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Em seis meses, 14 jornalistas mortos na América Latina

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) alertou para um cenário preocupante para o exercício do jornalismo no Brasil e na América Latina. Nos últimos seis meses, segundo a entidade, 14 jornalistas morreram no exercício da profissão na região – dois deles no Brasil: o radialista Jefferson Pureza Lopes, da Rádio Beira Rio, de Goiás, e Ueliton Bayer Brizon, morto em Rondônia. O anúncio foi feito no informe semestral publicado após reunião ocorrida de 13 a 15 de abril, em Medellín, na Colômbia.

A entidade registrou o aumento no número de repressão, ameaças e perseguição digital aos comunicadores latino-americanos. Segundo a SIP, a morte recente de três jornalistas equatorianos por uma dissidência das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) é uma oportunidade de reflexão para empresas e profissionais. “Qual o nosso papel na defesa das liberdades fundamentais de expressão e imprensa?”, questionou a entidade em nota. “Sistematicamente temos nos pronunciado de maneira enérgica contra assassinatos e desaparições de jornalistas.”

Leia também: SIP cobra punição para os assassinos de jornalistas do “El Comercio”

Além dos três equatorianos vítimas das Farc e dos dois brasileiros, a SIP registrou nos últimos seis meses a morte de quatro jornalistas mexicanos e de dois guatemaltecos. Houve uma morte em Honduras, assim como em El Salvador e na Colômbia. A SIP também alerta que donos de jornais e jornalistas têm sido vítimas constantes de intimidações e acusações no continente. Às vezes, as agressões chegam a ser físicas.

No caso do Brasil, a entidade relata que houve 25 casos de agressão a jornalistas, sete de ameaças e dois de vandalismo contra empresas. Apesar da queda no número de agressões a jornalistas (efeito da diminuição de protestos contra o governo), há principalmente na internet campanhas de difamações contra o trabalho jornalístico por parte de grupos que se dizem apolíticos.

*Informações do Estadão

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SIP cobra punição para os assassinos de jornalistas do “El Comercio”

A reunião anual da Associação Interamericana de Imprensa (SIP), realizada no último final de semana, em Medellín, foi marcada pela indignação e pedidos de justiça para uma equipe de reportagem do jornal equatoriano “El Comercio”. O repórter Javier Ortega (32 anos), o fotógrafo Paúl Rivas (45), e o motorista Efraín Segarra (60) foram sequestrados e mortos por um grupo dissidente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Gustavo Mohme, presidente da SIP, falou sobre os casos de ataque à liberdade de imprensa na América Latina e, em entrevista à SEMANA, exigiu que os assassinatos dos profissionais não fiquem impune.

Segundo Mohme, é necessário que os governos da Colômbia e do Equador trabalharem juntos para solucionar o crime. “Uma das exigências que fazemos é que isso não fique impune. O extremo da covardia de se proteger em seus cadáveres para exigir espaços ou tréguas define seu desprezo pela vida. Essas pessoas não precisam fazer concessões. Pedimos um esforço binacional”, disse Mohme.

Ele ainda destacou a união dos profissionais da imprensa. “Vimos uma expressão muito interessante dos jornalistas colombianos e equatorianos que se reúnem para orientar, apoiar e participar da captura desses líderes e levá-los à justiça e submetê-los. Respeitando os Direitos Humanos, claro, que eles desprezam”. A SIP exige também maior proteção para a profissão. “Quando um jornalista morre é dito que há um duplo crime porque sua família chora e seus leitores, que são privados de informação”, completa.

No início de abril, um vídeo exibido pelo canal colombiano RCN mostrou as vítimas com algemas e correntes no pescoço. A equipe estava na região para uma matéria sobre as consequências dos ataques registrados desde janeiro, mas acabou sequestrada em 26 de março pelo líder de um grupo dissidente das Farc, Walter Patricio Artízala Vernaza, conhecido como “Guacho”. O sequestro aconteceu na  região em que forças armadas regulares dos dois países combatem os guerrilheiros que não aceitam o acordo de paz firmado entre o governo da Colômbia e as lideranças das FARC. Os sequestradores exigiam em troca da equipe equatoriana a libertação de guerrilheiros presos em Quito.

