ABI BAHIANA

Transformações no jornalismo cultural são destaque do I Simpósio Baiano de Jornalismo e Literatura

I’sis Almeida e Joseanne Guedes

A segunda noite do Simpósio Baiano de Jornalismo e Literatura, nesta quinta-feira (8), teve como destaque um debate profundo sobre os desafios e as mudanças ao longo da história do jornalismo cultural na Bahia e no Brasil. Com o tema “O espaço e conteúdos de cultura nos jornais, televisão, rádio e plataformas digitais”, os conferencistas Sérgio Mattos, Kátia Borges e Malu Fontes realizaram um apanhado no tempo, relatando experiências da época de graduação e refletindo sobre os novos rumos do setor. Com mediação de Simone Ribeiro, diretora do departamento de Divulgação da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), o evento online, fruto de parceria com a Academia de Letras da Bahia (ALB), atraiu profissionais experientes ligados à cultura, à comunicação e às artes literárias.

Já na abertura da mesa, o presidente da Academia de Letras da Bahia (ALB), Ordep Serra, parabenizou os 89 anos do poeta, professor e jornalista Florisvaldo Mattos, 2º vice-presidente da ABI. Ernesto Marques, presidente da Associação, acompanhou a saudação a “Flori”, como o chama carinhosamente, e adiantou que a Associação já planeja uma comemoração dos 90 anos de Florisvaldo Mattos.

Simone Ribeiro, no papel de interseção entre os convidados, iniciou sua fala recitando “Tecendo a manhã”, meta-poema lançado em 1966 por João Cabral de Melo Neto. Ela usou a obra cabralina, que reflete sobre a própria construção do trabalho, para trazer, segundo ela, “uma imagem de plenitude, de completude”. De acordo com Ribeiro, a vida de jornalista obedece a um ciclo. “A vida de redação não é para sempre. A gente passa por alguns ciclos e tem o espírito de comunhão, o espírito fraternal. Nossa atividade é feita em grupo”, refletiu. 

Em uma fala autorreferente, Ribeiro relatou sua trajetória no jornalismo cultural, onde acumulou vivências na cobertura diária e atuou também como editora do Caderno 2 do jornal A Tarde. A dirigente falou sobre as transformações nas dinâmicas da atividade, mudanças de consumo dos conteúdos e lamentou o desaparecimento dos cadernos culturais. “Eu fui testemunha dessas mudanças, algumas dolorosas e que atingiram em cheio um segmento tão glamourizado quanto discriminado que é o jornalismo cultural”, lembrou.

A jornalista acredita que o simpósio é uma oportunidade para repensar o futuro do segmento. “Meu consumo hoje é primordialmente pela internet. Temos novos hábitos. Por mais que a gente pense nesse tema de hoje e faça um recorte contemporâneo, precisamos olhar o passado e ver o que aconteceu, quais são as ferramentas de que a gente dispõe para reconstruir o jornalismo especializado”, introduziu a mediadora.

Crise?

Entrando no tema central do debate, o jornalismo cultural, o poeta, escritor e vice-presidente da assembleia geral da ABI, Sérgio Mattos, fez um panorama histórico extenso do campo, destacando a década de 50 como o período mais efervescente dos conteúdos de cultura em jornais, quando surgiu o formato de lead (abertura de textos) na imprensa, e ainda, a criação de suplementos culturais, como O Diário de SP e a Folha Ilustrada. Ele relembrou também que foi de 1950 em diante que surgiram as primeiras escolas de jornalismo do país. 

Segundo Mattos e autores aos quais o professor recorreu para explicar o histórico, o jornalismo cultural passa em tempos atuais por uma crise em função de alguns sintomas, entre os quais, citou ele: a concorrência das mídias digitais; a falta de especialização dos profissionais; a reprodução do modelo de notícias na realização de matérias relacionadas à cultura, além do fato de que o jornalismo passou a divulgar mais os eventos culturais do que cobri-los.

