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Personalidades e instituições recebem Comenda do Mérito Cultural na Bahia

DEU NA SECULT (Secretaria de Cultura do Estado). No Dia Nacional da Cultura, quarta-feira (05), no palco do Teatro Castro Alves (TCA) pela primeira vez a Secretaria de Cultura (SecultBA), premiou instituições e personalidades com a  Comenda do Mérito Cultural da Bahia em reconhecimento à contribuição e valorização da cultura no estado. Um espetáculo multimídia, com a direção de Elísio Lopes Júnior e a participação de artistas como Carlinhos Brown, Laila Garin, Saulo e Rebeca Matta que conduziram a entrega das distinções.

 A homenagem será anual mas, excepcionalmente nesta primeira edição, foram entregues 30 comendas. Os homenageados são divididos em três categorias, cada uma delas contendo dez integrantes: Júnior, Sênior e Póstuma.

Na categoria Júnior, destinada a personalidades ou instituições em ascensão no cenário cultural, receberam a Comenda: a Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu – ACBANTU, o dramaturgo, escritor e ator Aldri Antonio Alves da Anunciação, o poeta e escritor Aleilton Fonseca, o centro de conhecimento, cultura e inclusão social Cidade do Saber, localizado em Camaçari, o Circo do Capão, o diretor teatral Fernando Guerreiro, atual diretor da Fundação Gregório de Mattos, a atriz e cantora Laila Garin, o maestro Ricardo Castro e a Orquestra Santo Antônio, de Conceição do Coité e o músico Carlinhos Brown.

O cantor Carlinhos Brow disse no evento que “os artistas que receberão a Comenda demonstram também que vale a pena ser intérpretes culturais da sua comunidade e revelar conteúdos tão eficientes e, muitas vezes, inéditos ao mundo. Muito obrigado meu estado, meu país e, sobretudo, às pessoas que têm colaborado para que toda essa oralidade cultural que tenho como herança venha a se tornar algo prático e fazer com que isso acenda nos outros que é possível conseguir e que aqui tem, sim, solução”.

Na categoria Sênior, que contempla nomes de relevância incontestável para a cultura baiana, foram agraciados a Associação Cultural Bloco Carnavalesco Ilê Aiyê, o professor e historiador Cid Teixeira, o músico Elomar Figueira Mello, o escultor, curador e museólogo Emanoel Alves de Araújo, o cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, o professor e cineasta Guido Araújo, a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, a ialorixá e escritora Mãe Stella de Oxóssi, a escritora e poeta Myriam Fraga e o Teatro Vila Velha.

Já a Comenda da categoria Póstuma foi entregue aos familiares dos agraciados de reconhecida atuação em prol da cultura baiana: o arquiteto Diógenes de Almeida Rebouças, o músico Dorival Caymmi, o médico, criador e reitor da então Universidade da Bahia, Edgard Santos, o cineasta Glauber Rocha, o escritor João Ubaldo Ribeiro, o escritor Jorge Amado, o artista plástico, escritor e sacerdote afro-brasileiro Mestre Didi, os mestres fundadores da Capoeira Pastinha e Bimba, o geógrafo Milton Santos e o produtor, dramaturgo e ator Ruy Cezar.

A entrega das Comendas do Mérito Cultural da Bahia no Teatro Castro Alves teve a montagem de espetáculo com uma instalação plástica especialmente concebida por Renata Mota, coreografia de Zebrinha, direção musical de Jarbas Bittencourt, iluminação de João Batista, figurinos de Zuarte Jr e Carine Cedrashi, e trabalho de VJ de Gabiru.

Informações da SecultBA

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Flica 2014 movimenta cenário cultural do recôncavo baiano

Um dos principais eventos literários do país foi iniciado na noite desta quarta-feira (29), com um passeio sobre a vida de Dorival Caymmi. Pelo quarto ano, a Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) une durante cinco dias – de 29 de outubro a 2 de novembro – festa e literatura, em uma mistura que movimenta o panorama cultural do recôncavo baiano. Quem vivenciou as três edições anteriores da Flica, viu, ouviu e sentiu emoções inesperadas, conviveu de perto com intelectuais ilustres de outras terras e nações, ao mesmo tempo com uma população entusiasmada, envolvida na Festa e no propósito de bem receber a todos.

