“Denunciar para combater e se proteger para evitar”. Essa é a temática do seminário que a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vai realizar no dia 21 de agosto. Como justificativa para a promoção do evento, a entidade destaca que um jornalista foi agredido por dia no Brasil, ao longo do ano passado. Atenta ao crescimento das agressões à imprensa no país, a Fenaj tem intensificado as ações de acompanhamento e de prevenção à violência contra a categoria, em 2021. O seminário on-line acontece a partir das 9h.
O encontro está dividido em duas etapas, sendo a primeira intitulada “Violência contra jornalistas: como, onde e porque denunciar”. Serão duas mesas de debates. Pela manhã, das 9h às 12h, o tema é “O que caracteriza a violência contra jornalistas e por que denunciá-la?”, contando com as participações já confirmadas da presidenta da FENAJ, Maria José Braga, e da pesquisadora Alice Baroni, da Universidade de Pádova (Itália).
À tarde, das 14h às 17h, será a vez do tema “Jornalistas: como denunciar a violência sofrida?”, com participação do vice-presidente da FENAJ, Paulo Zocchi, e da jornalista Bianca Santana. Também foram convidados representantes do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e da Comissão Especial de Defesa da Liberdade de Expressão do Conselho Federal da OAB.
O seminário é gratuito e integra um projeto de monitoramento da violência contra jornalistas que tem o apoio do Fundo de Direitos Humanos dos Países Baixos. O evento acontecerá pela plataforma Zoom, com capacidade para 200 participantes. As inscrições podem ser feitas AQUI.
Quando finalmente fui dar atenção às mensagens não lidas, colegas me questionavam sobre posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa no episódio que deu na exoneração do agora ex-secretário de Saúde, Fábio Vilas-Boas. Angeluci Figueiredo foi alvo da ira de Vilas-Boas, não por ser jornalista, mas como empresária negra baiana, dona do Restaurante Preta.
E foi com essa autoridade tamanha que ela subiu nas tamancas e não deixou ao branco irado, que chegou a invadir seu restaurante, outra alternativa a não ser pedir o boné. Diante dos olhos claros e apopléticos do estressado comandante da guerra contra a covid19, a preta honrou suas ancestrais, pretas como ela, quando encararam outros olhos claros como aqueles.
E honrou também o diploma de jornalista conquistado na Ufba. Além de não se intimidar quando a imprensa foi usada como ameaça de publicar notícia negativa contra seu restaurante, a jornalista Angeluci Figueiredo entrou no circuito para defender a Preta. Quase em tempo real!
Nada de xingamento, nem desqualificação ou acusação leviana. Ao lado da exposição crua dos fatos, uma carta do tamanho da Bahia. Querida e respeitada por coleguinhas de faculdade e de redação, ela tem ainda a admiração de muita gente da imprensa baiana que curte sua gastronomia e capacidade empreendedora.
Se tivesse que fazer uma nota sobre o caso, seria de aplauso à altivez de uma mulher, baiana, negra, empresária, jornalista por formação. O repúdio e o ato misógino, minúsculos como são, servem apenas para justificar a reação dela e os aplausos nossos. Nos grupos de aplicativos de mensagens em que o assunto for pautado, teremos a oportunidade de um prazerzinho corporativista, dizendo: mas também… a mulher é jornalista!
Sobre o desfecho, um lamento e um alento. É de se lamentar a perda de um gestor revelado eficiente na condução da maior crise sanitária da nossa história. Contrariando muitas expectativas, Fábio chegou à Secretaria Estadual de Saúde chamando SUS de “programa” e sai reconhecido por seus méritos.
Coube a ele executar uma política de saúde pública que levou serviços de diagnóstico e procedimentos de média e alta complexidade para todas as regiões da Bahia. E pelo combate eficiente à pandemia. Não cairia se não tivesse tropeçado na própria língua.
O alento é podermos encher o peito com o ar que invade Salvador no embalo das águas sempre renovadas de Kirimurê. Atavicamente presente entre nós, ainda, a tradição autoritária e marcadamente machista e racista, persistirá. Mas sofreu mais um revés com este episódio. Sem esperar e sem pedir solidariedade, uma mulher baiana se retou e criou “jurisprudência”: Na Bahia, misoginia é incompatível com o exercício de função pública.
Texto originalmente publicado no Jornal Correio.
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*Ernesto Marques é jornalista, radialista e presidente da ABI.
Se esmoreço, o jornalista e amigo Leão Serva, autor de Um tipógrafo na Colônia (São Paulo: Publifolha, 2014) me anima: “cadê o retrato de Manuel Antonio da Silva Serva (Freguesia de Cerva, Portugal 1761(?)-Rio de Janeiro,1819)?” A última vez que isso aconteceu foi em 14 de maio passado, quando ele participou de evento virtual da ABI sobre os 210 anos da estreia do Idade d’Ouro do Brazil, o primeiro jornal baiano, impresso na Cidade do Salvador pela tipografia de Silva Serva.
