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Relatores para liberdade de expressão da ONU condenam ataques a jornalistas

Na última segunda-feira (1/9), um grupo de quatro relatores para a liberdade de expressão da Organização das Nações Unidas (ONU) condenaram os recentes ataques, sequestros e prisões injustificadas de jornalistas em todo o mundo. De acordo com o portal da ONU, grupos para a Organização de Segurança e Cooperação, Organização de Estados Americanos e a Comissão Africana sobre Direitos Humanos e dos Povos cobraram a punição dos envolvidos.

“A impunidade predominante nos ataques aos civis, incluindo jornalistas, incentiva aos perpetradores a acreditar que eles nunca serão responsabilizados por seus graves crimes”, alertaram. “Pedimos uma melhor proteção internacional para todos aqueles envolvidos com jornalismo, principalmente em situações de conflito”, acrescentaram.

Os grupos lembraram da recente execução do jornalista americano James Foley pelo Estado Islâmico (EI) e mostraram preocupação com o destino de ao menos sete outros repórteres que permanecem em cativeiro na Síria. “Jornalistas que cobrem os conflitos armados não perdem seu status de civis; não participam do conflito que eles cobrem. Por isso, eles continuam protegidos pelas garantias aplicadas pelos direitos humanos e o direito internacional humanitário”, ponderaram.

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Tudo aponta para que o carrasco de Sotloff (foto) seja o mesmo que decapitou, há exatas duas semanas, James Foley – Foto: Reprodução/SITE

Um dia depois do pronunciamento da ONU sobre a violência contra jornalistas, o mundo foi surpreendido com outro vídeo igualmente chocante. Apenas duas semanas depois da divulgação da decapitação do jornalista norte-americano James Foley, o Estado Islâmico cumpriu a ameaça que fez no final daquela gravação e acabou com a vida do também repórter Steven Joel Sotloff, de 31 anos, capturado na Síria em agosto de 2013. O vídeo intitulado “Uma segunda mensagem para a América”, publicado nesta terça-feira (2), mostra o jornalista ajoelhado e vestindo um uniforme laranja, nas mesmas circunstâncias em que ocorreu a morte de Foley.

“Sou Steven Joel Sotloff. Acredito que a essa altura saibam exatamente quem eu sou e porque estou aparecendo para vocês”, relata o jovem cuja mãe implorou em fins de agosto sua libertação por parte do EI. “E agora chegou o momento da minha mensagem: Obama, sua política exterior de intervenção no Iraque deveria ser pela preservação da vida e dos interesses norte-americanos. Pergunto-me por que pago o preço dessa sua intervenção com minha vida”. “Não sou um cidadão norte-americano? Você gastou milhões de dólares dos contribuintes e perdemos milhares de soldados do nosso Exército em lutas anteriores com o Estado Islâmico. Assim, de quem é o interesse em recomeçar essa guerra?”, conclui o jornalista ameaçado pela faca que o carrasco segurava às suas costas.

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A Casa Branca confirmou ontem (3) a autenticidade do vídeo, publicado na internet pelo SITE, página norte-americana que monitora os fóruns e as ameaças jihadistas na web. A túnica negra, as maneiras e a declaração que faz o carrasco para a câmera pressupõem que se trata da mesma pessoa que degolou Foley. “Voltei, Obama, e voltei como consequência da sua arrogante política externa em relação ao Estado Islâmico, devido à sua insistência em continuar bombardeando e [ininteligível] a represa de Mossul, apesar das nossas sérias advertências contrárias”.

Por meio de um comunicado à imprensa, o Governo americano informou que mais 350 militares foram enviados a Bagdá, a pedido do Departamento de Estado. “Além de proteger nossos trabalhadores, manteremos o apoio ao esforço do Governo do Iraque para lutar contra o EI, que representa uma ameaça não só para o Iraque, mas também para o Oriente Médio e os Interesses dos EUA na região”, diz o documento. Mesmo após a morte de Foley, os ataques aéreos americanos contra posições do EI continuaram, e mais de 120 operações foram realizadas recentemente nas proximidades da represa de Mossul, no norte do Iraque.

*Informações do Portal Imprensa com EL País (Edição Brasil)

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ABI BAHIANA Notícias

Caso Geovane: Em reunião na SSP, ABI e Sinjorba cobram investigações das ameaças sofridas por jornalistas

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) e o Sindicato dos trabalhadores em Rádio, Tv e Publicidade (Sinterp) se reuniram, na tarde de ontem (28), com órgãos de segurança, para discutir casos de ameaças a jornalistas, com destaque para as intimidações ocorridas a partir da cobertura do caso Geovane, jovem encontrado morto depois de uma abordagem policial. Na sede da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP), os órgãos de imprensa foram recebidos pelo secretário Maurício Barbosa, que esteve acompanhado pela secretária de Comunicação Social, Marlupe Caldas, e pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alfredo Castro.

