ABI BAHIANA

Assembleia da ABI aprova criação da Medalha Rubem Nogueira

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) realizou na manhã desta quarta-feira (06) uma Assembleia Geral Extraordinária, através de videoconferência. A sessão aprovou a criação da Medalha Rubem Nogueira, a fim de homenagear personalidades importantes para a história do Museu Casa de Ruy Barbosa, e a outorga do Título de Sócio Honorário ao advogado Antonio Luiz Calmon Teixeira. Houve também a aprovação das contas da entidade por parte do Conselho Fiscal.

O presidente da Assembleia Geral da ABI, Walter Pinheiro, enfatizou a contribuição de Calmon Teixeira para a instituição. “Todos os méritos e as razões foram apresentadas para que a ABI demonstrasse a sua gratidão ao dr. Luiz Calmon. Ele está muito feliz”, destacou Pinheiro. “Dr. Calmon foi sempre de uma gentileza enorme, auxiliando a ABI, tendo atuado como consultor jurídico quando redigimos o texto do novo Estatuto da entidade”, endossou o jornalista Ernesto Marques, presidente da ABI. A outorga do título está programada para o mês de novembro, em data a definir.

Honraria

O professor e advogado serrinhense Rubem Nogueira é reconhecido como um grande jurista. Sua atuação lhe rendeu a “Medalha do Mérito do Ministério Público do Estado da Bahia”, concedida a figuras que tenham contribuído com a cultura jurídica e que tenham tido destaque na prestação de serviços à sociedade. Nogueira foi consultor do Ministério da Justiça – quando deu seu parecer na Lei de Anistia, assinada pelo presidente Figueiredo em 1979; foi  Procurador-geral de Justiça na Bahia e fez parte do conselho da seção baiana da Ordem dos Advogados do Brasil. Exerceu dois mandatos como deputado estadual e foi eleito deputado federal de 67 a 71. Como professor e pesquisador, tornou-se um dos grandes biógrafos de Ruy Barbosa, sobre o qual escreveu quatro livros, entre outras produções suas sobre o direito e a ordem social.

Proponente da Medalha Rubem Nogueira, o pesquisador e jornalista Luis Guilherme Pontes Tavares destacou a importância do homenageado. “Pesquisando o acervo do Museu Casa de Ruy Barbosa, verificamos que a ABI ficou devendo o reconhecimento a todas as pessoas e instituições que colaboraram para a criação do Museu e pretendíamos resgatar essa dívida de gratidão com homenagens post mortem. Nessas pesquisas, constatamos que o professor Rubem Nogueira foi o principal doador de peças para o acervo. Todos os livros trazem carimbo, alguns, assinatura e anotações dele. É uma riqueza monumental”.

A comenda faz parte da programação da efeméride do centenário da morte de Ruy Barbosa, em 2023. “Decidimos fazer uma homenagem especial à família e à sua memória, dando o nome dele a uma comenda com a qual expressaremos a nossa gratidão aos colaboradores que viabilizaram o nascimento do MCRB e também às pessoas, empresas e instituições que nos apoiarem neste esforço para reerguer e devolver um museu tradicional no conteúdo, mas moderno nas linguagens para a interação que desejamos proporcionar a quem nos visitar a partir de 1 de março de 2023, data projetada para a reinauguração”, completa o presidente Ernesto Marques.

Uma nova Assembleia Geral Extraordinária foi marcada para o dia 13 de outubro, quando a Diretoria Executiva realizará a Reunião Ordinária. A sessão do órgão deliberativo da ABI concluirá a reforma do Estatuto da instituição.

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Lançamento de novo dossiê sobre censura na EBC contará com jornalistas

Nesta terça (5) haverá o lançamento da terceira edição do dossiê de censura e governismo na EBC (Empresa Brasil de Comunicação), com transmissão pelo canal do Youtube do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF), às 20 horas. 