“Cairá vivo ou morto”

Lenín Moreno, presidente do Equador, estava em Lima, capital do Peru, para participar da Cúpula das Américas, mas partiu rumo a Quito. Ele anunciou ações militares na fronteira com a Colômbia, onde, segundo ele, o grupo do jornal foi sequestrado e assassinado. Na noite de quinta (12), Moreno havia dado 12 horas para que os sequestradores provassem que os reféns estavam vivos. O prazo expirou às 10h50 desta sexta (12h50, em Brasília). No cativeiro e acorrentados, os três foram executados a tiros, de acordo com fotos divulgadas pelos sequestradores. O governante confirmou na sexta (13) as mortes.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, assegura que os profissionais foram sequestrados e assassinados no Equador. Versões entre os governos diferem também na nacionalidade de Guacho, líder da Frente Oliver Sinisterra. Quito disse que o suposto responsável é de origem colombiana, já Bogotá afirma que Guacho é equatoriano.

Santos afirmou, ao fim da reunião da SIP, que prometeu ao presidente do Equador, Moreno, que o assassinato dos jornalistas “cairá vivo ou morto”. O presidente colombiano também admitiu que cartéis de droga mexicanos exercem influência na área de fronteira onde opera o grupo que matou os jornalistas e o motorista do jornal El Comercio.  “Prestamos todo o apoio e colaboração desde o primeiro momento e continuaremos até que capturem os responsáveis e se faça justiça”, disse o presidente colombiano, durante a Cúpula das Américas.

Nem o Equador e nem a Colômbia puderam determinar onde as mortes ocorreram. Os países pediram ajuda do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para localizar os corpos das vítimas.

*Informações de O Globo, JB e SEMANA.

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Jornalista é demitido após discutir sobre narcotráfico com ministra da Bolívia

Os países da América Central e do Caribe continuam sendo estratégicos como rotas do tráfico de droga para o norte e do contrabando de armas para o sul. As denúncias do envolvimento de autoridades com o narcotráfico é um fator que torna mais difícil qualquer mudança política ou socioeconômica na região, além de desencadear novos ataques à imprensa que traz à tona os escândalos. O jornalista Enrique Salazar foi demitido da emissora de TV Red Uno na última quarta-feira (20/5), após discutir, ao vivo, com autoridades do atual governo sobre a produção de cocaína na região de Cochabamba, zona eleitoral do presidente Evo Morales. De acordo com o El Comercio, o repórter lamentou que a Bolívia não seja produtora de trigo, mas sim de cocaína. A atual Ministra da Comunicação, Marianela Paco, ouviu o comentário no programa “One Red” e pediu explicações ao jornalista. Salazar e a ministra iniciaram uma discussão, que terminou com insultos à autoridade. Após a repercussão do caso, a emissora informou a rescisão do contrato do jornalista por má conduta profissional.

Na Venezuela, o regime de Hugo Chávez, chefiado desde sua morte por Nicolás Maduro abriga um dos maiores cartéis de drogas do mundo. Desde que militares colombianos capturaram o laptop de um líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), há oito anos, é fato sabido que Chávez deu refúgio a narcoguerrilheiros colombianos e permitiu a eles traficar cocaína da Venezuela para os Estados Unidos com a ajuda do Exército venezuelano. Mas quando um ex-segurança de Chávez, Leamsy Salazar, desertou para os EUA, em janeiro, a escala do que é conhecido como o cartel de Los Soles começou a ficar publicamente conhecida.

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Leamsy Salazar vem cooperando com procuradores federais americanos que estão montando um caso criminal contra vários generais e funcionários de alto escalão do governo venezuelano, incluindo o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello. Um extenso relatório no Wall Street Journal na semana passada afirmou que o cartel de Cabello havia transformado a Venezuela num “centro de distribuição global do tráfico de cocaína e de lavagem de dinheiro”. Um dia depois da chegada de Salazar a Washington, o jornal espanhol ABC publicou uma matéria detalhando o caso emergente contra Cabello e, no mês passado, o repórter Emili Blasco, do ABC, deu sequência com um livro expondo as afirmações de Salazar e de outros desertores segundo os quais o regime comunista de Cuba e a milícia libanesa Hezbollah estão conectados ao tráfico.

Cabello respondeu com a tática mais familiar do regime: um ataque à imprensa. Ele moveu ações por difamação contra 22 jornalistas de três organizações noticiosas venezuelanas que publicaram matérias sobre a reportagem de Blasco, incluindo El Nacional, o único jornal venezuelano que restou no país. No começo de maio, um juiz aplicou a pena que Cabello buscava sem se dar o trabalho de fazer um julgamento, em uma demonstração de que o regime se apropriou do Judiciário. Os jornalistas críticos do governo foram proibidos de deixar o país e têm ordens de comparecer semanalmente ao tribunal. Além da repressão à mídia independente, o governo autoritário da Venezuela mantém aproximadamente 70 prisioneiros políticos – entre os quais o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e o importante líder da oposição Leopoldo López – e é acusado por grupos de defesa dos direitos humanos de detenções ilegais e tortura.

