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Às vésperas da Copa, imprensa internacional repercute protestos no Rio

Não é notícia que no Rio do Janeiro os principais indicadores de segurança tenham piorado de forma alarmante no último ano. Mas é notícia que os moradores das favelas, cansados de pagar a conta das intervenções policiais indiscriminadas contra as quadrilhas de traficantes e das populares balas perdidas, resolveram romper o silêncio. Uma imagem que vem sendo habitual nos últimos meses é a de grupos de moradores de diferentes favelas cariocas interrompendo o tráfego de ruas e avenidas, incendiando ônibus e veículos públicos, montando barricadas ou recebendo a polícia a pedradas.

As manifestações violentas ocorridas no Rio de Janeiro, na noite desta terça-feira, ganharam destaque na imprensa internacional, após moradores da favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, protestarem contra a morte do dançarino do programa Esquenta! (TV Globo), Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, 25 anos. Manifestantes atearam fogo em objetos, fazendo barricadas em alguns pontos das vias, e um homem morreu depois de ser baleado na cabeça. A estação do metrô nas proximidades da favela foi fechada.

A capa da versão online do britânico The Telegraph ressaltou que o protesto ocorreu no bairro turístico da zona sul carioca, que deverá receber centenas de milhares de turistas em menos de dois meses para a Copa do Mundo FIFA. “Milhares de torcedores ingleses são esperados no Rio, onde a equipe da Inglaterra ficará baseada durante a competição. Moradores disseram que estavam amedrontados após a base da polícia na favela, que abriga 10 mil pessoas, ter sido atacada”, disse o jornal.

Já o Wall Street Journal destacou o protesto no Rio e fez uma ligação com a série de incêndios a ônibus registrados em São Paulo na madrugada do dia 22. “As duas maiores cidades do Brasil foram atingidas por protestos na terça-feira. A morte de um dançarino profissional provocou um protesto violento em uma favela do Rio, com vista para as praias populares, e homens armados incendiaram quase três dezenas de ônibus em uma garagem na Região Metropolitana de São Paulo. Os incidentes ocorrem a menos de dois meses de o Brasil sediar Copa do Mundo de futebol e ressaltam as preocupações sobre a segurança durante o evento”, ressaltou a publicação.

De acordo com o jornal, tais protestos são comuns no Brasil. Disse ainda que a motivação “varia de briga de gangues até a falta de água que atinge a capital paulista”. A reportagem foi encerrada lembrando que um incêndio a ônibus terminou com a morte de uma menina de 6 anos, em São Luís (MA). Na ocasião, o protesto foi contra mortes no sistema prisional de Pedrinhas.

Bombeiros tentam conter o fogo provocado pelos manifestantes/ Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil
Bombeiros tentam conter o fogo provocado pelos manifestantes/ Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

A morte de Douglas também foi destacada por agências internacionais como BBC e AFP, que fomentam veículos de imprensa do mundo todo. A rede britânica BBC falou da violência policial, ressaltando que “a Anistia Internacional aponta que cerca de 2 mil pessoas morrem a cada ano no Brasil como resultado da violência policial”.

À outra agência, a Associated Press, o morador da favela palco dos protestos nesta terça declarou que as ocupações policiais pelas Unidades de Polícia Pacificadoras são um fracasso. “Este esforço para pacificar as favelas é um fracasso, a violência policial só está substituindo o que os traficantes de drogas realizavam antes”, disse.

Já a Al Jazeera, do Catar, ressaltou o fato de uma favela “pacificada” ter sido palco de atos violentos. Ao contrário dos demais veículos que destacaram a chegada da Copa do Mundo, a Al Jazeera lembrou que a favela fica a poucos metros do local de eventos de natação das Olimpíadas de 2016.

Violência desmedida

Douglas foi visto à 1h de terça-feira (22) e o corpo foi encontrado horas depois, por volta das 10h, dentro de uma escola municipal, na favela, por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A assessoria de imprensa do Comando de Polícia Pacificadora informou que a polícia foi chamada por moradores para retirar um corpo encontrado dentro da escola, que não tinha sinais de bala.

