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Solenidade reintegra à UFBA professora demitida no período da ditadura

Depois de ser alvo de um pedido de desculpas do Governo brasileiro, a professora Mariluce Moura voltará ao quadro do Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Uma solenidade que será realizada nesta sexta-feira (18), às 10h, na Reitoria da instituição, marcará a reintegração da docente – presa e torturada pelos agentes da repressão durante o período da ditadura militar no Brasil. A jornalista foi absolvida, posteriormente, pela própria Justiça Militar, mas não conseguiu recuperar o seu emprego.

“Fui presa em Salvador, em 1973, estava grávida. Meu marido foi preso e assassinado no mesmo ano”, relata. Em 1974, Mariluce foi julgada e absolvida pela Justiça Militar, porém, mesmo sendo uma cidadã livre e tendo sido aprovada em concurso público, uma determinação do Ministério da Educação cortou seu vínculo com a universidade em 1975. “A ditadura negou o meu direito de ter uma carreira acadêmica. Direito conquistado com mérito, após aprovação em concurso público”, relembra a professora e jornalista.

Anistia – A Comissão de Anistia realizou no último dia 14/10 uma sessão em homenagem ao Dia do Professor (15/10), na qual foi oficializado o pedido de desculpas do governo brasileiro aos professores perseguidos durante a ditadura militar. A comissão reconheceu o período em que a docente ficou afastada de seu emprego e, através de Portaria do Ministério da Justiça, lhe concedeu o direito de ser reintegrada à UFBA. Moura afirma que decidiu abrir o processo em 2011, e uma das questões colocadas foi a perseguição e demissão que sofreu enquanto professora universitária.

Após o julgamento na Comissão de Anistia, ela poderia escolher receber uma indenização e um pagamento mensal ou ser reintegrada como professora da UFBA. Escolheu a segunda opção. “Vejo com muita alegria e prazer esse momento. Passados 40 anos, é como se eu pudesse fazer o resgate de algo que conquistei e que foi violentamente tomado de mim. É muito significativo estar de volta neste momento em que a UFBA se prepara para comemorar os seus 70 anos e se propõe a fazer uma reflexão sobre si mesma”, concluiu.

Trajetória – Diplomada em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Mariluce Moura é mestra e doutora em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Iniciou a sua carreira jornalística em 1969, no mesmo ano em que começou a graduação, atuando como jornalista de economia por muitos anos, até se dedicar ao jornalismo científico a partir de 1988. Entre várias publicações, foi repórter e editora no Jornal da Bahia, Tribuna da Bahia, O Globo, Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Exame, Senhor e Isto É.

No final dos anos 1980, foi assessora de comunicação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e também atuou como assessora de comunicação da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico de São Paulo, em 1990. No ano de 1995 implantou o setor de comunicação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), do qual foi gerente até julho de 2002.

Mariluce Moura criou uma das mais importantes revistas de divulgação científica brasileira, a Pesquisa FAPESP (www.revistapesquisa.fapesp.br), que dirigiu entre 1999 e 2014. Lançou no mercado baiano a revista Bahiaciência (www.bahiaciencia.com.br), com o firme propósito de incluir no debate sobre o desenvolvimento do estado de qual é originária os temas da produção local do conhecimento científico, da tecnologia e da inovação. Foi presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico e criou um projeto multimídia de difusão científica no país, voltado ao público de 14 a 25 anos, que denominou “Ciência na rua”. Atualmente é diretora-presidente da Aretê Editora e Comunicação Eireli.

*Informações do UFBA em Pauta

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Morre Mahomed Bamba, professor da Faculdade de Comunicação da UFBA

Morreu, na madrugada desta segunda-feira (16), aos 48 anos, o professor da Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Mahomed Bamba. Marfinense, Bamba havia descoberto recentemente um câncer devastador no fígado e foi acometido de uma infecção generalizada ao internar-se para um procedimento médico no Hospital da Bahia. Em nota, a FACOM expressou o luto pela morte do estimado professor e suspendeu todas as atividades Nesta segunda (16) e terça (17). Ufba deve emitir uma nota de pesar ainda hoje. As informações sobre o sepultamento, que deve ser realizado nesta terça (17), ainda não foram confirmadas.

