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Comissão da Verdade pede punição a empresas colaboradoras da ditadura

O relatório final da Comissão da Verdade, que será concluído e entregue à Presidência da República daqui a três meses, deverá conter recomendações sobre a responsabilização judicial de empresas que colaboraram com a ditadura. De acordo com o levantamento, mais de 80 empresas estão envolvidas em espionagem e delação de quase 300 funcionários, cujos nomes constam da lista encontrada nos documentos do Arquivo Público do Estado. O intuito era sufocar qualquer movimento sindicalista que estivesse sendo gestado entre os trabalhadores de grandes montadoras, como Volkswagen, Chrysler, Ford, General Motors, Toyota, Scania, Rolls-Royce, Mercedes Benz, e também de outros setores, como a Brastemp, a estatal Telesp, a Kodak, a Caterpillar, a Johnson & Johnson, a Petrobras, a Embraer e a Monark – todas elas concentradas no ABCD paulista e no Vale do Paraíba.

Segundo a advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, integrante da comissão e coordenadora do grupo que investiga a repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical, já existe um conjunto substancial de provas sobre essa colaboração. “O que estamos analisando agora é como transformar esses casos em denúncia”, disse ela. “A experiência da Argentina, onde ocorreu um processo semelhante ao do Brasil, nos diz que sim. Também existe uma longa jurisprudência internacional apontando na mesma direção”, afirmou ao Estadão.

As empresas justificavam o controle e a colaboração com o regime pela suposta ameaça comunista dos movimentos sindicais. Desde citar os nomes de quem organizasse atos sindicalistas ou vendesse jornais na porta da fábrica, até qualificar algumas mortes como acidentes de trabalho quando de fato não o eram. A polícia, em muitos casos, chegava a receber das companhias milhares de folhas de registros dos empregados que estiveram presentes em greves ou manifestações, com todos os seus dados pessoais, o que poderia levar hoje a processos civis desses funcionários (dos que ainda estão vivos ou de seus familiares) contra as empresas. Não se sabe, porém, se esses dados serviam para evitar futuras contratações por outras empresas ou simplesmente para coleta. Segundo os especialistas, é bastante provável que tenham que ressarcir os afetados, já que não estão amparadas pela lei de Anistia (n.6.683, 1979), que perdoou aqueles que cometeram crimes durante o regime militar no Brasil (1964-1985).

“Os empresários podem ser acusados por crimes de lesa humanidade; 40% dos mortos e desaparecidos durante a ditadura são trabalhadores”, afirma ao El País Sebastião Neto, ex-preso político e um dos pesquisadores do grupo de trabalho “Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical”, da Comissão Nacional da Verdade. Ainda não se sabe quais deles foram efetivamente detidos por causa da denúncia do empregador. Entre os que chegaram a ser torturados e mortos, também não se sabe ao certo se sofreram tudo isso pela investigação no local de trabalho ou por sua relação com organizações políticas.

Descobrir o fim de cada um dos nomes não vai ser possível até 16 de dezembro, data prevista para o fim dos trabalhos da CNV. Mas o próximo passo será convocar representantes de empresas e trabalhadores envolvidos para depor nas comissões municipais, “principalmente a de São Bernardo do Campo, que concentra a maior parte das empresas informantes”, explicou Rosa Cardoso.

Na Argentina, já há casos de empresas que foram processadas por delatar funcionários e colaborar com a ditadura. Durante a coletiva organizada pela CNV, a doutora Victoria Basualdo, que pesquisa a participação empresarial na prática de graves violações de direitos dos trabalhadores na América Latina, da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais, explicou o caso de seu país. Segundo ela, há quatro empresas imputadas em seu país por colaboração com o último regime ditatorial (1976-1983): Ledesma (fabricante de açúcar), a mineradora Aguilar, a transportadora La Veloz del Norte e a fabricante de automóveis Ford. Caso se crie um precedente, outros casos poderão ser julgados. “Não se trata apenas de uma transferência de dinheiro entre empresas e Estado. O que houve foi uma colaboração ativa na repressão”, explica a especialista. Nosso vizinho perdeu aproximadamente 30.000 vidas em suas várias ditaduras (entre 1930 e 1983 foram cinco); no Brasil, ainda não há consenso sobre quantos morreram durante os anos de chumbo.

*Informações de Beatriz Borges para o El País (Edição Brasil) e de Roldão Arruda (Agência Estado).

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Liberdade de expressão no Brasil piora nos últimos anos, diz ANJ

Um relatório divulgado pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ) aponta 318 casos de ataques à liberdade de imprensa no Brasil entre agosto de 2012 a julho de 2014. Os casos de assassinatos impunes de jornalistas e de outros profissionais de veículos de comunicação continuam a ser o fato mais grave no cenário da liberdade de expressão no país, com oito casos com fortes evidências de que foram provocados pelo exercício do jornalismo no período abrangido pelo relatório.