Mas, segundo a ONG Justiça Global e a Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, com base em denúncia de moradores, a morte do rapaz foi consequência de espancamento, por policiais da UPP. A entidade destaca que o Rio registra mais de 500 mortos por mês, além dos milhares de desaparecimentos, provocados por uma violência desmedida.

A mãe do dançarino, Maria de Fátima da Silva, disse ter a convicção de que Douglas foi torturado e comparou a morte do filho, o dançarino DG, ao desaparecimento de Amarildo e disse que “UPPs são uma farsa”. Já o advogado Rodrigo Mondego disse que a família estranhou o fato de o corpo ter sido achado molhado, apesar de não ter chovido na região e da área não ter saída de água. “O rosto dele estava muito machucado, como se tivesse apanhado muito”.

O laudo do Instituto Médico Legal (IML), segundo o Jornal da Globo,  aponta que o jovem morreu por causa de uma “hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax. Ação pérfuro-contundente”. A Polícia Civil confirmou que havia uma perfuração de tiro no corpo.

O comandante das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), coronel Frederico Caldas, disse que houve um tiroteio na comunidade por volta das 22h, mas não foi registrada nenhuma vítima. Segundo Caldas, além da investigação da Polícia Civil, a Polícia Militar abriu um processo para apurar o que ocorreu no dia do tiroteio. Pelo menos oito policiais da UPP do Pavão-Pavãozinho que participaram do tiroteio serão ouvidos tanto pela Polícia Civil quanto pela Polícia Militar.

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse nesta quarta-feira, em coletiva à imprensa, que está acompanhando as investigações. Beltrame informou que não foi encontrada cápsula de bala próxima ao corpo do rapaz. Por isso, não há como fazer um confronto balístico com as armas dos dez policiais que participaram da operação na comunidade. Quatro deles já foram ouvidos na Delegacia de Homicídios e nenhum deles terá a arma apreendida.

Enquanto isso, as operações policiais continuam ocorrendo nas favelas do Rio, a menos de dois meses do início da Copa do Mundo. Nelas, registram-se mortos e feridos, mas raramente a polícia se responsabiliza por eles. Nem os cinco anos que decorreram desde o início do projeto pacificador das favelas cariocas e nem o incentivo que supõe que seria a celebração dos dois maiores eventos esportivos do planeta (Copa do Mundo e as Olimpíadas) serviram muito para evitar que a violência caísse definitivamente sobre o Rio de Janeiro.

*Com informações do El País (Edição Brasil), Terra Notícias, Zero Hora e Vitor Abdala (Agência Brasil/Tribuna da Bahia).

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Crescem homicídios, roubos e saques com a greve da PM

A segunda noite após o início da greve da Polícia Militar na Bahia foi marcada por homicídios, ruas vazias e saques a lojas em Salvador. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, houve ao menos quatro saques e nove homicídios na região das 19h de quarta-feira (16) até o início da madrugada desta quinta-feira (17). Vândalos arrombaram e saquearam oito das 34 lojas da rede pública de supermercados Cesta do Povo, que teve uma das unidades incendiada nesta manhã. Os homicídios foram registrados em bairros da periferia de Salvador, como Fazenda Grande do Retiro e Valéria, e em cidades da região metropolitana, como Lauro de Freitas e Camaçari. Já os saques se concentraram na região de Brotas, área de classe média de Salvador.

Supermercados e lojas de departamento foram os principais alvos dos saques/ Foto: Reprodução
Supermercados e lojas de departamento foram os principais alvos dos saques/ Foto: Reprodução

A paralisação segue causando transtornos em Salvador, que convive com casos de saques, fechamento de comércio, suspensão de aulas e escassez de ônibus nas ruas. O policiamento, reduzido, foi feito principalmente por batalhões de elite da PM, como o de choque. Ao menos 26 pessoas foram presas por suspeita de participação em saques ou arrastões. Membros do Exército chegaram à Bahia nesta quarta-feira (16) para assumir o comando da segurança do Estado.

