A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) encaminhou um ofício (leia aqui) à Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA), na tarde desta quarta-feira (22). A ABI, que congrega profissionais e empresas de comunicação social no estado, cobra informações sobre os procedimentos adotados para a apuração e consequente punição dos responsáveis pela agressão ao editor do site de notícias Bocão News, Marivaldo Filho, ocorrida no início deste mês. “Consideramos que, entre outros delitos, houve grave violência contra a liberdade de produção da informação social”, diz trecho.
O documento assinado pelo presidente da ABI, Walter Pinheiro, é resultado da reunião mensal da diretoria da instituição, que deliberou cobrar providências de forma mais incisiva sobre a agressão, além de exortar as autoridades a apurar com rigor os sucessivos casos de abusos. A entidade reclama ao governador Rui Costa contra a “continuada repetição de agentes policiais do Estado que têm praticado violências e arbitrariedades contra profissionais de comunicação social que se encontram em pleno exercício da atividade”. A ABI entende que a maneira de agir dos policiais equivale à adoção de uma inconstitucional forma de censura prévia e classificou a prisão do jornalista como “arbitrária e inadmissível”.
A ABI encaminhou o ofício também ao Secretário de Comunicação Social Governo da Bahia, o jornalista André Curvelo, ao Procurador-Geral de Justiça da Bahia, Márcio Cordeiro Fahel, além de instituições que atuam em defesa dos direitos humanos e da liberdade de imprensa: Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinorba) e Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA).
Entenda o caso – Marivaldo Filho usou seu perfil em uma mídia social para divulgar o relato da violência praticada por PMs, no dia 5 de julho. A denúncia repercutiu rapidamente a partir das redes sociais, com milhares de acessos logo nas primeiras horas após a publicação. O fato virou notícia nos principais veículos de comunicação online, e ganhou espaço nas redes nacionais de televisão, ao lado das manifestações de solidariedade ao jornalista, indignação de colegas de profissão e da população. Entidades que atuam em defesa da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa condenaram o episódio e exigem punição dos responsáveis pelo ataque ao jornalista.
A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-Ba) inauguraram, na noite desta segunda-feira (1), Dia Nacional da Imprensa, uma exposição para homenagear o centenário do jornalista e professor Jorge Calmon (1915-2006), que esteve à frente da ABI entre os anos de 1970 e 1972. A exposição “100 anos de Jorge Calmon” reúne, no foyer da Casa do Comércio, 20 fotos que foram cedidas pela família e retratam momentos marcantes da sua carreira e sua atuação em diversos segmentos, com personalidades políticas nacionais e internacionais e também com a família. A exposição abre as comemorações alusivas ao centenário de Jorge Calmon – programados para ocorrer durante os meses de Junho e Julho deste ano –, e permanece aberta à visitação pública até o próximo dia 10, quando seguirá em caráter itinerante por shopping centers, casas de cultura e bibliotecas. A mostra teve a coordenação de pesquisa do jornalista Luís Guilherme Pontes Tavares e do fotógrafo Valter Lessa, diretores da ABI.
Os anfitriões do evento, presidente da ABI, Walter Pinheiro e o presidente da Fecomércio-BA, Carlos de Souza Andrade, recepcionaram os convidados e destacaram a importância do homenageado, que foi diretor redator-chefe do Jornal A Tarde por 47 dos seus 60 anos de carreira no jornalismo. “Jorge tinha um talento polifacetado, tendo participação fundamental na história de diversas entidades. Ele era muito respeitado e inúmeras foram as campanhas por ele promovidas, uma delas é “A Bahia não se divide”, postura contrária à divisão do estado. A ABI se sentiu comprometida em realizar não só esse, mas outros eventos para assinalar o centenário de Jorge Calmon. Para quem é da imprensa, nada melhor do que uma exposição de fotos, que, conforme dizia Confúcio, ‘uma imagem vale mais que mil palavras’. A gente pode sentir isso. As fotos falam, as fotos nos emocionam”. Carlos Andrade resgatou a memória de Pedro Calmon, pai de Jorge, comerciante e produtor rural, e seu conterrâneo da cidade de Amargosa. “Um homem de reconhecida idoneidade, que virou sinônimo de moeda numa época de recessão monetária no Brasil. Ele fabricava vales que eram entregues como pagamento a pequenos comerciantes”, lembrou.