E este ano não é diferente. Autores nacionais e internacionais participam de 12 mesas especiais, debates e circulam pela cidade em contato bem próximo com seus leitores. Nesta edição, uma das grandes novidades é que o evento passa a homenagear um autor e a primeira será a Yalorixá Maria Stella de Azevedo Santos, Mãe Stella de Oxóssi. O saudoso escritor João Ubaldo Ribeiro, que participaria da festa, também será celebrado e lembrado com a mesa especial ‘Viva João Ubaldo Ribeiro’.

Foto: Ruan Melo
Mesa de abertura da Flica 2014 discute vida e obra do músico Dorival Caymmi – Foto: Ruan Melo/G1 Bahia

Na abertura realizada ontem, Stella Caymmi, neta e biógrafa do cantor e compositor baiano, e o escritor Marielson Carvalho, discutiram com bom humor momentos da história do músico, sob o tema “O tempo de Caymmi”. A homenageada, que conferiu a mesa de abertura do evento, foi convidada a falar sobre Caymmi. “Eu tenho muita saudade dele. Gosto. Você [Stella] herdou a simpatia dele, a simpatia, o jeito interessante de contar história. Torço por você sempre”, disse Mãe Stella.

Para hoje (30), segundo dia da Flica, estão previstas mesas sobre mercado e gêneros literários. Com a mesa “O país do compadrio”, a jornalista Consuelo Dieguez e o professor da Ufba Wilson Gomes vão discutir sobre os limites da camaradagem comum às famílias brasileiras. Às 15h, é a vez da segunda mesa do dia, cujo tema é “Bibliodiversos”. O debate trará a escritora baiana Kátia Borges e o autor catarinense Carlos Henrique Schroeder, que vão trocar experiências sobre a variedade dos gêneros e assuntos literários.

Já a programação musical começa às 22h, como grupo Transcendental, uma big band de jazz contemporâneo que mistura influências de filarmônicas e candomblé. Às 23h20 o ator Jackson Costa exibe sua arte na performance chamada “A coisa”, na qual interpreta poemas de várias épocas, acompanhado por uma banda de música popular contemporânea, formada por sintetizador, teclado, guitarra, violão, baixo e percussão.

Na manhã de sábado (1º), a mesa “A nobreza dos versos” terá a presença do poeta e jornalista Florisvaldo Mattos e do poeta Roberval Pereyr, com mediação do ator Jackson Costa.

Estrutura

O evento conta com três espaços distintos para abrigar sua programação: as mesas e encontros com autores acontecem no Claustro do Carmo; a Fliquinha – versão infantil da festa literária com lançamentos, oficinas e encontros com autores – está no novo cinema, o Cine-Teatro Cachoeirano. E na Praça da Aclamação, está o espaço especial para a programação musical.

A programação e os autores que estarão presentes no evento podem ser consultados através do site (www.flica.com.br), que também ganhou nova cara com a repaginação da marca do evento. As informações também são divulgadas nas redes sociais, nos perfis do Twitter (@flicaoficial) e do Facebook (FlicaOficial).

Confira a PROGRAMAÇÃO completa aqui.

*Informações da Flica e do G1.

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Opinião: Amar a cidade

Por Aloísio da Franca Rocha Filho*

Não se ama uma cidade apenas porque aí se nasce. O amor à pessoa, natural, precede o amor à cidade. O amor à cidade é um sentimento mais tardio. Chega com a idade da razão, a percepção, a inteligência e o sentimento do indivíduo antenados à vida prosaica urbana que estimula gostos por lugares naturais e espaços urbanos, o que neles se constroem ou não para o convívio social. Por isso, o amor à cidade jamais escapou dos laços afetivos dos indivíduos. Suas confissões públicas lotam a literatura, as artes, a filosofia, a arquitetura, a canção. O exemplo maior procede mais uma vez da Antiguidade e de duas cidades ícones e rivais: Atenas e Esparta.

Este tema – o amor à cidade – recentemente alimentou-se de uma boa nova que lhe deu asas. O Rio de Janeiro.  Primeira cidade do mundo a receber o título de  Patrimônio Artístico Mundial como Paisagem  Cultural, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Nada mais justo para o Rio, para os cariocas, e por que não para nós brasileiros que, de há muito, nos deleitamos com o Rio, ele mesmo uma paisagem, incrustado em belas paisagens. Talvez até um reconhecimento tardio desta obra de Deus que a mão do carioca ora conserva e melhora ora agride e mexe para baixo a sua beleza. Coisas próprias do ser humano atuando como uma “espécie de deus protético” (Freud),que deambula daqui para ali com suas criações na busca da felicidade, mas parece hoje não se sentir feliz com tal semelhança.