A proposição de Sérgio diante desse cenário, é “produzir novos estudos e debates, no sentido de se repensar o jornalismo cultural, a começar pela estrutura curricular dos cursos de jornalismo, responsáveis pela formação dos novos profissionais, que, além de dominar as técnicas jornalísticas, precisam dominar o gênero jornalístico sobre o qual vão escrever”, propôs. Outra sugestão é empreender esforços para maior preservação da memória cultural do país, “divulgando e analisando criticamente os produtos culturais”, completou. 

Malu Fontes, professora de jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA, mestre e doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas, também colaboradora da Rádio Metrópole FM, registrou o quanto ainda hoje é apaixonada por jornalismo cultural. “Eu consumo muito jornalismo, falo disso com muito conforto. Sou uma consumidora que hoje, claro, admito, não sou incompetente a ponto de não reconhecer o que está acontecendo na área”, relatou. 

“Não tem como a gente dizer que isso – a cultura no jornalismo – não se esvaziou”, admitiu Fontes. A jornalista usou uma metáfora para se referir ao atual cenário do jornalismo cultural. “A coisa da cultura virou ‘pirulitinhos’ no jornalismo e no jornalismo local, tudo que se dá são pirulitos, é aquela coisinha pequenininha de ‘vai ter hoje um show, o livro tal, dicas de livro, estreou o filme’. Não tem aquele texto que você lê com prazer. O texto que me dá prazer é o que eu saio dele com curiosidade de ir para um outro lugar, porque ele me convida”. 

Potencialidades

A escritora, poeta, professora de jornalismo da Universidade Salvador e colunista do Correio* Kátia Borges, não vê de maneira negativa o universo do jornalismo cultural, apesar das mudanças de produção e de consumo. Segundo ela, o que existe é uma deficiência de formação crítica e uma cultura forte do cancelamento, “a cultura de ódio, além de uma timidez muito grande dos críticos às obras de arte”. Para explicar, ela usou o exemplo da grande polêmica em torno da recepção do livro Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, com mais de 100 mil exemplares vendidos no Brasil. De acordo com Borges, as críticas ocorrem com a ausência de argumentação. “Em vez de polêmicas sérias em torno do conteúdo do livro, ficaram no ‘gostei’, ‘não gostei’. Isso não é crítica. É opinião. E opinião todo mundo tem”, criticou.

“Estamos passando por uma renovação”, analisa. “Precisamos estudar os nossos veículos, para entender como essa cultura se deu lá atrás e como está hoje. Existe, claro, uma crise da crítica. Mas, essa é a nossa cultura, rápida, multifacetada, fugaz. Agora, dentro disso, temos o Suplemento Pernambuco, a Revista Quatro Cinco Um, o Jornal Rascunho, que vem trabalhando muito bem”, elogiou a professora. Segundo ela, as plataformas digitais abrem um campo “muito bom” para quem está trabalhando com cultura. “Talvez, a gente não tenha uma crítica tão contundente dentro dos jornais. Temos, por outro lado, podcasts incríveis, como citou Malu, muita cultura, muita gente fazendo um trabalho maravilhoso em jornalismo de cultura”, opinou.

Kátia Borges abordou sua experiência como jornalista de cultura e sua atuação na área acadêmica como pesquisadora e professora universitária. Assim como Simone Ribeiro, ela viveu os desafios da redação e viu as transformações da cobertura cultural na Bahia. Borges compartilhou com o público que interagia com a mesa dados originados em suas pesquisas na área. “É uma paixão na minha vida a história do jornalismo e da literatura na Bahia”, reconheceu. Para ela, há uma lacuna de pesquisa importante para se entender o jornalismo cultural na Bahia. “É uma transformação interessante, uma transição, quando o meio cultural para de ser chancelado pelos jornalistas”, indicou.

Nesta sexta-feira (9), acontece a terceira e última mesa do Simpósio, com mediação da jornalista e escritora Suzana Varjão. O tema “Jornalismo e Literatura: interfaces” será discutido pelo escritor Antônio Torres, jornalista, membro da ALB e da Academia Brasileira de Letras (ABL), pela jornalista e escritora Aline D´Eça e pelo doutor em ciências da comunicação Edvaldo Pereira Lima.