Em conjunto com o lançamento, haverá um debate sobre liberdade de imprensa. A mesa conta com a presença de Denise Dora, diretora executiva da Artigo 19; o jornalista Giuliano Galli, representante do Instituto Vladimir Herzog; Emmanuel Colombié, diretor para a América Latina da Repórteres Sem Fronteira e o jornalista Márcio Garoni, diretor da Federação Nacional dos Jornalistas. A mediação será feita pela jornalista Letycia Bond, da TV Brasil/EBC. 

O dossiê é organizado por um grupo de trabalho formado por representantes da Comissão de Empregados da EBC e dos sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas que representam os funcionários nas três praças da empresa (Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro). Por meio de um  formulário online, os funcionários de todos os veículos e canais da EBC podem apresentar suas denúncias, mantendo o anonimato. 

Segundo o documento, o objetivo é destacar “casos em que houve cerceamento à liberdade de imprensa na empresa, gerando entraves ao cumprimento do princípio básico da instituição, que é produzir conteúdos de comunicação pública, voltados para o interesse da sociedade”. A segunda edição, lançada em 2020, trazia o subtítulo “Inciso VII”, referente ao artigo 2° da lei de criação da EBC. No texto, está escrito como princípio da empresa “autonomia em relação ao Governo Federal para definir produção, programação e distribuição de conteúdo no sistema público de radiodifusão”

O último dossiê contou com 138 denúncias, sobre casos ocorridos entre janeiro de 2019 e julho de 2020. O resultado mostrou que as editorias que mais sofreram com a censura foram Política e Direitos Humanos, e que coberturas do caso de assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes e violação dos direitos indígenas foram surprimidas, assim como havia proteção a ministros e ao presidente da república. Foi relatado também a interdição de fontes para matérias de organizações como Anistia Internacional e o Human Rights Watch.

Informações do SJPDF. 

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Imprensa baiana celebra os 125 anos de fundação do jornal “A Cachoeira”

Cachoeira é detentora dos títulos de “Cidade Histórica” e “Cidade Heroica”, um patrimônio brasileiro. Nada mais justo do que ser assunto de um jornal também histórico. O jornal “A Cachoeira” completou neste setembro 125 anos desde sua fundação e circulou em edição comemorativa. Idealizado em 1896, a marca do jornal é uma das mais antigas do país. Ao longo da semana, diversos veículos e jornalistas do estado lembraram o marco.

Matéria publicada pela Tribuna da Bahia, 24 de setembro de 2021

O município do recôncavo baiano já teve 141 jornais e revistas em circulação; assistiu ao nascimento e desligamento de cada um desses veículos. Em sua história, o “A Cachoeira” teve seus períodos de pausa, mas sempre se renova pelas mãos de um jornalista. Atualmente, esta é a tarefa do jornalista e advogado, Romário Gomes, diretor da Associação Bahiana de Imprensa (ABI). Gomes relata a história desse veículo, que começa ainda antes de 1896, com a iniciativa de seu bisavô, o italiano radicado Giaccomo Vaccarezza. 

“Meu bisavô se juntou com alguns companheiros, comprou as máquinas tipográficas, tudo para esse jornal sair e ser um defensor da república na cidade, que era muito cheia de homens ricos, donos desses sobradões enormes de Cachoeira. O jornal estava pronto, mas ele não o viu circular; morreu em 1894 e o jornal circulou em 24 de setembro de 1896. A partir daí já se via que o jornal deveria durar muito”, conta. 

Coluna de Levi Vaconcelos (Jornal A Tarde), 25 de setembro de 2021

Giaccomo e seus amigos eram membros da Associação dos Republicanos de Cachoeira. Foi em sua memória que o jornal foi lançado. Ele nasce como um veículo republicano, com circulação bissemanal, em substituição a outro título da cidade, “O Guarany”. Foi dirigido por José Antônio Antunes até 1917, quando houve uma pausa na produção do semanário. Em 1927, o médico Cândido Vacarezza, avô de Romário, retoma o veículo entregando – o à direção de Hermes de Assis Costa. 

