ABI BAHIANA Notícias

ABI promove reunião para discutir reabertura da Casa de Ruy Barbosa em Salvador

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) recebeu, na manhã desta segunda-feira (6/6), o diretor da Faculdade Ruy Barbosa (FRB), Cristiano Aguiar, para tratar da situação do Museu Casa de Ruy Barbosa, cuja gestão está a cargo da instituição de ensino do grupo DeVry, através de uma parceria. O prédio, situado numa área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), foi alvo de “Reforma Simplificada” no final de 2015.

A Faculdade Ruy Barbosa conseguiu autorização do órgão para realizar reparos no telhado, pinturas internas e externas do imóvel localizado na Rua Ruy Barbosa,  nº 12 – Centro Histórico. De acordo com Aguiar, as intervenções, fundamentais para resguardar o acervo, são parte do esforço para reabrir a Casa para visitação.

20160606_100659O presidente da ABI, Walter Pinheiro, esteve acompanhado pelo diretor de Patrimônio, Luís Guilherme Pontes Tavares, e pela museóloga da entidade, Renata Ramos. O dirigente falou do potencial do museu e destacou a procura por parte principalmente de pesquisadores e turistas. Mas, ressaltou as dificuldades de movimentar o espaço. “Nosso objetivo é a reabertura da Casa, dar movimento, contribuir para a preservação da nossa memória”. Segundo ele, hoje, a localização do prédio impõe algumas barreiras para o desenvolvimento de atividades porque o Centro Histórico convive com problemas graves. “O principal ponto é a falta de segurança, que afasta as pessoas. A reativação do local pode ajudar na valorização da região”, afirma.

Em 1935, a ABI reivindicou e conseguiu a posse da casa de Ruy Barbosa. Após uma redefinição das suas instalações, o museu passou a oferecer um acervo mais rico sobre a vida do ilustre jurista. Foi possível recuperar a coleção de retratos de Ruy Barbosa, móveis e livros doados. Desde então, a ABI realizou eventos, como o aniversário de Ruy Barbosa.

publicidade
publicidade
Artigos

Opinião: Amar a cidade

Por Aloísio da Franca Rocha Filho*

Não se ama uma cidade apenas porque aí se nasce. O amor à pessoa, natural, precede o amor à cidade. O amor à cidade é um sentimento mais tardio. Chega com a idade da razão, a percepção, a inteligência e o sentimento do indivíduo antenados à vida prosaica urbana que estimula gostos por lugares naturais e espaços urbanos, o que neles se constroem ou não para o convívio social. Por isso, o amor à cidade jamais escapou dos laços afetivos dos indivíduos. Suas confissões públicas lotam a literatura, as artes, a filosofia, a arquitetura, a canção. O exemplo maior procede mais uma vez da Antiguidade e de duas cidades ícones e rivais: Atenas e Esparta.

Este tema – o amor à cidade – recentemente alimentou-se de uma boa nova que lhe deu asas. O Rio de Janeiro.  Primeira cidade do mundo a receber o título de  Patrimônio Artístico Mundial como Paisagem  Cultural, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Nada mais justo para o Rio, para os cariocas, e por que não para nós brasileiros que, de há muito, nos deleitamos com o Rio, ele mesmo uma paisagem, incrustado em belas paisagens. Talvez até um reconhecimento tardio desta obra de Deus que a mão do carioca ora conserva e melhora ora agride e mexe para baixo a sua beleza. Coisas próprias do ser humano atuando como uma “espécie de deus protético” (Freud),que deambula daqui para ali com suas criações na busca da felicidade, mas parece hoje não se sentir feliz com tal semelhança.

O Rio de Janeiro continua lindo. Com todos os seus problemas. A sua recente descoberta pelo olho mundial pós-moderno confirma o que o Rio fotografou de há muito no olho da tradição e entre nós: beleza e sedução.

Mas um pedaço da Bahia, o Centro Histórico de Salvador e nele encravado o Pelourinho, também  recebeu em 1985, o honroso titulo de Patrimônio Artístico e Cultural da Humanidade da mesma UNESCO. Menos pela passagem do dedo de Deus por ali (embora não Lhe faltem invocações),mas mais pelo reconhecimento do seu valioso acervo arquitetônico historicamente marcado pelos trabalhos do senhor e do escravo, do artesão e do homem livre, enfim, da carne na pedra.

Seus frutos: igrejas e conventos, sobrados e monumentos, praças e fontes, ruas e calçadas, calhas e esgotos. Ali circulavam homens, mulheres e crianças para seus trabalhos e lazeres, o comércio do suprimento e reposição de mercadorias, o sobe e desce das gentes da cidade alta para a baixa. O Centro Histórico e o Pelourinho eram um lugar de uso, de concentração de serviços, de equipamentos públicos  e também de odores.