>> Relembre a mesa de abertura neste link

Serviço:

I Simpósio Baiano de Jornalismo e Literatura

Quando: 7, 8 e 9 de abril de 2021 das 18 às 20h 

Onde: Online, via YouTube da Academia de Letras da Bahia (ALB)

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Defesa da democracia marca abertura do Simpósio Baiano de Jornalismo e Literatura

Uma noite memorável em defesa da democracia foi proporcionada neste 7 de abril, Dia do Jornalista, pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e pela Academia de Letras da Bahia, com a abertura do I Simpósio Baiano de Jornalismo e Literatura. O evento online, transmitido pelo canal do YouTube da ALB, reuniu jornalistas, escritores, acadêmicos e intelectuais de diversas áreas do conhecimento, para discutir os “Limites da liberdade de expressão e direitos hoje, no Brasil”. O público teve a oportunidade de assistir ao vivo parte importante da bibliografia estudada nos principais cursos de comunicação do País, através da célebre mesa composta pelo jornalista, escritor, e ex-professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA), Emiliano José, pelo professor-titular de jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Muniz Sodré, e pelo professor-titular de teoria da comunicação da Facom/UFBA, Wilson Gomes. 

O professor Ordep Serra, presidente da ALB, abriu a noite cumprimentando os jornalistas pelo seu dia e denunciando as formas de violência enfrentadas por esses profissionais. “Para nós da Academia, é um dia importantíssimo. Muitos dos nossos acadêmicos começaram sua carreira na imprensa, como jornalistas. É impossível fazer uma história da literatura baiana e brasileira sem considerar a imprensa”, observou. “Quero homenagear àquelas que estão sofrendo censura direta ou velada, restrições à sua liberdade de expressão. Precisamos começar por aí, pela afirmação da liberdade de expressão, da liberdade de pensamento, pela valorização da imprensa livre, pela resistência ao obscurantismo”, defendeu. Segundo o acadêmico, o Simpósio é o começo de uma grande aliança entre as instituições. “Estaremos juntos na luta pela cultura, pelos valores da civilização”, garantiu. 

Ernesto Marques, presidente da ABI, saudou os colegas de profissão e justificou o “7 de abril”. Ele explicou que a data é um tributo à memória de Líbero Badaró, pelo que o médico e jornalista representou em sua época como defensor das liberdades e do direito à informação. Marques aproveitou o momento para homenagear o membro da Assembleia Geral da ABI, Eliezer Varjão, falecido na véspera do evento. “Para nós da ABI, este 7 de abril chega com a dor da perda de um dos nossos, muito querido. Ontem partiu Eliezer Varjão, aos 80 anos, depois de uma longa e corajosa luta pela vida”, afirmou o dirigente.

O jornalista resgatou os inúmeros desafios enfrentados pelos profissionais da imprensa no contexto da pandemia, em sua difícil missão de levar informação à sociedade. “O desafio da nossa já bastante conhecida realidade descomunal, a nossa criatividade, nunca foi tão visceralmente provocador como agora. Provocação que grita do choro de centenas de famílias, da coragem altruísta profissionais de saúde da chamada linha de frente, das forças de segurança, agora empenhadas no combate a um inimigo tão letal e microscópico, ou na coragem indômitas das equipes de reportagem, sempre indo além do que recomendam os policiais e os médicos, na hora de colher os fatos a serem transformados em notícias”, ressaltou. “Neste 7 de abril, Dia do Jornalista de 2021, quando o número de mortes causado pela pandemia nos assombra, escrever é mais do que imprescindível. Eu diria que é obrigatório. Que os debates dessa mesa nos inspirem a escrever sobre essa realidade descomunal, que nos assusta, nos apavora e, sobretudo, nos desafia”, concluiu.

