Mas, isso há 50 anos. Hoje, as condições são diferentes”.

Valorização

Quem faz coro é a presidente do Sinjorba, Marjorie Moura, que também enfrenta processo judicial por reportagens assinadas para o jornal A Tarde. A jornalista mantém um tom esperançoso, mesmo relatando os diversos casos de agressões, ameaças e intimidações que passam por sua mesa todos os dias. “Essa é a melhor profissão do mundo. É preciso ter coragem. Somente valorizando o passado é que podemos enfrentar o futuro com dignidade”.

Domingos Meirelles também ressalta a importância da profissão e diz que, enquanto houver vida em uma redação, há motivo para comemorar a data maior dos jornalistas. “Essa, talvez, seja uma das profissões mais fascinantes que existem. É o elo de comunicação entre a informação e o cidadão. O jornalista é um contador de histórias”, afirmou ele que segue no núcleo de reportagens especiais da Rede Record.

walter pinheiro
Walter Pinheiro, presidente da Associação Bahiana de Imprensa

O presidente da Associação Bahiana de Imprensa, Walter Pinheiro, destacou o orgulho e a satisfação com as homenagens ao Dia do Jornalista. Para ele, as comemorações são uma amostra do carinho e reconhecimento aos profissionais.

O evento foi realizado através de uma parceria entre o jornalista e conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa, Fábio Costa Pinto, e o diretor da Central de Comunicação, Nelson Rocha, com a chancela da ABI Nacional. Além da Associação Bahiana de Imprensa, apoiaram o Sinjorba (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia), Arfoc (Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado da Bahia), Sinterp (Sindicato dos Trabalhadores Radialistas e Publicitários), Associação de Cronistas Desportivos da Bahia (ABCD) e W4 Propaganda.

  • Em breve, a ABI publicará as respostas de Domingos Meirelles para as questões feitas pelo público

Confira os nomes dos cronistas homenageados:

dia do jornlaista (3)Antônio Matos, Ari Pacheco, Ary Moura (Jequié), Antônio Tillemont, Antônio Pastori, Carlos Santana, Cláudio Roberto (Itabuna), Cleuza Duarte, Cristóvão Rodrigues, Chico Queiroz, Darino Sena, Djalma Costa Lino, Dito Lopes, Expedito Magrini, Edmilson Ferreira, Edson Almeida, Eliseu Godoi, Gabriel Saraiva, Heloisa Braga, Isaura Maria, Ivanildo Fontes, Itajaí Pedra Branca (Feira de Santana), Ivan Pedro, José Oswaldo, José Eduardo, José Ataíde, Jorge Samartin, Juliana Guimarães, Jorge Vital de Lima, Jorge Allan, José Maria (Ilhéus), João Borges Bougê, José de Oliveira ”Zé Gandula” (Conquista), Jair Cezarinho (Feira), Mário Freitas, Manuel Messias, Marco Aurélio, Martinho Lélis, Nilton Nogueira, Oldemar Seixas, Patrícia Abreu, Paulo Cerqueira, Paulo José (Feira de Santana), Raimundo Ruy, Renato Lavigne, Silva Rocha, Silvio Mendes, Salomão Batista, Thiago Mastroiane e Wademir Vidal.

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Notícias

Associação Brasileira de Imprensa elege novo presidente

Após mais de um ano de processos, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) anunciou na noite da última sexta-feira (26) seu novo presidente, em um pleito marcado pelo pioneirismo. Pela primeira vez na história da entidade, um repórter assume a presidência da Casa dos Jornalistas: Domingos Meirelles venceu as eleições pela Chapa Vladimir Herzog, que disputou com a Prudente de Morais, encabeçada por Fichel Davit Chargel. Esta também foi a primeira eleição nacional na história da ABI. Desde que a entidade foi criada, em 1908, a votação era feita somente com os sócios do Estado do Rio de Janeiro. Na atual, além da sede na capital fluminense, seções foram instaladas nas cinco representações espalhadas pelo país: São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Brasília e Maranhão.

Acompanhada por observadores da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a eleição da histórica e mais antiga entidade dos profissionais da imprensa no país aconteceu nos dias 25 e 26 de setembro, tendo sido escolhidos a Diretoria Executiva, o Conselho Fiscal, o Conselho Consultivo e dois terços do Conselho Deliberativo. No maior colégio eleitoral da entidade, no Rio de Janeiro, com 303 eleitores, a Chapa Vladimir Herzog conquistou 167 votos e a Prudente de Morais, 134.

Domingos Meirelles/Foto: Reprodução
Domingos Meirelles/Foto: Reprodução

Os dirigentes ficam à frente da ABI até 2016, quando a chapa eleita promete implementar o voto eletrônico. A novidade, cujo objetivo é corrigir a distorção que hoje limita ao espectro regional o foro de decisões da instituição, acabou tendo de ser adiada por causa da ação movida por representantes da chapa Prudente de Morais, que postularam a realização das eleições apenas no Rio de Janeiro.