Segundo o curador da exposição, Valter Lessa, o trabalho foi realizado durante quatro meses e envolveu pesquisas em jornais, bibliotecas e acervos da família e no seu arquivo pessoal. “Após cerca de 190 fotografias, foram selecionadas as 20 que estão expostas. São fatos marcantes que nós tivemos a visão de mostrar. Todas as outras são realmente importantes, mas algumas são fundamentais”, ressaltou. O jornalista Luis Guilherme Pontes Tavares destaca que a família de Jorge Calmon abriu as portas e o acervo pessoal de Jorge Calmon. Entre as imagens estão momentos como a entrevista com ex-presidente Getúlio Vargas, no Clube Bahiano de Tênis, em 1943, a visita ao Pentágono, em Washington, D.C., em 1956, e também representando a imprensa brasileira na BBC, em Londres, em 1960. “O 1º de Junho celebra o dia em que Hipólito da Costa estreou, em 1808, o seu Correio Braziliense, reconhecido como o primeiro jornal brasileiro – apesar de impresso em Londres. A data não poderia ser mais oportuna, já que Dr. Jorge foi, sobretudo, jornalista”.
Jorge Calmon Filho falou do prazer e gratidão pela homenagem e definiu o pai como um “catalisador cultural”. Segundo ele, a família está muito agradecida à ABI e à Fecomércio pela iniciativa, principalmente tendo sido concretizada no Dia da Imprensa. “Nós viajamos junto com Valter Lessa e Luís Guilherme nessa aventura de descobrir as 20 fotos. Vimos mais de 2.500 fotos e cada uma traz uma recordação importante de uma fase da vida dele. Para nós, foi muito prazeroso. Meu pai foi um digno representante da imprensa baiana, sempre lutando em defesa da liberdade de imprensa e do crescimento do jornalista na profissão. Dentro da sua função principal, que na época era diretor do jornal A Tarde, ele buscava extrapolar para ajudar as instituições da Bahia em diversas áreas, como educação, cultura, saúde e esportes. Foi uma pessoa que deixou um legado muito grande de humanismo, de ética. Para a família, foi um paizão. Apesar dessas atividades múltiplas, tinha tempo para os seis filhos. Nos criou e educou maravilhosamente bem, junto com minha mãe, dona Leonor Calmon, que era o seu braço direito”.
O jornalista e presidente da comissão encarregada de organizar a programação do centenário, Samuel Celestino, que é presidente da Assembleia da ABI, falou da figura marcante que foi Jorge Calmon. “Ele foi o maior jornalista do Século XX na Bahia. 14 anos após entrar no Jornal A Tarde, ele já era redator-chefe, porque era um jornalista diferenciado. Jorge Calmon teve uma coisa incomum em todo o jornalismo brasileiro, permaneceu durante 60 anos em um único jornal. Viveu até os 91 anos produzindo, escrevendo para o jornal diariamente, apesar de já estar aposentado. A minha vida é marcada por Jorge Calmon. Ele foi meu mestre”.
O evento conduzido por Pedro Daltro, diretor da ABI e da Associação Comercial da Bahia (ACB), foi prestigiado por familiares do homenageado, pelo vice-presidente da ABI, Ernesto Marques, e demais diretores da ABI: Aloísio da Franca Rocha, Nelson de Carvalho, Agostinho Muniz, Sérgio Mattos e Raimundo Marinho. Participaram também o presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), Eduardo Morais de Castro; a presidente da Academia de Letras da Bahia (ALB), Evelina Hoisel; o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Inaldo Araújo; o ex-governador Roberto Santos; o secretário municipal Pedro Godinho; a diretora da Fundação Casa de Jorge Amado, Myriam Fraga; a superintendente do Acbeu, Athiná Leite; além de representantes outras entidades que tiveram a história marcada pela passagem de Jorge Calmon.
No dia 07 de Julho, às 10h, quando Calmon completaria 100 anos, haverá uma missa na Basílica de Senhor do Bonfim, concelebrada pelo arcebispo dom Murilo Krieger e outros sacerdotes, assim como a sessão especial da Academia de Letras da Bahia (ALB), na noite de 9 de julho.
Em parceira com a Federação do Comércio do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) inaugura a exposição fotográfica alusiva ao centenário de Jorge Calmon, para homenagear o jornalista, o professor, que esteve à frente da entidade entre os anos de 1970 e 1972. No próximo dia 1º de Junho, data em que também é celebrado o Dia da Imprensa, às 17h, o foyer da Casa do Comércio vai abrigar a mostra cuja curadoria é do fotógrafo Valter Lessa, diretor da ABI.
Serão expostas 20 fotos Jorge Calmon (1915-2006), ofertadas pela família. Os flagrantes selecionados exibem o jornalista em instantes com personalidades políticas nacionais e internacionais, com a família, sendo que há um número maior delas relacionado com as homenagens que lhe foram prestadas em 1995, quando da passagem dos 80 anos dele.