Imprensa e democracia

Em uma mediação bastante elogiada pelo público do evento, a jornalista Jussara Maia, professora de Jornalismo do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), afirmou sua admiração pelos conferencistas, de quem se disse leitora. “Situamos essa mesa no espaço reflexivo que entende jornalismo e literatura com suas especificidades, mas também os reconhece como campos que têm tido historicamente proximidade, aliança e muitos diálogos em defesa da democracia. Seja por meio da partilha da experiência comum em redações de jornais, com o uso de técnicas de pesquisa e checagem de dados, o estilo de uma escrita rica em estratégias envolventes, com apreensões criativas na construção de relatos sobre o real, entre outros aspectos”, destacou a pesquisadora. 

Maia enfatizou a importância do jornalismo para o funcionamento da democracia e expôs contradições que ameaçam o próprio sistema político brasileiro. “Implica pensar os limites à liberdade de expressão e aos direitos em uma república que tem a democracia representativa como seu sistema de governo, mas lida com o fortalecimento nacional e mundial de correntes políticas de extrema-direita, que têm usado organizações jornalísticas, plataformas digitais e algoritmos para manter bolhas e fomentar a incomunicabilidade”, afirmou.

Para Emiliano José, ocupante da cadeira de número 1 da ALB, é histórico o encontro entre a ABI e a Academia. Emiliano começou sua carreira no jornalismo em 1974, no jornal Tribuna da Bahia, tendo passado por muitas redações até chegar à marca de 16 livros publicados. “O jornalismo é parte do meu cotidiano, esteja eu numa redação, como estive durante tantos anos, esteja eu fora, mas sempre escrevendo. Escrever virou uma espécie de alimento da existência para mim, a partir do meu mergulho no jornalismo”, disse. De acordo com ele, são os jornalistas os verdadeiros defensores da liberdade de expressão e da garantia de direitos. 

“Eu considero que defender a liberdade de expressão e a garantia de direitos é algo mais ou menos óbvio, absolutamente necessário, fundamental, da pauta de quem quer que defenda a democracia”, destacou o professor. Segundo ele, os limites à liberdade de expressão e a garantia de direitos estão dados no Brasil por uma estrutura política autoritária, onde a democracia tem sido uma exceção. “A defesa da liberdade de expressão deveria ser uma luta da mídia, mas não é. A defesa está nas mãos dos jornalistas. A grande mídia nunca defendeu liberdade de expressão salvo para os seus interesses de classe”, pontuou.

O professor Muniz Sodré traçou um paralelo entre a narrativa do conto infanto-juvenil sobre o boneco Pinóquio, do autor italiano Carlo Collodi, o problema da mentira na rede e suas correlações com jornalismo e literatura. Ele resgatou o chamado “paradoxo da mentira”, citando a sentença do filósofo Epimênides, na cidade de Creta, na Grécia: “Todos em Creta são sempre mentirosos”, para criticar a sociedade atual, cujas movimentações na internet aumentaram a tendência de todos para “aumentar um ponto” nos próprios contos. “Vamos aplicar o princípio de que todo mundo mente, todo mundo é igual a Pinóquio. O princípio de Pinóquio, ou princípio da mentira sistemática, é o que vem caracterizando a sociedade das redes eletrônicas. A mentira é um risco enorme para o diálogo democrático”, sentenciou. E para Sodré, diálogo não é a simples troca de palavras. “Diálogo é a abertura do laço coesivo, para fortalecer o vínculo humano. É uma atividade de travessia apoiada na linguagem, para chegar a uma verdade consensual, ética. O princípio de Pinóquio é uma ameaça séria ao diálogo social”, afirmou.

Mas, o professor enxerga na rede soluções para a própria transformação do jornalismo. “Eu sinto já na rede, com toda mentira dela, os prenúncios de uma reinvenção do jornalismo, com recursos de aportes comunitários. O jornalismo se revela essencial para restaurar a potência da palavra, diante do risco concreto que a palavra enfrenta nesse universo de mentiras. A palavra ainda detém a centralidade simbólica na formação da consciência cívica que é indispensável ao funcionamento da democracia. Eu tenho a sensação de que Pinóquio está assumindo a língua. E a cura para isso é o bom jornalismo”, opinou Muniz Sodré.

