ABI BAHIANA

ABI repudia agressão às equipes das TVs Bahia e Aratu durante visita de Bolsonaro

NOTA DE PESAR E DE REPÚDIO

Diante da lastimável estatística de pelo menos uma atitude hostil a cada visita do presidente Jair Bolsonaro à Bahia e, considerando terem sido mulheres a jornalista agredida verbalmente pelo mandatário maior da República na visita anterior, e também a repórter contida por um segurança da Presidência com um “mata-leão”, a Associação Bahiana de Imprensa vem a público expressar, em primeiro, o seu profundo pesar por ser necessário dirigir uma nota de repúdio a um escolhido pelo povo brasileiro para ocupar a Presidência da República.

O constrangimento se faz necessário e inevitável diante de mais uma prova inequívoca do perigo resultante de um padrão de conduta que serve de exemplo para expressivo contingente de seguidores. Padrão de conduta que não tem amparo no decoro que se espera de qualquer pessoa que venha a ocupar a Presidência da República.

Atos e palavras francamente hostis à imprensa enquanto instituição, suas empresas e profissionais; atos e palavras explicitamente violentos e sugestivos de violência física contra jornalistas, especialmente contra mulheres jornalistas, recentes e pretéritos, não nos deixam alternativa. Um país morre junto com a sua democracia se fatos como os de Itamarajú passam a acompanhar a agenda oficial do presidente em nossa terra ou numa missão internacional, como recentemente, em Roma.

Se nem mesmo a investidura da Faixa Presidencial e o juramento de posse bastaram para impor um mínimo de decoro à conduta pessoal do Sr. Jair Messias Bolsonaro, não serão capazes de fazê-lo as mais veementes notas de repúdio. É o limite institucional de entidades como a Associação Bahiana de Imprensa. Há, contudo, nos pilares da democracia brasileira, agentes públicos com prerrogativas e poderes para agir – independente de provocação ou denúncia.

Se o “mata-leão” não gravado foi reconhecido oficialmente e objeto de protocolar pedido de desculpas, ganharam o mundo as imagens das agressões de um apoiador do presidente contra equipes de reportagem. Se não for imediatamente identificado e indiciado em inquérito policial, o guarda da esquina de Itamarajú pode animar outros.

A reiteração do discurso violento contra a imprensa e/ou qualquer tentativa de justificação desse discurso precisa ser contida enérgica e efetivamente desde já. Os números de estudos confiáveis já publicados sugerem uma crescente que, não sendo revertida, tem potencial para produzir tragédias. A inércia de hoje será a cumplicidade pelo que vier a ocorrer amanhã.

A Associação Bahiana de Imprensa repudia toda e qualquer expressão de violência, especialmente se o objetivo for intimidar a atividade jornalística. A ABI se solidariza com os quatro colegas agredidos em Itamarajú, bem como com seus colegas de redação e respectivas emissoras e conclama profissionais e empresas jornalísticas a refletirem sobre medidas práticas para proteção coletiva durante a cobertura do momento eleitoral e posse dos eleitos.

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ABI BAHIANA

ABI repudia mais uma agressão do presidente contra a imprensa

A Associação Bahiana de Imprensa repugna a agressão descabida e afrontosa do Exmo. Sr. Jair Bolsonaro, atual presidente da República, ao ser abordado pela repórter Driele Veiga, da TV Aratu, sobre fotografia por ele divulgada com a expressão “CPF CANCELADO”, alusiva ao morticínio vergonhoso de brasileiros que, tragicamente, é notícia cotidiana na imprensa brasileira.

A esquiva à pergunta jornalisticamente correta, até pela repercussão da imagem publicada nas redes sociais do principal mandatário do país, já seria incompatível com o exercício da Presidência da República. Agrava a conduta inconciliável com o decoro que se espera de quem tenha a honra de ser escolhido pela maioria do povo brasileiro, a assediosa agressão verbal contra a jornalista.

A considerar a etimologia do termo “idiota”, atribuída na Roma antiga àqueles que não se interessavam pelas questões de interesse público, o termo poderia se aplicar a qualquer dos presentes ao evento que trouxe a maior autoridade do país à Bahia, menos a uma repórter que, no exercício do bom jornalismo, buscava repercutir fato de repercussão nacional.
A ABI cumprimenta e se solidariza com a colega agredida, bem como com o Departamento de Jornalismo da TV Aratu E lastima a ocorrência, na terra do jornalista e jurista Ruy Barbosa, de mais uma agressão a ser contabilizada nos relatórios de instituições como a Federação Nacional do Jornalistas e da ONG Repórteres Sem Fronteiras. No mais recente levantamento dos RSF, o Brasil volta a ser destaque mundial nas agressões à liberdade de imprensa pelos atos e palavras de quem tem a obrigação de ser exemplo de zelo para com as liberdades democráticas.

