O Sindicato das Agências de Propaganda do Estado da Bahia e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) lançam, nesta semana, uma ação conjunta para o combate à disseminação de fake news. A campanha inédita “Fake News. Quem compartilha também mente” tem o objetivo de chamar atenção do público sobre os danos causados não só por quem cria, mas também por quem compartilha conteúdo falso.
Para o presidente da Associação Bahiana de Imprensa, Ernesto Marques, a propagação do discurso do ódio, assim como a negação da ciência, se apoiam na mesma base: desinformação.
“Desinforma-se uma sociedade propagando mentiras e desqualificando quem quer que ouse negar as mentiras difundidas, sobretudo através dos aplicativos de mensagens. A autoria dessas peças criminosas de manipulação é individual, mas quem compartilha, vira cúmplice, e é esta conduta que uma campanha como a nossa tenta combater, sensibilizando e conscientizando as pessoas”.
A campanha, criada pela Rocha Comunicação, agência associada ao Sinapro-Bahia, será veiculada em jornais, internet e nas redes sociais das duas entidades. O presidente do Sinapro-Bahia, André Mascarenhas, explica que a divulgação será em todo o estado e vai contar a participação das agências associadas. Estamos juntos com os nossos associados e com a ABI para fortalecer essa ação e combater ativamente a disseminação de dados distorcidos, que trazem prejuízos e fomentam questões negativas”.
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), entidade sindical máxima de representação da categoria, direcionou uma carta à sociedade e aos jornalistas brasileiros, para pedir compromisso com a democracia. A entidade conclama os profissionais “a honrarem sua profissão, que tem como missão levar informações à sociedade, pautando-se pela busca da verdade e pela estrita observância do interesse público no seu fazer profissional”. O documento divulgado nesta segunda-feira (26) ressalta o momento eleitoral conturbado, regado a agressões contra a imprensa, aparelhamento das instituições, manipulação de informações e disseminação do medo.
Para a Fenal, as eleições gerais do dia 2 de outubro representam mais que a escolha de novos dirigentes para o Brasil, seus estados e o Distrito Federal. “Elas, assim como em 2018, colocam em oposição a democracia e o autoritarismo; o estado de Direito e as farsas judiciais; a busca pela justiça social e os privilégios; a defesa da vida e a necropolítica; a civilização e a barbárie”, destaca a Federação.
Colocando o jornalismo como ferramenta com potencial “para chamar cidadãos à racionalidade”, a Fenaj lançou reflexões sobre a atuação dos veículos de comunicação em fatos da história recente do país. “O Jornalismo, sem necessidade de apontar candidatos preferenciais, deve lançar luz onde se faz escuro, por meio da informação verdadeira”, diz a carta.
À sociedade brasileira a FENAJ se dirige reforçando a necessidade de reconhecimento do jornalismo. “É dever de todos os cidadãos e de todas as cidadãs a defesa da democracia e das instituições democráticas. Não existem sociedades verdadeiramente democráticas sem um Jornalismo diverso e plural e não existe Jornalismo sem jornalistas”, defende a entidade, quando solicita o apoio dos cidadãos para afastar possíveis perigos às instituições democráticas.
De olhos atentos, as crianças e adolescentes do Projeto Axé acompanharam todos os detalhes do filme Medida Provisória, exibido na manhã desta sexta-feira (23) pelo Museu de Imprensa da ABI, como parte da programação da 16ª Primavera dos Museus. Após as sessões matutina e vespertina, os jovens conversaram sobre a obra com o pesquisador e graduando em História, Pablo Sousa, que atua também como estagiário do Museu de Imprensa e da Fundação Pedro Calmon.
Com um elenco rico de expoentes do cinema nacional, o filme Medida Provisória, oficialmente lançado em abril de 2022, é ambientado num Brasil futurista mas não muito distante. Na trama, uma inciativa de reparação pelo passado escravocrata provoca uma reação no Congresso Nacional, que aprova uma medida provisória, para enviar todos os cidadãos negros para o continente africano. O longa é uma adaptação da peça Namíbia, Não!, uma tragicomédia escrita por Aldri Anunciação – e que Lázaro Ramos já dirigiu no teatro -, em torno de temas como reparação, representatividade e com potentes discussões sobre racismo e as tensões sociais no país.
“Me identifiquei bastante com o filme, me vi dentro da história, principalmete com ‘Antonio’ [personagem do ator Alfred Enoch], porque as pessoas desacreditavam dele por causa da cor da pele. Já aconteceram alguns fatos comigo, mas aprendi a ser forte contra isso. Cabeça erguida sempre e correr atrás dos meus sonhos”, reflete Davi Pereira, de 16 anos. O jovem morador do Campo da Pólvora chegou ao Projeto Axé há quase cinco anos. “A parte que eu mais gosto é a arte, fazer máscaras, pintura do quadro…”, detalha o educando do projeto, que promove o resgate social de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica em Salvador.
Isabela Santos, de 18 anos, confessa que ficou muito emocionada com o filme. “Nós, negros, precisamos lutar pelos nossos direitos. Me identifiquei muito com história”. Isa faz parte do Projeto Axé desde os oito. No Projeto Axé, ela aprendeu muitas coisas, uma delas foi lutar pelo que quer. “Minha área preferida lá é moda, gosto de costurar, mexer com arte. A minha experiência é muito boa. Entrei para aprender alguma coisa, me profissionalizar”, lembra a estudante.