Na última quarta-feira (27), a ABI enviou ao governador Jaques Wagner um documento em repúdio à intimidação dos profissionais, em que a entidade cobra providências imediatas sobre o episódio e exorta o Governo do Estado a cumprir o seu papel na garantia da liberdade de informação. Segundo informações do jornal Correio*, no encontro desta quinta, o presidente da ABI, Walter Pinheiro, pediu ações mais enérgicas do comando contra os maus profissionais, além de recordar casos de abuso policial contra jornalistas durante as manifestações na Copa das Confederações.

A denúncia sobre as ameaças sofridas pelos jornalistas que cobriram o caso Geovane veio à tona no último dia 18, através de nota oficial do Sinjorba, onde a entidade relata as intimidações. De acordo com o documento, durante entrevista coletiva concedida pelas autoridades policiais, no dia 15 de agosto, um dos jornalistas recebeu solicitação para que se identificasse e foi surpreendido com a declaração de que “é muito bom saber quem escreve sobre a gente”. Na sequência, foram feitas graves ameaças, por telefone, a repórteres dos jornaisA Tarde e Correio*, jornal que publicou a primeira matéria sobre o caso. Nas ligações, duas pessoas que se identificaram como policiais militares fizeram o alerta: “tomem cuidado, porque a tropa está com o sangue no olho!”.

Segundo o jornal Correio*, durante a reunião, a presidente do Sinjorba, Marjorie Moura, afirmou que há esforços por parte do comando-geral da Polícia Militar para melhorar o relacionamento entre jornalistas e policiais, no entanto, a dirigente relata a existência de PMs que, de forma intimidadora, tentam impedir o trabalho dos repórteres. “É preciso averiguar não apenas esse fato, mas tantas outras ameaças feitas de forma anônima e no dia a dia nas ruas”.

Após os relatos dos representantes dos jornalistas, o secretário Maurício Barbosa, alegou que a falta de denúncia formal dificulta a aplicação de penalidades mais severas a policiais que dificultam a atuação dos jornalistas. “Para adotarmos medidas mais efetivas contra este tipo de conduta é preciso que as vítimas formalizem as denúncias”. De acordo com ele, depoimentos e a colaboração para busca de provas são indispensáveis para o encaminhamento de um inquérito policial coeso à Justiça.

No entanto, o diretor da ABI, Agostinho Muniz, alerta que, independentemente da formalização de denúncias, o Governo precisa proteger os profissionais. “Cobramos a intensificação das investigações e a garantia de proteção aos jornalistas, porque não se sabe se a ausência de denúncia é porque eles não têm interesse ou se estão com medo de represálias, já que, ao que parece, um grupo de policiais está envolvido no caso. Inclusive, suspeitamos que os profissionais tenham sido orientados pelas empresas a não prestarem queixa. Nosso temor é o agravamento da situação, que já é muito séria”, revelou o dirigente.

Com informações do Correio*

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A mãe de um jornalista sequestrado pelo EI implora a libertação do filho

DEU NO EL PAÍS (Edição Brasil)

(Madri) – Antes, pedia aos meios de comunicação que não falassem do desaparecimento de seu filho. Tinha sido ameaçada com a morte dele, caso tornasse público seu sequestro. Agora, é ela quem publicou um vídeo no qual pede ao líder do Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al Baghdadi, sua libertação. “Você, califa, pode conceder anistia. Peço que por favor liberte meu filho”. Shirley Sotloff é a mãe do jornalista autônomo Steven J. Sotloff, de 31 anos, que foi sequestrado pelo EI há mais de um ano e está ameaçado de morte desde a semana passada.

Tecnicamente não está deixando de cumprir sua promessa de silêncio. Foi o grupo terrorista que reconheceu ter o jornalista em seu poder no vídeo de execução de James Foley, outro jornalista freelancer também capturado na Siria. Sotloff viu seu filho no vídeo, ajoelhado no mesmo local onde Foley foi decapitado, enquanto um homem mascarado também o ameaçava de morte se suas petições – entre elas, o fim dos ataques aéreos – não se forem cumpridas.

Leia também: Jihadistas afirmam ter decapitado jornalista. Na Venezuela, jornalista é degolado

No vídeo, publicado pelo The New York Times, Sotloff implora ao líder clemência. “Como mãe, peço que sua justiça seja misericordiosa e que não castigue meu filho por assuntos que ele não pode controlar”, diz a professora de Miami olhando diretamente à câmera. Também conta que tem estado estudando o Islã desde sua captura e que aprendeu que nenhum indivíduo deveria ser responsabilizado pelos pecados dos demais. “Ele é um jornalista inocente”, assegura.

Para Daveed Gartenstein-Ross, diretor do Centro de Estudos sobre Terrorismo da Fundação de Defesa das Democracias em Washington, essas declarações podem ajudar a legitimar a liderança de Baghdadi, que atualmente só é reconhecido por uma minoria de muçulmanos.

Além do jornalista americano, o EI também tem sequestrados dois trabalhadores humanitários, um homem e uma mulher, que não foram identificados por petição das famílias.

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ABI BAHIANA Notícias

Ameaças a jornalistas que cobriram caso Geovane preocupam a ABI

Preocupada com as intimidações sofridas por profissionais da imprensa que atuaram na cobertura do caso Geovane Mascarenhas de Santana (22), a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) decidiu, em reunião de Diretoria na última quinta (21), pelo encaminhamento de um ofício ao governador do Estado da Bahia, em que a entidade pede imediatos esclarecimentos dos fatos.