Atualmente, o jornalista é contratado da TV Record. Em sua carreira, Domingos Meirelles, de 74 anos, já foi condecorado com dois prêmios Esso e três Wladimir Herzog de Direitos Humanos. O novo presidente também é escritor, já tendo conquistado dois prêmios Jabuti em 1996 e 2006 pelos livros “As Noites das Grandes Fogueiras – Uma História da Coluna Prestes” e “Os Órfãos da Revolução”, respectivamente.

Judicialização do pleito

A crise eleitoral na ABI teve início em abril de 2013, quando a chapa Vladimir Herzog alegou que era vetada pelo estatuto da instituição a participação de associados inadimplentes na eleição, pois um dos integrantes da Prudente de Morais estaria com mensalidades atrasadas. Com isso, o então presidente Maurício Azêdo pagou em 11 de março, com cheque próprio, a dívida de 17 dos 51 integrantes de sua chapa.

O grupo adversário tentou fazer o mesmo com seus inadimplentes. A atual direção, porém, argumentou que já havia expirado o prazo para a inscrição. A chapa Herzog reclamou que não foi informada sobre a data-limite para o registro e que a cobrança de dívidas deveria ser individual, por meio de boleto bancário, diferente do ocorrido com a chapa de Azêdo. Após decisão judicial, Meirelles tornou-se diretor econômico-financeiro da entidade, que tinha o vice de Azêdo, Tarcísio Holanda, como presidente.

Depois da morte de Azêdo em outubro de 2013, o cargo foi ocupado pelo conselheiro Fichel Davit Chargel por pouco mais de três meses. Em fevereiro de 2014, o recurso da ABI, impetrado ainda no tempo de Azêdo, foi derrubado e a juíza da 8ª Vara determinou o afastamento da diretoria eleita em 2013 e determinou o retorno da chapa Vladimir Herzog ao comando da entidade.

Chapa Vladimir Herzog

Diretor Presidente – Domingos Meirelles/Diretor Vice Presidente – Paulo Jeronimo de Sousa/ Diretor Administrativo – Orpheu Santos Salles/ Diretor Econômico-Financeiro – Ana Maria Costábille/ Diretor de Cultura e Lazer – Jesus Chediak/ Diretor de Assistência Social – Arcírio Gouvêa/ Diretor de Jornalismo – Eduardo Cesário Ribeiro .

Conselho Consultivo:Alberto Dines, Audálio Dantas, Ferreira Gullar, Juca kfouri, Cícero Sandroni, Hélio Fernandes, Ziraldo.

Conselho Fiscal: Arnaldo César Jacob, Jorge Ribeiro, Lindolfo Machado, Luiz Carlos Chesther de Oliveira, Geraldo Pereira dos Santos, Rosângela Amorim, Paulo Roberto Gravina.

Conselho Deliberativo (Efetivos) 2013/2016:Aziz Ahmed, Flávio Tavares, Jesus Antunes, Lima de Amorim, Bernardo Cabral, Jorge de Miranda Jordão, Sérgio Gomes (Serjão), Andrei Bastos, Paulo Gomes Neto, Austrégesilo de Athayde Filho, Ralph Lichote, Silvestre Gorgulho, Elio Maccaferri, Antônio José Ferreira Carvalho e Udson da Silva de Oliveira

Conselho Deliberativo (Efetivos) 2014-2017: Ricardo Kotscho, Milton Coelho da Graça, Anna Lee, Joseti Marques, Moura Reis, Tarcísio Baltar, Nivaldo Pereira, Carlos Chaparro, Luthero Maynard, Daniel Mazola, Amiccucci Gallo, Oswaldo Augusto Leitão, Siro Darlan, Jeronimo do Espírito Santo e Fábio Costa Pinto.

Conselheiros Suplentes 2013/2016: Adalberto Diniz, Adilson Ribeiro, Carlos Alberto da Rocha Carvalho, Carlos Di Paola, Terezinha Santos, João Luiz Dória, Maurício Max, JL Costa Pereira, Luarlindo Ernesto, Marcia Guimarães, Carlos Newton, Moysés Chernichiarro Corrêa, Raul Silvestre, Reinaldo Leal, Wilson Alves Cordeiro.

Conselheiros Suplentes 2014-2017: Lourival Marques Bogea, Petrônio Souza Gonçalves, Elisabete Burlamarqui, Ilma Martins da Silva, Vilson Romero, Bonifácio Rodrigues de Mattos (Ikenga), Claudinéia Lage, JB Serra e Gurgel, José Carlos Machado, Jayme Gama, Érika Branco, Luiz Wanderley da Silva, Roberto Martins, Tiago Santos Salles, Wilson Carvalho.

Conheça as propostas da chapa vitoriosa:

1) Assistência médica e outros benefícios

Ambulatório na ABI

Seguro de vida e outros benefícios

Novos convênios Médico-hospitalares

2) Uma nova administração

Gestão compartilhada

3) Geração de empregos

Revitalização da Imprensa do Interior

Cadernos de Jornalismo ABI

Cursos Livres

4) Atividades Culturais

Sessão Livre

5) Um novo pacto social

Criação de um Fórum de Políticas Públicas

6) Valorização do Patrimônio recuperação do Edifício-sede

 

*Informações da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Folha de S. Paulo e Portal Imprensa.

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