Em assembleia geral, no dia 23 de janeiro, jornalistas cearenses aprovaram a suspensão de Wellington Macedo de Souza do quadro de associados do Sindicato dos/as Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce). A decisão foi tomada após Wellington ser acusado de participar, planejar e executar uma tentativa de atentado terrorista em Brasília, na véspera de Natal do ano passado. Foragido, ele seria o responsável por ajudar a colocar o artefato em um caminhão-tanque carregado com querosene, estacionado próximo ao aeroporto da Capital.
O encontro também autorizou a adoção de novas medidas de sanção a profissionais filiados que defendam, integrem, participem ou patrocinem atos e atentados antidemocráticos.
Ex-integrante do Governo Jair Bolsonaro, Macedo também foi preso por envolvimento nos atos antidemocráticos do Sete de Setembro de 2022, mas estava em prisão domiciliar, com uso de uma tornozeleira eletrônica.
O sócio suspenso tem registro de jornalista no Ministério do Trabalho e é associado ao Sindjorce desde 2001, inicialmente registrado unicamente como repórter fotográfico. Depois, o suposto terrorista adquiriu o registro geral de jornalista, após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2009, que derrubou o diploma de nível superior como critério de acesso à profissão. Desde então, as entidades de representação classista da categoria são obrigadas formalmente pelo Estado (e por decisões judiciais derivadas) a reconhecer todos os profissionais, independente da formação, como jornalistas e também a aceitar estes em seus quadros de associados.
“A categoria dos jornalistas do Ceará demonstrou, na prática, que não tolera golpismo e terrorismo. Seguindo os ritos estatutários, aprovou a suspensão do registro de sócio”, justifica a jornalista cearense Samira de Castro, diretora de Comunicação, Cultura e Eventos do Sindjorce. Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira explica que, caso sejam confirmados os crimes contra o Estado Democrático de Direito e contra a soberania nacional, a categoria poderá expulsar Wellington Macedo de Souza. Nos próximos dias, o jornalista irá ser notificado da deliberação dos pares e terá prazo para responder às acusações.
O jornalista Moacy Neves, presidente do Sinjorba, entende que, “ao se associar àqueles que agridem e intimidam profissionais de imprensa, o jornalista não diplomado envolvido – que obteve o registro por força de decisão judicial – comete um atentado contra a liberdade de imprensa, um valor basilar de nosso ofício”, argumenta. O dirigente também ressaltou os prejuízos de ter um jornalista associado à produção de fake news. “O jornalismo exige responsabilidade social e compromisso ético. Esses dois imperativos são inegociáveis e estão diametralmente opostos ao desrespeito à Constituição e a defesa de golpes contra governantes eleitos democraticamente pelo povo”, acrescenta Neves.
*As informações são do Sindicato dos/as Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará