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Governo convoca Guarda Nacional em Ferguson para conter a violência

DEU NO G1

(AFP) – O governador de Missouri, Jay Nixon, ordenou nesta segunda-feira (18) a mobilização da Guarda Nacional para ajudar a polícia a restabelecer a ordem na cidade de Ferguson, abalada há vários dias por distúrbios relacionados com a morte de um jovem negro em uma ação policial. Os protestos e a violência não param em Ferguson desde que, em 9 de agosto, um policial branco matou a tiros o jovem negro Michael Brown, de 18 anos, que estava desarmado. No domingo (17) à noite, a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar manifestantes que saqueavam lojas. Os oficiais também foram alvos de ataques com coquetéis molotov e tiros.

“Diante dos atos violentos deliberados, coordenados e cada vez mais enérgicos contra pessoas e bens em Ferguson, ordeno que a Guarda Nacional de Missouri ajude a polícia a restaurar a paz e a ordem na comunidade”, anunciou o governador. As escolas locais anunciaram a suspensão das aulas em Ferguson nesta segunda em consequência da “violência em algumas áreas e no interesse da segurança dos estudantes e das famílias”.

Domingo

Manifestação em Ferguson_Foto Lucas Jackson-ReutersOs protestos pacíficos de domingo foram “abalados por atos de violência criminal, obra de um grupo organizado e crescente de indivíduos, muitos deles procedentes de fora da comunidade e do estado do Missouri”, destacou Nixon em um comunicado. Entre os atos criminosos registrados horas antes do toque de recolher diário a partir da meia-noite, Nixon citou tiros contra a polícia, tiros contra um civil, o uso de coquetéis molotov, saques e uma tentativa coordenada de bloquear estradas.

De acordo com Ronald Johnson, novo chefe de polícia de Ferguson, os atos foram resultado de uma “agressão preparada”. O policial afirmou em uma entrevista coletiva que pelo menos dois manifestantes foram feridos a tiros, mas não revelou o número de detenções. “Estávamos protestando pacificamente quando começaram a usar gás lacrimogêneo do nada. Sei o que é gás lacrimogêneo, o rosto ardia”, disse Lisa Williams, ex-soldado do exército americano.

Presença do governo federal

Diante da violência crescente, o governo federal decidiu ter mais envolvimento na investigação. Nesta segunda-feira o secretário de Justiça, Eric Holder, informará ao presidente Barack Obama sobre a violência em Ferguson, anunciou a Casa Branca. “Nosso objetivo imediato é garantir a segurança dos moradores de Ferguson, o fim dos saques e do vandalismo, e que as pessoas que vivem na comunidade confiem que a justiça será feita”, afirmou uma conselheira de Obama, Valerie Jarrett.

Agentes do FBI estão interrogando testemunhas do tiroteio que matou Michael Brown. O Departamento de Justiça anunciou no domingo que solicitará uma segunda necropsia do cadáver de Brown, em consequência das “circunstâncias extraordinárias” de sua morte. Duas investigações estão em andamento sobre o caso e as controversas circunstâncias de sua morte. Uma é coordenada pelas autoridades locais e a outra pelo FBI. A polícia afirma que Brown morreu depois de reagir de forma agressiva e resistir à detenção. Mas Dorian Johnson, que acompanhava Brown quando ele foi baleado, afirmou que o jovem foi atingido quando estava com as mãos para o alto.

De acordo com o jornal ‘New York Times’ (NYT), que teve acesso a um relatório preliminar de uma necropsia solicitada pela família do jovem, Brown recebeu pelo menos seis tiros. O corpo de Brown apresenta dois tiros na cabeça e quatro balas no braço direito, segundo o NYT, que cita o médico Michael Baden, responsável pela análise.

A polícia divulgou uma gravação de um roubo ocorrido 20 minutos antes da detenção e morte de Brown, que mostra um jovem negro com altura similar à vítima roubando maços de cigarro em uma loja. A família se declarou “escandalizada” com o que considera versões manipuladas divulgadas pela polícia para, segundo denuncia, tentar ‘responsabilizar a vítima e desviar a atenção’.

*Fonte: France Presse via G1/Mundo

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A pacificação do Rio, agora manchada por um estupro coletivo

DEU NO EL PAÍS*

As 38 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas desde dezembro de 2008 em várias favelas do Rio de Janeiro estão definitivamente no olho do furacão. Depois de vários casos de corrupção e violência desenfreada que já vinham manchando a imagem de diversas unidades, o contingente pacificador destacado na favela do Jacarezinho, uma área da zona norte do Rio outrora conhecida como Faixa de Gaza, é agora alvo de uma denúncia de estupro tendo como vítimas três jovens de baixa renda, uma delas menor de idade. Segundo as vítimas, o crime foi cometido na madrugada de terça-feira por quatro agentes que já estão sob prisão preventiva e que serão julgados por tribunais da Polícia Militar. Dessa maneira, o mesmo projeto que surgiu sob a aprovação quase unânime dos principais especialistas em segurança pública enfrenta hoje uma crescente resistência por parte de um setor nada desdenhável das favelas ocupadas, e a nova denúncia solapa ainda mais a sua credibilidade.

