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FIJ diz que Covid-19 aumentou desigualdades entre homens e mulheres jornalistas

A desigualdade entre homens e mulheres no trabalho é um problema global, intensificado pela pandemia do novo coronavírus. Foi o que constatou o levantamento “Os efeitos da Covid-19 em mulheres jornalistas”, realizado pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ ou IFJ, na sigla em inglês). O estudo ouviu 558 mulheres jornalistas sobre aspectos como salário, conciliação da vida privada com a profissional, promoção, responsabilidades, entre outros. 55,60% das profissionais ouvidas reconheceram que a pandemia provocou mais desigualdades de gênero no setor.

A principal consequência citada por elas foi na conciliação do trabalho com a vida privada, apontada por 62% das entrevistadas, seguida das responsabilidades no trabalho (46%) e salários (27%). Com o resultado em mãos, a IFJ, maior organização mundial de jornalistas profissionais, e seu Conselho de Gênero pedem às organizações de mídia e sindicatos que façam da igualdade de gênero uma prioridade em suas respostas à pandemia e exijam medidas concretas para proporcionar às jornalistas condições de trabalho adequadas.

•Nível de estresse: mais de 75% das entrevistadas sentiram aumento, metade delas apontando várias tarefas como a causa principal;
•Saúde: mais da metade disse que sua saúde foi afetada, o que resultou em quase 75% de casos de problemas de sono;
•Equipamento de proteção: apenas 4 em cada 10 mulheres jornalistas afirmaram ter recebido de seus empregadores;
•Sindicatos: mais da metade das entrevistadas afirmam que os sindicatos não desenvolveram estratégias específicas para combater as desigualdades de gênero durante a pandemia;
•Teletrabalho: 60% disseram que sua empresa havia definido algum tipo de protocolo;
•Assédio: mais de 75% das entrevistadas disseram que o nível de assédio (incluindo on-line) e bullying não aumentou durante a crise;
•Local de trabalho: 1/3 das entrevistadas afirmou que trabalhava “principalmente em casa” e 1/3 trabalhava principalmente no escritório. 15% trabalhavam principalmente em campo;

Medo de perder emprego e conciliação com tarefas domésticas

As entrevistadas listaram diversas razões como causas do estresse, incluindo trabalho isolado, intimidação de chefes, cuidados familiares e educação em casa, tensões domésticas, aumento da carga de trabalho e os prazos apertados habituais, longas horas de trabalho, impacto psicológico da cobertura da Covid e medo de perda de emprego.

Uma jornalista da Indonésia disse: “Receio perder o trabalho. Algumas mídias fecharam ou cortaram seus colaboradores e diminuíram seus salários de nível médio-alto. Receio que meu escritório também feche. Também estou estressada com a conexão com a internet e a excessiva atenção na frente do laptop o dia todo e a noite”.

“Em todos os casais heterossexuais, sei que a mulher suportou o peso da situação”, disse uma jornalista da Espanha. “As mulheres estão trabalhando em casa, fazendo malabarismos com as crianças e educando as crianças ao lado de seu trabalho. Algumas tiveram horas reduzidas para lidar com isso, outras tiveram que arriscar a saúde de seus pais vulneráveis por cuidar dos filhos, em vez de o pai assumir metade dessas tarefas”.

Os entrevistados fizeram recomendações concretas para melhorar os protocolos de teletrabalho, como a necessidade de os empregadores fornecerem equipamento de trabalho adequado, incluindo internet banda larga adequada, definir horários e intervalos de trabalho e entender a realidade de trabalhar em casa enquanto cuidam de crianças.

No geral, a maioria das entrevistadas concordou que as melhores estratégias para alcançar um novo normal de gênero eram de natureza econômica: mais financiamento, melhores salários, mais oportunidades de progressão na carreira. “A luta pela igualdade de gênero deve ser encarada como uma prioridade. O equilíbrio entre o horário privado e o horário de trabalho deve ser claramente indicado. A igualdade salarial deve ser considerada o novo ‘normal’”, disse uma fotógrafa da Suíça.

Maria Angeles Samperio, presidente do Conselho de Gênero do IFJ, cobrou ações dos sindicatos e das empresas. “A mídia e os sindicatos devem fazer muito mais para combater as desigualdades de gênero e levar em conta a conciliação do trabalho e da vida privada nesses tempos turbulentos. Eles devem ouvir os apelos de mulheres que foram profundamente afetadas por durante a Covid-19 e responda a elas. É hora de estabelecer políticas adequadas de teletrabalho, garantir apoio às mulheres como carreiras familiares e oferecer trabalho decente e remuneração igual”.