De família francesa, Mahomed Bamba nasceu na Costa do Marfim, onde graduou-se em Letras na Université Nationale d´Abidjan, em 1992. Após escolher o Brasil como casa, concluiu o mestrado em Linguística Geral e Semiótica pela Universidade de São Paulo (USP), instituição na qual tornou-se doutor em Cinema e Estética do Audiovisual. Participou de livros coletivos sobre os cinemas africanos e publicou artigos sobre a temática da recepção cinematográfica e audiovisual.

Em 2009, Bamba assumiu a vaga de professor adjunto na Facom. Há quatro anos, ministrava a disciplina História do Cinema II, além de fazer parte do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas (PósCom). Na Bahia, o marfinense passou também pela Faculdade Dois de Julho, pela FIB e pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).

*Informações  Metro1

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ABI BAHIANA Notícias

Morre André Setaro, crítico de cinema e decano da Facom

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) lamenta profundamente e se solidariza com familiares e amigos pela morte do crítico de cinema André Olivieri Setaro (64), professor decano da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde ensinava artes visuais. Em atividade na Facom por 35 anos, Setaro deixa órfãos jornalistas e cinéfilos do país inteiro, admiradores de sua erudição e ampla sabedoria sobre sua verdadeira paixão: o cinema. Aficionado pela sétima arte, Setaro foi fundamental para o resgate da história do cinema na Bahia, através de textos inéditos e dotados de aprofundado conhecimento sobre a linguagem cinematográfica. Ele havia sofrido um infarto no miocárdio na madrugada de quarta-feira (9) e permaneceu internado, vindo a falecer na tarde de ontem (10), deixando mais pobre os cinemas baiano, brasileiro e internacional. A cerimônia de sepultamento será hoje, às 11h, no Cemitério do Campo Santo (Federação).

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Natural do Rio de Janeiro, mas formado em Direito pela UFBA, Setaro era crítico de cinema do jornal Tribuna da Bahia desde agosto 1974, pesquisador e autor de Escritos sobre Cinema – Trilogia de um tempo crítico. Ele também possuía um blog sobre cinema e uma coluna no Terra Magazine. “Muito querido pelos alunos, o professor André Setaro foi um dos maiores críticos de cinema da Bahia, atuando em jornais, revistas e sites. Deixa um legado de escritos sobre o cinema baiano, incluindo a mais recente reedição da obra Panorama do Cinema Baiano, publicado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia”, afirma nota assinada pela diretora da Faculdade de Comunicação da UFBA, Suzana Barbosa, que suspendeu as atividades acadêmicas nesta sexta-feira.

Segundo o presidente da ABI e diretor-presidente do jornal Tribuna da Bahia, Walter Pinheiro, a produção intelectual de Setaro fará falta. “Ele colaborava com a Tribuna escrevendo sobre aquilo que ele mais gostava que era o cinema. Ao longo desses 40 anos, manteve uma frequência quase semanal de comentários sobre o assunto. Sempre tive admiração muito grande por ele, pelos seus conhecimentos a cerca da arte cinematográfica e pela forma bem aprofundada com que ele preparava seus artigos”, destacou Pinheiro, que lamenta a morte de Setaro.

O jornalista Cláudio Leal, amigo e colaborador do Setaro’s Blog, lembra o caráter memorialístico de Setaro, que, sem distanciar-se da imprensa, carregou o cinema aos bares de Salvador, no aprendizado de Jeniffer Jones e cerveja, de Luis Buñuel e cigarro, os “recuerdos” precedidos de uma sentença: “Concordo com Buñuel: o homem é a sua memória”. “A crítica não ocorre em sua vida como um acidente, mas uma reflexão do seu desprezo ao tempo. Na forma silenciosa com que observa as pessoas, o desejo de retê-las para sempre”.

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