“É um incidente muito grave, que demonstra que a relação entre a polícia e essas comunidades está muito longe do objetivo inicial do projeto das UPPs”, opina o sociólogo Ignacio Cano, especialista na questão da violência. Diante da gravidade do fato, a Polícia Militar se apressou em emitir uma nota afirmando que “as medidas adotadas serão rigorosas, incluindo a prisão e a possível expulsão da instituição [dos autores do crime, uma vez que se confirme sua culpa]. O comando da PM lamenta o episódio e repudia esse crime bárbaro, ressaltando que não coincide em nada com o comportamento que se espera de um policial”, conclui a nota.

“É uma reação positiva, já que se abre a possibilidade de uma investigação, algo que não tem sido frequente na Polícia Militar. Isso é fundamental para que se acredite no sistema e para que as pessoas continuem denunciando esses crimes”, comenta Cano.

Já a socióloga Jacqueline Pitanguy, coordenadora-executiva da ONG Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação (Cepia), afirma que “quando quem comete esse delito é um agente do Estado, a mulher passa a ser triplamente vulnerável, já que é muito mais difícil que sua denúncia chegue a bom porto e, o mais preocupante, que ela não sofra represálias”.

A agressão relatada pelas vítimas, que já identificaram os agressores entre 60 agentes apresentados para reconhecimento, aconteceu a poucos metros de umas das vias ferroviárias que cruzam a favela do Jacarezinho. Ali costumam se reunir consumidores de crack, fazendo dessa zona uma das cracolândias mais conhecidos da zona norte carioca. As operações policiais e de agentes sociais são permanentes na região, embora até agora não tenham conseguido acabar com o acampamento improvisado de consumidores.

Segundo os primeiros relatos, uma patrulha de seis agentes se aproximou das jovens e as obrigou a irem até um local próximo, onde o estupro coletivo teria ocorrido. O Instituto Médico Legal (IML) do Rio submeteu as vítimas a perícia para determinar a autoria do crime. Os soldados Gabriel Machado Mantuano, Renato Ferreira Leite, Wellington de Cássio Costa Fonseca e Anderson Farias da Silva, todos com menos de três anos de serviço na Polícia Militar, encontram-se detidos no presídio militar de Benfica, no Rio do Janeiro. Só um deles confirmou o estupro.

O episódio põe sobre a mesa o debate a respeito da violência sexual, frequentemente ofuscado pelas notícias de tiroteios, homicídios e autos de resistência no Rio de Janeiro. Pitanguy acredita que “enquanto o tráfico de drogas imperava nas favelas atualmente ocupadas pelas UPPs, as mulheres estavam mais indefesas. Uma vítima de violência doméstica ou sexual dificilmente podia sair da comunidade e denunciar [o caso] à polícia”.

Segundo dados contabilizados no Dossiê Mulher, elaborado anualmente pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, o número de estupros no Estado vem crescendo exponencialmente desde 2008. Em 2012 (6.029 casos), 82,8 % das agressões sexuais tiveram como vítimas mulheres, a maioria entre 5 anos e 19 anos de idade, brancas ou pardas, e solteiras. De acordo com Cano, “não se sabe se esse aumento se deve ao fato de que as pessoas denunciam mais ou à ocorrência de mais estupros”.

Pitanguy acrescenta que “a partir do momento em que a violência sexual tem uma maior visibilidade pública e passa a ser um fenômeno descrito nas estatísticas criminais, já estamos diante de um avanço. O mais perigoso é quando é invisível, quando não é contabilizada e quando não há espaços para denúncia. Durante muitas décadas, no Brasil, essa era a situação”.

*Francho Barón para o El País (Edição Brasil)

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Jornalista defensor de direitos humanos é encontrado morto na Rússia

Timur Kuashev, repórter da revista russa Dosh, foi encontrado morto na última sexta-feira (1/8), numa floresta na cidade de Nalchik, ao sul da Rússia. O jornalista, que denunciava crimes contra direitos humanos no país, havia desaparecido um dia antes e dizia ter recebido ameaças de autoridades locais.

De acordo com o site Caucasian Knot, cerca de 200 pessoas compareceram ao enterro de Kuashev no último sábado (2/8). A causa da morte ainda não foi revelada. Colegas de profissão e líderes sociais na região do Cáucaso, onde o jornalista atuava, afirmam que sua morte está relacionada ao trabalho em defesa dos direitos humanos.