Assista ao vídeo: https://www.instagram.com/p/COIoOFsBFz6/

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Notícias

Entidades repudiam ataque a cinegrafista durante protesto e cobram mais segurança

Santiago Ilídio Andrade, que trabalha no Grupo Bandeirantes há cerca de dez anos, continuava internado no CTI do Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio, até a noite de ontem (9), em estado muito grave. Ele está em coma induzido e respirando com a ajuda de aparelhos. O cinegrafista, de 49 anos, foi atingido na cabeça por um rojão durante um protesto ocorrido no Centro da cidade na quinta-feira (6) contra o aumento de passagens de ônibus. Entidades afirmam que ataque a cinegrafista não é uma situação isolada e cobraram mais segurança. O caso foi noticiado pela imprensa estrangeira, que destacou a preocupação com a segurança no país nas vésperas da Copa do Mundo.

Após ser atingido por um morteiro, o cinegrafista sofreu um afundamento de crânio e perdeu parte da orelha esquerda / Foto: Reprodução

Em 2013, 114 profissionais da imprensa foram feridos durante a cobertura de protestos. Desde o início de 2014, três profissionais de imprensa já sofreram ataques. Associações de jornalistas, colegas de trabalho e representantes dos direitos humanos cobraram providências rigorosas contra os culpados pela agressão ao cinegrafista, além de medidas que garantam a segurança dos profissionais que cobrem as manifestações.

Em nota divulgada nesta sexta (7), o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Fichel Davit, se manifestou sobre o ocorrido. “A ABI, que teve atuação destacada contra a ditadura militar nos anos 1964-1985, e, na qualidade de instituição devotada à defesa dos direitos humanos e liberdades públicas, deplora o comportamento dos agressores e exige a imediata apuração dos responsáveis pelos inadmissíveis ataques cujos alvos são frequentemente profissionais de imprensa no exercício de sua missão de informar a sociedade”.

A Federação Nacional dos Jornalistas protestou contra “mais um ato de barbárie” a um jornalista no exercício de seu trabalho. “Precisa ser repudiado e precisa ser punido. Exemplarmente punido. Não só entidades ligadas ao trabalho de comunicação, mas a sociedade brasileira como um todo e o estado brasileiro precisa reagir a essa crescente violência contra os jornalistas”, apontou Celso Schröder, Presidente da FENAJ.

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) enviou nota à imprensa em que condena a agressão ao cinegrafista. “Diante da gravidade do fato, que constitui um atentado à liberdade de imprensa, ao direito da população de ser livremente informada e ao cidadão de exercer sua profissão, a ANJ exige que os responsáveis pelo ataque sejam identificados e punidos com todo o rigor”, diz trecho da nota assinada pelo vice-presidente da ANJ e responsável pelo Comitê de Liberdade de Expressão, Francisco Mesquita Neto.

Em entrevista ao Jornal Nacional, o presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), José Roberto Toledo, exigiu mais segurança para os profissionais de imprensa que cobrem as manifestações. “A gente espera que a gente deixe de virar notícia e volte a ser apenas o repórter que vai narrar os fatos. Mas para isso é necessário que as autoridades façam o serviço delas, que procurem, descubram e punam os responsáveis por essa violência”, diz Toledo, que também divulgou nota de repúdio no site da entidade.

A manifestação contra o aumento da passagem de ônibus contou com cerca de mil pessoas e terminou em confronto entre ativistas e policiais militares/ Foto: André Mourão

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) lamentou a agressão sofrida pelo cinegrafista e solicitou às autoridades que apurem o caso com rigor. A entidade ainda declarou que espera a adoção de novos métodos que assegurem o direito da população à manifestação pacífica e respeitem o trabalho dos profissionais de imprensa.

Para o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado Coêlho, a agressão é uma ameaça à liberdade de imprensa. “Esta bomba atingiu um jornalista, mas agrediu em verdade a sociedade brasileira. O estado democrático brasileiro é que perde com esse tipo de agressão.”

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) também classificou o fato como uma ameaça à liberdade de imprensa. “O cidadão tem que ter a consciência que o ato de protesto, que é um ato democrático, deve ser algo que emancipe a sociedade e não a coloque em momentos de retrocesso.”

O “Wall Street Journal”, jornal de maior circulação nos Estados Unidos, afirmou que a violência ocorre em um momento de desaceleração da economia brasileira. Já a rede britânica “BBC” lembrou que, no ano passado, manifestações parecidas tornaram-se um movimento nacional contra a corrupção e os gastos excessivos com a Copa do Mundo.