O Rio de Janeiro continua lindo. Com todos os seus problemas. A sua recente descoberta pelo olho mundial pós-moderno confirma o que o Rio fotografou de há muito no olho da tradição e entre nós: beleza e sedução.

Mas um pedaço da Bahia, o Centro Histórico de Salvador e nele encravado o Pelourinho, também  recebeu em 1985, o honroso titulo de Patrimônio Artístico e Cultural da Humanidade da mesma UNESCO. Menos pela passagem do dedo de Deus por ali (embora não Lhe faltem invocações),mas mais pelo reconhecimento do seu valioso acervo arquitetônico historicamente marcado pelos trabalhos do senhor e do escravo, do artesão e do homem livre, enfim, da carne na pedra.

Seus frutos: igrejas e conventos, sobrados e monumentos, praças e fontes, ruas e calçadas, calhas e esgotos. Ali circulavam homens, mulheres e crianças para seus trabalhos e lazeres, o comércio do suprimento e reposição de mercadorias, o sobe e desce das gentes da cidade alta para a baixa. O Centro Histórico e o Pelourinho eram um lugar de uso, de concentração de serviços, de equipamentos públicos  e também de odores.

No passado recente projetos equivocados contribuíram para evanescer essa mobilidade. Hoje desértico, perigoso, um oásis da droga e do crime. Ao turista resta a foto-lembrança de um espaço público em decomposição. Contudo, lá sopra o que mais sutil se move e se reinventa: o vento fresco, colonial e  barroco da acrópole na cara dos passantes a rodopiar, ainda, as saias das mulheres baianas e das turistas.

Vivemos então em uma cidade também porque a amamos, e desejamos continuar neste território.  A perda de um espaço público dessa magnitude cultural debilita a sociabilidade, rebaixa a nossa auto-estima, cava um lugar de dor no nosso corpo.

Tanto mais quando uma cidade, ou parte dela, ganha foros de Patrimônio Cultural da Humanidade. Aí ela dá um salto. Ela que nunca foi só de seus filhos – muitos ainda pensam assim- mas, de todos os que a pretendem, se alarga.  Neste sentido, ela não se globaliza, se mundializa. Sem amor uma cidade não vive. Nem resiste.

Os atuais poderes público municipal e estadual conservam  este patrimônio da Humanidade na Bahia? Os futuros o revitalizarão?

Amar aqui é verbo transitivo. Amar a cidade. No plano da língua estamos salvos porque carece totalmente poder ao poder político a metamorfose do transitivo em intransitivo. Mas este poder político pode deixar morrer parte do Centro Histórico de Salvador (Pelourinho), espaço significativo da cidade e aqui objeto do transitivo amar. Se o poder político chegar até lá dolorosamente perguntaremos: amar o quê?

*Aloísio da Franca Rocha Filho é jornalista e diretor da ABI – Associação Bahiana de Imprensa. Originalmente publicado no Jornal A Tarde.

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Reinvenção e tradição nas comemorações do Dois de Julho

Ao longo das ruas, ladeiras e praças, os baianos resgatam anualmente a história de luta que culminou na Independência da Bahia, comemorada desde 1824, um ano após a conquista da liberdade do julgo de Portugal Colônia. Além de ser feriado estadual e efeméride nacional, o 2 de Julho passou a ser considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia desde 26 de Junho de 2006, por motivos sócio-antropológicos, históricos e simbólicos. No feriado da Independência, as tradicionais fanfarras, o desfile de colégios estaduais, de militares, dos movimentos sociais, de políticos dos mais diversos partidos, dos grupos de samba e batucadas compõem o heterodoxo cenário do cortejo, que cada vez mais incorpora novos elementos e se reinventa.

Ala das tradicionais fanfarras/Foto: Joseanne Guedes/ABI
Ala das tradicionais fanfarras/Foto: Joseanne Guedes/ABI

Já há algum tempo, ao caráter histórico-cívico da festa juntam-se manifestações de grupos religiosos, além de ter espaço para as mais diversas reivindicações das chamadas minorias sociais. No Dois de julho de 2014 não foi diferente. Quem foi ver os carros do Caboclo e da Cabocla passarem, assistiu a um cortejo de fé e celebração democrática de um espaço para a presença de todas as legendas políticas, manifestações religiosas e de gênero, além de trabalhadores de diversos segmentos profissionais, que aproveitam a grande visibilidade do ato cívico para levar à sociedade suas reivindicações.