A ONG Repórteres Sem Fronteira (RSF) também se manifestou sobre o caso. “A morte de Kuashev é mais um lembrete do preço exorbitante pago pelo jornalismo independente em certas repúblicas no Cáucaso Russo. A impunidade generalizada desfrutada por aqueles que atacam jornalistas na região deve ter um fim com urgência”, declarou Johann Bihr, chefe da pasta Europa Oriental da RSF.

Um artigo no Dosh disse: “Nós acreditamos que Timur foi sequestrado de sua casa. O celular, que ele sempre carregava, foi encontrado em seu apartamento”. Seu colega, Abakar Abakarov, acredita que em assassinato. “Seu corpo carrega todos os sintomas de envenenamento. Seus dedos ficaram enegrecidos. Há um sinal de uma injeção em sua axila e vermelhidão da pele. Não há dúvida de que foi um assassinato planejado e cometido por um profissional”.

Kuashev havia denunciado abusos aos direitos humanos cometidos pelas forças de segurança no decurso de operações antiterrorismo. Ele também criticou a política russa na Ucrânia. Em 21 de Maio, Kuashev foi preso sem explicações pouco antes do início de uma marcha comemorativa pelos 150 anos do fim da Guerra do Cáucaso. Na época, o jornalista afirmou que o simples objetivo era preveni-lo de cobrir o evento.

Fonte: Portal Imprensa, Caucasian Knot e The Guardian.

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A ONU acusa Israel e o Hamas de violar a lei internacional

DEU NO EL PAÍS

(BRUXELAS) – A máxima autoridade de direitos humanos das Nações Unidas, Navi Pillay, acusou nesta quinta-feira (31) tanto Israel como o Hamas de violarem a legislação humanitária internacional na Faixa de Gaza. Embora Pillay tenha censurado o grupo islâmico pelo lançamento de foguetes “de forma indiscriminada” a partir de zonas “densamente povoadas”, suas palavras foram especialmente duras com Israel, país que segundo ela age com total “impunidade” em sua ofensiva sobre a Faixa, que começou em 7 de julho e já provocou a morte de mais de 1.400 palestinos (a maioria civis) e 59 israelenses (quase todos soldados), além de 7.500 feridos.

“Estão desafiando deliberadamente as obrigações da legalidade internacional”, acusou Pillay, referindo-se ao Governo comandado por Benjamin Netanyahu, a quem exigiu que “preste contas” por sua ofensiva em Gaza e ponha fim “aos ataques e à ocupação”. As declarações de Pillay, uma das vozes mais críticas da ONU em relação à atuação das autoridades israelenses, chegam um dia depois da morte de 16 pessoas em um ataque contra uma das escolas da organização em Jabalia, onde 3.300 palestinos procuravam refúgio.

Pillay disse não confiar em uma investigação “adequada” de Israel a respeito dos ataques aéreos e terrestres em Gaza. Perante a inação dos responsáveis políticos israelenses, a alta comissária da ONU apelou ao sistema internacional de Justiça. “Quando um Estado não pode ou não está disposto a investigar as causas dos ataques e levar seus responsáveis a juízo, é preciso aplicar a Justiça penal internacional”, afirmou. “E não podemos esperar de Israel a prestação de contas através de procedimentos internos.”

Leia também: ONU pede cessar-fogo humanitário na Faixa de Gaza

Pillay aponta os EUA como um dos países que não estão exercendo “toda a sua influência” sobre o Executivo israelense, especialmente por não elevar a voz contra o Estado judeu no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral da ONU. Ela exortou ao restante da comunidade internacional a exigir de Israel que cumpra as suas “obrigações” legais. “Não podemos consentir que persista esta impunidade e que continuem sem prestar contas pelo acontecido”, disse ela, em um de seus últimos atos públicos no cargo.

Na mesma linha, o diretor UNRWA (agência da ONU para refugiados palestinos), Pierre Krähenbühl, criticou o bombardeio de uma das escolas pelas quais é responsável em Gaza. “Ultrapassamos o terreno da ação humanitária. É tempo de ação política e de depuração de responsabilidades. O ataque de Jabalia é uma das maiores falhas de proteção de que a comunidade internacional foi testemunha nos últimos anos”, afirmou. A UNRWA solicitou o equivalente a 135 milhões de reais para as necessidades dos 200.000 palestinos que tem acolhido.

O ministro espanhol de Assuntos Exteriores, José Manuel García-Margallo, apoiou no Parlamento uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que imponha às partes um imediato cessar-fogo em Gaza, diante do fracasso dos mediadores na busca por um acordo, informa Miguel González. A proposta contaria com o aval de Israel.

*Por Ignacio Fariza para o El País (Edição Brasil)

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