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Mãe de jornalista refém do Estado Islãmico pede a premiê japonês que salve o filho

 

DEU na Reuters – A mãe do jornalista japonês Kenji Goto, sequestrado pelo Estado Islâmico, fez um apelo pela vida do repórter nesta quarta-feira depois da divulgação de um novo vídeo em que ele aparece dizendo ter 24 horas de vida, a menos que a Jordânia solte uma suposta mulher-bomba. A voz no vídeo acrescentou que outro refém, o piloto Jordanian Muath al-Kasaesbeh, tinha um tempo mais curto de vida. O Japão confirmou a existência do vídeo na terça-feira.

A voz dizia que Goto seria morto, a menos que a Jordania libertasse a detenta Sajida al-Rishawi, uma mulher iraquiana que está no corredor da morte por ter sido presa pela Jordânia por seu papel em um atentado suicida que matou 60 pessoas em Amã em 2005. “Por favor, salve a vida de Kenji. Peço-lhes para trabalhar com todas as suas forças nas negociações com o governo da Jordânia”, escreveu a mãe de Goto, Junko Ishido, em uma carta ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que ela leu em uma entrevista coletiva. “O tempo que lhe resta é muito curto… Peço-lhe que faça tudo em seu poder”, disse Junko, reiterando que o filho não era um inimigo do Islã.

Abe disse que o vídeo mais recente era “desprezível”. Ele pediu que a Jordânia coopere nos esforços para a liberação rápida de Goto, mas prometeu que o Japão não cederia ao terrorismo.

A Reuters não pôde verificar a autenticidade do vídeo, mas o chefe de gabinete do governo japonês, Yoshihide Suga, afirmou que aparentemente era Goto. A voz no vídeo se assemelha à de Goto em um vídeo anterior no fim de semana, que os governos japonês e norte-americano acreditam ser autêntico. Se confirmado, o vídeo seria o terceiro com Goto, de 47 anos, um repórter veterano em coberturas de guerra.

A questão dos reféns é a mais profunda crise diplomática enfrentada por Abe, que tem de se equilibrar em uma linha tênue entre mostrar firmeza sem parecer insensível, em pouco mais de dois anos no cargo. “Ao fazer todos os esforços para contribuir ativamente para a paz e a estabilidade mundial sem ceder ao terrorismo, vamos exercer todos os meios para impedir o terrorismo em nosso país”, disse Abe à câmara alta do Parlamento.

O ministro das Relações Exteriores japonês, Fumio Kishida, afirmou anteriormente a repórteres que o governo estava fazendo todos os esforços possíveis em estreita coordenação com a Jordânia para garantir a libertação dos reféns, mas ele se recusou a comentar sobre o conteúdo dessas discussões.

Bassam Al-Manaseer, presidente do comitê de Relações Exteriores na câmara baixa do Parlamento da Jordânia, disse em entrevista à agência de notícias Bloomberg, em Amã, que a Jordânia estava em negociações indiretas com o Estado Islâmico para garantir a libertação de Goto e Kasaesbeh.

Kasaesbeh foi capturado depois que seu avião caiu no nordeste da Síria, em dezembro, durante uma missão de bombardeio contra os militantes. Al-Manaseer disse que as negociações estavam ocorrendo por intermédio de líderes religiosos e tribais no Iraque. “Esperamos ouvir boas notícias em breve”, afirmou Manaseer.

Em meio a uma enxurrada de relatos não confirmados na mídia japonesa de que poderia haver um acordo para troca do refém, o vice-chanceler japonês, Yasuhide Nakayama, disse a repórteres em Amã que não tinha nada de novo a dizer sobre o status de Goto.

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Estado Islâmico executa refém japonês e pede troca por vida de jornalista

O Estado Islâmico executou um dos dois reféns japoneses e divulgou uma foto em que o segundo refém, o jornalista Kenji Goto, aparece segurando a foto do empresário decapitado Haruna Yukawa. De acordo com a EFE, uma voz atribuída a Goto diz no áudio que acompanha a imagem que o grupo terrorista não quer mais dinheiro, como havia solicitado anteriormente, e propõe libertá-lo em troca da liberação de Sajedah Rishawi, condenada à morte na Jordânia. “Eles não querem mais dinheiro, então você não precisa se preocupar em financiar terroristas”, declara, em inglês.

