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Jornalistas e magistrados discutem justiça e imprensa na Bahia

Um é agente social fiscalizador, o outro, mediador com responsabilidade de decidir. Mas, quando o dever de informar com imparcialidade e rapidez esbarra na necessidade de exercer a lei e estabelecer condições dignas de convivência em sociedade, está na hora de estreitar os laços entre a imprensa e os profissionais da atividade jurídica. Representantes dos dois segmentos discutiram, na manhã desta quarta-feira (20), os vários aspectos da relação entre os magistrados e os jornalistas na Bahia. O encontro realizado no Sheraton da Bahia Hotel, no Centro da capital baiana, foi fruto de uma parceria entre a Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Associação dos Magistrados da Bahia (Amab) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba). Os limites da liberdade de expressão, restrições ao juiz na divulgação de informações processuais, responsabilidade do jornalista na produção da notícia, processos movidos contra jornalistas e a indústria dos danos morais foram os principais temas abordados.

Para abrir o encontro, o juiz Mário Albiani Junior falou sobre os limites e responsabilidade de atuação do jornalista. “Eu acredito que esse diálogo com a imprensa é fundamental para que se busque o caminho para evitar a excessiva judicialização, que tem abarrotado o Judiciário e impedido seu funcionamento. A liberdade de expressão constitui importante ganho político e social no Estado de Direito. A Constituição estabelece garantias como a liberdade de expressão e de imprensa, mas cabe ao Judiciário decidir a respeito desses temas sem ter a Lei de Imprensa. Diante desse vácuo legislativo, surgiu a indústria dos danos morais”, problematizou.

Foto: Nei Pinto/TJ-BA
Foto: Nei Pinto/TJ-BA

Quem comandou o segundo painel foi o jornalista e professor Sérgio Mattos, diretor da ABI, que tratou da judicialização do jornalismo. “Estamos atravessando um período em que o conceito de equilíbrio entre os três Poderes está sendo posto em cheque em face do fenômeno da judicialização. E esse processo tem atingido a imprensa na rotina de produção de conteúdo. É o que muitos têm chamado de ‘judicialização da pauta jornalística’”. Ele destacou que, nos últimos anos, tem acompanhado várias tentativas de cerceamento da liberdade de expressão com ajuizamento de ações contra os profissionais.

Ao final dos painéis, o público participou do debate com a mesa composta pelos palestrantes, além do presidente da ABI, Walter Pinheiro; o vice-presidente da ABI, Ernesto Marques; a presidente da AMAB, juíza Marielza Brandão Franco; a presidente do Sinjorba, Marjorie Moura; a juíza Carla Ceará, 2ª secretária da AMAB; e o advogado João Daniel Jacobina. Os presentes se manifestaram com dúvidas e comentários a respeito dos temas. Foram levantadas questões como processos movidos contra jornalistas, responsabilidade dos profissionais de comunicação e pontos de convergência entre a atuação das duas categorias.

A presidente do Sinjroba, Marjorie Moura, lembrou que ela é “um exemplo vivo” de uma jornalista tanto processada por um juiz quanto protegida e respeitada por outros. “Há alguns anos, participei de um grupo de jornalistas que fizeram reportagens sobre a venda de sentenças no Tribunal de Justiça da Bahia. O grupo foi processado por um desembargador citado na ação e alguns meses depois, o mesmo grupo ganhou o principal prêmio de reportagem oferecido pela Associação de Magistrados do Brasil. O grande problema entre jornalistas e magistrados é a falta de conhecimento mútuo sobre as rotinas de trabalho de cada grupo e o fato de que nossa atividade não pode perder a característica de ser audaz e invasivo, mas tem que respeitar os limites da lei”.