No passado recente projetos equivocados contribuíram para evanescer essa mobilidade. Hoje desértico, perigoso, um oásis da droga e do crime. Ao turista resta a foto-lembrança de um espaço público em decomposição. Contudo, lá sopra o que mais sutil se move e se reinventa: o vento fresco, colonial e  barroco da acrópole na cara dos passantes a rodopiar, ainda, as saias das mulheres baianas e das turistas.

Vivemos então em uma cidade também porque a amamos, e desejamos continuar neste território.  A perda de um espaço público dessa magnitude cultural debilita a sociabilidade, rebaixa a nossa auto-estima, cava um lugar de dor no nosso corpo.

Tanto mais quando uma cidade, ou parte dela, ganha foros de Patrimônio Cultural da Humanidade. Aí ela dá um salto. Ela que nunca foi só de seus filhos – muitos ainda pensam assim- mas, de todos os que a pretendem, se alarga.  Neste sentido, ela não se globaliza, se mundializa. Sem amor uma cidade não vive. Nem resiste.

Os atuais poderes público municipal e estadual conservam  este patrimônio da Humanidade na Bahia? Os futuros o revitalizarão?

Amar aqui é verbo transitivo. Amar a cidade. No plano da língua estamos salvos porque carece totalmente poder ao poder político a metamorfose do transitivo em intransitivo. Mas este poder político pode deixar morrer parte do Centro Histórico de Salvador (Pelourinho), espaço significativo da cidade e aqui objeto do transitivo amar. Se o poder político chegar até lá dolorosamente perguntaremos: amar o quê?

*Aloísio da Franca Rocha Filho é jornalista e diretor da ABI – Associação Bahiana de Imprensa. Originalmente publicado no Jornal A Tarde.

publicidade
publicidade
ABI BAHIANA Notícias

Abraçaço clama pela restauração do Palácio Arquiepiscopal

A Associação Bahiana de imprensa (ABI) e o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) reuniram representantes de entidades da sociedade civil, professores e estudantes de Salvador, na manhã desta quarta-feira (13), para o “abraçaço” do Palácio Arquiepiscopal, localizado na Praça da Sé (Centro). O abraço simbólico, que integra o ciclo “Três novos endereços de Cultura”, é a terceira atividade que as duas instituições realizam este ano com o propósito de reivindicar o início da obra de restauração do Palácio, monumento da arquitetura religiosa construído na primeira metade do século XVIII e que serviu de residência do arcebispado primaz do Brasil, tendo sido tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938.

Abraçaço_Palácio Arquiepiscopal - Foto: Joseanne Guedes/ABI
Concentração do abraçaço na fachada do Palácio Arquiepiscopal, Praça da Sé.

O debate sobre a situação da primeira sede do governo primaz da Igreja Católica, iniciado no dia 22 de abril, com a palestra do arquiteto e professor Francisco Senna, foi retomado no dia 29 de maio pelo arcebispo de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger. No último dia 29, a Arquidiocese de São Salvador da Bahia e a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na Bahia apresentaram o projeto de restauração do edifício para implantação do primeiro Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil. De acordo com o arcebispo dom Murilo Krieger, a Igreja Católica tem o projeto pronto e está concluindo a captação de recursos para a obra. Ele anunciou que o BNDES financiará 50% e a outra metade será arcada pelo Banco Itaú e por uma terceira instituição a ser anunciada em breve.

A professora Consuelo Pondé de Sena, presidente do IGHB, continua expressando descrença, mesmo após a apresentação do projeto. Para ela, falta vontade política, além de conscientização dos baianos para efetivar o plano de restauro. “Queremos salvar o prédio que está à beira da destruição total, já que casa fechada é casa perdida. Eu acho um atentado, um crime contra o patrimônio deixar essa casa desativada. Eu não acredito nesse projeto e não tenho nenhuma expectativa. Lamentavelmente, aqui na Bahia, se faz um movimento, as coisas são estimuladas e depois cai tudo no marasmo”.

“Eu quero acreditar, mas tenho dúvidas porque o IPHAN tem o hábito de fazer tombamentos dos bens patrimoniais e não ajudar a resolver os problemas, como fez com o IGHB. Os projetos não funcionam na Bahia, a menos que se tenha um ‘padrinho’. Carlos Amorim [superintendente do IPHAN], para mim, conversa muito e fica nisso. De conversa já estou cheia, eu quero é ação”. A historiadora lembrou, ainda, a atuação do Instituto no episódio de derrubada da Sé. “Perdemos, como tantas outras instituições, mas não podemos ficar parados. Temos que bradar”, defende.