A onda de violência que atinge a cidade não poupou a esposa do pré-candidato ao Senado pelo PMDB, Geddel Vieira Lima, nem o filho do pré-candidato a governador, Paulo Souto (DEM), que foram assaltados na tarde desta quarta-feira (16), em Salvador. No entanto, o governador Jaques Wagner afirmou que a população pode sair às ruas e avalia o movimento de paralisação como eleitoreiro. Para ele, os grevistas não estão acostumados com a abertura de diálogo e estão “apostando no caos para assustar a sociedade e o governo”.

Foto: Cláudio Falcão
Cesta do Povo do bairro de Cajazeiras em chamas na manhã de hoje/ Foto: Cláudio Falcão

Os números da criminalidade na atual greve sugerem aumento da violência após o começo do movimento. Um balanço do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) aponta que 19 pessoas foram assassinadas em Salvador e região metropolitana de 18h de terça-feira (15) até as 19h desta quarta (16) e 38 furtos ou roubos de veículos. Já em Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, foram registrados 15 homicídios, dois latrocínios [roubo seguido de morte], e quatro autos de resistência, quando há mortes em confronto com a polícia, o que totaliza 21 óbitos.

No Hospital Geral do Estado, localizado na capital, até por volta das 2h30 desta quinta-feira (17) o posto da Polícia Civil registrava a entrada de pelo menos 30 feridos em situações de violência – 22 por disparos de armas de fogo, dois por facadas e seis por lesão corporal. Uma pessoa chegou morta (não se sabe se está incluída no balanço parcial de nove homicídios divulgado no começo da madrugada).

Negociação

Com as ruas desertas, pouca gente se arriscou a circular pela cidade/ Foto: Reprodução/R7
Com as ruas desertas, pouca gente se arriscou a circular pela cidade/ Foto: Reprodução/R7

Enquanto as ruas estão esvaziadas pelo medo, permanece o impasse nas negociações. A categoria, que deflagrou o movimento paredista na noite de terça-feira (15), reivindica aumentos em gratificações, garantias de progressão de carreira e sanções mais brandas no novo código de ética da corporação, entre outros pontos. Uma assembleia está marcada para esta tarde, no antigo parque aquático Wet’n Wild, na Paralela.

A gestão Jaques Wagner (PT) aceitou incorporar algumas reivindicações, como a aposentadoria aos 25 anos de serviço para mulheres policiais e a separação da PM do Corpo de Bombeiros. Mas anunciou na noite desta quarta que não tem como bancar os aumentos nas gratificações. Os principais pontos divergentes são os tickets de alimentação e a anistia para os policiais penalizados na greve de 2012.

Um dos líderes do movimento grevista é o soldado Marco Prisco, vereador em Salvador pelo PSDB. Prisco, que é presidente da Aspra (Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares no Estado), foi alvo de duras críticas naquela greve após a divulgação de gravações em que supostamente combinava bloqueio de rodovias e ataques a quarteis. Ele sempre negou qualquer crime e afirma que apenas atuava na mobilização da categoria.

“Nos seis meses de negociação do Grupo de Trabalho, desde junho do ano passado, chegamos a uma proposta final, mas quando o governo apresentou [a Lei de Modernização da PM], no dia 10, só atendeu a 20% da pauta. Foi um retrocesso, principalmente o Código de Ética, ainda referente à Ditadura Militar”, afirmou Prisco.

Leia também: Greve da PM e paralisações pressionam governo baiano

Ainda de acordo com o dirigente, no início da tarde desta quarta-feira (16) ele entregou ao governador uma lista com 37 itens reivindicados pelos policiais. Entre as solicitações estão a reformulação de artigos do Código de Ética da PM, ajustes na regra de Condições Especiais de Trabalho (CET) e no plano de progressão de carreiras, pagamento das gratificações por Atividade Policial – GAPs IV e V – bem como isonomia salarial em relação à Polícia Civil.