Geovane foi sepultado no município de Serra Preta, microrregião de Feira de Santana (BA), no último domingo (24), após 22 dias do seu desaparecimento. De acordo com o jornal Correio*, os custos com o enterro foram pagos pela família, apesar de a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos ter oferecido ajuda. O corpo de Geovane foi encontrado esquartejado e queimado, tendo partes espalhadas por dois bairros de Salvador, em um dos mais brutais homicídios cometidos na capital nos últimos anos. Ele foi visto vivo pela última vez no dia 2 de agosto, após uma abordagem policial no bairro da Calçada, na qual foi agredido e colocado em uma viatura, conforme imagens registradas em um vídeo de segurança.

O crime é investigado em Salvador desde que o pai de Geovane, Jurandy Silva de Santana, iniciou sua peregrinação em busca do filho e procurou a polícia. No dia 3, as mãos e a cabeça foram localizadas em Campinas de Pirajá, o tronco e os membros em São Bartolomeu, no dia 5. Com a repercussão do caso, que ganhou destaque na mídia nacional desde o dia 13, as autoridades da área de segurança foram pressionadas a elucidar os fatos. A Justiça decretou a prisão temporária do subtenente Cláudio Bonfim Borges, comandante da guarnição, e dos soldados Jailson Gomes de Oliveira e Jesimiel da Silva Resende, lotados na Companhia de Rondas Especiais da Baía de Todos os Santos (Ronderp/BTS). recolhidos ao Batalhão de Choque da PM, em Lauro de Freitas. Eles também foram afastados das atividades realizadas na rua. O laudo aponta que o jovem não morreu à bala.

Ao longo das investigações, a imprensa local tem sido constantemente atacada e até o morador do imóvel onde as câmeras de segurança flagraram a abordagem realizada pelos policiais militares se disse ameaçado e preferiu mudar-se. De acordo com a nota oficial emitida pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) no dia 18 de agosto, um dos jornalistas recebeu solicitação para que se identificasse durante entrevista coletiva concedida pelas autoridades policiais, no dia 15 de agosto, e foi surpreendido com a declaração de que “é muito bom saber quem escreve sobre a gente”. O documento divulgado também pelo site da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) afirma, ainda, que dois homens identificados como policiais militares ligaram para repórteres na redação do jornal Correio* e parabenizaram pela reportagem, mas alertaram que “todos deveriam ter muito cuidado porque a tropa está com sangue no olho”.

Para o Sinjorba, os jornalistas envolvidos na cobertura realizaram seu trabalho de forma ética e responsável e não existe qualquer justificativa para qualquer forma de insatisfação por parte de integrantes da PM, a menos que esses comunguem com atos que vêm sendo investigados e repudiados pela própria corporação. “O livre exercício do jornalismo é inerente à democracia brasileira e garantido pela Constituição do Brasil, cabendo às autoridades a garantia de segurança e o respeito à integridade física e moral dos profissionais de imprensa”.

A direção do Correio encaminhou ofício à Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia informando sobre os fatos ocorridos na redação e o Sinjorba denunciou através de e-mail enviado à Secretaria de Comunicação Social (Secom), que alegou que não havia denúncia formal àquela secretaria, nem por parte dos jornalistas, nem pela direção das empresas Correio* e A Tarde. O Sinjorba encaminhou alerta à Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), à Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) e à Federação de Jornalistas da América Latina e Caribe (Fepalc).

Ainda na reunião da última quinta-feira (21), a Associação Bahiana de Imprensa decidiu que o relato encaminhado ao governador também seria enviado para as demais entidades nacionais e internacionais de defesa da liberdade de imprensa, destacando-se a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Nacional de Jornais (ANJ), Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Repórteres Sem Fronteiras (RSI), Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) e Comitê Internacional da Cruz Vermelha – Divisão de Imprensa.

No último dia 21, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também manifestou preocupação com ameaças sofridas pelos profissionais. A entidade considerou “inaceitáveis as tentativas de intimidação” e exortou o governo do Estado, a Secretaria de Segurança Pública e o comando da Polícia Militar da Bahia a apurarem e punirem os responsáveis. “A prática do jornalismo não pode ser alvo de qualquer cerceamento – especialmente o que vem por meio de violência. Ao tentar intimidar os jornalistas, tenta-se inibir o exercício do direito mais essencial de uma democracia: a liberdade de expressão”, diz trecho da nota divulgada.

Durante reunião ordinária do Conselho Estadual de Comunicação, a presidente do Sinjorba, Marjorie Moura, informou sobre as ameaças aos jornalistas. Está marcada para esta quinta-feira (28/8), às 15h, na sede da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP), uma reunião entre representantes do Sinjorba, ABI e Sinterp-Ba, o secretário de Segurança Pública Maurício Barbosa e o comandante da Polícia Militar Alfredo Castro, onde serão discutidas as intimidações aos jornalistas do Correio e outros problemas enfrentados pela categoria, como as agressões da PM durante as coberturas jornalísticas.

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