No encerramento, o presidente da ABI, Walter Pinheiro, destacou a necessidade de continuar o diálogo, inclusive, com outras edições do evento. “Que outros encontros ocorram com a participação de estudantes, OAB, Ministério Público e outros órgãos, para discutir temas que são importantes para todos nós e para a comunidade”. Para a presidente da AMAB, Marielza Brandão Franco, o encontro cumpriu seu objetivo. “Conseguimos a aproximação entre magistrados e imprensa e suscitamos a reflexão sobre os temas sugeridos. Vimos que, de parte a parte, há essa angústia no exercício da profissão, e vamos estreitar cada vez mais a relação e o diálogo para que a gente se conheça melhor e esclareça as dúvidas que temos”, disse.

*Com informações da AMAB/Metta Comunicação

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ABI BAHIANA

Papel social de jornalistas e magistrados é tema de encontro em Salvador

Associação dos Magistrados da Bahia (AMAB), em parceria com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba) e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI), vai promover o 1º Encontro Justiça e Imprensa na Bahia – “Atuação e o papel social de magistrados e jornalistas”, nesta quarta-feira (20), às 9h, no Sheraton da Bahia Hotel (Av. Sete de Setembro, 1537 – Campo Grande).

Serviço

O que: I Encontro Justiça e Imprensa na Bahia

Quando: 20 de maio de 2015 (quarta-feira), às 9h

Onde: Sheraton da Bahia Hotel

Quanto: Gratuito

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Notícias

Ministério acata pedido de intermediação do sindicato após demissões na TV Bahia

O clima em afiliadas da Rede Globo por todo o Brasil não está dos melhores. Por causa de algumas alterações que serão feitas a partir de abril, uma onda de demissões atinge profissionais da rede. Nesta quarta-feira (4), o Ministério Público do Trabalho na Bahia (MPT-BA) definirá o procurador que acompanhará o pedido de intermediação feito pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba), após a demissão em massa de funcionários da TV Bahia e do portal G1, de Salvador e de Juazeiro, pertencentes à Rede Bahia. Na última segunda-feira (2/3), foi anunciada a demissão de 37 funcionários. Entre eles, o jornalista Jefferson Beltrão, que estava há quase uma década no comando do “BATV”, principal jornalístico da emissora, que até o momento não se pronunciou sobre o assunto.

Jefferson Beltrão
Jefferson Beltrão e Kátia Guzzo dividiam a bancada do jornal BATV – Foto: Reprodução/Rede Bahia

Outra jornalista que foi desligada do BATV é Katia Guzzo, que tem mais de 20 anos de experiência só na afiliada da TV Globo na Bahia. Ainda não foi esclarecido se Kátia também será desligada do grupo ou se será remanejada para alguma atividade interna. As informações são de que as demissões afetaram todo conglomerado de comunicação, como as rádios, os portais (G1, Ibahia e Correio 24H), além do jornal Correio.

O procurador-chefe do MPT, Alberto Bastos Balazeiro, considerou procedente a preocupação da entidade, uma vez que a empresa não informou os motivos das demissões, com a possível extinção de vagas da rede, que também opera outras empresas do segmento na Bahia.

“Alguns dos jornalistas demitidos tinham a renda percebida em seus empregos como única fonte de manutenção de si mesmo e de seus familiares, o que, diante de um mercado instável e de baixos salários verificado no estado da Bahia, aumenta as incertezas desses profissionais diante do futuro”, destacou o Sinjorba no ofício.

Nordeste

Em Sergipe, entre sexta-feira (27) e ontem, cerca de mais três profissionais foram demitidos da TV Sergipe, afiliada da Globo na localidade. Antes, outros profissionais, como o apresentador do “Globo Esporte SE”, Marcelo Carvalho, também saíram. Para jornais locais, a emissora negou que esteja fazendo demissão em massa de funcionários, mas admitiu uma reestruturação para novos programas e telejornais, por determinação da rede, prometendo que novos profissionais serão contratados.