A greve da Polícia Militar da Bahia foi considerada ilegal pelo Tribunal de Justiça na manhã de ontem (16). Com o decreto de ilegalidade, cujo pedido feito pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) e acolhido pela Justiça, todo o efetivo da PM deve voltar imediatamente às atividades para a garantia da segurança pública. Além disso, a Justiça Federal bloqueou os bens de Marco Prisco. Caso não acate a decisão, as associações da polícia terão de pagar R$ 50 mil diários.

*Com informações da Folha de S. Paulo, Estadão, Bahia Notícias e Varela Notícias.

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Estudo da ONU aponta Salvador como 13ª cidade mais violenta do mundo

O Brasil tem 11 das 30 cidades mais violentas do mundo, de acordo com um levantamento feito pelo Escritório sobre Drogas e Crime da Organização das Nações Unidas (ONU) com base no número de homicídios registrados em 2012 a cada 100 mil habitantes. Salvador aparece na 13ª posição da lista que inclui outras dez capitais brasileiras. Considerando apenas os municípios brasileiros, a capital baiana fica na quinta posição, atrás de Maceió (5ª na classificação mundial), Fortaleza (7ª), João Pessoa (9ª) e Natal (12ª). Os dados também apontam que o Brasil é o país com mais cidades na classificação da violência, seguido do México, que tem seis municípios.

De acordo com o “Estudo Global sobre Homicídios 2013”, lançado ontem (10), em Londres, quase meio milhão de pessoas (437 mil) em todo o mundo perderam a vida em 2012 como resultado de homicídio doloso. A América Latina superou a África como a região mais violenta do mundo. Honduras é o país com mais homicídios a cada 100 mil habitantes, seguido da Venezuela, Belize e El Salvador.

Para os pesquisadores da ONU, o elevado índice de homicídios na América Latina está ligado ao crime organizado e à violência política, que persiste há décadas nos países latinoamericanos. A maior parte das mortes (66%) foi provocada por armas de fogo. Os cartéis do narcotráfico mexicanos são citados como responsáveis pela violência também em Honduras, El Salvador e Guatemala, países que integram rotas de distribuição de drogas que têm como destino os Estados Unidos. Já na Venezuela, os assassinatos são atribuídos à violência urbana.

Taxas de homicídios acima de 20 por 100 mil habitantes são consideradas pelos especialistas como graves. Em Honduras, são 90,4 homicídios por 100 mil habitantes. Já na Venezuela, a taxa chega a 53,7; em Belize, 44,7; em El Salvador, 41,2; na Guatemala, 39,9; na àfrica do Sul, 31; na Colômbia, 30,8; no Gabão, 28; no Brasil, 25,2; e no México, 21,5. Países em conflitos têm taxas inferiores às da América Latina, como Iraque, no Oriente Médio, onde o índice registrado é de oito para 100 mil habitantes.

A pesquisa da ONU confirma dados sobre violência apresentados em levantamento elaborado pela ONG mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal AC divulgado em março deste ano. Segundo a pesquisa mexicana, o Brasil é o país com mais municípios no ranking: 16; e Maceió a quinta cidade mais violenta do mundo. O México aparece em segundo, com nove. Apenas sete cidades da lista não estão na América Latina: quatro dos Estados Unidos (Detroit, Nova Orleans, Baltimore e Saint Louis) e três da àfrica do Sul.

O levantamento leva em conta a taxa de homicídios por grupo de 100 mil habitantes no ano passado. De acordo com a ONG, foram levantados dados disponibilizados pelos governos em suas páginas na internet e consideradas só cidades com mais de 300 mil. Essa foi a quarta edição do ranking. Dos 16 municípios do Brasil no ranking das cidades mais violentas do mundo, seis vão receber jogos da Copa do Mundo: Fortaleza, Natal, Salvador, Manaus, Recife e Belo Horizonte.