Leia também:

Segundo o presidente da ABI, Walter Pinheiro, o abraçaço acontece depois de duas semanas da apresentação do projeto, com o objetivo de incentivar no início das obras. “Junto ao IGHB, estamos atuando em favor da comunidade baiana, porque é inexplicável que um imóvel com essa expressão, localizado nessa posição de ampla visibilidade, e que é tombado pelo IPHAN, se encontre dessa forma degradante. Há pouco, ouvi turistas perguntarem ‘o que é esse prédio?’ e ficarem surpresos ao saber que se trata de uma construção histórica ligada à Arquidiocese e que está fechada há mais de uma década”.

“Para nós, da ABI, é ainda mais chocante porque estamos logo aqui na frente, nos deparando diariamente com esse quadro de abandono. Várias matérias foram feitas para retratar a necessidade de recuperação. Acompanhamos, inclusive, a elaboração do projeto. Sabíamos das dificuldades do governo para investir, mas é importante salientar que esse é um imóvel que completará 300 anos em 2015. Ele merece agilização na liberação do IPHAN, no aporte dos recursos necessários para o início das obras e o objetivo da ABI é dar um empurrão nesse processo”, concluiu Pinheiro.

Estudantes tiveram a oportunidade de conhecer a história do Palácio
Estudantes tiveram a oportunidade de conhecer a história do Palácio

Para a idealizadora do abraçaço, a administradora Alba de Aguiar, que é neta do advogado Manoel Pinto de Aguiar (1910-1991), a apresentação do projeto não deve desmotivar o movimento em busca da recuperação do Palácio. “Temos conhecimento sobre o projeto de restauração, participamos da reunião e sabemos do andamento porque acompanhamos todas as discussões referentes ao prédio. Mesmo assim, não podemos deixar de chamar a atenção da sociedade para a importância de recuperá-lo. Ele é uma joia, uma preciosidade do nosso patrimônio e a gente não vai descansar até que ele esteja a salvo”.

A estudante do 7º semestre do curso de História da Unijorge, Mariana do Carmo, comemorou a presença de estudantes dos ensinos fundamental e médio na cerimônia de abraçaço. “Esse ato é importante porque reclama a preservação de um imóvel que, embora seja símbolo de poder e opressão da Igreja, deve ser preservado por sua relevância histórica. É importante que as crianças conheçam a história da cidade, por meio de sua arquitetura, que aprendam a valorizar o nosso rico patrimônio histórico, do qual cuidamos muito mal. Precisamos lutar pela preservação não apenas do Palácio, mas de todo o Centro Histórico. Uma prova disso é que o Palácio Rio Branco, onde eu estagio, que é menos preservado do que o Memorial da Câmara, por exemplo”, afirmou.

publicidade
publicidade
ABI BAHIANA Notícias

ABI e IGHB promovem abraço simbólico no Palácio Arquiepiscopal

Em parceria com o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), a Associação Bahiana de imprensa (ABI) promoverá no dia 13 de agosto, às 9h30, a cerimônia de “abraçaço” do Palácio Arquiepiscopal, localizado na Praça da Sé, em Salvador. O abraço simbólico, que integra o ciclo“Três novos endereços de Cultura”, é a terceira atividade que as duas instituições realizam este ano com o propósito de auxiliar o início da obra de restauração do Palácio, monumento da arquitetura religiosa do início do século XVIII, que completará 300 anos em 2015 e passa por intenso processo de arruinamento.

Após denúncias de abandono, o imóvel será restaurado para abrigar o primeiro Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil - Foto: Joseanne Guedes/ABI
Após denúncias de abandono, o imóvel será restaurado para abrigar o primeiro Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil – Foto: Joseanne Guedes/ABI

O debate sobre a situação da primeira sede do governo primaz da Igreja Católica, iniciado no dia 22 de abril, com a palestra do arquiteto e professor Francisco Senna, foi retomado no dia 29 de maio pelo arcebispo de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger. No último dia 29, a Arquidiocese de São Salvador da Bahia e a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na Bahia apresentaram o projeto de restauração do edifício para implantação do primeiro Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil.

De acordo com o arcebispo dom Murilo Krieger, a Igreja Católica tem o projeto pronto e está concluindo a captação de recursos para a obra. Ele anunciou que o BNDES financiará 50% e a outra metade será arcada pelo Banco Itaú e por uma terceira instituição a ser anunciada em breve. Dom Krieger salientou que está ansioso para que a obra seja iniciada e informou que o andar superior do Palácio será ocupado por ele para os despachos e para reuniões e recepções.

Leia também:

SERVIÇO

O que: Abraçaço do Palácio Arquiepiscopal de Salvador

Quando: Dia 13 de agosto, às 9h30

Onde:  Praça da Sé – Centro

Mais informações:[email protected]

publicidade
publicidade