O secretário-geral do IFJ, Anthony Bellanger, disse: “Apelamos às nossas afiliadas para colocarem a igualdade de gênero no topo de sua agenda e refletir sobre a melhor forma de apoiar suas afiliadas. Esse apoio inclui fornecer dados sobre mulheres na profissão, integrar gênero em todas as atividades, oferecer treinamento, colocar mulheres em papéis de liderança nas estruturas dos sindicatos, estabelecer comitês de mulheres e políticas de gênero e negociar melhores acordos para mulheres”.

Leia a pesquisa.

*Informações do Portal Imprensa.

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ABI BAHIANA

ABI lamenta a morte de Baga de Bagaceira Souza, jornalista e ativista LGBTQIA+

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) lamenta profundamente o falecimento de Baga de Bagaceira Souza, jornalista, performer, ativista pelos direitos LGBTQIA+ na Bahia, com forte atuação no Recôncavo. Nesta sexta-feira (10), Baga tornou-se uma provável vítima do novo coronavírus, já que, segundo informa o atestado de óbito, a causa da morte foi “Síndrome Respiratória Grave Aguda com suspeita de covid-19”. Aos 28 anos, Baga morreu por volta das 2h no Hospital Regional Dantas Bião, em Alagoinhas. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Jardim Paraíso da Saudade.

Baga de Bagaceira Souza Campos era mestre em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação – Mídia e Formatos Narrativos – da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na linha de pesquisa Mídia e Sensibilidades (Leia a dissertação “CHOQUEER DE MONSTRO: Tikal Babado e Pai Amor e os modos de sentir e perceber suas vestes em Cachoeira-Ba”). Possuía formação na área de Comunicação Social com ênfase em Jornalismo pela mesma Instituição (2017) e atualmente cursava doutorado em Cultura e Sociedade na UFBA. Amigos, familiares e professores manifestaram pesar nas redes sociais.

Em seu texto “Como a avalanche da fake news contribui para o ódio à população LGBTQ+”, escrito para este site, Baga falou das formas e usos da tecnologia nos embates antagônicos em que envolvem-se as opressões e os enfrentamentos às violências direcionadas à população LGBTQ+ e sobre como essa população vem usando as redes para expandir suas afetuosidades e reclamar por mais direitos, além de denunciarem casos de ódio.

Leia textos que Baga de Bagaceira escreveu para o site da ABI:

Baga de Bagaceira usava a arte como forma de expressão de sua luta pelos direitos LGBTQIA+ na Bahia | Foto: Reprodução

Performer, Baga usava a arte como forma de expressão de sua luta. Já realizou apresentações em eventos acadêmicos, entre as quais destacam-se as performances no IFBA, Unifacs (campus de Feira de Santana-BA) e UFS (campus de São Cristóvão-SE).

Integrava o grupo de Pesquisa Corpo e Cultura (CNPQ), coordenado pela professora Renata Pitombo Cidreira, desde 2014 na linha de pesquisa Corpo e Expressão. Era membro do Comitê de Acompanhamento de Políticas Afirmativas e Acesso à Reserva de Cotas (COPARC) da UFRB e do Coletivo estudantil Aquenda de diversidade sexual e de gênero. Era representante dos estudantes no colegiado do Mestrado em Comunicação/UFRB (gestão 2017-2019).

*Com informações de Jorge Gauthier para o “Me Salte” (Jornal Correio).

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ONG registra 127 jornalistas mortos pelo novo coronavírus. 14 só no Brasil

A ONG suíça Press Emblem Campaign (PEC), com sede em Genebra,  informou em seu site (leia em inglês) que entre 1º de março e 31 de maio morreram pelo menos 127 jornalistas em 31 países por causa da pandemia de Covid-19, sendo 14 apenas no Brasil. A entidade aponta que a causa da infecção dos profissionais de imprensa reside no front do combate, como os hospitais, centros médicos, laboratórios, cemitérios e outros locais onde reportam suas matérias. A organização adverte que o número de mortos pelo novo coronavírus pode ser bem maior, devido às falhas de notificação e à baixa testagem.

Por regiões, o número de jornalistas mortos pela Covid-19  foi maior na América Latina, com 62 casos, seguidos pela Europa com 23,  Ásia 17, EUA/Canadá 13 e África 12. No site da Press Emblem Campaign consta o nome da maior parte das vítimas e pequeno obituário.

A principal atividade da PEC é defender a liberdade de imprensa e monitorar mundialmente as atividades do setor. Entre suas tarefas constam ações de divulgação do conhecimento e práticas jornalísticas, produção de estatísticas abrangendo a indústria jornalística, assim como os serviços conexos como o de comunicação empresarial e relações públicas. A ONG tem sido um braço informal da ONU e suas principais fontes são as associações nacionais do trade. Na pandemia, a entidade apura os óbitos de jornalistas e comunicadores.