Balões, faixas e pirulitos exibem antigas e necessárias reivindicações da população, como educação, saúde e moradia. Partidos políticos e coligações desfilaram em uma ala, o que não evitou confrontos entre militantes. Além dos candidatos ao governo do estado, postulantes ao Palácio do Planalto marcaram presença este ano na festa baiana. E se receberam aplausos, também não escaparam das vaias de uma população descontente e indignada com os desvios da representação política, sobretudo a corrupção, que frequenta diariamente as páginas dos jornais.

Quem coordena a programação do 2 de julho, um dos eventos mais esperados do calendário baiano, é a Fundação Gregório de Matos, organizadora da festa que se estende por dias. Logo no dia 1º, o Fogo Simbólico chega a Pirajá, no dia seguinte, há a Alvorada na Lapinha, a saída do Cortejo pelas ruas do Centro Histórico em direção à Praça Tomé de Souza, o concurso que elege a fachada mais bonita entre as casas que se enfeitam no trajeto, a retomada do Cortejo durante a tarde, o hasteamento de bandeiras no Campo Grande e acendimento da Pira. A comemoração só termina no dia 5, com o desfile que marca a volta do Caboclo e da Cabocla ao Pavilhão da Lapinha.

Leia também: Festa do Bonfim recebe título de Patrimônio Imaterial Nacional

Contudo, é no miolo destas comemorações que se nota a mescla do caráter histórico e oficial com as manifestações e protestos culturais populares. A atenção dos baianos e dos turistas que desembarcam em Salvador, em especial em um ano que coincide com o evento Copa do Mundo FIFA, é o caráter de protesto da festa, que não é uma novidade.

O antropólogo Roberto Albergaria lembra que, no contexto da independência, a pauta de reivindicações sociais foi desrespeitada pelo Império. “A mitologia baiana construiu e magnificou o 2 de Julho, transformando-o em um mito de origem. Ele nasceu com os protestos contra a quebra de acordos no pós-guerra, sendo que as imagens dos caboclos representavam os combatentes anônimos do povo que tiveram papel importante na libertação. Era uma festa do Recôncavo, uma festa popular, mas o crescimento das cidades se encarregou de dividir em tribos. Até que virou uma prévia de muitas coisas, inclusive das eleições e das paradas gays, perdendo o sentido cívico”.

E tudo caminha nesse sentido. O 2 de Julho, em ano eleitoral, indica quem tem ou não prestigio eleitoral e, de certa forma, é um momento de aferição para futuros vencedores e vencidos nas próximas urnas. Para os políticos, um teste no trânsito do corpo a corpo sob apupos ou vaias, fora das blindagens da TV.

Personagens dos caboclos são reinterpretados e assimilados como entidades a serem cultuadas pelos adeptos de religiões de matiz africana - Foto: Joseanne Guedes/ABI
Ao longo dos anos, as personagens dos caboclos foram reinterpretadas e assimiladas como entidades a serem cultuadas pelos adeptos de religiões de matiz africana – Foto: Joseanne Guedes/ABI

Mas, Albergaria destaca pelo menos dois elementos incorporados à festa que, para ele, mostram que a cultura é reciclada e está em constante transformação. “Dois fatores fundamentais estão sendo assimilados pelo cortejo. O primeiro é a ressignificação das personagens dos caboclos, que foram reinterpretados pelo nosso ‘umbandomblé’ difuso, a ponto de religiosos levarem oferendas e bilhetes para depositarem nos carros. Então, o caboclo, antes símbolo da baianidade, deixa de ser lembrado pela luta e passa a ser visto como entidade a ser cultuada. O outro ponto é a intensa e polêmica participação de gays nas fanfarras colegiais, que se transformaram em um espaço de expressão e ponto de encontro para gays, lésbicas e simpatizantes. Na última década, a nova tradição das balizas acrobatas se incorporou ao balaio-de-gatos que é o cortejo 2 de julho”.