Serviço
O que: Exposição Fotográfica Centenário de Jorge Calmon
Quando: 1º de junho (segunda-feira), às 17h
Onde: Casa do Comércio – Foyer (Av. Tancredo Neves, 1109 – Pituba – Salvador)
Um é agente social fiscalizador, o outro, mediador com responsabilidade de decidir. Mas, quando o dever de informar com imparcialidade e rapidez esbarra na necessidade de exercer a lei e estabelecer condições dignas de convivência em sociedade, está na hora de estreitar os laços entre a imprensa e os profissionais da atividade jurídica. Representantes dos dois segmentos discutiram, na manhã desta quarta-feira (20), os vários aspectos da relação entre os magistrados e os jornalistas na Bahia. O encontro realizado no Sheraton da Bahia Hotel, no Centro da capital baiana, foi fruto de uma parceria entre a Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Associação dos Magistrados da Bahia (Amab) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba). Os limites da liberdade de expressão, restrições ao juiz na divulgação de informações processuais, responsabilidade do jornalista na produção da notícia, processos movidos contra jornalistas e a indústria dos danos morais foram os principais temas abordados.
Para abrir o encontro, o juiz Mário Albiani Junior falou sobre os limites e responsabilidade de atuação do jornalista. “Eu acredito que esse diálogo com a imprensa é fundamental para que se busque o caminho para evitar a excessiva judicialização, que tem abarrotado o Judiciário e impedido seu funcionamento. A liberdade de expressão constitui importante ganho político e social no Estado de Direito. A Constituição estabelece garantias como a liberdade de expressão e de imprensa, mas cabe ao Judiciário decidir a respeito desses temas sem ter a Lei de Imprensa. Diante desse vácuo legislativo, surgiu a indústria dos danos morais”, problematizou.
Quem comandou o segundo painel foi o jornalista e professor Sérgio Mattos, diretor da ABI, que tratou da judicialização do jornalismo. “Estamos atravessando um período em que o conceito de equilíbrio entre os três Poderes está sendo posto em cheque em face do fenômeno da judicialização. E esse processo tem atingido a imprensa na rotina de produção de conteúdo. É o que muitos têm chamado de ‘judicialização da pauta jornalística’”. Ele destacou que, nos últimos anos, tem acompanhado várias tentativas de cerceamento da liberdade de expressão com ajuizamento de ações contra os profissionais.
Ao final dos painéis, o público participou do debate com a mesa composta pelos palestrantes, além do presidente da ABI, Walter Pinheiro; o vice-presidente da ABI, Ernesto Marques; a presidente da AMAB, juíza Marielza Brandão Franco; a presidente do Sinjorba, Marjorie Moura; a juíza Carla Ceará, 2ª secretária da AMAB; e o advogado João Daniel Jacobina. Os presentes se manifestaram com dúvidas e comentários a respeito dos temas. Foram levantadas questões como processos movidos contra jornalistas, responsabilidade dos profissionais de comunicação e pontos de convergência entre a atuação das duas categorias.
A presidente do Sinjroba, Marjorie Moura, lembrou que ela é “um exemplo vivo” de uma jornalista tanto processada por um juiz quanto protegida e respeitada por outros. “Há alguns anos, participei de um grupo de jornalistas que fizeram reportagens sobre a venda de sentenças no Tribunal de Justiça da Bahia. O grupo foi processado por um desembargador citado na ação e alguns meses depois, o mesmo grupo ganhou o principal prêmio de reportagem oferecido pela Associação de Magistrados do Brasil. O grande problema entre jornalistas e magistrados é a falta de conhecimento mútuo sobre as rotinas de trabalho de cada grupo e o fato de que nossa atividade não pode perder a característica de ser audaz e invasivo, mas tem que respeitar os limites da lei”.
No encerramento, o presidente da ABI, Walter Pinheiro, destacou a necessidade de continuar o diálogo, inclusive, com outras edições do evento. “Que outros encontros ocorram com a participação de estudantes, OAB, Ministério Público e outros órgãos, para discutir temas que são importantes para todos nós e para a comunidade”. Para a presidente da AMAB, Marielza Brandão Franco, o encontro cumpriu seu objetivo. “Conseguimos a aproximação entre magistrados e imprensa e suscitamos a reflexão sobre os temas sugeridos. Vimos que, de parte a parte, há essa angústia no exercício da profissão, e vamos estreitar cada vez mais a relação e o diálogo para que a gente se conheça melhor e esclareça as dúvidas que temos”, disse.