Segue abaixo a lista dos 14 jornalistas brasileiros que faleceram pela pandemia e foram registrados no levantamento da PEC:

  1. Alexandre Rangel, Ceará
  2. Alfredo Menezes, 72 anos, Maranhão
  3. Emery Jussuer Costa, 74 anos, Rio Grande do Norte
  4. Fernando Sandoval, 78 anos, S. Paulo
  5. Jesus Chediak, 78 anos, Rio de Janeiro
  6. José Augusto Nascimento Silva, 57 anos, Rio de Janeiro
  7. Lauro Freitas Filho, 61 anos, Rio de Janeiro
  8. Manuel Gomes Silva, Paraíba
  9. Marcelo Bittencourt. 68 anos, S. Paulo
  10. Mário Garçone, Rio de Janeiro
  11. Renan Antunes, 71 anos, Santa Catarina
  12. Roberto Augusto dos Santos, Amazonas
  13. Roberto Fernandes, 61 anos,  Maranhão
  14. Uliana Mota, 33 anos, Pará

*Informações do Portal IMPRENSA

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Crescimento de casos de Covid-19 nos veículos de comunicação preocupa Sinjorba

Oito profissionais testaram positivo na Rede Bahia, entre as equipes da TV Bahia e TV Santa Cruz, sendo um jornalista. Um motorista do jornal A Tarde apresentou a doença, um jornalista da Record TV Itapoan testou positivo, enquanto outro está sob suspeita. Os casos foram divulgados pelo Sinjorba – Sindicato dos Jornalistas do Estado da Bahia. O avanço do novo coronavírus sobre os jornalistas e demais profissionais da comunicação na Bahia tem preocupado a entidade, que desde o início da pandemia cobra medidas para garantir a segurança da categoria.

Em matéria divulgada neste domingo (24), o Sinjorba lembra que, antes mesmo da confirmação desses casos, já havia solicitado à Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) a inclusão dos jornalistas e demais profissionais de imprensa nos grupos de testagem para Covid-19 (aqui). Em 16 de março, início da quarentena, a entidade enviou documentos a todos os veículos de comunicação, com procedimentos e orientações que poderiam ser adotadas pelos profissionais e pelas empresas para evitar a exposição à doença (aqui). No dia 25 de março, a entidade endereçou ao secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas Boas, ofício solicitando vacinação de jornalistas contra o vírus Influenza.

O Sindicato também chegou a enviar, no dia 2 de abril, ofício ao governador Rui Costa, em que ressalta a gravidade da crise de saúde pública e pede para que “os profissionais de imprensa sejam incluídos entre os grupos que receberão as vacinas contra influenza, em campanha já iniciada pelas prefeituras baianas”. A comunicação destacou o decreto federal 10.288, de 22 de março de 2020, define os serviços relacionados à imprensa como essenciais e que os profissionais devem receber medidas para evitar adoecimento. Em novo ofício enviado à Sesab no último dia 13, o Sinjorba insistiu na inclusão de jornalistas e radialistas no grupo para teste da covid-19.

“Como as autoridades nem sequer respondem, vamos ao Ministério Público. Pedi ao advogado hoje para providenciar isso”, revelou Moacy Neves, presidente do Sinjorba. O dirigente considera a vacinação e a testagem ações essenciais para o cumprimento do inciso 3º, artigo 4º do decreto 10.288. Para ele, é necessário que as empresas ajam com transparência ao tratar dos cuidados preventivos que estão tomando, já que diz respeito à saúde dos trabalhadores. “Queremos que os veículos se responsabilizem pela testagem dos jornalistas. Além disso, é necessário mais cuidados com os profissionais que precisam ir às ruas, não enviando o trabalhador para uma pauta em transporte comunitário, por exemplo, bem como somente em situações extremas, evitando coberturas desnecessárias, além de fornecer EPIs regularmente”, reivindica.

“O jornalismo foi considerado serviço essencial, mas não foi incluído nas medidas para evitar o contágio da covid-19 e nem nas campanhas de vacinação contra a gripe”, reclama Fernanda Gama, vice-presidente da entidade. Ela destaca que poucas prefeituras atenderam ao pedido do Sindicado pela inclusão dos profissionais de imprensa na campanha de vacinação contra o H1N1. “Diante da falta de coerência das autoridades, que decretam a essencialidade do serviço mas não criam condições para isso, cabe às empresas tomar providências e cuidados para preservar a saúde dos profissionais”, completa Fernanda.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) enviou em março ofício ao Ministério da Saúde, solicitando a inclusão dos jornalistas no grupo prioritário de vacinação da gripe (Influenza A (H1N1), Influenza B e Influenza A (H3N2). Isso para garantir que os municípios recebam mais doses da vacina. No entanto, de acordo com calendário divulgado pelo MS, a Campanha Nacional de Vacinação entrou na terceira e última fase (será encerrada no dia 5 de junho), sendo que até agora as entidades não obtiveram resposta positiva sobre a imunização da categoria.

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