O professor Carlos Victor Pereira, licenciado em Desenho e Artes Plásticas pela UFBA, explica que o Projeto Axé não é como uma escola do ensino formal, trabalha com turmas multisseriadas. Mas é exigência do projeto que todos os estudantes estejam frequentando a escola no turno oposto às aulas na unidade educativa. Segundo ele, é na oficina de experimentação que os alunos desenvolvem os primeiros contatos com as artes visuais.
Carlos Victor atua há quatro anos no projeto e parabenizou a iniciativa do Museu de Imprensa da ABI. “É muito importante que esses espaços de cultura, de produção cultural, tenha um diálogo com a comunidade e Projeto Axé faz parte dessa comunidade do Centro Histórico junto com a ABI. Construímos durante os 365 dias do ano essas parcerias, essas trocas. Ficamos muito felizes quando vimos que a ABI havia proposto essa atividade”, disse.
“Enquanto espaços de produção de cultura, temos um papel muito fundamental de discussão das questões raciais, sobretudo porque nossos educandos são meninos e meninas de periferia. É preciso que eles saibam dessa história que não foi contada. Às vezes, eles acham que vão ficar restritos àquela comunidade de origem, sem perspectiva de futuro. O filme, sem dúvida, é um mote reflexivo para eles. A gente já estava planejando fazer uma sessão com esse filme”, afirma o artista visual. Em breve, o Projeto Axé vai contar com um laboratório de audiovisual.
Debatee outras atividades
A abertura das atividades do Museu de Imprensa da ABI no âmbito da Primavera dos Museus foi com a roda de conversa “200 anos da Independência e outras histórias”. Sob a mediação do 1º vice-presidente da ABI, Luís Guilherme Pontes Tavares, a discussão reuniu o publicitário e pesquisador Nelson Cadena, diretor de Cultura da ABI, Pablo Sousa e Débora Muniz, ambos graduandos em História. (Assista parte 1 e parte 2)
Nos dias 21 e 22, turmas do Projeto Axé foram recebidas no auditório da ABI para atividades como contação de história e confecção da boneca Abayomi. No dia 21, o jornalista e escritor Ricardo Ishmael apresentou para os educandos seu terceiro livro infantojuvenil, “Deu a Louca na Bicharada”, que conta a história de Dudu, um menino negro vítima de bullying, e a sua relação com “bichos falantes”.
Já no dia 22, a professora Telma Holtmann contou a história de Lalá, do livro “A princesa do Olhinho Preguiço”, também de Ricardo Ishmael e com o bullying como tema principal.
De acordo com a educadora, essas bonecas de pano artesanais eram feitas nos navios negreiros por mulheres negras escravizadas, usando pedaços de suas vestes, para acalmar e alegrar suas crianças.
Uma versão própria das Abayomi se popularizou através da artesã maranhense Lena Martins, a partir dos anos 80, como elemento de afirmação dos corpos pretos e exaltação das raízes da cultura brasileira.
As atividades tiveram coordenação de Renata Ramos, museóloga da ABI, com o apoio da técnica em restauro Marilene Rosa.
A Assembleia Geral Extraordinária da ABI, realizada na manhã desta segunda-feira (19), imediatamente após a reunião mensal da Diretoria Executiva, deu um passo importante para consolidar a entidade enquanto espaço que promove cultura. A sessão semipresencial aprovou alterações no Artigo 4° do Estatuto em vigor, que dispõe sobre as finalidades da ABI, e o Título IV – Das Disposições Transitórias, para tratar da representação dos profissionais do interior do estado, além de prorrogar do mandato atual até 30 de novembro, prazo necessário para a organização do processo eleitoral da entidade. As três emendas foram aprovadas por unanimidade. A ABI divulgará o calendário das eleições internas deste ano.
Foto: Joseanne Guedes
De acordo com o presidente da Assembleia Geral da ABI, Walter Pinheiro, há uma preocupação da entidade em relação a intensificar a participação dos colegas do interior do estado, antes representados pelas seccionais. Com a reforma do Estatuto, havia sido estabelecido um prazo de 120 dias para o definir o novo formato de representação.
“Houve a necessidade de fazer uma prorrogação para 30 de junho. Assim, poderemos discutir com calma e aprovar um formato que possibilite à Associação Bahiana de Imprensa ser efetivamente uma associação do estado, não apenas com foco na Região Metropolitana de Salvador. Acho muito importante avançar nisso, em atenção aos caros companheiros jornalistas de outras regiões baianas”, explicou Walter Pinheiro.
Uma entidade cultural
Alterações foram introduzidas nos objetivos da ABI, para prever no Estatuto atividades que já são praticadas pela instituição, como edição de revistas, produção de filmes e eventos, e outras iniciativas que fomentam a cultura no estado. “Nosso Estatuto não previa essas ações no seu capítulo inicial. Ele previa basicamente a congregação dos profissionais, a defesa da liberdade de imprensa, da cidadania, ou seja, aqueles objetivos que vieram desde a fundação e agora já temos 92 anos em atividade”, lembrou.
Foto: Joseanne Guedes
Ele observou que, com as mudanças feitas pelas instâncias governamentais, a atuação da entidade precisa ficar clara no documento que rege o seu funcionamento. “Isso tudo é importante para efeito de emissão de nota fiscal e outros documentos, para que a ABI não esbarre em entraves com a Receita Federal, por exemplo, e possa participar legalmente de editais de cultura. Agora, nosso objetivos estão ajustados para atender a essa demanda, conforme manda a lei. Estamos todos de parabéns por vencer mais essa etapa.”