Leia também: Violência contra jornalistas mantém ameaça à liberdade de imprensa

Investigação

Preso na manhã deste domingo (9), Fábio Raposo Barbosa, de 22 anos, admitiu ter repassado um artefato para outro manifestante pouco antes de o cinegrafista ser atingido durante protesto. No sábado (8), Fábio foi indiciado pela polícia como coautor dos crimes de explosão e tentativa de homicídio qualificado. Um segundo homem, suspeito de jogar o artefato, ainda estava sendo procurado pela polícia na manhã deste domingo.

A Polícia Civil está analisando as imagens do Comando Militar do Leste, da CET- Rio, da Supervia, da BBC, da TV Brasil e as do próprio Santiago para tentar identificar o rapaz. O delegado José Pedro Costa, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital, pedirá também auxílio da DRCI para saber se há a possibilidade de investigar trocas de mensagens de Raposo através do Facebook e então chegar ao autor da deflagração do explosivo que atingiu o cinegrafista.

Informações do G1 (SP/RJ), Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e Abraji

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Notícias

Jornalista é acusada de incitar violência ao apoiar ação de justiceiros no Rio

Acusado de furto, um adolescente de 15 anos foi espancando, despido e, posteriormente, preso a um poste pelo pescoço com uma tranca de bicicleta, no bairro de classe média Flamengo, na zona sul da capital, no último dia 31. A vítima sofreu também um corte com faca na orelha. A apresentadora do SBT Rachel Sheherazade é acusada de incitar a violência e de cometer ato racista, por manifestar apoio ao ato contra o menor infrator. Após considerar “até compreensível” a ação dos justiceiros, a jornalista foi duramente criticada em nota do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, que acusou a âncora de violar os direitos humanos e o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros.

O rapaz foi castigado em uma cena chocante que remonta à escravidão no Brasil, quando negros eram amarrados e açoitados nos troncos/ Foto: Yvonne de Melo (Facebook)

No noticiário do SBT, Rachel disse que “que o Estado é omisso, a polícia é desmoralizada e que a justiça é falha”. “O contra-ataque aos bandidos é o que chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite”, afirmou. Além disso, a jornalista criticou os defensores dos direitos humanos e pediu para que “façam um favor ao Brasil e adotem um bandido.”

A “Nota de repúdio do Sindicato e da Comissão de Ética da entidade contra o posicionamento de Rachel Sheherazade”, divulgada no último dia 5 (quarta), requer um posicionamento firme por parte da Federação Nacional dos Jornalistas Brasileiros contra a apresentadora. Ainda segundo os jornalistas cariocas, “canais de rádio e TV não são propriedade privada, mas concessões públicas”. As declarações da âncora do jornal do SBT também violaram os direitos humanos, o Estatuto da Criança e do Adolescente e fez apologia à violência quando afirmou achar que “num país que sofre de violência endêmica, a atitude dos vingadores [de punir com as próprias mãos o adolescente acusado de furto] é até compreensível”. A entidade está organizando um debate, com o objetivo de refletir sobre o papel do jornalista como defensor dos direitos humanos e da democratização da comunicação.

O vídeo causou muita repercussão nas redes sociais e dividiu opiniões. Diversos internautas se posicionaram contra o comentário da apresentadora, que usou o Twitter para tentar se defender da repercussão negativa. Rachel criticou o “politicamente correto” e o jornalismo “chapa branca”. “Gente boa, valeu pelo debate. Obrigada a vocês que não distorceram de forma desonesta minhas palavras e captaram a mensagem! Abaixo a censura!”.

No SBT Brasil de ontem (6), a âncora tentou explicar seu comentário e afirmou que apenas defendeu o direito da população e que não vai se calar. “Sou do lado do bem. Jamais defenderia a violência. O que fiz não foi defender a atitude dos justiceiros. Defendi o direito do cidadão de se defender. Não se pode confundir o direito de se defender com a barbárie, a violência pela violência”, afirmou Sheherazade.

Rachel Sheherazade disse que defende a população e que não vai se calar/ Foto: Reproduçao

O site RD1 Notícias consultou a assessoria de imprensa do SBT, que explicou a sua posição. “A opinião dada no telejornal é de total responsabilidade da jornalista e comentarista do ‘SBT Brasil’, Rachel Sheherazade. Como acontece em outros veículos de comunicação, a emissora respeita a liberdade de expressão de seus comentaristas, porém ressalta que a opinião é da mesma e não do SBT.” Entidades e representações políticas repudiaram o que classificaram como “apologia à tortura” e cogitam acionar o Ministério Público com uma representação contra o canal e a jornalista por incitação ao crime.

Com informações de Matheus Pichonelli/Carta Capital, site RD1

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