 No Ceará, cerca de oito pessoas foram demitidas também nesta segunda, entre produtores e jornalistas. A justificativa é a mesma: reestruturação para novos programas e telejornais, por determinação expressa da cabeça da rede. O fato, porém, tem assustado os profissionais que estão totalmente inseguros.

*Informações de Portal IMPRENSA, Portal Região Noroeste, Aratu Online e Na Telinha (UOL).

 

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ABI BAHIANA Notícias

Caso Geovane: Em reunião na SSP, ABI e Sinjorba cobram investigações das ameaças sofridas por jornalistas

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) e o Sindicato dos trabalhadores em Rádio, Tv e Publicidade (Sinterp) se reuniram, na tarde de ontem (28), com órgãos de segurança, para discutir casos de ameaças a jornalistas, com destaque para as intimidações ocorridas a partir da cobertura do caso Geovane, jovem encontrado morto depois de uma abordagem policial. Na sede da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP), os órgãos de imprensa foram recebidos pelo secretário Maurício Barbosa, que esteve acompanhado pela secretária de Comunicação Social, Marlupe Caldas, e pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alfredo Castro.

Na última quarta-feira (27), a ABI enviou ao governador Jaques Wagner um documento em repúdio à intimidação dos profissionais, em que a entidade cobra providências imediatas sobre o episódio e exorta o Governo do Estado a cumprir o seu papel na garantia da liberdade de informação. Segundo informações do jornal Correio*, no encontro desta quinta, o presidente da ABI, Walter Pinheiro, pediu ações mais enérgicas do comando contra os maus profissionais, além de recordar casos de abuso policial contra jornalistas durante as manifestações na Copa das Confederações.

A denúncia sobre as ameaças sofridas pelos jornalistas que cobriram o caso Geovane veio à tona no último dia 18, através de nota oficial do Sinjorba, onde a entidade relata as intimidações. De acordo com o documento, durante entrevista coletiva concedida pelas autoridades policiais, no dia 15 de agosto, um dos jornalistas recebeu solicitação para que se identificasse e foi surpreendido com a declaração de que “é muito bom saber quem escreve sobre a gente”. Na sequência, foram feitas graves ameaças, por telefone, a repórteres dos jornaisA Tarde e Correio*, jornal que publicou a primeira matéria sobre o caso. Nas ligações, duas pessoas que se identificaram como policiais militares fizeram o alerta: “tomem cuidado, porque a tropa está com o sangue no olho!”.

Segundo o jornal Correio*, durante a reunião, a presidente do Sinjorba, Marjorie Moura, afirmou que há esforços por parte do comando-geral da Polícia Militar para melhorar o relacionamento entre jornalistas e policiais, no entanto, a dirigente relata a existência de PMs que, de forma intimidadora, tentam impedir o trabalho dos repórteres. “É preciso averiguar não apenas esse fato, mas tantas outras ameaças feitas de forma anônima e no dia a dia nas ruas”.

Após os relatos dos representantes dos jornalistas, o secretário Maurício Barbosa, alegou que a falta de denúncia formal dificulta a aplicação de penalidades mais severas a policiais que dificultam a atuação dos jornalistas. “Para adotarmos medidas mais efetivas contra este tipo de conduta é preciso que as vítimas formalizem as denúncias”. De acordo com ele, depoimentos e a colaboração para busca de provas são indispensáveis para o encaminhamento de um inquérito policial coeso à Justiça.

No entanto, o diretor da ABI, Agostinho Muniz, alerta que, independentemente da formalização de denúncias, o Governo precisa proteger os profissionais. “Cobramos a intensificação das investigações e a garantia de proteção aos jornalistas, porque não se sabe se a ausência de denúncia é porque eles não têm interesse ou se estão com medo de represálias, já que, ao que parece, um grupo de policiais está envolvido no caso. Inclusive, suspeitamos que os profissionais tenham sido orientados pelas empresas a não prestarem queixa. Nosso temor é o agravamento da situação, que já é muito séria”, revelou o dirigente.

Com informações do Correio*

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