*Informações do Portal IMPRENSA, El País, Estadão e Último Segundo.

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Jornal ‘La Hora’ protesta contra o controle do governo equatoriano

A imprensa equatoriana agora está concentrada no debate sobre o que deve ser considerada informação de interesse público. Três dias se passaram desde que o jornal La Hora entrou com pedido de direito à resistência, ao decidir não pagar a multa de 3.540 dólares (10.600 reais) imposta pelo órgão de controle dos meios de comunicação do Equador por não difundir a prestação de contas do prefeito da cidade de Loja. A redação do veículo fez uma pausa e seus jornalistas contaram na mesa de reuniões o que escutaram nas ruas. “Dizem que o Governo quer nos quebrar… nos felicitam por nossa coragem… há muito apoio”. O editor-geral, Luis Eduardo Vivanco, declara sobre a rebeldia: “Se não tivéssemos nos declarado em resistência, teríamos aceitado que o poder político imponha os conteúdos e isso seria nefasto para todos que fazem jornalismo”. Em nota divulgada nesta segunda-feira (18), o La Hora afirma que, por meio de seu advogado, vai apresentar uma Ação de Proteção contra a multa imposta pela Superintendência de Comunicação (Supercom).

Audiência La Hora-Foto-reprodução TwitterUma audiência, ocorrida em 4 de maio, foi originada pela denúncia feita na Supercom em 27 de março pelo prefeito de Loja, José Bolívar Castillo Vivanco, e o procurador da cidade, Álvaro Reyes Abarca, que consideraram que La Hora não havia dado suficiente cobertura à prestação de contas do prefeito. De acordo com a acusação, o jornal teria infringido os artigos 18 e 10, inciso 3, alínea f) da Lei Orgânica de Comunicação (LOC), que fazem referência à proibição de censura prévia. O artigo 18 estipula, entre outros, que “os meios de comunicação têm o dever de cobrir e difundir os fatos de interesse público. A omissão deliberada e recorrente de temas de interesse público constituem ato de censura prévia”.

Segundo recordou a defesa do jornal, a Corte Constitucional determinou que o Conselho de Regulação e Desenvolvimento da Informação e Comunicação (Cordicom) deveria expedir normativas para estabelecer os parâmetros para definir informação de “interesse público”. Algo que não aconteceu até o momento. “Sim, estamos diante da possibilidade de que as autoridades públicas ditem aos meios livres o que devem publicar, caso contrário: multa”, disse Luis Vivanco, em um artigo publicado em 30 de abril. “Querem nos obrigar a publicar o que eles consideram de interesse para seus fins políticos, atropelando todo critério de independência midiática”.

Em várias oportunidades, a Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) expressou sua preocupação pelo uso da LOC para restringir a liberdade de expressão. Em uma carta enviada ao Estado do Equador, quando a LOC foi aprovada, a Relatoria Especial manifestou sua preocupação sobre os pontos que poderiam por em risco o direito à liberdade de expressão no marco desta nova lei.

Resistência

O jornal La Hora e suas filiais receberam mais de dez denúncias. Pagaram à Superintendência de Comunicação cerca de 14.000 dólares (42.000 dólares) pela divulgação antecipada de critérios judiciais em dois casos policiais. veículo já havia se declarado em resistência em março passado, quando se negou a pagar uma multa de 1.770 dólares (5.300 reais) por não ter identificado como publicidade a carta aberta escritapor um representante do Conselho de Participação Cidadã a Rafael Correa. Desde então a situação do jornal não tem sido fácil. Os jornalistas têm cada vez mais dificuldade para trabalhar. “É um ambiente de pressão, você se cuida muito mais, no momento de escrever precisa se cuidar porque não sabe em que ponto podem atacar”, conta Andrea Grijalva, que cobre saúde e educação. “É bonito defender o jornalismo, mas quando as regras do jogo não são claras, pensamos duas vezes antes de escrever algo ou de fazer certas perguntas”. Além disso, as fontes oficiais estão fechadas para os jornalistas do La Hora.

O órgão de controle da mídia, em seu relatório de 2014, afirmou que havia emitido 113 sanções contra os meios de comunicação. A maioria tinha sido advertências escritas e pedidos de desculpas públicas e retificações. Mas também há multas por não publicar as retificações, por não publicar a tiragem, por não entregar cópias dos programas, por não etiquetar o tipo de conteúdo jornalístico (informação, opinião, entretenimento ou publicidade), por tomar postura institucional e por publicar conteúdos discriminatórios ou restritos como os relacionados a menores de idade.

*Informações do El País, La Hora e Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.

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