Fé no jornalismo

Em uma intervenção emotiva, o filósofo e pesquisador Wilson Gomes, refletiu sobre os mortos da pandemia e o trabalho dos jornalistas em fazer as informações chegarem às casas dos brasileiros. “O Brasil me dói literalmente todo dia, às 18h30. Eu queria marcar isso aqui. Eu apelidei essa hora de “a hora de José”. Gomes fez referência ao poema de Drummond para lançar questionamentos e refletir sobre um momento do dia que tem sido, segundo ele, de desespero. 

Diferentemente das pessoas que compuseram a primeira mesa do Simpósio, Wilson Gomes não é jornalista, mas, talvez nenhum jornalista tenha feito mais esforços do que ele para que a profissão recupere prestígio e importância para a sociedade. “Não sou jornalista, só sou professor de Jornalismo há mais de 30 anos. Curiosamente, eu descobri uma coisa nesses 30 anos: Não há gente que fale pior do jornalismo do que jornalista. Mesmo não sendo jornalista, assumi uma função que tenho tentando cumprir nos últimos anos, não por amor ao jornalismo simplesmente, mas por amor à democracia. Eu vivo de tentar restaurar a fé no jornalismo”, ressaltou. 

Para Wilson, “não há saída para o abismo em que nos encontramos sem o jornalismo”. O professor afirmou que tem se impressionado por ter que trabalhar para restaurar a fé de jornalistas na esfera pública, “essa esfera pública feroz, polarizada, que tem se dedicado muito a humilhar, envergonhar, constranger e perseguir jornalistas nesse momento no Brasil, seja de esquerda ou de direita”, apontou. “Alguma coisa mudou em 2020. Por virtude do próprio jornalismo, também porque Bolsonaro deixou o jornalismo sem saída. Ele não escolheu um lado, ou um jornalismo. Ele fez um discurso genérico sobre o jornalismo, colocou todos no paredão, e ‘é o jornalismo o inimigo mortal’”. 

A razão para isso, segundo Wilson Gomes, é que o jornalismo é o inimigo mortal da extrema direita. “O jornalismo é parte da democracia. É uma instituição criada pela mesma sociedade que criou a democracia liberal. E criou ao mesmo tempo. Portanto, o jornalismo é solidário à democracia, é o gêmeo da democracia liberal. Tem dois pontos de vista que me tornam utópico neste momento. A primeira coisa é que não quero desistir da reafirmação da dignidade da política. E a segunda coisa é que é preciso um jornalismo independente, um jornalismo de qualidade. Precisamos de um jornalismo para pessoas que hesitam. Precisamos de um jornalismo que trate o complexo com complexidade”. O pesquisador ressalta que o complexo não é o confuso. “Eu queria um jornalismo que me tratasse como um adulto. Talvez, o jornalismo seja a única instituição capaz de produzir o que hoje corresponderia à nova definição de informação de qualidade, e o que hoje poderia contribuir para uma sociedade em que mais informação leve necessariamente a mais democracia e a melhores democracias”, concluiu o mestre.

Hoje, 8 de abril, a programação do I Simpósio Baiano de Jornalismo e Literatura continua com a segunda mesa, sob o tema “O espaço e conteúdos de cultura nos jornais, televisão, rádio e plataformas digitais” (assista aqui), com as presenças do jornalista e vice-presidente da Assembleia Geral da ABI, Sérgio Mattos, da jornalista e professora da Faculdade de Comunicação da UFBA, Malu Fontes, e da escritora Kátia Borges. A mediação é da diretora do Departamento de Divulgação da ABI, a jornalista Simone Ribeiro.