Foi no ano de 1989, sob a direção do jornalista e grande persona de Cachoeira, Felisberto Gomes, tio de Romário, que o jornal sofreu seu maior revés com a enchente do rio Paraguaçu, que destruiu grande parte do seu acervo. 

Memória e influência

“Antigamente o rio começava a encher e levava cinco, seis dias para inundar a cidade. No caso de 1989, foi em duas ou três horas. Destruiu tudo, carregou todo o acervo do jornal e ficaram apenas duas máquinas que estavam presas no chão, cimentadas”, afirma Romário. As máquinas são relíquias históricas: a impressora manual francesa Alauzet, que possui mais de dois séculos, e a impressora elétrica alemã Offenbach, de 1928. Além desses, a oficina do jornal possui outros tesouros da imprensa antiga, entre tipos e componedores [instrumento para organizar os tipos para a impressão]. 

A impressora manual francesa Alauzet

Em 2020, os 90 anos da ABI foram comemorados com a reinauguração do Museu de Imprensa, um lugar para reviver e contar todos os dias a história da imprensa da Bahia. “A Cachoeira” foi um dos veículos homenageados pelo painel “Memória da imprensa e meios de produção”, com design assinado por Enéas Guerra. No painel, recorda-se a figura de Felisberto Gomes e a enorme prensa francesa, ambos parte importante da história dessa marca.

O jornalista e diretor de Cultura da ABI, Nelson Cadena, responsável pela pesquisa para o painel, reconhece o peso que o veículo teve para a sociedade cachoeirense. “Nenhuma cidade do interior tem um jornal impresso. E a marca ‘A Cachoeira’ é uma marca forte, porque, de qualquer forma, mesmo tendo uma circulação interrupta, teve influência política e influência na sociedade de Cachoeira”, recorda Nelson Cadena, diretor de Cultura da ABI. 

Por sua redação, passaram os ex-prefeitos de Cachoeira Anarolino Theodoro Pereira e Francisco Andrade Carvalho, e outros grandes nomes da região: o jornalista Cajueiro de Campos, o professor Antônio Rocha Pita e o jornalista Juvenal Paim. Como relata Costa Gomes, o jornal ainda exerceu papel decisivo ao atuar na eleição de três prefeitos e de alguns vereadores. 

Nas páginas há espaço para a cobertura política, os eventos, notícias esportivas, óbitos e homenagens às grandes figuras da região. Para Cadena, o que resta do acervo do veículo transformou-se na memória da cidade. “Quando você quer saber qualquer coisa, quando precisa pesquisar algum fato, você vai no acervo do jornal e encontra ali. Ele deixa de circular em alguns períodos, mas está sempre se renovando, como vai se renovar agora”, afirma. 

A versão do futuro 

Edição do jornal, 19 de outubro de 2001

Romário Gomes adquiriu o jornal na década de 90. “Meu tio estava muito doente, me chamou em casa e disse: ‘Você é jornalista. Eu não quero que o jornal pare, eu vou lhe vender ele’. Eu comprei o jornal na mão de meu tio e mantive lá com trancas e cadeados”. Adquiriu também a marca e o que foi salvo do acervo, do qual cuida até hoje. 

Para celebrar os 125 anos desde sua fundação, Romário fez circular uma edição especial do jornal. Atualmente conta com uma equipe enxuta, composta por estudantes da UFRB, e pretende fazer o jornal impresso circular mensalmente e voltar com o website de notícias diárias. Segundo Gomes, é “difícil e caro” fazer jornalismo no interior, mas ele se recorda dos preceitos do bom jornalismo que guiaram o “A Cachoeira” ao longo dos anos. “Os fatos vão para as páginas dos jornais. Comigo não tem conversa. É notícia? Boto na rua”, completa. 

*Larissa Costa, estudante de Jornalismo, estagiária da ABI.
Edição: Joseanne Guedes

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