O Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) critica os governos dos EUA e da União Europeia por não pressionarem os países com maior número de prisões de profissionais da imprensa, que atingiu novo recorde neste ano. Em relatório divulgado nesta nesta semana, a organização afirma que Turquia, China e Egito concentram metade dos 262 jornalistas encarcerados no mundo entre janeiro e novembro —maior número da série histórica, iniciada em 1990.
As autoridades turcas continuam na liderança das prisões, com 73, no que o CPJ vê como uma continuidade da pressão contra a imprensa após o golpe frustrado contra o líder do país, Recep Tayyip Erdogan, em julho de 2016.
A maioria dos presos foi acusada com base na lei antiterrorismo por suposta relação com o Movimento Hizmet, do líder religioso Fethullah Gülen, considerado pelo mandatário turco o mentor da tentativa de derrubá-lo. “O CPJ tem entendido que os governos usam leis antiterrorismo amplas e vagas para intimidar e silenciar jornalistas críticos. Em muitos casos, as medidas legais confundem a cobertura da atividade terrorista com o apoio a ela.”
Para o CPJ, os países europeus, especialmente os membros da Otan, minimizam as críticas porque “estão vinculados pelo papel turco em abrigar refugiados sírios e outros acordos de cooperação”.
“Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump o recebeu na Casa Branca em maio e recentemente o chamou de amigo.” O republicano também é criticado por não citar a questão dos direitos humanos na China, com 38 jornalistas presos, e no Egito, com 20.
O presidente americano se encontrou duas vezes com o dirigente chinês, Xi Jinping, a última em novembro, e outras duas com o mandatário egípcio, Abdel Fattah al-Sisi.
No caso chinês, a organização atribui a omissão à influência de Pequim em relação à Coreia do Norte, diante das ameaças do regime de Kim Jong-un. Também cita a aprovação de uma lei antiterrorista que aprofunda a repressão contra a imprensa logo após a visita de Sisi à Casa Branca, em abril.
‘FAKE NEWS’
O CPJ ainda repudia a atuação de Donald Trump por sua “retórica nacionalista, fixação com o extremismo islâmico e insistência em chamar a mídia crítica de ‘fake news’”. Para o comitê, isso reforça “a estrutura de acusações e indiciamentos que permitem àqueles líderes impulsionar a prisão de jornalistas”.
*Informações da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)