Nos dias seguintes ao evento, com o auxílio dos colegas Nelson José de Carvalho, da Irmandade de Senhor do Bonfim, e de Nelson Varón Cadena, autor de recente e alentado livro sobre a Santa Casa de Misericórdia, procurei o retrato de Manuel Antonio nessas duas instituições, às quais o empresário pertenceu entre os finais do século XVIII e seu falecimento em 1819. Nada. Leão Serva, com razão, argumenta que a possibilidade de existência do retrato na Cidade do Salvador é mais aceitável do que sua localização em Portugal. Aqui, o empresário, pioneiro da indústria gráfico-editorial privada brasileira, era homem importante, que detivera, além de outros, o título de representante da Real Fábrica de Cartas de Jogar (portuguesa).
Este texto tem a ver com os 202 anos da morte de Manuel Antonio da Silva Serva em 03 de agosto de 1819, durante a sua quarta viagem ao Rio de Janeiro, sede da Corte, onde ele negociava livros, assinatura do Idade d’Ouro do Brazil e obtinha encomendas de novos impressos. A propósito, cometi, em 02 de agosto de 2019, publicação semelhante no Facebook.
Agora volto ao tema com novas recordações da visita que fizemos (Ronrom [Romilda Tavares, esposa do autor] estava comigo) em junho de 2012 em junho de 2012 à Freguesia de Cerva, no Norte de Portugal, com o propósito de procurar mais informações sobre Manuel Antonio e, quiçá, o retrato dele.
Preparei a viagem com antecedência, de modo que a carta de apresentação do cônsul português José Lomba (que saudade!) está datada de 2011 e inclui o então 1º vice-presidente, jornalista Ernesto Marques, como o parceiro que, comigo, representaria a ABI junto à Câmara de Ribeira de Pena. O companheiro não foi; mas irá adiante, tenho certeza.
Da visita que fizemos a Cerva, em 2012, de que restaram as lembranças e a boa amizade com Daniel Cardoso, assessor da Câmara e entusiasta das atrações turísticas e esportistas de Ribeira de Pena, fui surpreendido, nove anos após, com a constatação de que o site Vila de Cerva registrou nossa passagem. A propósito, as informações sobre Silva Serva devem ser lidas com cuidado e o autor do verbete não está identificado.
Apreciaria muitíssimo colaborar com a busca de novos dados sobre Silva Serva em Portugal. Em 2012, fui advertido que deveria consultar o arquivo de Braga, onde estariam guardados os livros de batismo do século XVIII relativos à Cerva. Quiçá possa fazer esta e outras visitas portuguesas em companhia dos pesquisadores Pablo Magalhães, Leão Serva, Nelson Varón Cadena, Jorge Ramos, Sérgio Mattos e Ernesto Marques, quiçá com as respectivas.
Oxalá, juntos, encontraremos o retrato.
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*Jornalista, produtor editorial e professor universitário. É 1º vice-presidente da ABI. [email protected]
Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).
Depois de percorrer quatro regiões do país, debatendo a proposta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) de taxação das grandes plataformas digitais e criação do Fundo de Apoio para a atividade jornalística, o seminário “Jornalismo, Sim!” chega ao Nordeste, encerrando o ciclo de discussões com a categoria. A atividade virtual gratuita será no dia 3 de agosto (terça-feira), às 20h.
Os inscritos vão receber certificados de participação. Os debates, que têm o apoio da Union to Union e da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), também serão transmitidos pelas redes sociais da FENAJ e dos sindicatos filiados.
Com coordenação do jornalista Rafael Mesquita, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) e diretor da FENAJ, o evento vai reunir como debatedores Maria José Braga, presidente da Fenaj e jornalista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia; o jornalista Rubens Nóbrega, do Blog do Rubão; Juliana Almeida – jornalista e radialista.
Sobre os seminários regionais
A FENAJ e os seus sindicatos filiados estão debatendo, com a categoria e com a sociedade, a implementação no país da Plataforma Mundial por um Jornalismo de Qualidade, iniciativa apresentada pela FIJ.
A proposta da Plataforma Mundial por um Jornalismo de Qualidade prevê o desenvolvimento do jornalismo, por meio da implementação de formas de financiamento direto para a produção jornalística, a partir da taxação das grandes plataformas digitais.
Depois de debater o tema inicialmente com especialistas, a FENAJ chegou à proposta de taxação das grandes plataformas digitais por meio da criação de uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), um imposto especial que permite sua destinação a determinado fim, no caso, à constituição do Fundo de Apoio e Fomento ao Jornalismo.