De acordo com o documento, a persistência dos casos de censura judicial, com 28 novos casos, também é motivo de alarme, posto que praticado por magistrados. É especialmente digno de nota que a censura aplicada ao jornal O Estado de S.Paulo, em 31 de julho de 2009, ainda não tenha sido objeto de decisão final. O aspecto positivo a respeito é que se mantém a tendência de que as sentenças, nesses casos, sigam sendo revistas pelas instâncias superiores do Poder Judiciário. As revisões, entretanto, não revertem o prejuízo sofrido pela sociedade ao ser impedida de ter acesso a notícias sobre fatos relevantes com a devida atualidade.

Leia também: Jornalistas exigem segurança de autoridades policiais no Rio de Janeiro

Fotógrafo atingido durante manifestação em Belo Horizonte (MG)/ Foto: Uarlen Valério
Fotógrafo atingido durante manifestação em Belo Horizonte (MG)/ Foto: Uarlen Valério

Para a ANJ, no que se refere ao exercício cotidiano do jornalismo, é motivo de especial preocupação o fato de que, em decorrência da onda de protestos que ocorre no Brasil desde meados de 2013, foram registrados 209 casos de profissionais vítimas da truculência policial e de agressões por parte de manifestantes. A ANJ ainda manifesta preocupação com os incidentes registrados durante a campanha eleitoral já iniciada, em particular sob a forma de censura judicial, agressões a profissionais e atos hostis a empresas jornalísticas.

“A violência, em muitos casos, claramente, dirigida aos profissionais de imprensa, resultou na morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, em ferimentos (em alguns casos graves) de profissionais e atingiu instalações e veículos de empresas jornalísticas. É preocupante que muitos manifestantes aliem a agressividade contra os jornalistas a atitudes hostis à mídia empresarial. Além disso, em inúmeros casos, aos atos violentos houve manifestações reivindicando que o governo proponha normas mais drásticas de regulação da mídia do que as já existentes, alegando a necessidade de que o Poder Público promova formas ‘populares’ de comunicação”, destaca o relatório.

Acesse o relatório sobre o período de 08/2012 a 07/2014 (clique aqui).

*Informações da ANJ – Associação Nacional dos Jornais

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Homens invadem redação e agridem jornalista do jornal mexicano “El Heraldo de León”

DEU NO PORTAL IMPRENSA – Na última quinta-feira (4/9), a jornalista Karla Janeth Silva Guerrero foi atacada e ameaçada por um grupo de homens que invadiu a redação do jornal El Heraldo de León, no estado de Guanajuato, no México, para agredi-la. Segundo El Universal, a jornalista está hospitalizada com graves lesões e edema cerebral. Após o ataque, o jornal revelou que ela havia recebido reclamações do prefeito de Silao, Enrique Benjamín Solís Arzola, em razão das denúncias de corrupção sobre o governo do político do Partido Revolucionário Institucional (PRI).

“A jornalista denunciou a falta de serviços municipais, insegurança, falta de transparência e ao desperdício de recursos do município. Seus escritos lhe renderam inúmeras queixas de funcionários locais, que têm tentado várias vezes dificultar o seu trabalho. A jornalista disse que não havia nenhuma dúvida de que os agressores haviam sido enviados por um desses funcionários”, alegou o jornal em nota do site. Os criminosos também atacaram a auxiliar de escritório e roubaram um computador e quatro telefones celulares.

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Jornalista kosovar é ameaçado de decapitação; RSF expressa preocupação

DEU NO PORTAL IMPRENSA

O jornalista kosovar Visar Duriqi, especializado em questões políticas ligadas ao Islã, disse que recebeu ameaças de decapitação por fundamentalistas de seu país no dia seguinte à execução do repórter americano Steven Sotloff, por integrantes do Estado Islâmico (EI). De acordo com a AFP, estimativas dos serviços de segurança apontam que cerca de 150 kosovares estão engajados aos jihadistas na Síria. “Recebi várias ameaças, principalmente pelo Facebook. Algumas me ameaçavam de decapitação”, disse Duriqi.

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O trabalho do repórter sobre o extremismo religioso tem sido uma fonte de irritação entre os círculos radicais. Em uma série de artigos, ele descreveu a maneira como os jovens muçulmanos kosovares são doutrinados antes de serem incentivados a participar de grupos extremistas na Síria.

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) expressou, por meio de comunicado, sua preocupação com as ameaças ao jornalista e solicitou que o ministério do Interior do Kosovo lhe forneça proteção. A situação de Duriqi é “muito preocupante e as ameaças devem ser levadas a sério”, pontuou o secretário-geral da RSF Christophe Deloire ao pedir uma investigação que identifique os autores das ameaças.

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