Protesto em Tóquio a favor do jornalista Kenji Goto, o segundo refém japonês que o grupo terrorista ameaça decapitar - Foto: EFE
Protesto em Tóquio a favor do jornalista Kenji Goto, o segundo refém japonês que o grupo terrorista ameaça decapitar – Foto: EFE

O governo japonês disse no último domingo (25/01) que segue com a análise do áudio e da fotografia que anunciam a execução de Yukawa pelo grupo radical. O ministro porta-voz do Executivo, Yoshihide Suga, afirmou que a imagem que acompanha o áudio é “quase certo autêntica”. Ele disse também que o Japão trabalha com a Jordânia e outros países para libertar Goto. Em entrevista à emissora pública NHK, o primeiro-ministro Shinzo Abe reiterou que a imagem de Yukawa executado parece “altamente crível”. No início da semana passada, o EI havia divulgado um vídeo exigindo 200 milhões de dólares para libertar os dois reféns no prazo de três dias para o pagamento que expirou no último sábado (24/01), sem notícias sobre o que havia acontecido.

Yukawa, de 42 anos, foi capturado por militantes do Estado Islâmico em Agosto depois de ir para a Síria para abrir uma empresa de segurança. Goto, de 47 anos, foi para a Síria no final de Outubro para assegurar a libertação de Yukawa, de acordo com os amigos. O novo vídeo, divulgado no YouTube no sábado e que foi de seguida apagado, mostrava uma imagem de Goto, emagrecido, numa t-shirt laranja.

Negociações

A retaliação dos radicais muçulmanos impõe postura mais firme do Japão no combate ao terrorismo. No entanto, em entrevista a Gustavo Aguiar, a professora de Relações Internacionais Cristina Pecequillo avalia que o Japão não deve negociar com os terroristas. O Japão já ofereceu 200 milhões de dólares na guerra contra o Estado Islâmico, mas preferiu assumir uma postura de coadjuvante no combate ao terror. Manuel Furriela, coordenador do curso de Relações Internacionais da FMU, acredita que o povo japonês cobrará uma ação mais contundente de seu governo.

Matérias relacionadas:

Shinzo Abe disse nesta segunda-feira que fará “todo o possível” para alcançar uma colaboração internacional e conseguir a libertação do jornalista japonês. “Empregaremos todos os meio possíveis e buscaremos a cooperação de outros países”, afirmou Abe durante uma reunião de seu partido, o liberal-democrata (LPD), segundo a agência japonesa “Kyodo”.

A alta representante para a política externa da UE, Federica Mogherini, condenou o anúncio de execução do cidadão japonês Haruna Yukawa pelas mãos dos jihadistas do EI. Para a chefe da diplomacia europeia, essa execução é “outra demonstração de que a organização terrorista atua na total quebra dos valores e direitos universais”. Mogherini reivindicou, além disso, a libertação imediata do segundo refém japonês em mãos do EI, Kenji Goto.

 Informações do Portal IMPRENSA, Rádio Jovem Pan e Público (Pt).

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Jornalista que denunciou morte de Nisman deixa a Argentina por medo de morrer

O jornalista Damián Pachter, do “Buenos Aires Herald”, deixou a Argentina no sábado (24) por medo de morrer. Ao chegar a Israel, Pacther, que é judeu, postou no Twitter uma mensagem dizendo: “A salvo em Tel-Aviv. Obrigado a todos. Em breve falamos”. Ele também publicou um artigo no site de notícias “Haaretz” em que detalha sua fuga de Buenos Aires para Tel Aviv. No texto, o jornalista afirma que estava sendo perseguido na Argentina e correndo risco de morte, após ser o primeiro a noticiar, no último domingo (18), a morte do promotor Alberto Nisman. O promotor foi encontrado morto em sua casa, em circunstâncias ainda desconhecidas, com um tiro na cabeça, poucos dias depois de ter denunciado a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o chanceler Héctor Timerman por negociar um plano para garantir impunidade e “acobertar fugitivos iranianos” no caso do ataque terrorista contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em 18 de julho de 1994, em que 85 pessoas morreram.