A mesa III, programada para o dia 9 de abril, “Jornalismo e Literatura: interfaces”, terá as participações do escritor Antônio Torres, escritor, jornalista, membro da ALB e da Academia Brasileira de Letras (ABL), da jornalista e escritora Aline D´Eça e do doutor em ciências da comunicação Edvaldo Pereira Lima. A jornalista e escritora Suzana Varjão assumirá a mediação.

  • Perdeu a abertura do evento? Assista abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=hOZbAwdZKNE

Serviço:

I Simpósio Baiano de Jornalismo e Literatura

Quando: 7, 8 e 9 de abril de 2021 das 18 às 20h 

Onde: Online, via YouTube da Academia de Letras da Bahia (ALB)

>> Confira abaixo a programação completa:

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ALB e ABI promovem I Simpósio Baiano de Jornalismo e Literatura

Duas atividades que se complementam, se entrecruzam e, diversas vezes, trocam de lugar. Duas formas de se contar histórias, cada uma com sua dose de verdade e sua apropriada medida ficcional. As confluências entre literatura e jornalismo serão debatidas durante o I Simpósio Baiano de Jornalismo e Literatura, evento promovido por meio de uma parceria entre a Academia de Letras da Bahia (ALB) e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI). A abertura do Simpósio acontece no mesmo dia em que é celebrado o Dia do Jornalista, data instituída em homenagem ao médico, político e jornalista italiano radicado no Brasil, Libero Badaró. O evento será online e transmitido pelo canal do YouTube da ALB, nos dias 7, 8 e 9 de abril, das 18h às 20h.

“O Simpósio inaugura um esforço de aproximação entre duas entidades historicamente comprometidas com a promoção de cultura e da liberdade, e propõe reflexões importantes sobre os reflexos da conjuntura na vida de quem escreve, seja a escrita jornalística ou literária”, destaca o jornalista Ernesto Marques, presidente da ABI. No dia 7, ao lado do professor, antropólogo e atual presidente da Academia de Letras da Bahia, Ordep Serra, ele realizará a abertura do evento. Na sequência, terá início a mesa “Limites da liberdade de expressão e direitos hoje, no Brasil”. 

A Mesa I terá participação do jornalista, escritor, e ex-professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA), Emiliano José, do professor-titular de jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Muniz Sodré, e do professor-titular de teoria da comunicação da Facom/UFBA, Wilson Gomes. A mediação ficará com Jussara Maia, pesquisadora e professora do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). 

“Tenho certeza de que vai ser um dos eventos mais importantes do nosso ano cultural. Em primeiro lugar, porque ele consagra a aliança entre essas duas instituições. Em segundo lugar, porque consagra um tema dos mais sérios, a liberdade de imprensa, o valor da produção literária que os veículos de imprensa transmitem para o povo”, ressalta o presidente da ALB, professor Ordep Serra.

De Machado de Assis a Graciliano Ramos, Nelson Rodrigues, Oswald e Drummond, a imprensa sempre teve uma presença marcante na história de muitos escritores brasileiros, que enriqueciam as páginas dos jornais com seus artigos, críticas, crônicas e folhetins. Segundo o acadêmico, “a história da literatura baiana e brasileira é uma história que envolve a produção de extraordinários jornalistas”. Ele destacou, por outro lado, o feedback contrário. “Nossa literatura penetra nos jornais e volta deles para nós, escritores. Isso é importante no presente momento em que vemos tentativas de retorno a censura e não só tentativas, atos brutais de censura ameaçando os escritores, por isso convido a todos a participar desse Simpósio”, completa o gestor. 

A segunda mesa, programada para o dia 8 de abril, conta com a presença do jornalista e vice-presidente da Assembleia Geral da ABI, Sérgio Mattos, da jornalista e professora da Faculdade de Comunicação da UFBA, Malu Fontes, e da escritora Kátia Borges. O tema será “O espaço e conteúdos de cultura nos jornais, televisão, rádio e plataformas digitais”, com mediação da diretora do departamento de divulgação da ABI, a jornalista Simone Ribeiro. 