Na linha crítica de certas interpretações do 2 de Julho, o  historiador baiano Luís Henrique Dias Tavares, autor do livro “Independência do Brasil na Bahia”, assinala esta data à presença de heróis na construção do imaginário popular baiano. Em entrevista à jornalista Mariluce Moura, Dias Tavares lembra que a Bahia saiu muito pobre da guerra e construiu o 2 de julho de 1823 como uma data da independência, que era da Bahia, mas que era também do Brasil. A obra de Tavares destaca equívocos como as homenagens ao General Labatut e a imagem de uma Maria Quitéria com um saiote escocês, com uma linda farda e com arma na mão. “Ela esteve realmente em vários instantes de luta, mas esfarrapada, com o que restava em cima do corpo, porque foi parte desse exército brasileiro”.

A cenografia do cortejo

Aspecto importante no cortejo, a ornamentação de fachadas é tema do concurso cultural “Decoração da Fachada – 2 de Julho” e integra a programação da Secretaria de Cultura (Secult) para as comemorações dos 191 anos da Independência da Bahia. Este é o segundo ano consecutivo que o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), com os apoios da Fundação Gregório de Mattos e prefeitura de Salvador, organiza a competição, depois de um hiato entre 2010 e 2012.

Temática cívica, preservação do patrimônio, criatividade, originalidade, preocupação com meio ambiente são os elementos avaliados pela comissão julgadora, formada por artistas plásticos, arquitetos, jornalistas e técnicos do Ipac. Esta é uma forma de estimular e convocar a participação dos moradores no embelezamento das fachadas de suas casas e a marcarem presença nas janelas e sacadas.

D. Maria de São Pedro e sua filha Nea Santttana exibem orgulhosas sua fachada decorada com as cores da Bahia e do Brasil - Foto: Joseanne Guedes/ABI
D. Maria de São Pedro e sua filha Nea Santttana exibem orgulhosas sua fachada decorada com as cores da Bahia e do Brasil – Foto: Joseanne Guedes/ABI

Na Rua Direita do Santo Antônio, há 38 anos mora D. Maria de São Pedro, 74 anos, que faz aniversário em meio aos festejos da independência. Ela é uma das moradoras que capricham nas fachadas das casas. Há 20 anos, com o auxílio da família, ela ajuda a contar a história do 2 de Julho, através de cenários que envolvem personagens históricos e elementos da fauna e da flora brasileira. Na frente da casa de número 34, encontramos Maria Quitéria e Castro Alves, representados pelos netos da carismática D. Maria. Quem também já fez parte desse elenco no papel de Maria Quitéria foi sua filha, a estilista Nea Santtana. “É uma data muito importante para nosso estado. Todo o artesanato é feito por nós com muito amor. No ano passado, vencemos o concurso de fachadas”.

A professora D. Noêmia Cerqueira ornamenta sua casa há quase cinco décadas - Foto: Joseanne Guedes/ABI
A professora D. Noêmia Cerqueira ornamenta sua casa há quase cinco décadas – Foto: Joseanne Guedes/ABI

Rua do Carmo, número 7. Esse é o endereço da professora aposentada Noêmia Cerqueira, 64 anos, que desde os 18 anos também ornamenta a fachada de sua casa em comemoração ao 2 de Julho. “Comecei a decorar na época em que eu ensinava nos colégios públicos de Salvador e nunca mais parei. Eu queria mostrar a importância da data, chamar a atenção para a nossa história e reforçar o sentido patriota da festa”, conta a educadora.

Durante todo o percurso, famílias acenavam das janelas que se tornaram camarotes com vista privilegiada para o espetáculo de cores, em um dia repleto de manifestações artísticas, culturais e religiosas. Quem faz de tudo para não perder o desfile é a advogada baiana Magnólia Regis, que mora na cidade do Rio de Janeiro há mais de 30 anos, “Estudei no Colégio Severino Vieira, em Nazaré, e defendo o ensino dos nossos hinos nas escolas brasileiras. Temos que manter essa belíssima tradição das fanfarras e não deixar a história de perder. O apagamento do nosso passado e a ignorância do povo é conveniente para quem está no poder”.

Com isso concorda a diretora Eliete Silva, responsável pela Fanfarra do Colégio Estadual Duque de Caxias (Fanduc), localizado no bairro da Liberdade. “Nosso grupo é tradicional, histórico. Passamos o ano nos preparando para participar do cortejo, que é uma forma de valorizar nossa história. Através da música, da arte, resgatamos jovens para o convívio escolar”, ressalta.

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