Leia também: o artigo “Superioridade argentina”, de Alberto Dines, no Observatório da Imprensa

De acordo com o jornal La Nación, o jornalista teria decidido sair da Argentina depois de descobrir que seus telefones estavam grampeados e que estava sendo seguido por desconhecidos. Em entrevistas a colegas, Pachter contou que soube da morte de Nisman por suas fontes. Pachter também teria afirmado a colegas que voltaria à Argentina quando suas fontes lhe aconselhassem. “Mas não creio que seja durante este governo. Me mandaram uma indireta”, teria dito, acrescentando que não pôde buscar “roupa nem dinheiro” em casa.

Tuíte de Pacther ao chegar a Israel, no sábado - Foto: Reprodução/Twitter
Tuíte de Pacther ao chegar a Israel, no sábado (24) – Foto: Reprodução/Twitter

A versão foi confirmada pelo jornalista em um relato publicado neste domingo (25). Segundo Pachter, ele deixou Buenos Aires de ônibus rumo a outra cidade na Argentina. Voltou em seguida para a capital argentina e depois partiu de avião para Montevidéu, no Uruguai, e em seguida para Madri, na Espanha, de onde finalmente partiu para Israel – país onde nasceu. “Argentina se tornou um lugar escuro liderado por um sistema político corrupto. Eu ainda não me dei conta de tudo que aconteceu comigo nas últimas 48 horas. Eu nunca imaginei que meu retorno para Israel seria assim”, diz o jornalista no texto. “Eu não tenho ideia de quando vou voltar para a Argentina, eu nem sei se quero. O que eu sei é que o país em que eu nasci (Israel) não é o lugar feliz sobre o qual meus avós judeus me contavam histórias”.

Em seguida, o jornalista afirma que o governo argentino está publicando informações erradas sobre ele nas redes sociais. “O Twitter da Casa Rosada, o palácio presidencial argentino, postou os detalhes do bilhete aéreo que eu comprei, e alegou que eu pretendo voltar para a Argentina em 2 de fevereiro – em outras palavras, que eu não tinha realmente fugido do país. De fato,  minha data de retorno é 2 de dezembro.”

Fuga

Patcher conta que, na sexta-feira (23), um jornalista da BBC o informou que a agência estatal de notícias havia publicado uma nova reportagem sobre a morte de Nisman. “O texto tinha alguns erros graves, mas a mensagem era ainda mais estranha: a agência citou um suposto tweet meu que eu nunca escrevi”, diz o jornalista sobre o que motivou o início de sua fuga. Foi quando o jornalista decidiu deixar Buenos Aires de ônibus para uma cidade cujo nome não revelou. Patcher alega também ter sido perseguido no local. “Eu estava sentado ali por cerca de duas horas quando uma pessoa muito estranha se aproximou. Ele usava calça e jaquetas jeans e óculos de sol Ray-Ban. Eu o notei imediatamente, mas fiquei onde estava. Ele estava sentado a duas mesas de distância”, relata.

Em seguida, Pacther conta que um amigo com quem havia falado antes por telefone chegou ao local e disse: “Você está sob vigilância. Não notou o cara da inteligência atrás de você?”. “E então eu tive que considerar a melhor coisa a fazer”, continua Patcher. “Porque quando um agente da inteligência da Argentina está atrás de você, nunca é por boas notícias. Ele não queria apenas tomar um café comigo, com certeza.”

Informações da Agência Estado, G1 e La Nación.

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Relatório da Fenaj registra 129 casos de violência contra jornalistas em 2014

No ano passado, 129 jornalistas sofreram algum tipo de violência no Brasil. É o que aponta o relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), divulgado nesta quinta-feira (22), durante evento realizado na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Apesar de apontar uma redução de 33% no número total de ocorrências em relação a 2013, o documento registra três assassinatos, um caso a mais do que os registrados naquele ano. Os dados mostram que a Região Sudeste concentrou mais da metade das agressões, sendo que a maioria dos casos ocorreu nos protestos nas ruas. São Paulo e Rio de Janeiro foram os estados que mais tiveram jornalistas feridos. Segundo o relatório, a maior parte da violência partiu de policiais. Em seguida, dos manifestantes em protestos políticos, assessores e políticos.