A mesa III, “Jornalismo e Literatura: interfaces”, terá participações do escritor Antônio Torres, jornalista, membro da ALB e da Academia Brasileira de Letras (ABL), da jornalista e escritora Aline D´Eça e do doutor em ciências da comunicação Edvaldo Pereira Lima. A jornalista e escritora Suzana Varjão assumirá a mediação.

Serviço:

I Simpósio Baiano de Jornalismo e Literatura

Quando: 7, 8 e 9 de abril de 2021 das 18 às 20h 

Onde: Online, via YouTube da Academia de Letras da Bahia (ALB)

>> Confira abaixo a programação completa:

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Jornalista Emiliano José toma posse na Academia de Letras da Bahia

Eleito em novembro para ocupar a cadeira de número 1 da Academia de Letras da Bahia (ALB), o jornalista, escritor e professor Emiliano José toma posse nesta sexta-feira (19/03), às 19h. O evento ocorre de forma virtual, em decorrência da pandemia de Covid-19, assim como foi a posse histórica da nova diretoria da ALB, realizada no último dia 11, pelo Youtube (canal da ALB aqui). A solenidade será dirigida pelo acadêmico Ordep Serra, recém-eleito presidente da entidade. Depois do discurso de agradecimento, o mais novo imortal será saudado pelo arquiabade do Mosteiro de São Bento, Dom Emanuel D’Able do Amaral, membro da Academia.

Em entrevista à Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Emiliano José falou sobre a honraria de ocupar a cadeira deixada pelo historiador Luís Henrique Dias Tavares, falecido em  junho passado. “A minha fala vai tentar traduzir o agradecimento e ao mesmo tempo lembrar os meus antecessores, e de modo muito especial do professor Luís Henrique Dias Tavares, provavelmente o mais importante historiador da vida baiana. Será um momento muito significativo”, destaca.

“É um momento muito honroso para mim. Não foi uma luta para chegar à Academia, foi uma generosidade dos acadêmicos e acadêmicas, que me acolheram com imenso carinho”, afirma. Segundo ele, o principal esforço foi do arquiabade Dom Emanuel d’Able do Amaral. Aos 74 anos de idade e com 16 livros publicados, Emiliano considera a indicação um reconhecimento de sua trajetória como jornalista e escritor. Ele tinha 28 anos quando chegou como “foca” à redação do jornal Tribuna da Bahia, sua primeira casa, anos depois de deixar a prisão no período da ditadura.

O professor contribuiu para formação de gerações de jornalistas e escritores baianos, por sua atuação de mais de 20 anos na Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom). “Chego à Academia graças ao jornalismo. Agradeço profundamente ao mundo do jornalismo, aos meus colegas e minhas colegas, aqueles que conviveram comigo e me ensinaram, deram o caminho das pedras. Eu fico muito comovido ao lembrar que essa trajetória é devida principalmente aos amigos e amigas jornalistas, que me deram régua e compasso”, afirma Emiliano José.

Pandemia e posse virtual

Acostumado a reunir dezenas de pessoas em eventos políticos e culturais, Emiliano lamentou a posse no formato virtual, mas reforçou a necessidade de se respeitar as medidas de distanciamento, como forma de combater o coronavírus. “Eu sempre conto com muita gente nos lançamentos dos meus livros e nas atividades que participo, mas amanhã terei que tentar juntar algumas pessoas na web. Vivemos sob uma pandemia, seriamente agravada por um governo negacionista, genocida. Não tem outra palavra, já que ultrapassamos 3 mil mortes por Covid ao dia. É uma trágica situação a nossa. A posse não poderia ser de outra maneira”, defende. “Melhor seria um encontro caloroso, cheio de abraços e beijos, mas estamos enfrentando este momento. Fomos levados a outro tipo de convivência, de natureza virtual. Não deixemos, no entanto, de conviver. Esses encontros são nossa maneira de manter acesa a fraternidade, celebrar a amizade, manter o diálogo entre nós”, convoca o jornalista.

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