*Com informações de O Globo, Correio da Bahia e ONU

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PM prende 397, supera total de detenções de 2013 em apenas 2 manifestações

O número de detidos pela Polícia Militar nos protestos de rua na capital paulista neste ano já supera o registrado em todas as manifestações de 2013. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) contabilizou até ontem (24) pelo menos 14 jornalistas agredidos ou detidos pela Polícia Militar de São Paulo no último sábado (22), durante cobertura da manifestação “Se Não Tiver Direitos, Não Vai Ter Copa”, realizada no centro da capital. De acordo com levantamento da entidade, ao menos cinco repórteres sofreram “violações” mesmo depois de terem se identificado como membros da imprensa.

“Com estes, chegam a 57 os casos de agressões e detenções de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas cometidos por policiais militares desde junho de 2013 em São Paulo”, afirma a Abraji. De todas as ocorrências registradas nos últimos oito meses, em 56% das vezes o jornalista identificou-se como tal antes de ser agredido ou detido. Por isso, a entidade classifica a violência dos PMs como “deliberada”.

Dados obtidos pelo Estado com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) revelam que nos dois atos contra a Copa, realizados no dia 25 de janeiro e no último sábado (22), 397 pessoas foram encaminhadas a delegacias para averiguação ou acusadas de vandalismo – em todo o ano passado, foram 374 detenções. Só no sábado, foram 262 detidos.

Os dados refletem a mudança de estratégia da PM, que tenta dispersar os protestos com prisões antes de começarem as depredações. No dia seguinte ao ato, o comandante do policiamento na região central da capital, coronel Celso Luiz Pinheiro, disse que a polícia começou as prisões na Rua Xavier de Toledo, no centro, antes do quebra-quebra para se antecipar à ação dos black blocs, e classificou a operação como “um sucesso”. O tumulto começou em seguida.

A PM agiu contra um grupo de 150 pessoas, incluindo jornalistas, na estreia do pelotão ninja – policiais especializados em artes marciais que aplicaram golpes em vez de dispararem balas de borracha. O coronel pediu desculpas aos jornalistas que foram agredidos por policiais e disse que “excessos serão apurados” na corporação. “Não compactuamos com desvios de conduta”, afirmou.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiou a ação. “Não é possível que a polícia paulista continue a praticar a brutalidade que vem praticando”, disse Celso Schröder, presidente da entidade. “A polícia não pode decidir o que deve ser divulgado.” Para o presidente da Abraji, José Roberto de Toledo, “tentar impedir o trabalho da imprensa é atentar contra o direito da sociedade à informação e, em última análise, contra a democracia”, disse.

A Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP) avaliou que houve excesso na repressão à manifestação ocorrida no centro da capital paulista. Segundo o presidente Marcos da Costa, que também é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem, “o expressivo número de detenções, inclusive de profissionais da imprensa, que foram cerceados no seu direito de exercer a profissão, mostra que houve excesso de autoridade.”

Segundo o coletivo Advogados Ativistas, a polícia fez um boletim de ocorrência coletivo no qual acusa os manifestantes por desacato, resistência, desobediência e lesão corporal. O crime de lesão estaria relacionado a uma policial militar que quebrou o braço durante o protesto. Segundo o advogado André Zanardo, os manifestantes estão sendo fotografados e fichados como uma forma de intimidação para as esvaziar as ruas. “Vão chamar essas pessoas para serem ouvidas nas próximas manifestações cerceando o direito das pessoas de se manifestar”.

Mesmo com o cerco policial e o grande número de manifestantes detidos no sábado, um novo protesto intitulado “Não vai ter Copa” está agendado nas redes sociais para o dia 13 de março. Desta vez, o transporte público estará na pauta. Até esta segunda-feira, cerca de 3.300 pessoas confirmaram presença no evento agendado pelo Facebook. Será o terceiro protesto do ano contra a realização da Copa do Mundo.

Informações de O Estado de S. Paulo, Estadão Conteúdo, EBC e RBA.

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