De acordo com Celso Schroeder, presidente da Fenaj, mais de 50,4% das agressões (65 casos) aconteceram durante protestos. Ele afirma que esse dado aponta para uma mudança do perfil dos agressores. Se antes a maior parte dos crimes era cometida por políticos e assessores, hoje policiais militares e guardas municipais são responsáveis por 48,06% das ocorrências, seguidos por manifestantes, com 12,4%. O Relatório aponta ainda a região Sudeste como a mais violenta para a categoria, com 55,81% das agressões, e a Centro-Oeste como a menos violenta, com 18,6%. A maioria das ocorrências aconteceu contra profissionais do sexo masculino (76,74%), atuantes na mídia impressa (32,56%).

Para Schroeder, as agressões que vitimam os jornalistas são um atentado à liberdade de imprensa e à liberdade de expressão e devem ser cobradas, já que “vivemos em um Estado democrático de direito”. “Isto é um primeiro passo que nós temos que fazer. Identificar efetivamente, fazer processos eficientes, e cobrar que os processos judiciais apurem. Por isso uma federalização de investigação seria importante, ou seja, nos locais que isso não for feito, seja qual for a razão, seria importante que pudéssemos estimular um setor nacional, federal que pudesse concluir essas investigações. Nos reunimos em três ocasiões com o Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo para pedir que ele cobrasse uma mudança de postura das polícias militares. Infelizmente, ainda não tivemos um retorno positivo, assim como ocorreu com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência”, lamentou.

Além desses eventos, a categoria continua sofrendo com outras formas de violência historicamente recorrentes. Foram computados 17 episódios de agressão física não relacionada a manifestações (13,17%), 12 de cerceamento à liberdade de expressão por meio de ações judiciais (9,3%), 11 relacionados a ameaças e intimidações (8,52%) e sete envolvendo agressões verbais e injúria racial (5,43%). “No Brasil, a indústria de ações judiciais para limitar a liberdade de imprensa está crescendo. O fim da Lei de Imprensa produziu um vácuo que incentivou juízes de primeira instância a atuar contra a atividade jornalística. O caso mais emblemático foi o do jornalista Cristian Góes, que foi condenado a prisão e pagamento de multas exorbitantes por uma obra ficcional publicada em seu blog”, afirmou o presidente da Fenaj.

O relatório mostra que a maioria das mortes ocorreu no estado do Rio, com dois casos. Entre eles, está o do repórter cinematográfico Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, morto após ser atingido por um explosivo, durante uma manifestação no Centro do Rio. Os dois réus, Caio Silva de Souza e Fábio Raposo vão a júri popular. O julgamento ainda não tem data marcada. A outra morte ocorreu em Miguel Pereira, município no Centro-Sul do estado. Em fevereiro do ano passado, Pedro Palma, dono e único repórter do jornal Panorama Regional foi assassinado com três tiros, na porta de sua casa. Ele fazia denúncias de corrupção, contra políticos do sul fluminense.

A mulher do jornalista, Patrícia Palma, acompanhou a divulgação do relatório, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Centro do Rio. Ela cobrou justiça. “Vai fazer um ano, ele está virando uma estatística. Então, o que é que vai colaborar daqui para frente para toda a categoria? Ele foi assassinado na porta da minha casa e eu não ter resposta nenhuma? A gente está lutando é por justiça”, disse Patrícia, em entrevista à TV Globo.

Para a jornalista brasileira Beth Costa, secretária-geral da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), a violência no Brasil e no mundo ainda é motivada pela certeza da impunidade. “Aproximadamente 98% dos casos no mundo inteiro não são investigados. A FIJ realiza uma campanha junto à Unesco e às Nações Unidas para que os países forcem seus sistemas judiciários a punirem os envolvidos na morte de jornalistas. Nosso objetivo é mostrar que a nossa categoria é de risco, não apenas na cobertura de conflitos armados, mas em nosso dia a dia”.

Paula Mairan, presidente do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, acredita que a violência não se manifesta apenas de forma pontual na cobertura de temas como violência urbana e política, mas também na precarização das relações de trabalho. “Hoje os jornalistas são mal remunerados, com sobrecarga de trabalho, atuando sem equipe, como ocorreu com Santiago em fevereiro passado”.

*Informações de O Globo e Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

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